Dia: 21 de março de 2025

  • Oceano ganha reconhecimento histórico no G20

    Autoria

    Juliana Di Beo

    O oceano está na encruzilhada dos grandes desafios que enfrentamos hoje, que são também ambições do grupo do G20: a crise do clima, a perda de biodiversidade, a poluição, o combate à fome e a redução das desigualdades.

    Créditos: Oceans20 Brasil

    Apesar do oceano cobrir cerca de 71% da superfície do planeta, ser o principal regulador do clima e atenuador das mudanças climáticas absorvendo mais de 25% de gás carbônico emitido pelas atividades humanas e 90% do excesso de calor causado principalmente por esse gás, ele ainda não figura no palco das decisões sobre políticas públicas globais. Essa verdade inconveniente, tem causado preocupação, o que tem levado o tema paulatinamente para espaços de discussão de grande importância internacional.    

    Com um oceano de desafios, mas também de soluções, especialistas, representantes de organizações não-governamentais e líderes políticos se reuniram na Casa de Cultura Laura Alvim em Ipanema no Rio de Janeiro nesta segunda feira (18) para o primeiro evento do Oceans20 (O20) no Brasil, dentro do escopo da agenda do G20. O O20 é um dos 13 grupos de engajamento social que foi inicialmente pensado e embrionado em encontros anteriores do G20, na Índia e Indonésia entre 2021 e 2022, mas somente agora com a presidência brasileira foi de fato criado. 

    Por meio deste primeiro evento disruptivo e sem precedentes, o Brasil inaugura um reconhecimento histórico ao buscar colocar o oceano no palco das discussões e “no coração e mente dos chefes de Estado do G20”, destaca Alexander Turra, coordenador da  Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano e um dos idealizadores do O20 no Brasil. 

    A economia azul precisa ser pensada além da sustentabilidade

    Créditos: The Ocean Agency

    O oceano está na encruzilhada dos grandes desafios que enfrentamos hoje, que são também ambições do grupo do G20: a crise do clima, a perda de biodiversidade, a poluição, o combate à fome e a redução das desigualdades. “É impossível discutir esses desafios sem olhar para o oceano, como ator e como palco das relações internacionais. As três prioridades brasileiras do G20 vão se encontrar com a agenda oceânica”, destacou Lucas Padilha, coordenador de relações internacionais e presidente do comitê do G20 da prefeitura do Rio de Janeiro. “É importante que todos e todas aqui, na academia, dos negócios, dos organismos multilaterais, dos bancos de desenvolvimento, dos governos locais, tenhamos a sensibilidade para trabalhar juntos”, ressaltou, referindo-se a necessidade de unir esforços para vencer os principais desafios mencionados acima.

    O encontro discutiu o papel da economia azul para o desenvolvimento econômico de forma sustentável e como fonte de emissões de carbono e poluição que precisam ser superadas. Oriana Romano chefe da Unidade, Governança e Economia Circular da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), recomendou uma abordagem de economia azul que considere que ela tem duas faces que caminham juntas, a econômica e a ambiental. Segundo Oriana, deveríamos ir além da sustentabilidade, mas considerar a resiliência, a inclusão e a circularidade. “Em um mundo que está crescendo em termos de população para a qual a demanda de recursos naturais aumenta, em um mundo com mudanças climáticas que são potencializadas pela urbanização, a economia azul não deve ser apenas sustentável para o futuro, acreditamos que ela deveria ser resiliente a choques econômicos e ambientais”.

    Oriana destacou também a importância de adotar uma abordagem integral da água, considerando não apenas o oceano, mas outros corpos de água para resolver problemas como a poluição. Ana Asti, da subsecretaria de recursos hídricos e sustentabilidade do estado do Rio de Janeiro, seguiu nesta mesma linha ao mencionar que precisamos olhar para o oceano de forma integrada ao ecossistema de água doce. Segundo Ana, se quisermos ter um oceano saudável e produtivo precisamos limpar nossos rios e promover o saneamento, porque toda a poluição que sai da terra chega ao mar. “Até 2033 queremos chegar a 100% do saneamento básico na região Metropolitana do Rio de Janeiro, hoje temos 46%, então ainda há um desafio enorme pela frente”, afirmou.

    Letícia Cotrim, professora de oceanografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), destacou a importância de trazer a descarbonização, o corte de emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e a transição energética como temas chaves para abordar o oceano na agenda do G20. Letícia que também é co-autora do Sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) ressalta que o relatório aponta que o oceano mudou de maneira que não vai voltar a ser o que era antes do período pré-industrial. “O principal desafio aqui é planejar incluindo a descarbonização e transição energética, caso contrário vamos pagar um alto custo de adaptação e mitigação, embora estejamos protegendo algumas áreas”, concluiu, referindo-se aos impactos do aumento da temperatura no planeta.  

    Próximos passos do Oceans20

    O O20 é coordenado pela Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano da Universidade de São Paulo em colaboração com o Fórum Econômico Mundial, o Pacto Global da ONU, o Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio) e o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicos (INPO/MCTI). A realização desse primeiro evento do Oceans20 marca o início de uma série de eventos que darão continuidade às discussões do grupo sobre temas como financiamento para a economia azul, conservação do oceano, nexo oceano-clima, justiça social e equidade, ciência, tecnologia e inovação e governança global. Um próximo evento oficial vai acontecer em setembro, o “Ocean-Summit” para levar um resumo do que conseguiram avançar do temas para os outros grupos e para o G20. 

    Como sendo parte de um dos grupos de engajamento social, que marca a nova proposta do atual governo em promover espaços de escuta da sociedade civil para criação de políticas públicas, será feita uma chamada para a participação social no meio desses eventos, o “Ocean-Dialogues”. “Este grupo de engajamento inédito busca contribuir para a agenda da presidência brasileira do G20, dando lugar às diversas vozes que falam pelo nosso Oceano”, enfatiza  Simone Pennafirme, da Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano e Gerente do Núcleo de Vida Marinha da Secretaria de Meio Ambiente da Cidade do Rio de Janeiro, durante a inauguração oficial do O20.

     

    Sobre quem escreveu

    Juliana Di Beo é bióloga formada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bolsista Mídia-Ciência Fapesp no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp. Atua na área de comunicação científica, com foco no fortalecimento da cultura oceânica e no acesso aberto ao conhecimento por meio da Rede Ressoa Oceano.

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  • Cientistas usam inteligência artificial e humana para monitorar corais na costa brasileira

    Autoria

    Livia Savoia

    O oceano está na encruzilhada dos grandes desafios que enfrentamos hoje, que são também ambições do grupo do G20: a crise do clima, a perda de biodiversidade, a poluição, o combate à fome e a redução das desigualdades.

    Os corais são organismos de muita importância para vida marinha e humana, e têm sofrido o processo de branqueamento, ou morte, pelos impactos do aquecimento e acidificação das águas oceânicas.  Mas por sua extensão, monitorar esses seres vivos é uma tarefa quase impossível. Pensando nisso, pesquisadores  das universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Paraná (UFPR), estão usando a  inteligência artificial como  aliada, junto com a ação humana, no monitoramento desses organismos. 

    Hoje, a forma de monitorar os corais é a partir da ação humana, com mergulhadores especialistas, que coletam amostras de corais  que são levadas para análise em laboratórios.  Uma das técnicas utilizadas e é o uso de redes neurais da inteligência artificial (IA) que processa grandes quantidades de dados em modelo inspirado no cérebro humano. A IA permite fazer uma análise completa e com rapidez, sem a qual hoje pesquisadores levariam horas e dias para realizar, devido à complexidade do processo manual, que tem seu início na coleta das amostras até as etapas finais de análise.  

    Cena do vídeo “Monitoramento e manejo do coral-sol” do canal do youtube ICMbio Alcatrazes (SP). Crédito: O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

    A partir de um grande número de imagens capturadas por mergulhadores,  as redes são treinadas para fazer a identificação dos organismos, como sua forma, textura e cores. “Ferramentas de IA são capazes de analisar imagens para encontrar sinais de branqueamento de corais, doenças ou outras condições adversas, além de identificar outras formas de vida marinha”, afirma o pesquisador Luiz de Oliveira, do departamento tal da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um dos responsáveis pelo estudo.

    Uso de IA para analisar imagens e identificar branqueamento de corais, aqui um coral baba-de-boi (Palythoa caribaeorum). Crédito: Furtado 2022, PeerJ.

    A nova etapa da pesquisa tem parceria com pesquisadores franceses, serão utilizados drones subaquáticos para obter as imagens dos corais. O objetivo principal é fornecer essa atividade como parte de um passeio turístico, como explica o biólogo e coordenador do projeto, Guilherme Longo, da UFRN: “A ideia é conseguir oferecer essa atividade como parte de um passeio turístico, assim as pessoas geram as imagens, podem compartilhar em suas redes sociais já com informações de espécies”, mas Longo afirma que essa nova etapa da pesquisa ainda está em estágios iniciais. Proporcionar interação com público é uma das metas do biólogo. O projeto #De Olho nos Corais  no instagram permite que o público acompanhe o trabalho de monitoramento dos corais.

    A rede social #DeOlhoNosCorais tem cerca de 11,2
    mil seguidores e 640 publicações no Instagram,
    as postagens são feitas semanalmente.
    O que são corais?

    Os corais são conhecidos pela beleza de cores vibrantes, responsáveis por deixar o oceano ainda mais bonito, mas também servem como alimento, berçário e proteção para outros seres vivos, e têm grande importância na atividade filtradora da água do mar e contribuem na economia através da pesca. São organismos do reino Animalia, dos animais, e do filo Cnidária, grupo das águas-vivas e anêmonas. Entre os corais há também as espécies invasoras, que necessitam de monitoramento constante, como o caso do coral-sol (Tubastraea spp.), presente em toda costa brasileira. O acompanhamento é feito com frequência pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, visando diminuir os impactos à biodiversidade que a espécie pode causar. 

    Leia mais:

    Artigo “#DeOlhoNosCorais: a polygonal annotated dataset to optimize coral monitoring”, de Daniel Furtado, Edson Vieira, Wildna Nascimento, Kelly Inagaki, Jessica Bleuel, Marco Zanata Alves, Guilherme Longo, Luiz Oliveira. Publicado na revista científica  Peerj PeerJ, volume11 (e16219), 2023. Disponível gratuitamente em acesso aberto em: https://peerj.com/articles/16219/ 

     

    Sobre quem escreveu

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    Edição: clorofreela

  • Precisamos de um tratado ambicioso para combater a poluição plástica

    Autoria

    Livia Savóia e Germana Barata

    O oceano está na encruzilhada dos grandes desafios que enfrentamos hoje, que são também ambições do grupo do G20: a crise do clima, a perda de biodiversidade, a poluição, o combate à fome e a redução das desigualdades.

    Em abril, terminou a 4ª Sessão do Encontro do Comitê Intergovernamental de Negociação, para debater o Tratado Global Contra a Poluição Plástica (INC-4), coordenada pelas Nações Unidas, no Canadá. Durante o evento, no qual 170 nações debateram um tratado para regulamentar e diminuir a poluição plástica no mundo, cientistas brasileiros assinaram e entregaram um manifesto para pressionar o governo brasileiro a assumir compromissos para reduzir a poluição de plásticos e aumentar a reciclagem. O país foi responsável pela produção de 2% do total mundial, em 2022, e a tendência mundial é que aumente até 2050 e, com ela, a poluição. Para frear o tsunami de plástico, precisamos de um Tratado ambicioso a ser acordado em novembro próximo, quando ocorrerá a 5a e última sessão.

    Natalia Grilli, oceanógrafa que integra a Coalizão de Cientistas para um Tratado Global de Plásticos Efetivo, esteve no evento e contou que o manifesto é uma forma de pressionar o governo brasileiro a adotar posicionamentos mais ambiciosos que envolvem o chamado ciclo do plástico – da extração do petróleo até seu descarte – para que a indústria e governos assumam mais responsabilidade e controle deste produto que impacta o meio ambiente e a saúde humana. 

     

    Obra #TurnOffThePlasticTap do artista canadense Benjamin Von Wong (2021) foi exibida na frente do centro de convenções onde ocorreu a 4ª sessão para debater o tratado contra a poluição plástica em Ottawa. Crédito: INC-4


    “O Brasil está bem receptivo nas questões relacionadas à reuso, responsabilidade dos produtores, inclusão social de catadores de recicláveis, mas algumas outras está mais resistentes como mexer na produção de polímeros plásticos primários, ainda não há posição sobre isso”, avaliou Natalia, que atua na Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano, da Universidade de São Paulo (USP), e é membra da Liga das Mulheres pelos Oceanos

    Dia 30 de abril, foi lançada a declaração Bridge to Busan, em que alguns países se comprometeram a endereçar todo o ciclo de produção de plásticos a produção de polímeros plásticos. O Brasil ainda não é signatário e, como outras nações que também possuem uma indústria petroquímica forte, ainda é resistente. 

    Natalia diz ter “um otimismo realista”, pois a declaração, a ser aprovada no final do ano, ainda possui muitos trechos em aberto, o que indica a necessidade de avanços nos acordos sobre o plástico. “Mais de 300 cientistas do mundo inteiro que se voluntariaram para oferecer o melhor conhecimento científico para formular políticas públicas e o trabalho da sociedade civil. Ainda temos a opção de ter um Tratado eficiente e ambicioso, mas ainda há muito trabalho pela frente para que isso aconteça”. A pesquisadora menciona o forte lobby da indústria petroquímica, por meio de participação no evento para defesa de pontos positivos do plástico. “O conflito de interesse nas negociações precisa estar endereçado, e estar mais focado na gestão de resíduos do que endereçar o ciclo de vida do plástico como um todo e consiga lidar com o problema na fonte”.

    A reunião reuniu 2.500 representantes e 71 organizações da sociedade civil como a Aliança Resíduo Zero Brasil (ARZB), WWF Brasil, Oceana Brasil, Vozes do Oceano, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), além dos parceiros da rede Ressoa Oceano, a Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano e a Liga das Mulheres sobre o Oceano. 

    As metas debatidas na capital canadense, em Ottawa, foram uma preparação para a 5a e última sessão que ocorrerá em novembro deste ano na Coreia do Sul, quando deverá ser publicado um texto final contra a poluição plástica. 

    Preocupação crescente

    “Se o oceano fosse transparente, e não azul, estaríamos completamente envergonhado do que fizemos”, com essa frase impactante sobre a poluição dos plásticos no oceano que Barbara Karuth-Zelle, da Allianz Board Member and Group COO, participou da Conferência da Década do Oceano, que terminou em abril na Espanha. Se a situação da poluição plástica está ruim, pode piorar. Dados de uma pesquisa da Universidade da Califórnia estima que a produção anual de plástico vai crescer 22% até 2050 e, com ela, aumentará a poluição em 62%. 

    A poluição plástica ganhou visibilidade e repercussão na sociedade. Porém, a dimensão da poluição é preocupante e exige, mais do que ações individuais, regulamentação e responsabilização da indústria do plástico. Alguns projetos de lei tentam emplacar no congresso ainda sem sucesso. Um dos exemplos é a PL 2424/2022, em tramitação no Senado, que define regras para estimular a economia circular do plástico, “internalizando os custos ambientais e sociais na produção”, com incentivos à reciclagem e reuso, eliminação de produtos de itens descartáveis e “encorajar a adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços”, entre outras propostas. 

    Enquanto a produção de plástico segue acelerada, pesquisadores do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP) coletaram, no início do ano, lixo no fundo do mar brasileiro, entre 200 e 1.500m de profundidade e há 200km da costa dos estados de São Paulo e Santa Catarina, com resíduos de vidro da década de 1920 e de plástico dos anos 1960, como indica a data de fabricação de algumas embalagens plásticas. A pesquisa, que buscava estudar a biodiversidade de peixes, se surpreendeu com a quantidade de lixo plástico recuperado nas amostras.

    Mar plástico, o que fazer?

    Em meio ao chamado tsunami de plásticos, o que nós como cidadãos podemos fazer?

    O Brasil irá contribuir com o Acordo Global de Plásticos da Organização das Nações Unidas, com sugestões de como minimizar os impactos de plásticos no mundo. Maria Inês Bruno Tavares, diretora do Instituto de Macromoléculas (IMA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou “[Vamos apontar] o que temos que fazer para minimizar o efeito do plástico pelo descarte indiscriminado de pessoas e empresas, efeitos que não são benéficos para a saúde humana, marinha e para o meio ambiente”. 

     

     

     

     

    Entre algumas das sugestões do IMA está a identificação do tipo de plástico, que facilita a decisão de consumo e a possibilidade de reciclagem, e a substituição de materiais utilizados atualmente. Para a população participar deste processo, a equipe da UFRJ aposta na reciclagem, na devolução da embalagem para as lojas onde o produto foi comprado e com recebimento de descontos para as próximas compras. O instituto vai começar um processo de ensino para os profissionais que fazem reciclagem na Cidade Universitária do campus da Universidade. O objetivo do projeto é fornecer conhecimento sobre as diferenças dos materiais plásticos, e o seu potencial financeiro, entender quais são os valores agregados ao produto que está sendo reciclado. 

     

    A equipe de Douglas McCauley, da Universidade da Califórnia de Santa Bárbara (UCSB), nos Estados Unidos, defende que é preciso estratégias para acelerar o processo de reciclagem e maneiras de diminuir a produção e o uso de plásticos para que não tenhamos que testemunhar uma montanha de 3,8km de altura ocupando a ilha de Manhattan, na cidade de Nova York, apenas no ano de 2050. O projeto da UCSB utiliza inteligência artificial para combater a poluição, divulga dados de pesquisa e de produção e incentiva ações de controle à produção de plásticos. Entre as sugestões para diminuir a produção estão: os plásticos serem fabricados com um mínimo de 30% de materiais recicláveis; limitar a produção de plástico virgem; investir em infraestruturas de tratamento de resíduos de plástico e em nova capacidade de reciclagem e cobrar taxa sobre embalagens plásticas. Segundo os pesquisadores da Califórnia, um tratado resultante de acordos fracos poderá resultar em uma produção de plástico na casa dos 89,6 milhões de toneladas em 2050, enquanto acordos ambiciosos poderão reduzir esta produção para 17.7 milhões de toneladas. 

    Até que as nações e autoridades governamentais entrem em consenso para assinar um Tratado dos Plásticos ambicioso (esperamos!) em Busan, na Coreia do Sul, no final deste ano, é preciso pressão social e mudança de comportamento de consumo para evitar ou diminuir o consumo de plásticos e contribuir para a reciclagem de embalagens. Ainda dá tempo de lutar para que em 2050 tenhamos mais peixes do que plásticos no oceano.

    Dicas para diminuir o consumo de plásticos no dia-a-dia

     

    Dicas para diminuir o consumo de plástico. Acesse outras dicas no site do Grupo Iberdrola. Crédito: Grupo Iberdrola

     

    Leia mais:

    Artigo de Natalia Grilli Por dentro dos bastidores do Tratado Global contra Poluição Plástica: estamos mesmo no meio do caminho? para o jornal O Eco em 15 de dezembro de 2023.

    Em fevereiro de 2024, o Jornal da Ciência, publicação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) publicou um dossiê sobre plásticos com 20 artigos, que abordavam a urgência de atentar com a quantidade de plástico presente no mundo e formas de diminuir o seu uso.

     

    O Blog Um Oceano tem parceria com a Rede Ressoa Oceano

    Sobre quem escreveu

    Germana Barata é jornalista de ciência, mestre e doutora em história social. É pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade (Nudecri) da Unicamp e editora dos blogs Ciência em Revista e Um Oceano.

    Como citar:  

     

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    Edição: clorofreela

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