Categoria: Encarte Oceano

  • Oceano ganha reconhecimento histórico no G20

    Autoria

    Juliana Di Beo

    O oceano está na encruzilhada dos grandes desafios que enfrentamos hoje, que são também ambições do grupo do G20: a crise do clima, a perda de biodiversidade, a poluição, o combate à fome e a redução das desigualdades.

    Créditos: Oceans20 Brasil

    Apesar do oceano cobrir cerca de 71% da superfície do planeta, ser o principal regulador do clima e atenuador das mudanças climáticas absorvendo mais de 25% de gás carbônico emitido pelas atividades humanas e 90% do excesso de calor causado principalmente por esse gás, ele ainda não figura no palco das decisões sobre políticas públicas globais. Essa verdade inconveniente, tem causado preocupação, o que tem levado o tema paulatinamente para espaços de discussão de grande importância internacional.    

    Com um oceano de desafios, mas também de soluções, especialistas, representantes de organizações não-governamentais e líderes políticos se reuniram na Casa de Cultura Laura Alvim em Ipanema no Rio de Janeiro nesta segunda feira (18) para o primeiro evento do Oceans20 (O20) no Brasil, dentro do escopo da agenda do G20. O O20 é um dos 13 grupos de engajamento social que foi inicialmente pensado e embrionado em encontros anteriores do G20, na Índia e Indonésia entre 2021 e 2022, mas somente agora com a presidência brasileira foi de fato criado. 

    Por meio deste primeiro evento disruptivo e sem precedentes, o Brasil inaugura um reconhecimento histórico ao buscar colocar o oceano no palco das discussões e “no coração e mente dos chefes de Estado do G20”, destaca Alexander Turra, coordenador da  Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano e um dos idealizadores do O20 no Brasil. 

    A economia azul precisa ser pensada além da sustentabilidade

    Créditos: The Ocean Agency

    O oceano está na encruzilhada dos grandes desafios que enfrentamos hoje, que são também ambições do grupo do G20: a crise do clima, a perda de biodiversidade, a poluição, o combate à fome e a redução das desigualdades. “É impossível discutir esses desafios sem olhar para o oceano, como ator e como palco das relações internacionais. As três prioridades brasileiras do G20 vão se encontrar com a agenda oceânica”, destacou Lucas Padilha, coordenador de relações internacionais e presidente do comitê do G20 da prefeitura do Rio de Janeiro. “É importante que todos e todas aqui, na academia, dos negócios, dos organismos multilaterais, dos bancos de desenvolvimento, dos governos locais, tenhamos a sensibilidade para trabalhar juntos”, ressaltou, referindo-se a necessidade de unir esforços para vencer os principais desafios mencionados acima.

    O encontro discutiu o papel da economia azul para o desenvolvimento econômico de forma sustentável e como fonte de emissões de carbono e poluição que precisam ser superadas. Oriana Romano chefe da Unidade, Governança e Economia Circular da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), recomendou uma abordagem de economia azul que considere que ela tem duas faces que caminham juntas, a econômica e a ambiental. Segundo Oriana, deveríamos ir além da sustentabilidade, mas considerar a resiliência, a inclusão e a circularidade. “Em um mundo que está crescendo em termos de população para a qual a demanda de recursos naturais aumenta, em um mundo com mudanças climáticas que são potencializadas pela urbanização, a economia azul não deve ser apenas sustentável para o futuro, acreditamos que ela deveria ser resiliente a choques econômicos e ambientais”.

    Oriana destacou também a importância de adotar uma abordagem integral da água, considerando não apenas o oceano, mas outros corpos de água para resolver problemas como a poluição. Ana Asti, da subsecretaria de recursos hídricos e sustentabilidade do estado do Rio de Janeiro, seguiu nesta mesma linha ao mencionar que precisamos olhar para o oceano de forma integrada ao ecossistema de água doce. Segundo Ana, se quisermos ter um oceano saudável e produtivo precisamos limpar nossos rios e promover o saneamento, porque toda a poluição que sai da terra chega ao mar. “Até 2033 queremos chegar a 100% do saneamento básico na região Metropolitana do Rio de Janeiro, hoje temos 46%, então ainda há um desafio enorme pela frente”, afirmou.

    Letícia Cotrim, professora de oceanografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), destacou a importância de trazer a descarbonização, o corte de emissões de gases do efeito estufa (GEEs) e a transição energética como temas chaves para abordar o oceano na agenda do G20. Letícia que também é co-autora do Sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) ressalta que o relatório aponta que o oceano mudou de maneira que não vai voltar a ser o que era antes do período pré-industrial. “O principal desafio aqui é planejar incluindo a descarbonização e transição energética, caso contrário vamos pagar um alto custo de adaptação e mitigação, embora estejamos protegendo algumas áreas”, concluiu, referindo-se aos impactos do aumento da temperatura no planeta.  

    Próximos passos do Oceans20

    O O20 é coordenado pela Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano da Universidade de São Paulo em colaboração com o Fórum Econômico Mundial, o Pacto Global da ONU, o Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio) e o Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicos (INPO/MCTI). A realização desse primeiro evento do Oceans20 marca o início de uma série de eventos que darão continuidade às discussões do grupo sobre temas como financiamento para a economia azul, conservação do oceano, nexo oceano-clima, justiça social e equidade, ciência, tecnologia e inovação e governança global. Um próximo evento oficial vai acontecer em setembro, o “Ocean-Summit” para levar um resumo do que conseguiram avançar do temas para os outros grupos e para o G20. 

    Como sendo parte de um dos grupos de engajamento social, que marca a nova proposta do atual governo em promover espaços de escuta da sociedade civil para criação de políticas públicas, será feita uma chamada para a participação social no meio desses eventos, o “Ocean-Dialogues”. “Este grupo de engajamento inédito busca contribuir para a agenda da presidência brasileira do G20, dando lugar às diversas vozes que falam pelo nosso Oceano”, enfatiza  Simone Pennafirme, da Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano e Gerente do Núcleo de Vida Marinha da Secretaria de Meio Ambiente da Cidade do Rio de Janeiro, durante a inauguração oficial do O20.

     

    Sobre quem escreveu

    Juliana Di Beo é bióloga formada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bolsista Mídia-Ciência Fapesp no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp. Atua na área de comunicação científica, com foco no fortalecimento da cultura oceânica e no acesso aberto ao conhecimento por meio da Rede Ressoa Oceano.

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    Edição: clorofreela

  • Cientistas usam inteligência artificial e humana para monitorar corais na costa brasileira

    Autoria

    Livia Savoia

    O oceano está na encruzilhada dos grandes desafios que enfrentamos hoje, que são também ambições do grupo do G20: a crise do clima, a perda de biodiversidade, a poluição, o combate à fome e a redução das desigualdades.

    Os corais são organismos de muita importância para vida marinha e humana, e têm sofrido o processo de branqueamento, ou morte, pelos impactos do aquecimento e acidificação das águas oceânicas.  Mas por sua extensão, monitorar esses seres vivos é uma tarefa quase impossível. Pensando nisso, pesquisadores  das universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Paraná (UFPR), estão usando a  inteligência artificial como  aliada, junto com a ação humana, no monitoramento desses organismos. 

    Hoje, a forma de monitorar os corais é a partir da ação humana, com mergulhadores especialistas, que coletam amostras de corais  que são levadas para análise em laboratórios.  Uma das técnicas utilizadas e é o uso de redes neurais da inteligência artificial (IA) que processa grandes quantidades de dados em modelo inspirado no cérebro humano. A IA permite fazer uma análise completa e com rapidez, sem a qual hoje pesquisadores levariam horas e dias para realizar, devido à complexidade do processo manual, que tem seu início na coleta das amostras até as etapas finais de análise.  

    Cena do vídeo “Monitoramento e manejo do coral-sol” do canal do youtube ICMbio Alcatrazes (SP). Crédito: O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

    A partir de um grande número de imagens capturadas por mergulhadores,  as redes são treinadas para fazer a identificação dos organismos, como sua forma, textura e cores. “Ferramentas de IA são capazes de analisar imagens para encontrar sinais de branqueamento de corais, doenças ou outras condições adversas, além de identificar outras formas de vida marinha”, afirma o pesquisador Luiz de Oliveira, do departamento tal da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um dos responsáveis pelo estudo.

    Uso de IA para analisar imagens e identificar branqueamento de corais, aqui um coral baba-de-boi (Palythoa caribaeorum). Crédito: Furtado 2022, PeerJ.

    A nova etapa da pesquisa tem parceria com pesquisadores franceses, serão utilizados drones subaquáticos para obter as imagens dos corais. O objetivo principal é fornecer essa atividade como parte de um passeio turístico, como explica o biólogo e coordenador do projeto, Guilherme Longo, da UFRN: “A ideia é conseguir oferecer essa atividade como parte de um passeio turístico, assim as pessoas geram as imagens, podem compartilhar em suas redes sociais já com informações de espécies”, mas Longo afirma que essa nova etapa da pesquisa ainda está em estágios iniciais. Proporcionar interação com público é uma das metas do biólogo. O projeto #De Olho nos Corais  no instagram permite que o público acompanhe o trabalho de monitoramento dos corais.

    A rede social #DeOlhoNosCorais tem cerca de 11,2
    mil seguidores e 640 publicações no Instagram,
    as postagens são feitas semanalmente.
    O que são corais?

    Os corais são conhecidos pela beleza de cores vibrantes, responsáveis por deixar o oceano ainda mais bonito, mas também servem como alimento, berçário e proteção para outros seres vivos, e têm grande importância na atividade filtradora da água do mar e contribuem na economia através da pesca. São organismos do reino Animalia, dos animais, e do filo Cnidária, grupo das águas-vivas e anêmonas. Entre os corais há também as espécies invasoras, que necessitam de monitoramento constante, como o caso do coral-sol (Tubastraea spp.), presente em toda costa brasileira. O acompanhamento é feito com frequência pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, visando diminuir os impactos à biodiversidade que a espécie pode causar. 

    Leia mais:

    Artigo “#DeOlhoNosCorais: a polygonal annotated dataset to optimize coral monitoring”, de Daniel Furtado, Edson Vieira, Wildna Nascimento, Kelly Inagaki, Jessica Bleuel, Marco Zanata Alves, Guilherme Longo, Luiz Oliveira. Publicado na revista científica  Peerj PeerJ, volume11 (e16219), 2023. Disponível gratuitamente em acesso aberto em: https://peerj.com/articles/16219/ 

     

    Sobre quem escreveu

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    Edição: clorofreela

  • Precisamos de um tratado ambicioso para combater a poluição plástica

    Autoria

    Livia Savóia e Germana Barata

    O oceano está na encruzilhada dos grandes desafios que enfrentamos hoje, que são também ambições do grupo do G20: a crise do clima, a perda de biodiversidade, a poluição, o combate à fome e a redução das desigualdades.

    Em abril, terminou a 4ª Sessão do Encontro do Comitê Intergovernamental de Negociação, para debater o Tratado Global Contra a Poluição Plástica (INC-4), coordenada pelas Nações Unidas, no Canadá. Durante o evento, no qual 170 nações debateram um tratado para regulamentar e diminuir a poluição plástica no mundo, cientistas brasileiros assinaram e entregaram um manifesto para pressionar o governo brasileiro a assumir compromissos para reduzir a poluição de plásticos e aumentar a reciclagem. O país foi responsável pela produção de 2% do total mundial, em 2022, e a tendência mundial é que aumente até 2050 e, com ela, a poluição. Para frear o tsunami de plástico, precisamos de um Tratado ambicioso a ser acordado em novembro próximo, quando ocorrerá a 5a e última sessão.

    Natalia Grilli, oceanógrafa que integra a Coalizão de Cientistas para um Tratado Global de Plásticos Efetivo, esteve no evento e contou que o manifesto é uma forma de pressionar o governo brasileiro a adotar posicionamentos mais ambiciosos que envolvem o chamado ciclo do plástico – da extração do petróleo até seu descarte – para que a indústria e governos assumam mais responsabilidade e controle deste produto que impacta o meio ambiente e a saúde humana. 

     

    Obra #TurnOffThePlasticTap do artista canadense Benjamin Von Wong (2021) foi exibida na frente do centro de convenções onde ocorreu a 4ª sessão para debater o tratado contra a poluição plástica em Ottawa. Crédito: INC-4


    “O Brasil está bem receptivo nas questões relacionadas à reuso, responsabilidade dos produtores, inclusão social de catadores de recicláveis, mas algumas outras está mais resistentes como mexer na produção de polímeros plásticos primários, ainda não há posição sobre isso”, avaliou Natalia, que atua na Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano, da Universidade de São Paulo (USP), e é membra da Liga das Mulheres pelos Oceanos

    Dia 30 de abril, foi lançada a declaração Bridge to Busan, em que alguns países se comprometeram a endereçar todo o ciclo de produção de plásticos a produção de polímeros plásticos. O Brasil ainda não é signatário e, como outras nações que também possuem uma indústria petroquímica forte, ainda é resistente. 

    Natalia diz ter “um otimismo realista”, pois a declaração, a ser aprovada no final do ano, ainda possui muitos trechos em aberto, o que indica a necessidade de avanços nos acordos sobre o plástico. “Mais de 300 cientistas do mundo inteiro que se voluntariaram para oferecer o melhor conhecimento científico para formular políticas públicas e o trabalho da sociedade civil. Ainda temos a opção de ter um Tratado eficiente e ambicioso, mas ainda há muito trabalho pela frente para que isso aconteça”. A pesquisadora menciona o forte lobby da indústria petroquímica, por meio de participação no evento para defesa de pontos positivos do plástico. “O conflito de interesse nas negociações precisa estar endereçado, e estar mais focado na gestão de resíduos do que endereçar o ciclo de vida do plástico como um todo e consiga lidar com o problema na fonte”.

    A reunião reuniu 2.500 representantes e 71 organizações da sociedade civil como a Aliança Resíduo Zero Brasil (ARZB), WWF Brasil, Oceana Brasil, Vozes do Oceano, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), além dos parceiros da rede Ressoa Oceano, a Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano e a Liga das Mulheres sobre o Oceano. 

    As metas debatidas na capital canadense, em Ottawa, foram uma preparação para a 5a e última sessão que ocorrerá em novembro deste ano na Coreia do Sul, quando deverá ser publicado um texto final contra a poluição plástica. 

    Preocupação crescente

    “Se o oceano fosse transparente, e não azul, estaríamos completamente envergonhado do que fizemos”, com essa frase impactante sobre a poluição dos plásticos no oceano que Barbara Karuth-Zelle, da Allianz Board Member and Group COO, participou da Conferência da Década do Oceano, que terminou em abril na Espanha. Se a situação da poluição plástica está ruim, pode piorar. Dados de uma pesquisa da Universidade da Califórnia estima que a produção anual de plástico vai crescer 22% até 2050 e, com ela, aumentará a poluição em 62%. 

    A poluição plástica ganhou visibilidade e repercussão na sociedade. Porém, a dimensão da poluição é preocupante e exige, mais do que ações individuais, regulamentação e responsabilização da indústria do plástico. Alguns projetos de lei tentam emplacar no congresso ainda sem sucesso. Um dos exemplos é a PL 2424/2022, em tramitação no Senado, que define regras para estimular a economia circular do plástico, “internalizando os custos ambientais e sociais na produção”, com incentivos à reciclagem e reuso, eliminação de produtos de itens descartáveis e “encorajar a adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços”, entre outras propostas. 

    Enquanto a produção de plástico segue acelerada, pesquisadores do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP) coletaram, no início do ano, lixo no fundo do mar brasileiro, entre 200 e 1.500m de profundidade e há 200km da costa dos estados de São Paulo e Santa Catarina, com resíduos de vidro da década de 1920 e de plástico dos anos 1960, como indica a data de fabricação de algumas embalagens plásticas. A pesquisa, que buscava estudar a biodiversidade de peixes, se surpreendeu com a quantidade de lixo plástico recuperado nas amostras.

    Mar plástico, o que fazer?

    Em meio ao chamado tsunami de plásticos, o que nós como cidadãos podemos fazer?

    O Brasil irá contribuir com o Acordo Global de Plásticos da Organização das Nações Unidas, com sugestões de como minimizar os impactos de plásticos no mundo. Maria Inês Bruno Tavares, diretora do Instituto de Macromoléculas (IMA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou “[Vamos apontar] o que temos que fazer para minimizar o efeito do plástico pelo descarte indiscriminado de pessoas e empresas, efeitos que não são benéficos para a saúde humana, marinha e para o meio ambiente”. 

     

     

     

     

    Entre algumas das sugestões do IMA está a identificação do tipo de plástico, que facilita a decisão de consumo e a possibilidade de reciclagem, e a substituição de materiais utilizados atualmente. Para a população participar deste processo, a equipe da UFRJ aposta na reciclagem, na devolução da embalagem para as lojas onde o produto foi comprado e com recebimento de descontos para as próximas compras. O instituto vai começar um processo de ensino para os profissionais que fazem reciclagem na Cidade Universitária do campus da Universidade. O objetivo do projeto é fornecer conhecimento sobre as diferenças dos materiais plásticos, e o seu potencial financeiro, entender quais são os valores agregados ao produto que está sendo reciclado. 

     

    A equipe de Douglas McCauley, da Universidade da Califórnia de Santa Bárbara (UCSB), nos Estados Unidos, defende que é preciso estratégias para acelerar o processo de reciclagem e maneiras de diminuir a produção e o uso de plásticos para que não tenhamos que testemunhar uma montanha de 3,8km de altura ocupando a ilha de Manhattan, na cidade de Nova York, apenas no ano de 2050. O projeto da UCSB utiliza inteligência artificial para combater a poluição, divulga dados de pesquisa e de produção e incentiva ações de controle à produção de plásticos. Entre as sugestões para diminuir a produção estão: os plásticos serem fabricados com um mínimo de 30% de materiais recicláveis; limitar a produção de plástico virgem; investir em infraestruturas de tratamento de resíduos de plástico e em nova capacidade de reciclagem e cobrar taxa sobre embalagens plásticas. Segundo os pesquisadores da Califórnia, um tratado resultante de acordos fracos poderá resultar em uma produção de plástico na casa dos 89,6 milhões de toneladas em 2050, enquanto acordos ambiciosos poderão reduzir esta produção para 17.7 milhões de toneladas. 

    Até que as nações e autoridades governamentais entrem em consenso para assinar um Tratado dos Plásticos ambicioso (esperamos!) em Busan, na Coreia do Sul, no final deste ano, é preciso pressão social e mudança de comportamento de consumo para evitar ou diminuir o consumo de plásticos e contribuir para a reciclagem de embalagens. Ainda dá tempo de lutar para que em 2050 tenhamos mais peixes do que plásticos no oceano.

    Dicas para diminuir o consumo de plásticos no dia-a-dia

     

    Dicas para diminuir o consumo de plástico. Acesse outras dicas no site do Grupo Iberdrola. Crédito: Grupo Iberdrola

     

    Leia mais:

    Artigo de Natalia Grilli Por dentro dos bastidores do Tratado Global contra Poluição Plástica: estamos mesmo no meio do caminho? para o jornal O Eco em 15 de dezembro de 2023.

    Em fevereiro de 2024, o Jornal da Ciência, publicação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) publicou um dossiê sobre plásticos com 20 artigos, que abordavam a urgência de atentar com a quantidade de plástico presente no mundo e formas de diminuir o seu uso.

     

    O Blog Um Oceano tem parceria com a Rede Ressoa Oceano

    Sobre quem escreveu

    Germana Barata é jornalista de ciência, mestre e doutora em história social. É pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade (Nudecri) da Unicamp e editora dos blogs Ciência em Revista e Um Oceano.

    Como citar:  

     

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    Edição: clorofreela

  • Conectar a sociedade ao oceano é urgente para a saúde do oceano

    Autoria

    Juliana Di Beo

    Evento preparatório para a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia discute como conectar oceano e sociedade

    Fonte: Wikimedia Commons

    Em 2030 se encerra a Década do Oceano, iniciativa mundial da Unesco, que mobiliza a sociedade para melhorar a saúde do oceano. Nessa corrida contra o tempo, especialistas em divulgação sobre o oceano se reuniram no painel “Oceano Inspirador e Sociedade”, como parte da Reunião Temática “Oceano, Ciência e Políticas Públicas”, nesta quinta-feira (04) em Brasília, com transmissão ao vivo pelo Youtube. O encontro faz parte das Conferências Preparatórias para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que acontecerá na primeira semana de junho em Brasília, e que pretende traçar diretrizes para avanços nas ações dos próximos 6 anos em prol do gigante azul.

    Painelistas durante a reunião temática. Foto: Divulgação

    Mariana Martins de Andrade, oceanógrafa, Jovem Embaixadora do Oceano Atlântico no Brasil e co-fundadora da agência que promove soluções para projetos de conservação do oceano Bloom, destacou a importância de colocar a sociedade no centro das discussões para alcançarmos um oceano inspirador e um Brasil justo, sustentável e desenvolvido. Mariana buscou ilustrar os movimentos necessários para conectar sociedade e oceano, por meio da representação de um cubo mágico, no qual cada peça é fundamental para atingir o objetivo do jogo. “Os movimentos que fazemos para organizar esse cubo são ações que implementamos em busca de soluções que podem e precisam ser baseadas em ciência”, explicou.

    Representação de cubo mágico para exemplificar formas de conectar sociedade-oceano. Foto: Divulgação

    Para orientar as próximas ações sobre o tema, Mariana apresentou um levantamento sobre como as ciências oceânicas têm aparecido nos relatórios da Nações Unidas nos últimos dez anos. “Cooperação internacional e engajamento de stakeholders foram os temas que mais cresceram nos relatórios da ONU, esse resultado pode ter uma grande correlação em como vamos olhar para os processos em escala internacional, que tem guiado nosso entendimento da relação da sociedade com o oceano”, destacou.

    Nessa complexa rede de ações Ronaldo Christofoletti, professor associado do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar/Unifesp), disse ser essencial fortalecer políticas públicas para a educação oceânica  na formação das pessoas. “Hoje o Brasil já é uma liderança mundial, com 18 municípios em dois estados com Lei da cultura oceânica”, explicou Ronaldo referindo-se a Lei Municipal nº 3.935/2022 que estabelece a cultura oceânica no currículo de escolas municipais de forma transversal para todos os anos da educação básica. Ronaldo coordena o projeto de extensão “Maré de Ciência” que criou o programa “Escola Azul”, inspirado em Portugal, para fortalecer e ampliar a formação científica e a cultura oceânica nas escolas de todo o Brasil.  Em novembro de 2021, Santos (SP) se tornou a primeira cidade no mundo a definir que a cultura oceânica deve ser parte da educação.

    Apesar do avanços ainda são inúmeros os desafios pela frente. Ronaldo destacou o resultado de uma pesquisa de 2022 da Unesco, Grupo Boticário e Unifesp que mostrou que 40% dos brasileiros não sabem que suas ações influenciam o oceano. “Para que tenhamos um Brasil justo, sustentável e desenvolvido precisamos que a sociedade entenda a sua relação com o oceano”, enfatizou. 

    Ele também destacou a necessidade de alocação de recursos em espaços para participação social para alcançar engajamento, como ocorre desde 2010 em edital do CNPq que apoia feiras e mostras científicas. 

    Nessa mesma linha, Germana Barata, pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora da rede colaborativa de comunicação sobre o oceano Ressoa Oceano, destacou a importância de alocar recursos na criação de editais que envolvam a participação de influenciadores, jornalistas e comunicadores que não tenham uma vínculo institucional, para que esses projetos sejam profissionalizados e para potencializar os resultados esperados. Uma vez que muitos projetos de divulgação científica estão sendo feitos por pessoas com pouco ou nenhuma formação ou experiência na área

    A democratização do conhecimento científico é outro grande desafio que Germana vislumbra para superar a distância entre o oceano e a sociedade. “Cerca de dois terços do conhecimento científico sobre oceano está publicado em acesso restrito, então para fazermos esse movimento em prol de avanços precisamos incentivar que essa comunicação seja feita nos princípios da ciência aberta”, destacou referindo-se a crescente tendência em compartilhar dados, publicações e outras etapas da ciência de forma gratuita, transparente e acessível.  

    Reflexões sobre prioridades e planos de ação foram levantados por Jana del Favero, pós-doutoranda na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e editora-chefe do blog e podcast de divulgação das ciências do mar, Bate-papo com Netuno. “O que de fato estamos fazendo? O que conseguimos fazer e podemos fazer?”, indagou. Segundo Jana, precisamos atingir e formar as crianças em cultura oceânica, mas não podemos esperar a mudança vir delas. “Não serão elas as principais responsáveis pela mudança até 2030. Estamos correndo contra o tempo”, pontuou. 

    As ações que resultam em mudanças necessárias para conectar oceano e sociedade estão acontecendo, reflete Mariana. “Somos essas sementes que tentam levar essa palavra para diversos outros locais, isso por si só representa nosso papel como ponte dessas conexões oceânicas”, concluiu. 

    Em busca de promover ações que incentivem as pessoas a reconhecerem a influência do oceano em suas vidas, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação  liderou a iniciativa “Aliança pela Cultura Oceânica” em parceria com a Unesco e a Unifesp. Em 2022 a Aliança lançou o curso online e gratuito “Formação de Multiplicadores da Cultura Oceânica” para fomentar a conexão entre a sociedade e o oceano. Para mudar a percepção de estudantes de todos os níveis educacionais e o público geral sobre o território brasileiro, o IBGE, a Marinha do Brasil e o Ministério da Educação desenvolveram um novo Mapa do Brasil que inclui a Amazônia Azul formada por toda vastidão marítima nacional. O contra-almirante da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar da Marinha do Brasil, Ricardo Jaques Ferreira enfatizou a importância desse novo mapa. “Pela primeira vez as crianças vão olhar o mapa e não vão ver só terra, terça-feira (09) o IBGE vai lançar oficialmente o novo Atlas, com a representatividade do território marinho”, destacou.

    Ressoa Oceano

    A Ressoa Oceano, que em abril completou o primeiro ano de atuação, é uma rede de comunicação colaborativa sobre o oceano, fruto de parceria entre o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, a Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano da USP, a Liga das Mulheres pelo Oceano e Ilha do Conhecimento com financiamento do CNPq.

    Sobre quem escreveu

    Juliana Di Beo é bióloga formada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bolsista Mídia-Ciência Fapesp no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp. Atua na área de comunicação científica, com foco no fortalecimento da cultura oceânica e no acesso aberto ao conhecimento por meio da Rede Ressoa Oceano.

    Como citar:  

    Di Beo, Juliana (2025). Conectar a sociedade ao oceano é urgente para a saúde do oceano. Revista Blogs Unicamp, Vol. 10, N.2. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/revista/2025/01/21/conectar-a-sociedade-ao-oceano-e-urgente-para-a-saude-do-oceano/ Acesso em: DD/MM/AAAA.

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    Edição: clorofreela

  • Rede de comunicação debate os desafios de comunicar o oceano para a sociedade

    Autoria

    Germana Barata
    Juliana Di Beo

    Workshop da Rede Ressoa Oceano elencou a baixa leitura dos jovens, o alto grau de analfabetismo funcional e a desconexão com o oceano como barreiras a serem superadas

    Equipe da Ressoa Oceano e convidados se reúnem para fortalecer a comunicação sobre o oceano. Crédito: Ressoa Oceano

    Cerca de 55% dos brasileiros vivem no litoral, mas 40% acreditam que suas ações não afetam o oceano. Estes dados, do IBGE e de pesquisa de 2022 que identificou a relação de brasileiros com o oceano, indicam o tamanho do desafio que a Ressoa Oceano, uma rede colaborativa para comunicar o oceano, tem pela frente. A iniciativa reuniu especialistas nos dias 29 e 30 de abril para debater os desafios e buscar estratégias para tornar a comunicação do oceano mais afetiva e efetiva.

    O Workshop contou com a participação de especialistas em comunicação, como a radialista e jornalista ambiental Paulina Chamorro e a jornalista Juliana Vilas, especialista em neurocomunicação, além do coordenador da Amazônia Vox e a engenheira de pesca Juliana Schober, professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

    Dentre os principais desafios levantados está a diminuição da leitura e do consumo de notícias jornalísticas entre os jovens, somados às altas taxas de analfabetismo funcional (aquelas pessoas alfabetizadas, mas com grande dificuldade de interpretar e compreender textos), e a ausência de conexão da sociedade com a natureza, especialmente o oceano.

    Mas nem tudo é dificuldade. A equipe, majoritariamente feminina, trouxe aspectos positivos que devem fortalecer as estratégias da Ressoa Oceano para pensar estratégias de como tornar o oceano mais envolvente, inspirador e acessível.

    No primeiro dia do encontro, a equipe fez um balanço sobre a atuação da Rede e os necessários desdobramentos futuros. A Ressoa tem como propósito desenvolver ações em quatro frentes: curadoria de ações e iniciativas sobre o oceano; cursos de formação para jornalistas e comunicadores; produção de conteúdos originais e relevantes sobre o oceano; e ciência cidadã com enfoque para envolver estudantes no processo de produção de conteúdos. A produção de conteúdos foi a que mais avançou no primeiro ano da rede. A produção foi majoritariamente em texto e em gêneros diversificados, como a coluna no jornal ambiental o eco, “Oceano é fonte de temas para educação básica”, notícia como a publicada no blog Um Oceano “Oceano ganha destaque no debate sobre mudanças climáticas na COP 28”, entrevista no blog da Liga das Mulheres pelo Oceano “Entrevista com a Bia da Marulho”, coluna na revista Ciência Hoje das Crianças ”Maneiras de se conectar com o oceano mesmo sem colocar o pé na água”, artigo no site da Ilha do Conhecimento “Crenças e atitudes sobre tubarões e as implicações para sua conservação” e press release na Agência Bori “Recuperação de espécie ameaçada de tubarão-limão em Atol das Rocas”.

    Os exemplos acima somam mais de 50 produções de conteúdos sobre o oceano, todos em acesso aberto e dando destaque para a ciência brasileira. No entanto, a Rede planeja investir na curadoria de ações de comunicação sobre o oceano. Uma delas é coordenada pelo jornalista Daniel Nardin, o Amazônia Vox, um hub de jornalistas da região amazônica que quer dar visibilidade e fortalecer a cobertura sobre a maior floresta tropical no país e no mundo com profissionais da região. O jornalista aposta no jornalismo de soluções para projetar iniciativas de impacto socioambiental positivo no público. O jornalismo de soluções busca dar enfoque nas soluções de problemas, portanto um viés mais proativo para a sociedade do que as tragédias e dificuldades. Ele também destacou a possibilidade de trazer a comunidade local para atuar na comunicação, como lideranças de comunidades tradicionais na região, e a necessidade de dar mais destaque à Amazônia Azul, região costeira somada à Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do país.

    Comunicar com afeto 

    Para enfrentar o desafio da falta de conexão do público com o oceano, a jornalista ambiental Paulina Chamorro trouxe o conceito de comunicação amorosa. Com 25 anos de prática jornalística, ela busca elementos que toquem a emoção de forma positiva, como a dedicação de Mulheres na Conservação, série de documentários que aborda a atuação de cientistas como Bárbara Pinheiro, pós-doutoranda da Universidade Federal de Alagoas, que se dedica a estudar o branqueamento dos corais, e Zélia Brito, chefe da reserva biológica do Atol das Rocas (RN), que devota sua vida a conservação deste Patrimônio Natural Mundial pela Unesco.

    Os impactos das ações humanas no clima e no oceano têm sido retratados pela mídia pelo viés negativo e catastrófico, que pode afastar o público de uma possibilidade de ação ou mudança de comportamento. “Estamos alterando nossa casa, o planeta em que vivemos. Mas como vamos transformar isso não apenas em revolta, mas em algo que possa ser transformador?”, questiona. Paulina lembra que não se trata de ocultar os problemas, mas de enfatizar que é preciso focar nas ações e contribuir para a educação, sensibilização e engajamento.

    Além da conexão afetiva para tocar o público, Juliana Vilas mostrou para a equipe da Ressoa Oceano que os processos cognitivos mudaram com as novas formas de comunicação, voltada para a imagem, o vídeo, e mensagens curtas das redes sociais. Neste cenário, ela mostrou as inúmeras vantagens no formato de podcasts, comunicação por meio do áudio e que permite que o ouvinte divida sua atenção com outras atividades como lavar a louça ou fazer exercício físico, por exemplo.

    Ela tratou da importância da entonação de voz, da narrativa atraente, na sonorização para deixar as histórias mais atraentes. Como a informação em áudio não costuma ser interrompida e repetida para mais esclarecimentos, como ocorre no texto, Juliana sugere que na conclusão de cada episódio se recupere três informações principais, como forma de facilitar a compreensão da mensagem que se quer passar.

    Os podcasts são um dos meios de comunicação mais usados pela população brasileira. São cerca de 45 milhões de brasileiros que ouvem podcasts pela internet, de acordo com a pesquisa TIC Domicílios de 2023. Apesar de não sabermos ao certo quantos desses ouvintes consomem podcasts relacionados  ao oceano, identificamos em um levantamento que os podcasts sobre oceano aumentaram substancialmente a partir de 2020, ano que marca o início da pandemia de Covid-19 e o início dos esforços de implementação da Década do Oceano no Brasil. A maioria destes podcasts se concentram em estados litorâneos da região sudeste e apenas 33% deles se mantêm ativos.

    Em busca de fortalecer a comunicação por meio dessa ferramenta de áudio, um dos frutos do I Workshop Ressoa Oceano será a criação de um podcast colaborativo sobre o oceano que poderá contribuir para sensibilizar e conectar o público ao oceano com elementos trazidos pelos convidados: comunicação afetiva, jornalismo de soluções, com a participação de diferentes atores sociais e informação científica. Aguardem os próximos passos.

    Ressoa Oceano

    A Ressoa Oceano, que em abril completou o primeiro ano de atuação, é uma rede de comunicação colaborativa sobre o oceano, fruto de parceria entre o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, a Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano da USP, a Liga das Mulheres pelo Oceano e Ilha do Conhecimento com financiamento do CNPq.

    Sobre quem escreveu

    Germana Barata é jornalista de ciência, mestre e doutora em história social. É pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade (Nudecri) da Unicamp e editora dos blogs Ciência em Revista e Um Oceano.

    Juliana Di Beo é bióloga formada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bolsista Mídia-Ciência Fapesp no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp. Atua na área de comunicação científica, com foco no fortalecimento da cultura oceânica e no acesso aberto ao conhecimento por meio da Rede Ressoa Oceano.

    Como citar:  

    Barata, Germana; Di Beo, Juliana (2025). Rede de comunicação debate os desafios de comunicar o oceano para a sociedade. Revista Blogs Unicamp, Vol. 10, N.2. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/revista/2025/01/21/rede-de-comunicacao-debate-os-desafios-de-comunicar-o-oceano-para-a-sociedade/ Acesso em: DD/MM/AAAA.

    Sobre a imagem destacada:

    Edição: clorofreela

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