Categoria: / Ciências Humanas

  • Uma palavrinha sobre estágio supervisionado

    Autoria

    Zero

    Nos cursos de licenciatura e pedagogia no Brasil, temos algumas disciplinas de estágio supervisionado, parte da sua carga-horária tem como objetivo que o estudante vá para a escola e acompanhe os docentes em exercício.

    A alguns anos entrei em discussão com familiares que por suas próprias razões decidiram fazer como segunda graduação pedagogia e licenciatura na área em que é bacharel. No primeiro caso, a pessoa já tinha muitos anos de experiência docente em outras áreas de atuação, e negociou por fora com seu supervisor de estágio para que fosse liberado de acompanhar suas aulas, e este concordou e emitiu o documento declarando que frequentou as horas necessárias no estágio. No segundo caso, a pessoa não tinha experiência docente e julgando ser uma ação dispendiosa, também conseguiu negociar por fora para que seu supervisor de estágio declarasse que frequentou as horas necessárias na sala de aula.

    Ao trazer esse tema para debate, os argumentos que ouvi em defesa dessas ações foram:

    • fulano já é docente experiente, não faz sentido que ele fique assistindo as aulas;
    • sicrano quer apenas o diploma;
    • se fosse remunerado eu iria;
    • são muitas horas desperdiçadas;
    • a pessoa não sabia que teria que fazer estágio;
    • a pessoa escolheu fazer licenciatura pois foi o único curso que ela conseguiu;
    • a pessoa vai aprender a ensinar independente do estágio;
    • se a pessoa trabalha e estuda, não terá tempo de fazer o estágio.

    Por muito tempo esse assunto ficou entalado, mas hoje decidi trazer pro blog. Quando fiz estágio, cumpri as horas à risca, frequentava as salas de aula, aguardava o intervalo, anotava no caderno o que acontecia na sala, fazia críticas sobre os docentes, sobre a sala, sobre o contexto todo, preparava a regência com base naquelas observações e sentindo o andamento da turma, e sem receber nenhum auxílio financeiro para isso, nem mesmo o transporte ou a alimentação eram fornecidos.

    Agora vamos para a resposta aos argumentos que escuto:

    Fulano já é docente experiente, não faz sentido que ele fique assistindo as aulas. Se a experiência docente já é na área em que está sendo feita a formação, deveria ser possível emitir alguma declaração da instituição que faça equivalência nessas horas a serem cumpridas. Mas a experiência docente por si em outra área não se equivale, isto é, as abordagens para ensino de matemática são diferentes daquelas para o ensino de química (estou fazendo licenciatura em química, então isso está mais do que evidente). Ainda que as disciplinas ou eixos curriculares tenham aspectos comuns, temos de considerar que na ocasião do estágio, estamos observando o trabalho de um profissional em exercício, assim, certamente há o que possamos aprender com isto.

    Sicrano quer apenas o diploma. Há nessa afirmação o interesse no título associado a essa formação, seja qual for a razão para esse interesse, ainda que nobre, coloca em xeque a garantia de que a certificação esteja sendo emitida com um controle de qualidade razoável. Isto não significa que querer o diploma seja errado, mas o “querer apenas o diploma” tem implícito a intenção de não cometer nenhum ato gravemente ilícito de modo que consiga seu nome timbrado no diploma daquela instituição. Pense assim, se houvesse 100% de certeza de que não seria descoberto e nem punido por isso, a pessoa com essa intenção emitiria seu diploma com as credenciais da instituição, já que não tem a intenção de passar por sua formação.

    Se fosse remunerado eu iria. Acho curioso como essa afirmação não se dá conta de que há uma carga-horária total no curso, e que o estágio cobre parte dela. Digo isso pois temos tantas horas de disciplinas e não somos remunerados para cursá-las, precisamos entregar certificados de atividades extra-curriculares equivalente também a um grande número de horas, e não há uma garantia de que essas horas gastas foram remuneradas. Contudo, a exigência de que o estágio supervisionado seja remunerado para realizá-lo, é inverter a relação de interesses nesse processo formativo. O interessado em se formar é o estagiário, não a instituição que o acolhe, e nos cenários que frequentei, o número de interessados é muito maior do que de instituições com vagas remuneradas disponíveis. Assim, por que esse argumento não se aplica com disciplinas teóricas? Ain… não vou assistir às aulas de Didática porque não sou remunerado para isso. Claro que preferiria ser remunerado para tudo, ter auxilio transporte, auxilio alimentação, mas a situação não é assim.

    São muitas horas desperdiçadas. Assistir a um profissional exercendo sua atividade com seu público-alvo e por vezes envolvido com os estagiários nestas ações é um tempo desperdiçado? Será que pensam que isso é verdade em estágios nas áreas de engenharia, arquitetura, enfermagem? Mas talvez aquele que afirme isso realmente esteja se visualizando como um profissional docente daqui a algum tempo. Digo isso pois há uma aprendizagem nesse ínterim, mas que dependerá do que o estagiário estará fazendo nestas horas. Se acompanhar a aula, observar, interagir, tomar nota e refletir sobre o evento, estará aprendendo muito, ainda que não seja uma aprendizagem quantificável em número de técnicas, quantidade de conceitos ou abordagens famosas.

    A pessoa não sabia que teria que fazer estágio. Quando nos inscrevemos em um curso de graduação, há uma série de documentos que são disponibilizados, dentre eles há o plano do curso, que delibera sobre as disciplinas, a carga-horária e outros requisitos. Para que a inscrição ocorra, assinamos dizendo que estamos cientes desses documentos, quer tenhamos realmente lido esses documentos ou não. Assim, a justificativa de que não sabia, remete a própria responsabilidade do individuo como um cidadão adulto em responder por si na sociedade (experimenta assinar algumas coisas no banco sem ler… veja se eles terão tanta pena de sua ingenuidade).

    A pessoa escolheu fazer licenciatura pois foi o único curso que ela conseguiu. De fato, os cursos de licenciatura de forma geral, costumam ter uma nota de corte menor, que permitem às pessoas acessá-los mais facilmente. Contudo, a escolha por cursá-los é espontânea, não há uma imposição que exigem à pessoa cursar esta graduação (diferente do serviço militar que é obrigatório). Assim, a decisão é voluntária, ainda que existam razões nobres por trás dela, não deveria caber a outros essa responsabilidade e suas consequências.

    A pessoa vai aprender a ensinar independente do estágio. Isso é verdade, definitivamente verdade. Assim como em outras áreas, o profissional aprenderá a exercer seu ofício mediante sua prática regular. A diferença é que podemos ter construções desmoronando e pessoas morrendo por conta dessa inexperiência. Mas parece que quando falamos em “ensinar”, os prejuízos que a inexperiência causa são minimizados, afinal não parece “ocorrer nada de grave” com isso, embora ocorra, e essas consequências serão percebidas (ou não) ao longo dos anos e de formas subjetivas. Razão esta, que reforça essa minização dos danos que a inexperiência em sala de aula ocasione. Digo que embora tenha feito os estágios certinho, quando entrei na sala de aula, ainda me sentia imatura e inexperiente, avaliando hoje minhas aulas de antigamente, considero-as muito ruins em comparação com hoje (isso não quer dizer que tenham realmente sido muito ruins, mas que hoje elas melhoraram bastante). O estágio assim serviu de uma base inicial dessa experiência, evitando assim que os danos ao meu público-alvo fossem maiores.

    Se a pessoa trabalha e estuda, não terá tempo de fazer o estágio. De fato, trabalhar, estudar e fazer estágio é algo bastante pesado para qualquer ser humano (ainda mais se considerarmos que há outras tarefas em casa a serem realizadas), mas daí entramos na questão de assumir um compromisso do qual não conseguirá cumprir. Se eu me comprometo a algo do qual não tenho condições de realizar, de quem é o erro? Digo isso, pois muitas vezes assumimos compromissos impossíveis por uma dificuldade em compreendermos nossas próprias limitações.

    Tive colegas de graduação que trabalhavam, estudavam, cuidavam de suas famílias, faziam PIBID e iam para o estágio… não sei que horas esses colegas dormiam, mas eles sabem seus próprios limites e julgaram conseguirem cumprir estes requisitos. Meus limites são diferentes dos seus, e das pessoas à nossa volta, há quem durma 4 horas por dia e está ótimo, há quem durma 10 horas por dia e vive com o corpo quebrado, há quem consiga estudar 10 horas seguidas, há quem estude 1 hora e precise descansar o resto do dia. Assim, essa questão não gira em torno do estágio, do trabalho e do estudo, e sim do quanto nos conhecemos antes de assumirmos um compromisso, para depois não culparmos o compromisso por nossa própria limitação.

     

    A discussão seguiu com um desfecho peculiar, pois quando devolvi a questão aos envolvidos sobre se eles na posição de docentes responsáveis pelo estágio supervisionado, viriam a permitir e deliberar que seus estudantes fizessem o mesmo que fizeram, a resposta foi negativa. Isto é, na hipótese de avaliarem seus próprios comportamentos, os mesmos não o aprovariam.

    Para concluir esse texto, enxergo que a resolução sobre como funcionam os estágios supervisionados é uma pauta de colegiados e reuniões sobre a estruturação de cursos e disciplinas, daquelas que com bastante sofrimento conseguimos reunir docentes dispostos a participar. Ao mesmo tempo, que ocupar uma cadeira para tais decisões seja o resultado de uma longa e insistente caminhada dentro de uma série de instituições e aderindo às suas normas, sem as quais as mesmas não viriam a qualificá-lo para que viesse ocupar este lugar. Em minha posição como docente de matemática, aderi à causa das provas escritas não serem compulsórias, isto é, que os alunos possam ser aprovados com conceito máximo, sem a necessidade de realizá-las. Essa é minha causa, da qual defendo e enfrento oposição, mas sigo insistente nessa direção.

    Em relação ao estágio supervisionado, não me coloquei até o momento em posição de discuti-lo, nem de votar a seu respeito, uma vez que leciono na graduação em Química, não estou envolvida nessas disciplinas. Mas acredito que sua proposta pedagógica possa sim ser repensada com alternativas para dispor de mais opções aos estudantes que precisem realizá-las, contudo isso é algo a ser reformulado de cima para baixo, ou seja, cabe ao docente repensar a forma como validará o período de estágio supervisionado e não ao estudante procurar meios diferentes para realizá-lo. Salvo é claro sugestões e propostas que venham a ser aderidas pelo docente.

    // Esse é um texto que demorei bastante tempo para maturar, e pensei muito sobre se deveria ou não postá-lo aqui. Embora não seja um tema diretamente ligado à matemática, é uma discussão que acredito auxiliar a posição de docente como profissional, e dessa forma ter seus processos formativos respeitados e zelados em prol de seu exercício adequado. Assim, eu como licencianda em química do IFRJ venho cumprindo as disciplinas das quais não consegui equivalência, realizando os processos avaliativos propostos e frequentando as aulas.

    Alguns de meus colegas me tratam com indiferença em sala de aula, outros fazem uso de mim como uma ponte entre a disciplina que lecionam e minha expertise, e tais relações são proveitosas, tanto para mim que posso acompanhar meus colegas em seu exercício no magistério superior, como para eles que visualizam oportunidades incomuns de conexões. Então para aqueles em particular adeptos à filosofia, que consideram não terem nada a aprender assistindo as aulas de outros profissionais no estágio supervisionado, optando assim pela desonestidade frente à essa disciplina, encerro este post com uma frase do escritor grego Esopo.

    Ninguém é grande demais que não possa aprender, nem pequeno demais que não possa ensinar

    Créditos da imagem de capa a 41330 por Pixabay

    Sobre quem escreveu

    Podem me chamar de Zero, fiz Licenciatura em Matemática pela USP, Mestrado na UNESP sobre a aprendizagem de Pensamento Computacional, Doutorado na UNICAMP sobre a aprendizagem de Demonstrações Matemáticas, Especialização em Informática Aplicada à Educação no IFRJ e atualmente sou docente de Matemática e curso Licenciatura em Química, ambos no IFRJ.

    Como citar:  

    SILVA, Marcos Henrique de Paula Dias da. Uma palavrinha sobre estágio supervisionado. Revista Blogs Unicamp, Vol.10, N.1, Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/revista/2024/05/02/uma-palavrinha-sobre-estagio-supervisionado/. Acesso em: DD/MM/AAAA

    Sobre a imagem destacada:

    Foto: Por @assumption111 no Freepik (original)

    Edição: clorofreela

  • A permissividade dos discursos do trote: caso UNISA

    A permissividade dos discursos do trote: caso UNISA

    Autor

    Matheus Naville Gutierrez

     O caso dos estudantes de medicina da UNISA expulsos por importunação sexual escancara problemas sobre as práticas violentas normalizadas nas universidades.

    As redes sociais e a mídia foram tomados por uma cena desprezível e extremamente problemática nestas últimas semanas. Homens, estudantes de medicina de uma faculdade particular, em um evento esportivo, saíram nus e se masturbaram publicamente durante uma partida de vôlei feminino. No meio de uma multidão de pessoas, sem alarde e sustos por parte daqueles presentes, toda esse escárnio com a normalidade toma palco em um evento universitário. 20 estudantes já foram expulsos pelo crime, que ocorreu em abril e só tomou repercussão agora em setembro. Incrivelmente, a justiça já reverteu a decisão de expulsar os estudantes.

    As análises e críticas (necessárias e até mesmo escassas) tomaram um rumo sobre o simbolismo, a possibilidade desse tipo de importunação sexual acontecer de forma impune; o privilégio dos estudantes, homens brancos, cometerem crimes e só repercutir meses depois na mídia. Sim, todas essas críticas são extremamente importantes e necessárias, principalmente na conjuntura machista, racista e extremamente problemática que temos nas nossas faculdades. Mas um ponto me chamou muito a atenção, que foram as defesas dos acusados.

    Defender o indefensável, normalizar o abjeto: a função do trote universitário

    Após toda a repercussão inicial, a defesa dos estudantes e da universidade começaram a se armar para possibilitar uma contra argumentação ao caso, buscando uma solução. A universidade alega que a situação toda não passava de um trote, pedindo até o arquivamento da apuração que estava sendo conduzida. A defesa dos estudantes identificados no caso também usaram do mesmo argumento, alegando que eram todos calouros e que foram coagidos através do trote a realizar os atos obscenos e criminosos. Como não sou juiz e nem atuo com direito criminal, não vou pesar sobre a veracidade e o julgamento da defesa. Mas vejo como uma reflexão necessária: você aqui que lê, acredita que seja completamente impossível que isso tenha acontecido? 

    A discussão que proponho aqui é que o trote universitário, a sua estrutura, história e formas de existir possibilitam que essa defesa deste crime deplorável através dele. Se existe o trote, enquanto esta instituição de perpetuação e normalização da violência, da humilhação, da hierarquização, esses argumentos nefastos continuarão existindo. 

    Parece-me óbvio o problema aqui. O arcabouço jurídico utilizado pela defesa dos acusados só é possível pois o trote existe como ele é hoje. Este discurso problemático da defesa existe porque o trote existe. Neste processo, perde-se o ponto daquilo que foi registrado: homens importunando sexualmente outras pessoas. A universidade, os advogados e toda a argumentação da defesa se baseia unicamente na existência do trote. Veja, a existência do trote serviu justamente o seu propósito em um dos níveis mais grotescos da sociedade. Ele normalizou crimes, defende atitudes abjetas, desumaniza todos aqueles ao seu redor. 

    A pequena resposta não resolve o problema todo 

    Logo, mostra-se mais um ponto do porque o seu fim é extremamente necessário para preservarmos as universidades brasileiras. Contudo, para além da possível verdade sobre o trote ou não neste caso viral, as estruturas das relações universitárias que passam pelo trote precisam ser reestabelecidas para que este tipo de defesa não exista mais. Para que não passemos pano para crimes por uma prática “tradicional”.

    E o fio condutor desta problemática toda continua sendo a frágil e patética defesa da existência do trote enquanto brincadeira integradora. Já existe uma base teórica expondo que o trote, enquanto prática universitária, só causa a formação de discursos e atitudes machistas, racistas, LGBTQIAfóbicas, com o troco de um sentimento muito superficial de pertencimento e exclusividade. 

    Obviamente, cabe aqui reforçar que não, acabar com o trote não vai acabar com todos os problemas que foram citados aqui. Porém, o seu fim possibilita a existência da diversidade nas universidades e exima a existência da defesa do indefensável, a normalização do absurdo, a humilhação gratuita que forma profissionais imersos nestes discursos. É um passo pequeno, mas é um passo necessário.

    Para saber mais:

    Machado, L, Viana, H, Marques, P, Honório, G, (2023) Após decisão judicial, Unisa vai reintegrar os 15 alunos expulsos. TV Globo e G1 SP.

    Barreto Filho, H (2023) Polícia investiga dois possíveis crimes em caso de estudantes nus da UNISA UOL.

    Rodrigues, B (2023) UNISA trata atos de simulação de masturbação como “trote” e pede para MEC arquivar apuração, CNN Brasil

    Fantástico (2023) Nudez na quadra: alunos de medicina dizem que foram expulsos sem direito de defesa. G1, Fantástico


    Sobre o autor

    Matheus Naville Gutierrez é Mestre e doutorando em ensino de Ciências e Matemática pela UNICAMP e licenciado em Ciências Biológicas pela UNESP. Sempre dialogando sobre educação, tecnologia, ensino superior, cultura e algumas aleatoriedades que podem pintar por ai.

     

    Como citar: 

    Gutierrez, Matheus Naville. (2023). A permissividade dos discursos do trote: caso UNISA. Revista Blogs Unicamp, V9, N2. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/revista/2023/11/29/a-permissividade-dos-discursos-do-trote-caso-unisa/. Acesso em dd/mm/aaaa.

    Sobre a imagem destacada:

    Imagem de vecstock no Freepik. Arte por Juliana Luiza.

  • Mulheres em ciência e tecnologia: as origens históricas da inversão de gênero

    Julia Marcolan

    Adicione o texto do seu título aqui

    Autora

    Julia Marcolan

    As disparidades de gênero em relação à representatividade, ao acesso a oportunidades de pesquisa e ao reconhecimento acadêmico representam obstáculos significativos enfrentados pelas mulheres na carreira científica. Na história da tecnologia, no entanto, diversas mulheres fizeram contribuições expressivas e revolucionárias que têm sido fundamentais para o progresso da ciência. Um exemplo notável é Ada Lovelace, filha de Anne Isabella Byron, uma matemática da nobreza, e do poeta romântico Lord Byron. Sua mãe a incentivou a estudar música e a se aprofundar na lógica matemática. 

    Além do estímulo materno, Ada também contou com a amizade e orientação da matemática inglesa Mary Somerville. Foi Mary quem apresentou Ada a Charles Babbage, o desenvolvedor da máquina diferencial, projetada para realizar cálculos de polinômios de forma mecânica. Em 1842, Ada escreveu o primeiro algoritmo a ser processado pela máquina analítica de Charles Babbage. Esse algoritmo tinha a capacidade de calcular a sequência de Bernoulli, e por esse feito, Ada é considerada a primeira programadora da história. As pesquisas de Ada estabeleceram as bases para a computação e programação, que moldaram o mundo da tecnologia décadas mais tarde. Ada Lovelace era uma verdadeira visionária, e sua contribuição pioneira foi essencial para o desenvolvimento da lógica de programação que usamos hoje. 

    Grace Hopper é outro nome notável na história da tecnologia. Entre as décadas de 1940 e 1950, ela foi responsável pelo desenvolvimento da linguagem de programação Flow-Matic. Esta linguagem serviu como base para a criação do Common Business-Oriented Language (COBOL), que ainda é usado atualmente para o processamento de bancos de dados comerciais. Em 1959, Grace Hopper desenvolveu seu próprio compilador, reconhecido como o primeiro da história. Um compilador é capaz de traduzir um programa escrito em linguagem textual, que se assemelha à linguagem do programador, para linguagem de máquina, que o computador pode entender. Também foi Hopper quem popularizou o termo bug — inseto em inglês —, hoje amplamente utilizado nas áreas de tecnologia e no dia a dia. Segundo a história, enquanto tentava solucionar uma falha em seu computador, ela descobriu um inseto morto dentro da máquina. Desde esse episódio, o termo bug associou-se a erros ou falhas de código.

    A origem da disparidade 

    Apesar dessa representatividade histórica, se mantivermos o ritmo atual, seriam necessários cerca de 100 anos para alcançar a paridade de gênero em publicações científicas na área de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). É o que revela um estudo publicado em 2019, pela uma pesquisa realizada pelo Allen Institute for Artificial Intelligence.

    Historicamente, a sociedade patriarcal atribuiu às mulheres atividades tidas como mais simples e de menor importância, como, por exemplo, os cuidados com a casa e a criação dos filhos, enquanto aos homens foram destinadas as atividades entendidas como de maior prestígio, como garantir o sustento da família por meio do trabalho, seja ele braçal ou intelectual. A sociedade, entretanto, está em constante transformação, impulsionada pelo avanço da ciência. Nesse contexto, uma atividade anteriormente considerada fácil, que demandava pouco conhecimento e especialização é vista como uma atividade feminina, pode ser completamente redefinida pelos avanços tecnológicos. Assim, ela pode ganhar notoriedade e importância, passando a ser considerada pela sociedade uma atividade desafiadora e masculina.

    O ato de programar passou por uma ressignificação ao longo do tempo. Houve um período em que programação era considerada uma atividade secundária e desimportante, sendo assim muitas vezes relegada às mulheres. Durante a Segunda Guerra Mundial, o ENIAC (Electronic Numerical Integrator and Computer) — primeiro computador digital e eletrônico programável do mundo — foi desenvolvido com o propósito de auxiliar em cálculos balísticos. A programação do ENIAC envolvia a utilização de fios e interruptores para definir as operações. Além disso, cartões perfurados eram usados para armazenar informações. Programar o ENIAC era um trabalho manual, árduo e sujeito a muitos erros. Como resultado, seis mulheres desempenharam um papel fundamental como suas principais programadoras: Frances Bilas, Jean Jennings, Ruth Lichterman, Kathleen McNulty, Betty Snyder e Marlyn Wescoff.

    Também podemos mencionar o caso das “mulheres computadoras” que contribuíram para o desenvolvimento do programa espacial da NASA na década de 1950. Essas “computadoras” eram responsáveis por calcular manualmente as equações de trajetórias necessárias para as viagens espaciais. A história dessas mulheres matemáticas, em particular das cientistas negras Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, foi recentemente retratada no filme “Estrelas Além do Tempo”, de 2016. As funções exercidas por elas eram extremamente mal remuneradas, uma vez que se tratavam de atividades secundárias. 

    A computação passou a assumir um papel de destaque no mundo pós-guerra, em virtude de seu papel decisivo como uma ferramenta na máquina de guerra. Consequentemente, ela começou a ser percebida como uma atividade predominantemente masculina. Dessa maneira, a partir da década de 1970, houve uma grande inversão de gênero na área de tecnologia no mundo todo. Por exemplo, a primeira turma do curso de Bacharelado em Ciências da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME), em São Paulo, no ano de 1974, era formada por 70% de mulheres. Essa porcentagem se reduziu drasticamente não só no IME, que chegou à marca de 15% de mulheres em 2016, mas em diversos outros institutos das áreas de ciências exatas. 

    O Instituto de Física de São Carlos, por exemplo, oferece três especializações dentro do curso de graduação em Física: Física Teórica e Experimental, Física Biomolecular e Física Computacional. Dados fornecidos pela comissão de graduação do instituto mostram que 36% dos ingressantes no IFSC no ano de 2023 eram mulheres. Esse número pode parecer alto à primeira vista. Mas, se analisarmos um recorte mais específico, podemos identificar que 51% dessas mulheres optaram pela especialização biomolecular, que apresenta uma interdisciplinaridade muito grande com a biologia, tornando o curso uma exceção nas áreas de exatas em geral. Analisando com mais cuidado, percebemos que apenas 25,6% do total de ingressantes na Física Teórica e Experimental são mulheres; na Física Computacional, o número se reduz para 22,5%.

    O apagamento das mulheres na Física

    Enquanto na área da tecnologia as mulheres eram direcionadas para funções secundárias e mal remuneradas, nas demais áreas acadêmicas elas enfrentavam um processo cruel de invisibilidade. O fenômeno de atribuir a homens o reconhecimento por trabalhos científicos que na verdade haviam sido realizados por mulheres foi identificado como um padrão persistente na comunidade científica, pela historiadora Margaret W. Rossiter, que cunhou o termo “Efeito Matilda”. Esse termo é uma homenagem a Matilda Joslyn Gage, que já percebia essa tendência de apagamento ainda no século XIX. Existem centenas de casos conhecidos de mulheres que foram afetadas pelo Efeito Matilda, e talvez mais uma centena de casos de mulheres das quais nunca ouviremos falar.  

    Em 1883, Matilda Joslyn Gage escreveu o artigo “Woman as an Inventor,” publicado na The North American Review. Nesse artigo, Matilda refutou a ideia de que as mulheres não possuíam genialidade inventiva, citando exemplos práticos de invenções realizadas por mulheres em diversos campos criativos, que iam desde inovações na química até técnicas de parto. Ela destacou a contribuição significativa das mulheres para o mundo das inovações e desafiou os estereótipos de gênero que desvalorizavam suas realizações.

    No início do século XX, a geneticista Nettie Stevens, responsável pela descoberta do sistema de cromossomos XY, viu seu orientador de doutorado, Thomas Hunt Morgan, receber todo o crédito pelo trabalho que ela havia realizado. Nettie faleceu em 1912, antes de conseguir uma posição como professora. Em 1933, seu orientador recebeu um Prêmio Nobel pela descoberta. Outra pioneira, a matemática Emmy Noether, contribuiu significativamente para a álgebra abstrata e formulou um dos teoremas mais fundamentais da física, conhecido como o “Teorema de Noether,” que estabelece uma relação entre simetrias físicas e leis de conservação. Embora seja agora reconhecida como uma das maiores matemáticas de sua época, Emmy Noether trabalhou por anos como assistente de um colega na Universidade de Göttingen, sem nem ao menos receber salário.

    Marie Curie é considerada uma das maiores cientistas que já existiu. Ela foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel. Também a primeira pessoa a ganhá-lo duas vezes em áreas distintas, na química e física, ambos chamados de ciências duras. Marie Curie foi pioneira nas pesquisas sobre radioatividade, o que lhe rendeu o primeiro Nobel, o de Física, em 1903. Ela dividiu o Prêmio Nobel com seu marido, Pierre Curie, e com Henri Becquerel, que trabalharam junto a ela nas pesquisas. 

    Ademais, Marie também descobriu dois elementos químicos, o polônio e o rádio, que lhe conferiram o Prêmio Nobel de Química em 1911. A vida acadêmica de Marie não foi fácil: logo após concluir o ensino médio, ela não conseguiu prosseguir com seus estudos em sua cidade natal, pois a Universidade de Varsóvia não admitia mulheres. Além disso, devido ao fato de ser mulher, Marie frequentemente teve que publicar artigos sob pseudônimos para que tivessem peso para a comunidade científica da época.

    Dados mais recentes 

    Voltando para os dias atuais, segundo dados da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), entre 2014 e 2017, o Brasil publicou aproximadamente 53,3 mil artigos, sendo que 72% deles têm autoras mulheres. No entanto, apesar desse impacto na pesquisa, as mulheres ainda enfrentam desafios significativos para alcançar cargos de liderança em grupos de pesquisa. De acordo com dados recentes apresentados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), apenas um terço dos bolsistas de pós-graduação nas áreas de exatas são mulheres. Dados públicos do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Física de São Carlos mostram que as mulheres representam apenas 37,83% dos ingressantes na pós-graduação em 2023. Fazendo uma análise mais precisa, 59% ingressaram no programa de pós-graduação em Física Biomolecular, 25% na Física Teórica e Experimental, e apenas 23% na Física Computacional.

    Uma outra pesquisa revelou, por meio da  análise de dados da Digital Science, usando seu banco de dados de publicações, que as mulheres foram massivamente afetadas pelos lockdowns impostos durante a pandemia de COVID-19. De acordo com esses dados, a taxa de publicação de mulheres como autoras principais de artigos caiu sete pontos percentuais entre janeiro e maio de 2020, em comparação com o ano de 2015. Segundo as conclusões da pesquisa, uma das possíveis justificativas para essa queda é que os lockdowns obrigaram o confinamento em casa, resultando em um aumento da carga de trabalho relacionada ao cuidado, tanto nas tarefas domésticas quanto na educação das crianças, que recaiu majoritariamente sobre as mulheres acadêmicas neste ambiente.

    Apesar da participação expressiva das mulheres na ciência, ainda persistem desafios consideráveis. Continuamos ocupando posições de menor destaque e enfrentando o apagamento de nossas vozes em muitos contextos acadêmicos. Além disso, existe a persistente ideia patriarcal de que as atividades de cuidado são predominantemente atribuídas às mulheres, sendo consideradas simples e de pouca necessidade de carga intelectual ou grande importância perante à sociedade capitalista, enquanto as tarefas de “maior prestígio” — trabalhos intelectuais em quaisquer campo, ou mesmo trabalhos braçais de pouco prestígio, mas que garantam o sustento do lar — são reservadas aos homens. Essas desigualdades de gênero no ambiente de trabalho e na sociedade como um todo são importantes e precisam ser abordadas para promover uma verdadeira equidade de oportunidades.

    Incentivo e representatividade

    Uma característica comum entre a maioria das mulheres que alcançaram notoriedade por seus grandes feitos na história da ciência e tecnologia é o incentivo que receberam. Ada Lovelace, por exemplo, contou com o apoio de sua mãe e de sua mentora, Mary Somerville. Marie Curie teve o respaldo de seu marido, Pierre, ao longo de toda a sua jornada acadêmica. Uma pesquisa realizada pela Microsoft revelou que, em geral, as meninas costumam manifestar interesse por ciência e tecnologia até os 11 anos, mas esse interesse tende a diminuir, e aos 15 anos, muitas delas começam a desistir. De acordo com o estudo, a ausência de modelos femininos nessas áreas é uma das razões para esse fenômeno. Desta maneira, é de extrema importância que continuemos a reescrever a  história das mulheres na ciência exaltando e compartilhando seu pioneirismo. 

    Com o objetivo de promover a diversidade no campo de STEM, ao longo dos anos, surgiram várias iniciativas independentes destinadas a incentivar as meninas a seguir carreiras científicas. Uma dessas iniciativas é o projeto “Meninas Programadoras” do ICMC/USP, coordenado pela professora Maria da Graça Campos Pimentel. A principal meta desse programa é proporcionar às alunas do ensino médio e concluintes a oportunidade de desenvolver habilidades de programação e solução de problemas por meio de aulas que combinam teoria e prática.

    Outro projeto de destaque é o “Laboratório de Talentos”, promovido pelo Instituto Angelim. Esse projeto tem como propósito sensibilizar jovens alunas do Ensino Médio da rede pública acerca das oportunidades de carreira nas áreas de ciência, tecnologia, artes e economia criativa, por meio de atividades práticas e do contato direto com mulheres que atuam ou estudam nos diversos campos do conhecimento.

    Na Unicamp existe o projeto Meninas Supercientistas, que tem como objetivo apresentar a meninas do Ensino Fundamental II a carreira na área científica, incentivando-as a percorrer essa trajetória. O projeto é totalmente organizado por mulheres (docentes, funcionárias e alunas) e recebe cientistas para palestrar e debater ciência com as meninas em fase escolar.

    A grande maioria das meninas que responderam à pesquisa da Microsoft acreditam que não estão tendo experiência prática suficiente com matérias STEM. Além disso, 60% delas admitiram que se sentiriam mais confiantes em seguir uma carreira nas áreas STEM se homens e mulheres fossem igualmente empregados nessas profissões, recebendo salários equivalentes. É imprescindível que políticas públicas sejam implementadas visando a equidade nos cargos de trabalho e salários para as mulheres nas carreiras de STEM. A revolução digital está transformando o mercado, e, atualmente, as mulheres representam apenas 25% da força de trabalho na indústria de tecnologia. Incluir as mulheres nesse mercado é fundamental para garantir sua autonomia e independência financeira.

    Para saber mais 

    Agência Brasil (2019) Mulheres assinam 72% dos artigos científicos publicados pelo Brasil, Agência Brasil

    Câmara dos Deputados (2023) Mulheres são apenas 1/3 de pós-graduandos em ciências exatas e tecnológicas e têm financiamento menor, Câmara dos Deputados.

    Gage, Matilda Joslyn (1883) Woman as an Inventor, The North American Review 136, n 318, p 478–89.

    Pereira, LG, Da Silva, M N;Souza, VP de; Rezende, YC (2018) Hostilidade em jogos online: perspectiva feminina, Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v7, n2. 

    USP (2018) Por que as mulheres desapareceram dos cursos de computação, Jornal da Universidade de São Paulo.

    USP (2020) Produção científica feminina cai devido à pandemia, ABCD USP – Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais da USP.

    PIMENTEL, MGC; EUSEBIO, JML; GOULARTE, R; LEITE, UV; PICOLI, H (2023) Meninas Programadoras: Promovendo o Engajamento Feminino em Computação via Cursos Curtos Online de Programação, In: ANAIS DO WORKSHOP DE FERRAMENTAS E APLICAÇÕES – SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SISTEMAS MULTIMÍDIA E WEB (WEBMEDIA), Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, p107-110.  

    ANDREW, T (2017) Why don’t European girls like science or technology? Microsoft news.

    WANG, LL et al (2021) Gender trends in computer science authorship, Communications of the ACM, v64, n3, p78-84.

    Sobre a autora

    Julia Marcolan é graduada em Física com ênfase em Física Computacional pela UFF/2019 e Mestre em Ciências pelo IFSC/USP. Atualmente, é doutoranda em Física Computacional também no IFSC/USP onde pesquisa Imagens por Ressonância Magnética (MRI) de tempos de relaxação ultra curtos, aplicadas a  avaliação de sementes. Além da pesquisa acadêmica, tem interesse em divulgação de ciência e tecnologia e neste sentido atua principalmente na divulgação e projetos de inclusão de mulheres nas áreas de STEM.

    Nota da editora

    Julia Marcolan é a autora convidada do vol.9, n.2, da Revista Blogs Unicamp.

    Como citar: 

    Marcolan, Julia. (2023). Mulheres em ciência e tecnologia: as origens históricas da inversão de gênero. Revista Blogs Unicamp, V.9, N.2. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/revista/2023/11/27/mulheres-em-ciencia-e-tecnologia-as-origens-historicas-da-inversao-de-genero/ Acesso em dd/mm/aaaa

    Sobre a imagem destacada:

    Imagem gerada geradas em outubro de 2023 via Dall.e 3 (modelo de linguagem generativa multimodal). Edição por Carolina Frandsen.

  • Novo Ensino Médio: Desafios para o ensino superior

    Adicione o texto do seu título aqui

    Autores

    Texto escrito por Matheus Naville Gutierrez

    Como citar:  

    Naville Gutierrez, Matheus (2023) Novo Ensino Médio: Desafios para o ensino superior. Revista Blogs Unicamp, V.09, N.01, 2023. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/revista/2023/08/04/novo-ensino-medio-desafios-para-o-ensino-superior/  
    Acesso em dd/mm/aaaa
    Sobre a imagem destacada:

    No primeiro plano tem jovens concentrados estudando. Na imagem de segundo plano tem jovens em manifestações para condições de ensino melhores.

    Atribuição:

    Fotos: Fernando Almeida / g1 Campinas e Região e Prefeitura de São Paulo. Arte por Clorofreela.

  • Oyèrónke Oyěwùmí

    Adicione o texto do seu título aqui

    Autores

    Texto escrito por Gisele Rose

    Como citar:  

    Rose, Gisele (2023) Oyèrónke Oyěwùmí. Revista Blogs Unicamp, V.09, N.01, 2023. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/revista/2023/08/04/oyeronke-oyewumi/   
    Acesso em dd/mm/aaaa
    Sobre a imagem destacada:

    Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí com roupa vermelha e brincos de argola com estampa.

    Atribuição:

    Arte por Juliana Luiza e Clorofreela.

  • Criar uma lei de proibição do trote universitário é a solução para esse problema histórico?

    Adicione o texto do seu título aqui

    Autores

    Texto escrito por Matheus Naville Gutierrez

    Como citar:  

    Naville Gutierrez, Matheus (2023) Criar uma lei de proibição do trote universitário é a solução para esse problema histórico?. Revista Blogs Unicamp, V.09, N.01, 2023. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/revista/2023/08/02/criar-uma-lei-de-proibicao-do-trote-universitario-e-a-solucao-para-esse-problema-historico/ 
    Acesso em dd/mm/aaaa
    Sobre a imagem destacada:

    Montagem com uma foto rasgada de de estudantes fugindo de jatos de substâncias amarelas e vermelhas que são lançadas sobre eles por fileiras de jovens usando luvas de látex branco.

    Atribuição:

    Arte por Juliana Luiza e Clorofreela.

  • Os estereótipos do gênero na ciência

    Os estereótipos do gênero na ciência

    Adicione o texto do seu título aqui

    Autores

    Texto escrito por Isadora Souza Moralez, Larissa Leme Magalhães, Júlia Fernandes da Cruz, Júlia Camargo Simões, Gabriel Henrique

    Como citar:  

     

    Sobre a imagem destacada:

    Foto: Domínio Público. Arte por Clorofreela.

  • Sêneca, Vygotsky e a importância de espaços de convivência

     Quem dá aula sabe: como professores, queremos que os alunos, mais do que absorver conteúdos, desenvolvam determinadas competências, como proatividade, capacidade de trabalhar em grupo, entre outras. Com isso, surge a seguinte questão:  “Qual a importância dos espaços de ensino, sejam eles físicos ou virtuais, em tal desenvolvimento?”. Para começar a responder a essa pergunta, vamos articular um pouco de Sêneca com Vygotsky, e expandir a ideia de espaços de ensino para espaços de convivência.

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