Categoria: ESPECIAL COVID-19

  • #VacinaNoGrau: Pfizer, tá passada?

    Texto escrito por Mellanie Fontes-Dutra e Ana Arnt

    A Pfizer é a vacina que está sendo utilizada para eles: os jovens, aqui no Brasil, na campanha de vacinação neste momento. Tá passada?

    O anúncio dos resultados sobre a eficácia da Pfizer em adolescentes aconteceu no dia 31 de Março de 2021. E hoje, já que estamos lançando a campanha #VacinaNoGrau, resolvemos retomar este estudo! Aliás, já de cara, a notícia foi animadora. A eficácia foi muito alta e não foram observados casos de COVID-19 na amostra analisada de participantes adolescentes nesse estudo!

    Vamos entender como foi a pesquisa?

    O ensaio envolveu 2.260 adolescentes de 12 a 15 anos de idade nos Estados Unidos. Foram observados 18 casos de COVID-19 no grupo de placebo (que teve um N amostral de 1.129 adolescentes). Já no grupo vacinado (que teve um N amostral de 1.131 adolescentes), não houve nenhum caso.

    Em função de nenhum caso ter sido observado no grupo vacinado, a eficácia estimada chega a 100%. Todavia, é sempre bom lembrar que, esse dado é para uma amostra de 18 eventos. Isto é, quando extrapolamos este dado para milhares de vacinados – como ocorre na população geral – a possibilidade sempre é de que a gente observe um ou outro caso de COVID-19 em vacinados sim!

    E o que isto quer dizer? Que as medidas não farmacológicas de uso de máscaras, distanciamento físico e cuidados redobrados em espaços fechados e não ventilados seguem valendo E MUITO.

    Voltando aos dados do estudo, a vacina demonstrou ter uma proteção considerável contra agravamentos também! A regra do anterior segue valendo: a vacina é segura e têm proteção considerável, mas medidas não farmacológicas seguem sendo fundamentais. A gente não cansa de repetir isso, só para ter em mente isso. Isto é, para daqui a pouco ninguém vir dizer, se em milhares de vacinados aparecer algum caso: “AAAAH MAS NÃO ERA 100% EFICAZ?”. 

    Siacalme rapaz, isso não invalida TODA a proteção da vacina não

    Vamos falar de Imunogenicidade agora…

    A vacina desencadeou uma boa quantidade de anticorpos neutralizantes de SARS-CoV-2. Assim, esta vacina demonstra forte resposta imunológica um mês após a 2ª dose. Aliás, na análise anterior com participantes de 16 e 25 anos, essas quantidades também foram bem significativas. 

    E a tal da segurança?

    A vacina foi bem tolerada, com efeitos colaterais geralmente consistentes com aqueles observados em participantes de 16 a 25 anos de idade. Isto é: te joga guri, que vai dar bom.

    Mas não para por aí não… O estudo está sendo atualizado

    Como assim? Claro, ainda há mais grupos e faixas etárias para sabermos sobre a vacina, né? Dessa forma, está em andamento a atualização do estudo com crianças de 11 anos. Neste estudo, de fase 1/2/3 está sendo conduzido com crianças de 6 meses a 11 anos. Assim, avaliando segurança, tolerabilidade e imunogenicidade da vacina em um esquema de duas doses (aproximadamente 21 dias de intervalo)

    Os grupos:

    – Crianças de 5 a 11 anos

    – 2 a 5 anos

    – 6 meses a 2 anos.

    A coorte de 5 a 11 anos começou a receber as doses ainda em março. E nos planos estava iniciar a coorte de 2 a 5 anos em abril de 2021.

    Aprovadíssima

    No Brasil, a Nota Técnica Nº 36/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS inclui crianças e adolescentes de 12 à 17 anos na campanha de Vacinação.

    Nesta nota técnica (NT), o Ministério da Saúde (MS) considera primordial que 85% da população brasileira seja vacinada contra COVID-19. Isto, a fim de reduzir drasticamente a transmissão da doença em nosso país. Dessa maneira, considerando o registro na Anvisa, em 10/06/2021, a Pfizer foi autorizada para a vacinação de jovens nesta faixa etária. Aliás, é a única, até o presente momento.

    A NT ressalta que a vacinação de adultos acima de 18 não foi concluída. Também aponta que esta faixa etária corre, significativamente, mais riscos de contrair e ter agravamentos no caso de COVID. Todavia, a vacinação dos jovens – que retornaram à escola, bom lembrar – é uma das ferramentas para isto para diminuir a transmissão de forma geral.

    Sobre os riscos em jovens

    Além disso, jovens com algum fator de risco relacionado a comorbidades, como traz a nota técnica, também aumentam a chance de agravamento. Dessa forma, este é outro fator que justifica a vacinação desta faixa etária, mesmo não tendo sido finalizada a vacinação de adultos.

    Figura retirada da Nota Técnica

    Tendo em vista estas análises, o MS através incluiu jovens de 12 a 17 anos no Plano Nacional de Operacionalização de Vacinação contra a COVID-19.

    Dia 15 de setembro, segundo a NT, teremos concluída a remessa de doses suficientes para vacinar 100% da população ADULTA com pelo menos uma dose! Aliás, hoje também inicia oficialmente o calendário de oferta de vacinas se dá a partir de 15 de setembro. Embora em alguns estados e municípios tenham começado antes. Todas as vacinações nesta faixa etária acontecerão, exclusivamente, com a vacina da Pfizer. 

    A ordem de prioridade para vacinação desta faixa etária é população de 12 a 17 anos:

    1. Com deficiências permanentes.;
    2. Com presença de comorbidades;
    3. Gestantes e puérperas;
    4. Privados de liberdade;
    5. Sem comorbidades.

    O que mais acontece dia 15 de setembro?

    Isto mesmo, a nossa campanha #VacinaNoGrau, destinada a todos aqueles jovens que estão iniciando esta etapa fundamental no combate à COVID-19!

    Acompanhe as datas no seu município para ver quando chegar o teu dia!!

    Por fim, lembre-se: vacinou? Se exibe por aí MESMO! Afinal, a vacinação é um direito de todos nós e uma alegria por fazer parte de mais uma etapa para vencermos a COVID-19!

    Aliás, inclusive marca o Todos Pelas Vacinas, marca os grupos parceiros, marca nossas tags #TodosPelasVacinas e #VacinaNoGrau, comemora mesmo! Mas, claro, comemora de máscara, com distanciamento, respeitando as regrinhas básicas não farmacológicas ahahahaha.

    Para Saber Mais

    MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA EXTRAORDINÁRIA DE ENFRENTAMENTO À COVID-19, NOTA TÉCNICA Nº 36/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS

    BRASIL Lei nº 14.190, de 29 de julho de 2021

    BRASIL Lei nº 14.124, de 10 de março de 2021

    PFIZER-BIONTECH (2021) Pfizer-BioNTech Announce Positive Topline Results of Pivotal COVID-19 Vaccine Study in Adolescents 

    As autoras

    Ana Arnt é Bióloga, Doutora em Educação, Coordenadora do Blogs de Ciência da Unicamp e do Especial COVID-19

    Mellanie Fontes-Dutra é biomédica, doutora em neurociência e pesquisadora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Divulgadora Científica na Rede Análise COVID-19

    Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.


    editorial

  • A vacinação chegou – finalmente – a nós, os jovens.

    9 meses de pesquisas e testes, 4 meses para o início da vacinação no país, 5 meses vacinando os mais velhos. Um total (até o momento) de 18 meses de pandemia e, para muitos, 18 meses em casa: home office, chamadas de vídeo, pedidos de delivery. E agora, com os nossos pais, tios e avós protegidos, é a nossa vez: temos vacinas!

    Uma promessa. Uma esperança. Um sonho. Um desejo de voltar à “normalidade”. 

    Com o pensamento de “Enfim, tomei a primeira dose!”, outras ideias surgem:

    Vou poder rever meus avós, parentes e amigos. 
    – E agora, vou poder ir àquele bar com meus colegas.
    – E sobre as aulas, eu deveria voltar às aulas presenciais.

    Mas então, uma pergunta ainda ressoa no fundo da nossa mente:

    “Vou poder… mas devo?”

    Com o anúncio da vacinação da população mais jovem (abaixo dos 25-30 anos), muitas pessoas começaram a pensar que a pandemia estava chegando ao seu fim. Que magicamente, a partir de um dia, as pessoas poderiam sair de suas casas livremente, sem precisar usar máscara, sem precisar manter a distância uma das outras, sem precisar se preocupar mais com o vírus da Covid-19. Muitas pessoas pensaram que um simples anúncio ou decreto faria a pandemia acabar. 

    Mas uma pandemia não funciona e nem termina, assim. A fala, a promessa e o decreto de um político não faz com que o vírus deixe de ser transmitido entre as pessoas. São as políticas de saúde pública somadas às ações individuais (que estão ao alcance de cada um de nós) que têm esse poder.

    Com o anúncio da vacinação, o que se viu foi um grande número de pessoas mais jovens indo receber sua primeira dose. Para fins de comparação, aqui no estado de São Paulo, o início das vacinações para 25 anos ou mais foi em 6 de agosto e para maiores de 18 anos foi em 16 de agosto. Hoje (4 de setembro), temos cerca de 80% da população nessa faixa de idade (18-30) com a primeira dose, mas somente 30% (25-29 anos) e 11% (20-24) com a segunda.

    É claro, podemos argumentar que grande parte dessas pessoas está entre o período da primeira e segunda dose. E que quando chegar a data para a segunda dose, todos esses 80% que receberam a primeira irão até o posto mais próximo tomar a segunda. 

    (Observação: os dados abaixo foram todos coletados até dia 04 de setembro, podendo ter alguma defasagem)
    Fonte (também está nas referencias): https://ods-minas.shinyapps.io/covid-19/

    Mas podemos realmente argumentar e esperar tal fenômeno? 

    Vamos olhar para as outras faixas de idades.

    Quando observamos os idosos (+60 anos), vemos que a maioria recebeu a primeira (99%) e a segunda dose (95%). E isso já era o esperado, vide que eles estavam entre os primeiros grupos a serem imunizados lá em março e, mesmo com período maior entre as duas doses (como no caso da vacina da Astrazeneca/Fiocruz), estes já teriam tido tempo de receber a segunda.

    Agora, vamos olhar para o grupo entre os mais jovens e idosos, a população entre 31 e 59 anos. A primeira coisa que notamos ao ver os números de vacinados com a primeira dose é uma redução destes: aqueles entre 55-59 anos com uma porcentagem parecida com os idosos e, quanto mais diminuímos a idade, mais há uma redução dessa porcentagem, até ficar parecida com os mais jovens (por volta de 80%). 

    Contudo, o que mais chama a atenção é o número de pessoas com a segunda dose. Assim como aconteceu com os mais velhos, uma parte considerável desse grupo (por exemplo, aqueles entre 50-59 anos) já teriam tido tempo de receber a sua segunda dose, mas o que se vê é que menos de 50% destes voltaram para tomá-la. Esse problema seria menor se fosse visto somente para essa faixa de idade, mas vemos que é um problema generalizado:

    nenhuma faixa de idade abaixo dos 60 anos, até dia 4 de setembro, chegou a ter 50% da sua população com duas doses

    É importante lembrar que aqui estamos tomando como exemplo somente o estado de São Paulo, que é o estado onde a vacinação está indo mais rápido. Se olhamos o Brasil como um todo, isso se torna até mais aparente.

    Fonte (também está nas referencias): https://ods-minas.shinyapps.io/covid-19/

    Algumas falas ouvidas por aí dão uma ideia do que porquê estamos vendo isso:

    “Tomei a primeira dose e já estou protegido”

    “Não preciso tomar a segunda dose, com a primeira já ‘tá’ tudo bem”

    “Sou mais novo, só a primeira dose já vai me proteger”

    E estamos falando somente dos “argumentos” que parte da população que chegou a tomar a primeira dose usa. 

    “E qual o problema nisso tudo”?

    Não devemos falar em problema, no singular, mas sim em problemaS, que por serem tantos, tentarei resumi-los. 

    A começar pela variante Delta, que já chegou no Brasil e vem tomando conta do país, já sendo a variante mais prevalente aqui. 

    Fonte (também nas referências): Fiocruz 

    Fonte: Our World in data

    E as vacinas? E a vacinação?

    Como discutido em um texto recente aqui do Especial, cada vez mais estudos vêm mostrando que, apesar da proteção causada pela vacinação completa (duas doses ou dose única da Janssen) ser um pouco menor para a variante Delta, essa proteção ainda é muito boa, sendo capaz de reduzir o número de óbitos e casos de Covid grave (aqueles que precisam de UTI). Já para casos mais leves e moderados, essa proteção é reduzida. 

    Contudo, essa manutenção da proteção gerada pelas vacinas foi vista somente naquelas pessoas que tinham recebido ambas as doses. Nos casos em que o indivíduo tinha sido vacinado com somente uma dose de Pfizer ou Astrazeneca, os cientistas descobriram que a proteção gerada pela vacina contra a variante Delta era muito baixa, quase inexistente. O mesmo foi visto para pessoas que tinham tido Covid-19 de forma natural, principalmente aquelas pessoas que se infectaram com a variante Gama, a nossa variante, que por alguns meses foi a mais transmitida no Brasil.

    Só essas informações já nos dão um indicativo de que uma única dose não é mais o suficiente para nos proteger. E isso se reflete no processo de vacinação. Há alguns meses houve discussões de se aumentar o período entre doses da Pfizer e Astrazeneca, a fim de se vacinar o maior número de pessoas possível, pensando que quanto mais pessoas com a primeira, maior seria o número de indivíduos protegidos. Entretanto, com a variante Delta se espalhando, essa estratégia já não faz muito mais sentido. E, por isso, agora se fala em reduzir esse período entre doses para 21 dias, no caso da Pfizer, e 8 semanas, no caso da Astrazeneca, tudo com o intuito de se vacinar o maior número possível de pessoas com a segunda dose.

    Mas como temos dito desde sempre: não é só com a vacinação que vamos acabar com a pandemia. 

    Precisamos sim que as pessoas se vacinem e voltem para tomar a segunda dose. Mas também, tão importante quanto, precisamos parar a transmissão do vírus. E é aí que vemos o segundo grande problema: o aumento da mobilidade urbana.

    Em termos mais claros, as pessoas não ficam mais em casa. O distanciamento social tem diminuído. Com um número maior de indivíduos se deslocando na cidade, indo a parques, mercados, farmácias, shoppings, lojas, cinemas e mesmo trabalhando (por exemplo, de volta em escritórios), temos visto um aumento da mobilidade urbana. Olhando para os números de casos, podemos até pensar que essa reabertura da sociedade, com as pessoas voltando a se deslocar, não influenciou a pandemia. Entretanto, olhando para outros países, podemos ver qual será o nosso possível futuro, se não fizermos nada para mudar isso.

    Vamos pegar como exemplo Israel, país que foi modelo no processo de vacinação e que vacinou rapidamente uma grande porcentagem da sua população (mas lembrando que não atingiram uma cobertura vacinal suficiente para proteger toda a população). 

    Seu processo de vacinação começou em dezembro, quando eles já estavam sofrendo com a terceira onda, decorrente de casos da variante Alfa (do Reino Unido).
    vacinação em Israel
    Fonte: https://ourworldindata.org/coronavirus

    Seu processo de vacinação foi rápido e, aliado a isso, o país fez um fechamento fortíssimo das cidades.
    vacinação em Israel e novos casos diários
    A marcação é o dia em que começaram as vacinações. Fonte: Rede Análise COVID-19
    O que se observou nesse período foi uma grande redução do número de casos e mortes.
    vacinação em Israel e novos casos e óbitos
    Fonte: Rede Análise Covid-19

    Com um alto número de pessoas vacinadas e um fechamento coordenado, logo o país começou a ensaiar uma reabertura da sociedade, com as pessoas podendo voltar a se aglomerar e não precisar mais usar máscaras.
    situação de mobilidade de Israel
    Fonte: Rede Análise COVID-19

    O resultado disso começou a ser visto em julho, após a introdução da variante delta no país: um aumento do número de casos, mortes e hospitalizações, mesmo com a vacinação de 60% da sua população.
    Novos Casos por dia

    Óbitos por dia

    Pacientes em UTI

    Essa situação não foi exclusiva de Israel, podendo ser vista em outros países: Reino Unido, Estados Unidos, Holanda, França, e vários outros. Em todos os casos, no início da vacinação se viu uma grande redução do número de casos e mortes por Covid e, em seguida, após suas sociedades reabrirem e as pessoas voltarem a circular de forma descontrolada (como estamos vendo no Brasil), surgiu uma quarta onda de casos, mortes e hospitalizações. 

    Chegando ao fim desse texto, respondo a pergunta com a qual comecei ele:

    “O dia da vacinação chegou, vou poder sair agora que tomei a primeira dose… mas devo?”

    Não. Não deveríamos. 

    Pelo menos enquanto não tivermos tomado a segunda dose. 

    Em termos de população, a lógica deveria ser “não, pelo menos enquanto não tivermos vacinado completamente ¾ de nossa população”. 

    E em termos de mundo, nossa noção deveria ser: “não estamos plenamente seguros, nem venceremos a pandemia enquanto o mundo não tiver, pelo menos, ¾ de sua população protegida com o esquema vacinal completo”.

    Até lá, o que devemos fazer é continuar nos protegendo, usando máscara, distanciamento social e diminuindo a circulação de pessoas nas ruas. 

    Muitas vezes, o simples ato de repensar em sair de casa para ir ao bar, ou fazer compras, ou ver alguém (mesmo que essa pessoa tenha tomado a vacina) ajudará a atingirmos esse futuro – que tanto sonhamos – mais rápido.

    Referências para os dados:

    Artigos citados sobre a Delta:

    Reportagens sobre o anúncio da vacinação

    São Paulo começa vacinação para pessoas com 25 anos

    SP antecipa vacinação de adultos e imuniza adolescentes a partir de 18 de agosto

    Cidade de SP vacina contra Covid pessoas com 18 anos ou mais nesta segunda-feira

    Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.


    editorial

  • Testes para Covid-19: o Bom, o Mau e o Rápido

    Texto feito por Maurílio Bonora Junior e Ana Arnt

    A reabertura em muitos estados do Brasil já é uma realidade. Mesmo com muitos especialistas aconselhando contra isso. Assim, independente de ainda ser prudente que parte da população ainda permaneça em casa, as pessoas têm aderido cada vez menos às medidas de isolamento social. Bem como, infelizmente, cada vez menos se vê o uso de máscaras em espaços públicos. Apesar disso, também vemos vários indivíduos temerosos com a “volta à normalidade”. Em nosso cotidiano, temos recebido muitos questionamentos acerca de qual tipo de máscaras usar, e quais testes fazer em casos de sintomas de gripe e suspeita de Covid-19. Pois bem, estamos aqui para te ajudar!

    Qual a diferença entre todos esses testes?

    Testes RT-qPCR:

    Como já falamos dele em um post inteirinho há um tempo atrás, aqui no Especial, vamos só relembrar algumas coisas agora. Esse teste se baseia em detectar o material genético do SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19, na nossa garganta ou nariz. Para isso, os profissionais de saúde passam um cotonete (chamado de swab) dentro do nosso nariz e garganta. Depois disso, encaminham esse material para um laboratório, onde esse material irá ser utilizado para a detecção do vírus. 

    O importante aqui é saber que tal teste é muito sensível, isso é, ele consegue detectar baixas quantidades de vírus nas nossas mucosas. Por causa disso, ele é mais indicado para o diagnóstico da Covid-19. Isso é importante pois, utilizando esse teste, é possível saber se uma pessoa assintomática está com o vírus ou não. Sendo, portanto, uma possível fonte de transmissão mesmo sem ter tal conhecimento.

    Testes sorológicos:

    Este é outro teste de laboratório. Ele utiliza produtos do nosso próprio corpo para saber se estamos com uma infecção de Covid-19 ou se já tivemos a doença: os anticorpos. Nesse tipo de teste, profissionais da saúde colhem uma amostra de sangue da pessoa. Após a coleta testam com amostras do patógeno, buscando identificar se o sangue possui anticorpos contra este, no caso, o vírus da Covid-19. Lembrando que também fizemos um texto falando sobre anticorpos e como são produzidos. Nesse teste, busca-se identificar dois tipos específicos de anticorpos, os IgM e IgG. É a partir da combinação de presença e ausência desses anticorpos que se tem o resultado:

    • Presença somente de IgM: a pessoa está no momento ou esteve com uma infecção de Covid-19 recentemente;
    • Quando há presença somente de IgG: a pessoa entrou em contato com o vírus da Covid-19 no passado;
    • Presença de IgM e IgG: a pessoa está no momento com uma infecção prolongada (crônica) de Covid-19;
    • Ausência de ambos: a pessoa nunca teve Covid-19 OU apesar de já ter tido Covid-19 têm poucos anticorpos no sangue OU está em um período inicial da infecção de Covid-19 e não teve tempo de produzir anticorpos, ainda.

    Um ponto importante desse tipo de teste é que ele detecta de forma indireta a presença do vírus no organismo. Ou seja, os anticorpos que o corpo produziu devido a infecção. Além disso, é importante lembrar que os anticorpos que produzimos durante uma infecção (especialmente o IgG, mas também o IgM) podem durar por semanas e até meses. Dessa forma, não se indica tais testes para se diagnosticar se uma pessoa está com Covid-19.

    Testes Rápidos:

    São os famosos “testes de farmácia”. Fisicamente parecidos com os testes de gravidez, foram bastante comentados na mídia durante os primeiros meses de pandemia. Todavia, agora, com a reabertura prematura dos comércios, escolas, e sociedade como um todo ressurgiram como pauta. Esse tipo de teste se baseia em uma técnica chamada cromatografia. Em termos mais simples, eles possuem uma substância chamada de reagente ou sensor, que vai reconhecer os anticorpos do nosso sangue (os Testes Rápidos de Anticorpo) ou uma parte específica do vírus, a partir da nossa saliva ou secreção do nariz (nos Testes Rápidos de Antígeno). Quando essa substância se liga aos anticorpos ou ao vírus, acontece uma série de reações químicas que fazem com que ela mude de cor. Essa mudança de cor aparece como pequenas faixas coloridas no teste, apontando a presença ou ausência dos anticorpos contra o SARS-CoV-2, ou do próprio vírus. 

    Testes Rápidos de Anticorpo e de Antígeno: algumas diferenças

    A leitura do resultado do teste rápido de anticorpo parece com o do teste sorológico. Uma vez que aponta a presença ou ausência de IgM e IgG. Já a leitura do teste rápido de antígeno é mais simples. Pois este aponta somente a presença ou ausência da proteína Spike do SARS-CoV-2 na nossa mucosa. O fato interessante é que ambos os testes também tem uma marcação chamada de “C”, que quer dizer o controle. Caso não apareça um risco nessa marcação, é um sinal de que o teste não funcionou corretamente. Dessa maneira, aquele resultado não é confiável, sendo necessário refazê-lo ou realizar outro teste (sorológico ou RT-qPCR).

     Assim como os testes sorológicos, os testes rápidos de anticorpos detectam a presença do vírus da Covid-19 de forma indireta, via os anticorpos que produzimos. Enquanto isso, os testes rápidos de antígeno detectam o vírus diretamente. Os pontos positivos aqui são que o resultado sai muito mais rápido do que nos outros dois tipos de teste. Uma vez que saibamos a resposta em pouco minutos (entre 15 e 30 minutos). Além disso, esse teste custa mais barato comparado aos outros, podendo-se realizar na própria farmácia. Contudo, temos um grande ponto negativo: a sua sensibilidade.

    A sensibilidade de um teste se refere a capacidade deste de detectar quantas pessoas realmente com anticorpos ou com o vírus tiveram um teste positivo. Exemplo:

    “Em um teste rápido de anticorpos com sensibilidade de 75%, a cada 100 pessoas que realmente tenham o anticorpo contra o vírus da Covid-19, 75 dessas pessoas terão um resultado positivo (chamado de verdadeiro positivo), e as outras 25, mesmo que tenham o anticorpo no sangue, terão um resultado negativo (chamado de falso-negativo).”

    Em outras palavras, mesmo se eu estivesse com o vírus e tivesse anticorpos contra ele no meu sangue, nesse exemplo, eu teria 25% de chance de ter um resultado errado. Ou seja, apontando que não estava contaminado. 

    Um outro complicador desse teste é a janela de tempo em que ele pode ser realizado. No caso dos testes rápidos de anticorpos, é aconselhado fazer este somente após o 8º dia de sintomas. Uma vez que seria somente a partir desse período de tempo que teríamos anticorpos suficientes no sangue para serem detectados pelo exame. Já no caso do teste rápido de antígeno, eles são indicados para serem feitos entre o 2º e 7º dia de sintomas. Isto é, quando há uma quantidade grande de vírus na mucosa. 

    Entretanto, aqui é necessário fazer algumas ressalvas:

    • Mesmo fazendo esse tipo de teste na janela de tempo correta, o resultado ainda pode ter margem de erro por causa da sensibilidade dele (explicada acima).
    • Esses testes precisam ser feitos, analisados e interpretados por profissionais de saúde treinados, e não por qualquer pessoa
    • De forma alguma, para diagnóstico da COVID-19, indica-se os testes rápidos

    Mas enfim, devo ou não fazer o teste rápido?

    Muitos planos de retomada, como o do estado de São Paulo, indicam (vagamente) esses tipos de testes (sorológicos e rápidos) como forma de diagnóstico em casos suspeitos. Entretanto, nossa indicação resposta curta ainda é: 

    Não, eles não podem ser utilizados para o diagnóstico.

    Como forma de diagnosticar a Covid-19, não se indica os testes rápidos de antígeno ou anticorpo, tanto quanto os sorológicos. Assim, a testagem por RT-qPCR, como indicado pela OMS, ainda é a recomendada. Uma vez que este teste tem uma sensibilidade muito maior que os outros testes, quando feito no período certo (entre o 4º e 12º dia). Isto é, o teste de RT-qPCR tem uma taxa de sucesso muito maior do que os outros. Pois, pode identificar inclusive casos assintomáticos da doença com muito mais facilidade. 

    Entretanto, não é como se os testes rápidos não servissem para nada. Conforme indicado pelo FDA, como forma de monitorar pessoas os testes rápidos são bastante indicados por serem uma solução prática, eficiente e barata, em situações específicas. Quais? Pessoas em constante contato com pacientes de Covid-19, de grupo de risco, como médicos, enfermeiros, trabalhadores em lares de idosos, etc. Além disso, mesmo para rastreio de contatos ou testes por amostras em grupos, dentro de grandes empresas, estes testes podem ser ferramentas eficientes.

    Eu fiz o teste rápido de antígeno e deu negativo, mas estou com sintomas de COVID-19, como proceder?

    Quando houver suspeita de estarmos com COVID-19 a recomendação sempre é realizar o teste de PCR. Caso isso não seja uma possibilidade e a saída for um teste rápido de antígeno, independente do resultado, reforça-se a necessidade de afastamento por 14 dias após os sintomas desaparecerem (em especial tosse e febre).

    Em ambientes de trabalho em que as pessoas permaneçam um longo período de tempo juntas, quando acontece o contato com alguém positivado, a indicação é de teste de todas as pessoas que estiveram contato e de afastamento por 10 dias na ausência de sintomas. Caso apareçam sintomas, a indicação é refazer o teste e manter-se afastado por 14 dias após os sintomas de febre e tosse desaparecerem.

    Sobre o tempo de incubação da COVID-19, escrevemos um texto em 2020, cujos tempos seguem válidos. Ainda ressaltamos que mesmo vacinados as pessoas devem seguir os protocolos de uso de máscara (preferencialmente PFF2), distanciamento físico / social, baixa permanência em ambientes fechados e mal ventilados.

    Mas quais sintomas eu devo levar em consideração?

    Sintomas gripais em geral, tosse seca, febre e cansaço estão entre os sintomas mais comuns, seguidos por dor de cabeça, diarréia, perda de olfato e/ou paladar e dor de garganta. Os sintomas graves que devem ter procura de unidades de saúde são falta de ar, dificuldade de respirar e dor no peito.

    Finalizando

    Sintomas gripais, em tempos de COVID-19 não só podem mas devem ser entendidos como suspeito de COVID-19 e ter afastamento imediato, sem ônus (salarial, de faltas no trabalho e/ou em aulas) para as pessoas. Mesmo com a vacinação aumentando em quantidade diariamente, ainda temos uma alta transmissão e não devemos negligenciar as medidas sanitárias mais simples, além da indicação de teste e rastreio para todas as idades.

    REFERÊNCIAS:

    Os autores

    Maurílio Bonora Junior é biólogo, mestre e doutorando em Genética e Biologia Molecular pela Unicamp, membro da equipe científica do Especial COVID-19.

    Ana Arnt é bióloga, doutora em Educação, Professora do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenadora do Blogs de Ciência da Unicamp e do Especial COVID-19.

    Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.


    editorial

  • Vacinômetros: quais dados estão sendo informados?

    Texto de Ana de Medeiros Arnt e Leonardo Augusto Medeiros

    Vocês já perceberam como as informações sobre o andamento da vacinação estão confusos e podem atrapalhar nossa compreensão sobre os dados? Hoje nós resolvemos olhar os famosos “vacinômetros”!

    Quando vamos analisar, há vários dados que parecem conflitantes e, até para tomarmos decisões baseados na sensação de estarmos mais ou menos seguros – individual ou populacionalmente. Verdade seja dita, não sei vocês, mas do lado de cá, cada um de nós vibra com as postagens de fotos de vacinas e com os números de vacinados crescentes!

    Mas como deveríamos olhar estes dados e que tipos de cuidados precisamos ter?

    Temos usado um termo de forma recorrente para falar de vacinação em massa que é cobertura vacinal. A cobertura vacinal nada mais é do que a quantidade de pessoas, dentro de uma população, que está com o esquema vacinal completo. Já o esquema vacinal completo, para COVID-19 seriam as duas doses e o tempo de imunização, ou a dose única e o tempo de imunização.

    Ao longo de toda a comunicação sobre vacinação também falamos sobre como seria importante ter uma alta cobertura vacinal para termos segurança no que tange à diminuição de casos e de circulação de vírus. Claro que tudo isso atrelado à manutenção de medidas não-farmacológicas tanto quanto fosse possível. Isto é: uso de máscaras (preferência para as filtrantes tipo PFF2), distanciamento físico / social, evitar ao máximo espaços fechados e não ventilados.

    Mas e quanto é uma boa cobertura vacinal? No início de 2021 apontamos que seria importante termos acima de 70% de vacinados na população para começarmos uma abertura segura. Neste meio tempo, tivemos o início da vacinação em nosso país e, também, a chegada da variante Gamma (p.1) e todo o caos de saúde pública vivenciado em Março e Abril deste ano – como se fosse pouco tudo o que tínhamos vivenciado até então.

    Em suma, temos apontado mais recentemente que seria fundamental termos 75% de cobertura vacinal – ou mais do que isto, perto de 90% frente à variante Delta. 

    Cobertura vacinal de 75% representa o quê exatamente?

    Em nosso país, considerando a totalidade da população 75% representa todos os adultos acima de 18 anos estarem vacinados com duas doses ou dose única. Todavia, antes, alguns lembretes:

    1. Se tomarmos as vacinas que têm regime de duas doses precisamos de duas doses para nos protegermos

    2. Nos protegermos significa também proteger quem está em nossa volta.

    3. Estarmos vacinados significa seguir usando medidas não farmacológicas tanto quanto for possível.

    Dados públicos de vacinação nas redes sociais e sites oficiais

    Como buscamos informações

    Sobre os dados de vacinação nos estados e municípios brasileiros, nós pedimos ajuda de quem segue nosso trabalho na rede social Twitter para ver como algumas prefeituras e estados estão divulgando os dados! Vimos vários modos de divulgação e vamos apresentar aqui alguns deles.

    Para explicar como vamos apresentar estes dados

    É importante dizer que tentamos agrupar por “como os dados estão organizados”: há quem só diga quantas doses foram aplicadas, há quem apresente porcentagens de populações ou parcelas de população vacinadas; há quem coloque vacinação junto com outros dados da COVID. Tudo isso modifica bastante a informação que está nos sendo fornecida e, também a facilidade ou não de lermos estes dados.

    De modo algum nosso intuito é desmerecer o trabalho das prefeituras que têm feito um esforço grande em deixar as populações de seus municípios informadas, já ressaltamos aqui! No entanto, conforme vamos recebendo perguntas, também percebemos que existe dificuldade de compreensão das informações que existem não só nas comunicações em si, mas em um montante de informações que a população procura em outros espaços para conseguir tomar decisões para melhor se prevenir. E, muitas vezes, é nessa quantidade de informações e dificuldade de entender números específicos, que também vamos nos confundindo… 

    Assim, organizamos tudo a partir de como consideramos que alguns dados poderiam ser apresentados os dados de vacinômetros, a partir da ideia de cobertura vacinal, já que este é um dado que nos dá uma ideia geral de como a nossa população está neste momento.

    Por fim, também ressaltamos que usamos as informações que nos foram fornecidas, isto é: não fomos atrás para ver “como mesmo” estes dados estão nas plataformas das prefeituras. Dessa maneira, compreendemos que essa decisão se faz necessária deixar clara, em função de termos apresentado nossas ideias aqui a partir de como o público coleta informações sobre a vacinação – e muitas vezes como este público vem até nós perguntar. É a partir destes dados divulgados em redes sociais e sites oficiais de seus municípios.

    Nós dividimos as informações que recebemos em três categorias para apresentar a vocês:

    1) Vacinômetros com aplicações de doses: Cidades que apresentam números totais de vacinados;

    2) Vacinômetros com porcentagens de vacinados: Cidades ou estados que apresentam porcentagem de “público vacinado”, esta categoria apresentou variações que dividimos em

    • População com primeira dose completa: considera apenas a porcentagem que tomou a primeira dose, para apresentar os dados ao público;
    • Público vacinável vacinado: Isto é, quantas pessoas entre aquelas que podem ser vacinadas foram vacinadas;
    • População Vacinada: faltando dados sobre informações de doses, população vacinável e população geral.
    • População Adulta Vacinada e População Geral Vacinada: detalhando as informações em categorias

    3) Vacinômetros com porcentagens de vacinação: porcentagens aleatórias e sem informações detalhadas: porcentagens que não informam exatamente sobre o que se trata o dado apresentado.

    Ressaltamos que recebemos uma quantidade enorme de exemplos e não foi possível usar todos, infelizmente. Foram mais de 70 mensagens recebidas, as quais agradecemos imensamente. Dessa forma, buscamos agrupar e utilizar o máximo de exemplos para diversificar a informação e mostrar informações palpáveis para compreender melhor como ler estes vacinômetros.

    Vamos aos exemplos de vocês?

    Vacinômetros com aplicações de doses

    1/3 Vacinômetros de municípios que colocam aplicações de doses como informação
    2/3 Vacinômetros de municípios que colocam aplicações de doses como informação
    3/3 Vacinômetros de municípios que colocam aplicações de doses como informação

    Vacinômetros com porcentagens de vacinados

    1/5 Vacinômetros de municípios que colocam porcentagem da população como informação
    2/5 Vacinômetros de municípios que colocam porcentagem da população como informação
    3/5 Vacinômetros de municípios que colocam porcentagem da população como informação
    4/5 Vacinômetros de municípios que colocam porcentagem da população como informação
    5/5 Vacinômetros de municípios que colocam porcentagem da população como informação

    Vacinômetros com porcentagens de vacinação

    Vacinômetros com porcentagens de vacinação

    O que podemos falar sobre estes exemplos que trouxemos aqui?

    É de suma importância que as prefeituras apresentem os dados de maneira clara e objetiva, dando ênfase sempre às informações com maior impacto sobre o combate à pandemia. Dessa forma, é bom lembrar que, em casos como os que estamos vivendo, as comunicações oficiais também têm um papel de informar as populações para melhor conduzir suas ações e decisões acerca das proteções individuais.

    Assim, nós consideramos que a porcentagem da população total que já foi vacinada, com uma dose é importante sim. Mas especialmente a parcela que já está com seu esquema vacinal completo é fundamental como dado técnico para compreendermos em que etapa estamos neste momento, de cobertura vacinal e, portanto, proteção coletiva.
    Ao fazer recortes específicos, como, por exemplo, considerar apenas o percentual de adultos vacinados, ou até mesmo divulgar apenas o percentual entre as vacinas recebidas e aplicadas, pode-se gerar confusão na população, que vê números mais altos e pode ser levada à compreensão de que a cidade já está em um patamar mais alto de imunização, portanto, em um nível maior de segurança. 

    Não priorizar esses dados, divulgando outros com menor relevância prática no combate ao vírus pode ser mais um ruído – dentre tantos que temos.

    Por outro lado, não é nosso intuito (novamente) desmerecer o trabalho que todos têm feito para informar a população. Mas também apresentar a quem tem acompanhado nosso trabalho, um pouco sobre como estes dados podem ser lidos e quais limites de informações podemos extrair dali, neste momento.

    Por fim

    Este texto, feito de forma colaborativa, só tem a agradecer a todos que ajudaram enviando imagens para que conseguíssemos ver a diversidade de formas de comunicar sobre as vacinas. É importante, dentro do nosso trabalho, afim de que nós tenhamos mais condições de entender quais são as dúvidas comuns que surgem. Além disso, compreender como as informações têm sido percebidas por todos. Por fim, novamente ressaltamos que de forma alguma este levantamento teve intenção de ser “completo”, nem uma crítica direta às prefeituras, que tem feito um esforço enorme para deixar sua população informada sobre o andamento da vacinação.

    Para Saber Mais

    Cobertura vacinal, retomadas, indivíduos e população

    Sobre aberturas, cautelas e políticas públicas

    Estratégias de vacinação: o que se leva em conta?

    Coronavírus Brasil: Site oficial | Twitter 

    Vacinômetros, via Rede Análise COVID-19

    Langdon Data Monitor da Covid: Vacinação

    Os autores

    Ana de Medeiros Arnt é bióloga, Doutora em Educação, Professora do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenadora do Blogs de Ciência da Unicamp e do Especial COVID-19

    Leonardo Augusto Medeiros é graduado em cinema e audiovisual, é um dos administradores no grupo Coronavírus Brasil e realiza o levantamento dos dados sobre a pandemia, e divulgação dos dados da vacinação.

    Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.


    editorial

  • [PRESS RELEASE] Todos pelas Vacinas reúne organizações de divulgação científica e entidades científicas em ações pró vacinação contra a Covid-19 para adolescentes

    Com o avanço do Programa Nacional de Imunização  contra a Covid-19, uma campanha liderada pelo Observatório COVID-19 BR reúne organizações ligadas à divulgação científica, entidades científicas, artistas e personalidades públicas para lançar a campanha de vacinação dos jovens maiores de 12 anos – marcado para 15 de setembro (quarta-feira). A campanha contará com diversas ações nas redes sociais com as hashtags #VacinanoGrau e #TodosPelasVacinas terá por objetivo estimular a vacinação em jovens na faixa-etária entre 12 e 17 anos e conscientização da necessidade de manter os protocolos de segurança. 

    A campanha #VacinanoGrau e #TodosPelasVacinas é organizada por ABRASCO, Blogs Unicamp, COSEMS/SP, Equipe Halo,  Instituto Questão de Ciência, Observatório COVID-19 BR, Rede Análise COVID-19, Sociedade Brasileira de Imunologia, União Pró-Vacina, Projeto Divulgar e Grupo InfoVid tem como objetivo criar um espaço para diálogo com a população por meio de conteúdo preparado por especialistas, assim como um ambiente virtual para envio de dúvidas sobre a imunização contra a COVID-19. Um portal (www.todospelasvacinas.info) agrega um conteúdo em vários formatos, textos, áudio, imagens e vídeos para serem compartilhados em todas as redes sociais.

    Rafael Lopes, físico, membro do Observatório Covid-19 BR, lembra que “A história das vacinas no Brasil é centenária, fomos um dos primeiros países a adotar a vacinação como uma política extensiva de saúde pública. Nos conscientizar que vacinar é essencial para salvar vidas é nos reencontrarmos com nossa linda história na saúde pública, efetivar a segunda dose é a oportunidade de fazer parte desta história” 

    No Portal estão disponíveis podcasts criados pelas organizações parceiras, além de outros materiais, como o e-book “Guia Prático sobre as Vacinas” e uma coletânea de artes no espaço VacinArte. A campanha visa convidar a participação do público por envio de dúvidas e engajamento nas redes sociais, como uso de filtros criados para Facebook e Instagram disponibilizados no site. O internauta consegue baixar, também, logo e artes da campanha para espalhar a mensagem e participar da grande mobilização do dia 15 com as hashtags #VacinanoGrau e #TodosPelasVacinas nas redes sociais.

    Flávia Ferrari do Observatório Covid-19 BR ressalta a importância da iniciativa com a união entre cientistas e sociedade civil em prol da vacinação contra a COVID-19, “uma atitude capaz de salvar vidas”. 

    A lista com todas as atividades da campanha podem ser encontradas no site do evento www.todospelasvacinas.info

    Contato:

    Flávia Ferrari – Observatório Covid-19 BR (11) 991116455 obscovid19br@gmail.com

    Beatriz Ramos – Projeto Divulgar (21) 998879227 proj.divulgar@gmail.com

    Ana de Medeiros Arnt – Blogs de Ciência da Unicamp (19) 98364-0054 blogs@unicamp.br

    Texto produzido pelo coletivo Todos Pelas Vacinas

  • Crônica de uma distopia: sobre o debate de mudanças climáticas em meio à pandemia

    Texto de Maria Clara Sosa

    Estaríamos vivendo uma distopia? Nas últimas semanas, nos deparamos com diversas notícias fora do comum… Neve em diversas cidades do Brasil, temperaturas próximas aos 50°C no Canadá, incêndios florestais na Sibéria… Mas não foi esse o início, em Março de 2020 o mundo parou. Noticiaram a maior pandemia das últimas décadas, ficamos em casa. Dessa forma, alguns de nós acreditamos que seria o momento de ressignificar certos hábitos, ressignificar encontros, ressignificar nossas relações com o ambiente ao nosso redor (nossa casa, nosso jardim, nosso quarto, nossa rua…). Entretanto, o que isto tem a ver com as mudanças climáticas?

    Os cientistas nos mostraram ainda que seria necessário ressignificar nossa relação com o meio ambiente. Assim, fica cada vez mais claro que a pandemia da COVID-19 é, também, uma questão da crise ambiental.

    Sobre o IPCC e algumas implicações

    Recentemente, foi lançado o novo IPCC, relatório da ONU sobre as mudanças climáticas e ambientais, apontando a humanidade como grande causadora destas mudanças que temos debatido, na ciência e na sociedade, ao longo das últimas décadas. Mas isso é importante de ser debatido, em meio a uma pandemia que ainda não está controlada?

    A degradação de ecossistemas e destruição de habitats expõem as comunidades humanas aos diferentes animais e doenças infecciosas com as quais não estamos adaptados, ocasionando doenças de alta letalidade e com altos níveis de infecciosidade (este debate já foi tratado no Blog Natureza Crítica). Dessa maneira, em abril de 2021, governantes, entre eles o presidente estadunidense Joe Biden e outros 40 representantes, cientes dos impactos das mudanças climáticas, se encontraram na Cúpula do Clima. Assim, com este encontro, traçaram novas metas para a redução da emissão de gás carbônico, e alternativas para um desenvolvimento sustentável. 

    O discurso brasileiro em contrapontos próprios

    Durante o discurso na Cúpula, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro apresentou uma fala com a intenção de se mostrar alinhado à Cúpula, mas divergente àquilo que é visto na prática do Ministério do Meio Ambiente na atual gestão. Além disso, foram apresentadas metas vagas e incoerentes com as ações relacionadas à preservação e fiscalização ambiental. Às vésperas da COP 26 (Conferência sobre Mudança Climática), que ocorrerá em Novembro deste ano, assistimos à demissão do ministro da boiada, Ricardo Salles.

    Todavia, apesar da substituição de um dos ministros de maior desserviço para a agenda ambiental brasileira já vistos historicamente, provavelmente, veremos poucas mudanças na postura do governo. Um dos motivos para não acreditar na mudança é o avanço do PL490/21 que enfraquece a proteção de áreas indígenas, essenciais na manutenção da floresta.

    IPCC, estagnações e políticas

    Ainda em 2021, o IPCC – Painel intergovernamental sobre mudanças climáticas fez o relatório mostrando os impactos  da humanidade no clima e afirma que tais impactos já são irreversíveis. Portanto, cada vez mais iremos testemunhar eventos climáticos extremos e sentiremos o aumento da temperatura média global. É necessário a diminuição rápida na quantidade de emissões de gases de efeito estufa e ainda assim, essa diminuição será apenas para não piorar a questão climática. É importante salientar apenas que, apesar da necessidade de mudar nossos próprios paradigmas e hábitos no plano individual, isso ainda não é o suficiente. De forma, a estagnar o máximo possível a aceleração das mudanças climáticas é primordial a instauração de um novo sistema socioeconômico. O capitalismo e o sistema de acúmulo são incompatíveis com qualquer ideia de sustentabilidade. É necessário que deixemos de ser apenas consumidores, pois é isso que somos no sistema capitalista.

    Após a apresentação desse quadro, questiono o silêncio ensurdecedor de políticos e da sociedade em relação ao posicionamento ambiental, mesmo com tantos eventos palpáveis gritando por mudanças. Talvez seja porque nós brancos tenhamos a memória curta.

    Nós esquecemos muito rapidamente.

    Como Davi Kopenawa Yanomami analisa, no livro A Queda do Céu, que os brancos precisam continuamente escrever suas ideias e conhecimentos em papéis para que estes não se percam. E ouso acrescentar a tal pensamento, que ainda assim, apesar dos papéis, dos estudos, nós esquecemos. Talvez semana que vem os tabloides já tenham esquecido dos eventos extremos desta semana e nada de efetivo seja feito em relação a isso. Assim como a Cúpula do Clima ocorreu ainda este ano e não há mais falas sobre o que ficou acordado. Bem como o governo brasileiro já esqueceu de suas promessas no combate às mudanças climáticas… Para que lembremos, precisamos ser afetados. Sendo o afeto aquilo que nos deixa marcas, nos faz produzir sentidos, e em um mundo cheio de informação essa produção de sentidos é escassa (Larrosa, 2002).  

    Por fim, está claro que cada vez mais eventos extremos irão ocorrer , está claro que precisamos de alguma forma agir e encontrar ações de redução de emissão de gás carbônico, está claro que precisamos de ações políticas efetivas de forma a frear alguns impactos das mudanças climáticas, e está claro que isso ultrapassa o plano individual e dos sujeitos. 

    Mas antes, precisamos nos lembrar, precisamos produzir sentido, precisamos deixar de esquecer, precisamos nos deixar afetar pelo mundo, precisamos de pessoas com sonhos utópicos que de alguma forma quebrem essa bolha distópica em que vivemos e nos incitem a simplesmente caminhar. Citando um pedaço do poema de Eduardo Galeano: 

    “Que tal se delirarmos por um tempinho
    Que tal fixarmos nossos olhos mais além da infâmia
    Para imaginar outro mundo possível?”

    Para saber mais

    IPCC AR6 Climate Change 2022: Mitigation of Climate Change

    ALESSI, Gil (2021) Indígenas isolados no Brasil entram em risco de extinção com avanço de projeto na Câmara El Pais

    BBC Ricardo Salles: saída tardia de ministro não mudará política pró-desmatamento de Bolsonaro, dizem ONGs

    CHAMORRO, Paulinia (2021) Não há plano B: precisamos de um novo sistema socioeconômico, diz membro brasileiro do IPCC National Geographic

    Embrapa (2021) As mudanças ambientais e a saúde humana: impactos da degradação ambiental sobre surtos de doenças infecciosas

    FAPESP (2021) Novo Relatório do IPCC WG1-AR6: Implicações para o Brasil e o planeta

    GALZO, Wesley (2021) Entenda o que é a Cúpula de Líderes sobre o Clima e como ela impacta o Brasil CNN

    Instituto Socioambiental (2021) Mundo mais quente e Brasil inadimplente

    KOPENAWA, Davi; ALBERTS, Bruce. A Queda do Céu: Palavras de um xamã yanomami. Companhia das Letras, São Paulo, 2015.

    LARROSA, Jorge (2002) Notas sobre a experiência e o saber da experiência Revista Brasileira de Educação

    MATOSO, Filipe, GOMES, Pedro Henrique (2021) Cai o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente G1

    MODELLI, Lais, GARCIA, Mariana (2021) Veja repercussão do discurso de Bolsonaro na Cúpula do Clima; ‘governo sai como entrou: desacreditado’ G1

    PLANELLES, Manuel (2021) Relatório da ONU sobre o clima responsabiliza a humanidade por aumento de fenômenos extremos El Pais

    Mais textos de Maria Clara Sosa

    A Autora

    Maria Clara Sosa é bióloga pela Unicamp e mestre em Educação em Ciências e Matemática, na Unicamp, pesquisadora no Grupo de Pesquisa em Educação em Ciências (PEmCie) da Unicamp e FURG.

    Este texto foi publicado originalmente no blog PEmCie

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.


    editorial

  • Que medidas preventivas são necessárias neste momento contra a COVID-19 em nosso país?

    Nós sabemos da chegada da variante Delta em todo o território Nacional. Sabemos também que são necessárias duas doses da vacina, e que precisamos esperar o tempo de imunização da segunda dose – o chamado esquema vacinal completo – para nos protegermos de fato do agravamento da doença causada pelo coronavírus. Muito tem se falado também sobre as medidas não farmacológicas, e aí fica o questionamento:

    – “Mas só a vacinação basta?”

    Não!

    Temos dito, desde o ano passado, que estas vacinas de primeira geração seriam fundamentais para diminuir a quantidade de mortes e a circulação do vírus. Assim como também temos falado continuamente que a vacinação precisaria ser um processo rápido e populacional, aliado às medidas públicas de saúde. As tais “medidas não farmacológicas”.

    Estas medidas não farmacológicas têm sido uma das grandes pautas da divulgação científica desde os primórdios da pandemia. É claro, as recomendações variaram um pouco dos primeiros meses (entre março e junho de 2020) para cá. 

    Atualmente enfatizamos continuamente que a COVID-19 é transmitida pelo AR. Isto quer dizer que a higienização não é importante? Não. Quer dizer que a higienização não é o ato em que precisamos nos concentrar. Até porque higienização é importante para prevenir várias infecções ( sempre bom lembrar…).

    A grande questão reside em dois pontos: o que podemos fazer como medidas individuais de proteção (medidas que são limitadas) e quais deveriam ser medidas de política pública de saúde? Falei sobre isso neste post aqui, recentemente. Vou retomar alguns pontos e lançar outros para pensarmos juntos…

    Inicialmente, vou defender novamente que não deveríamos ter retomado todas as atividades, sem qualquer restrição de horários, rodízios de trabalhadores ou outras precauções. A partir disto, o que eu tenho escutado?

    – “Mas têm que voltar, não adianta, os serviços têm que retornar sim!”

    Realmente, em um país em que governantes tiveram dificuldade para adotar medidas que diminuíssem os números de casos de forma responsável durante o enfrentamento da pandemia, tem sido cada vez mais difícil permanecer em casa

    Temos, todavia, banalizado situações que são absolutamente dispensáveis agora.Em especial frente a transmissão da variante Delta, que segue avançando no país em um panorama de cerca de 700 óbitos diários (o que nos dá cerca de 5.000 mortes semanais).  

    Mas, quais são as medidas não farmacológicas que nós deveríamos prestar a atenção e deveriam ser uma prioridade nas políticas públicas?

    Uso de máscaras

    Preferencialmente PFF2, especialmente em espaços de trabalho, em ambientes fechados e pouco ventilados, ou nos ambientes abertos, mas com muitas pessoas. As PFF2 têm um Projeto de Lei 1054/21 desde março deste ano no legislativo federal para que sejam consideradas Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). A aprovação dessa lei garantiria aos trabalhadores que as próprias empresas e empregadores fornecessem esse tipo de máscara, como medida MÍNIMA para retornos mais seguros ao trabalho presencial.

    Porém, mesmo no setor público isso não tem sido feito. O Estado, por exemplo, tem oferecido máscaras de pano para os docentes voltando às escolas públicas. Lembrando que máscaras de pano não são consideradas EPI, e não sendo indicados como proteção individual em espaços fechados, mesmo que ventilados.

    Distanciamento social ou físico

    Há um grande debate sobre o termo correto: físico ou social. Todavia, a nós importa que: em ambientes abertos, deveríamos ter um distanciamento adequado entre pessoas. Já em ambientes fechados com pouca ou muita ventilação, além do distanciamento entre as pessoas, deveríamos ter a menor permanência possível.

    O espaçamento entre pessoas, nessas retomadas, vem sendo sugerida como  “1 metro”. O que contraria medidas debatidas pela ciência desde meados de 2020 (que aponta cerca de 2 metros).

    Espaços ventilados

    Atividades conduzidas nestes ambientes deveriam ser prioridade em tempos como estes. Dessa forma, algumas perguntas são relevantes aqui também: Há condições de o espaço fechado ter ventilação adequada? Constantemente? Com qual lotação/ocupação? Qual o tempo de permanência máxima?

    Este item é fundamental, considerando que grande parte de nossos serviços desenvolvidos atualmente acontecem em ambientes encerrados entre paredes com poucas (ou mesmo nenhuma) janelas.

    Testagem e rastreio

    Parece um absurdo falar em teste e rastreio em pleno 2021. Mas é isto… O Brasil segue em segundo lugar no mundo em número de mortes por COVID-19. Todavia, quando falamos em quantidade de testes por milhão de habitantes, estamos em 124º lugar no mundo. A subnotificação passou a ser um tema tão banal que a ignoramos absolutamente enquanto informação básica no debate sobre COVID-19.

    Entretanto, considerando que agora as últimas barreiras de cuidados sanitários (fora o uso de máscaras) foram derrubadas, este é um tema que deveria ser (finalmente?) levado à sério. É necessário testar! Também é necessário ter protocolo de testes constantes, por grupos, por amostragem, de forma rotineira nas empresas. É urgente a indicação de isolamento de pessoas que testaram positivo e análise de quem teve contato com elas também.

    Isto é testagem e rastreio. O protocolo do estado de São Paulo, por exemplo, não indica como deve ser feito, quem analisa e quem paga por tais testes. Apenas aponta a necessidade de o poder público ser notificado dos resultados. Nas indicações de testes constantes, há recomendação de teste sorológico e não um teste de detecção do vírus.

    Em um país em que o trabalhador está em alta vulnerabilidade, os testes e rastreamentos acabam ficando sob o encargo de quem?

    Este questionamento serve também para o setor público, que têm realizado testes para a retomada, como se ela fosse segura apenas por termos o resultado negativo em mãos. Não. Não é.

    A testagem que temos debatido e enfatizado não é isolada, individual e pontual. É uma estratégia constante, periódica, para monitoramento seguro dos espaços coletivos de trabalho. E é realmente lastimável que, como política pública, estejamos debatendo isto neste momento, novamente.

    A dificuldade de implementação de testes não deveria ser uma questão, após 18 meses de pandemia. Não deveríamos, com a quantidade de casos diários notificados, estarmos fazendo tão poucos testes ainda. Testagem e rastreio em ambientes coletivos de trabalho deveria ser, há muito tempo, uma realidade.

    Não deveríamos, com tão pouca gente com o esquema vacinal completo, estar brincando de indicar testes ao aparecimento de sintomas, quando a doença tem transmissão iniciada antes desses sintomas surgirem. E aqui, nem alarmista, nem intransigente: estamos falando de indicações científicas que estão sendo feitas há meses e meses.

    – “Ah, mas e o home office, segue válido como opção”?

    Outra questão que seria importante é reforçar para empresas que têm condições de manter seus funcionários em home office, continuaram assim. Mesmo com duas doses de vacina!

    Por quê? Ora, em uma pandemia respiratória, com a circulação de novas variantes, sem o controle de transmissão, a diminuição da mobilidade urbana ainda é uma das ferramentas mais fundamentais para estancar o quanto for possível a circulação do vírus.

    Isto quer dizer que mesmo com pessoas tendo sintomas menos severos e lotando menos UTIS – e até falecendo menos – ainda temos uma transmissão alta em nosso país. Lembrando que não estamos mais vivendo o caos que vimos entre janeiro e abril de 2021. Entretanto, o “falecendo menos” mencionado antes está longe de “falecendo pouco ou próximo de zero”. Além disso, estamos transmitindo muito, contaminando muito e, apesar de as UTIs do país estarem em uma aparente tranquilidade, a nossa taxa de óbitos ainda segue muito alta, com cerca de 700 pessoas morrendo por dia

    Em que momento passamos a aceitar como tranquilo este fato?

    Hoje, dia 6 de setembro, foi noticiado que cerca de 2 milhões de testes para COVID-19 estão vencidos e serão incinerados. Não é a primeira vez que vemos este tipo de situação sendo noticiada em nosso país. O teste, monitoramento de sintomas e rastreio de contatos ainda não é levado a sério, quando se trata de possibilitar aos trabalhadores a permanência em suas residências para que se recuperem dos sintomas.

    Em protocolos oficiais, ainda existe como recomendação o monitoramento e teste de acordo com os sintomas aparentes, conforme designação no posto de saúde – aqui em São Paulo, ao menos. É importante termos em mente que um teste de antígeno (ou seja, que indica a presença do vírus ou de partículas do vírus) nos indica a contaminação entre 3 a 7 dias após o início dos sintomas. Considerando que os sintomas podem acontecer a partir do 2º até o 14º dia após o contágio – mas é mais frequente após o 5º dia, temos um tempo entre a contaminação e o início dos sintomas. E nestes dias já podemos estar contaminando pessoas.

    Por isso, o monitoramento, rastreio e testes são fundamentais. Além disso, seria importante (no mínimo) testes por amostragem em grupos, especialmente em situações de muito contato entre os trabalhadores ou destes com o público (como escolas e algumas empresas de serviços de atendimento).

    Finalizando

    Nós ainda lidamos com monitoramento, rastreios e testes como um luxo e uma estratégia de dificuldade logística, após 18 meses de pandemia. Mesmo considerando que esta estratégia nos possibilita diminuir a circulação do vírus exatamente por isolarmos casos e contatos dentro dos setores de serviço.

    Em todo o tempo da pandemia, nunca foi sobre manter todos os serviços fechados por tempo indeterminado: mas sobre planejar estruturalmente retornos seguros para pessoas não adoecerem, não morrerem e para diminuirmos a circulação do vírus.

    Nenhuma medida deveria constar como uma opção recomendável se acarreta em uma falta de segurança mínima para seres humanos de nosso país.

    Para saber mais

    BRASIL (2021) Projeto de Lei 1054/21

    BRASIL (2021) Ficha de Tramitação do Projeto de Lei 1054/21

    CONSTANZA, R, LOPES, R, VARGAS, M Governo Bolsonaro deixa vencer R$ 243 mi em vacinas, testes e remédios Folha de São Paulo 6 de setembro de 2021 

    Jones N R, Qureshi Z U, Temple R J, Larwood J P J, Greenhalgh T, Bourouiba L et al (2020) Two metres or one: what is the evidence for physical distancing in covid-19? BMJ 2020; 370: m3223 

    Documentos oficiais de São Paulo (2020):

    Protocolo de acompanhamento das condições de saúde para organizações privadas

    Resolução SS – 85 de 10-06-2020

    Protocolos Sanitários Educação – Segundo Semestre 2021

    Retomada Consciente (2021)

    Protocolo Sanitário Intersetorial

    Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.


    editorial

  • Mutações virais: a dança dos aminoácidos

    Texto de Gildo Girotto Júnior

    Você deve estar lendo, ouvindo ou assistindo diferentes notícias sobre mutações e as variantes do coronavírus, e, também, sobre novos riscos que elas podem gerar, certo? No texto anterior (que você pode ler clicando aqui) falamos um pouco da dinâmica viral e agora vamos falar de outros detalhes dessa coisa toda.

    O que já sabemos

    Os vírus estão sujeitos aos mesmos mecanismos evolutivos que envolvem todos os seres vivos, inclusive nós, humanos. Essas mutações podem, por meio de modificações estruturais e químicas, alterar a forma como eles infectam as células. Algumas dessas alterações têm grande impacto na forma como os vírus se disseminam na população humana e como nosso organismo interage e reage na presença de vírus [1]. Neste texto vamos falar sobre como algumas alterações já identificadas promovem a maior interação do vírus com nossas células.

    Sabemos que as mutações dependem de mecanismos de alteração genética por meio dos quais sequências de genes distintas daquelas do vírus de referência são disseminadas na população dos parasitas, podendo levar a novas variantes [2]. Isso ocorre com o processo de cópia do material genético, RNA ou DNA, e torna a evolução possível. São essas mutações no material genético que irão, eventualmente, desencadear alterações nas estruturas e composição dos vírus.

    Isto quer dizer que nem toda alteração genética desencadeia uma alteração estrutural ou melhora na adaptação: se não trouxerem vantagens para a sobrevivência do vírus acabam por ser desaparecerem da população; se auxiliarem o parasita, por proporcionarem adaptações ao ambiente e são disseminadas em novas cópias. Podemos ressaltar também que a seleção natural e a junção de processos que levam a variações genéticas são os principais responsáveis por definir se uma mutação ocorrerá e se permanecerá naquela população.[3]

    Um baile a dois: o sistema chave e fechadura

    Na capa proteica do coronavírus há uma proteína denominada Spike (Spike é uma palavra do inglês que significa espinho) ou, simplesmente, S. Essa proteína interage com as nossas células abrindo caminho para que o material genético do vírus consiga penetrar. Precisamos, portanto, entender porque a mudança nessa proteína ocorreria e como identificá-la, bioquimicamente falando.  

    Observemos então o caso das variantes do coronavírus, falando especificamente da interação da proteína S com o receptor celular, denominado ACE2. Podemos pensar que quanto maior a atração entre proteína e receptor, mais fácil será do vírus nos contagiar, despejando seu material genético em nossas células.

    A conexão entre a proteína e a célula pode ser associada à conhecida analogia chave e fechadura que ocorre entre enzimas e substratos, uma vez que o processo de interação química é semelhante [4]. É como se partes da proteína fossem chaves que se encaixam bem nas fechaduras de nossas células.

    Mas, no caso de mutações…

    Quando ocorrem mutações, esses encaixes podem ser melhorados se as interações entre as moléculas de S e do receptor ACE2 se tornarem mais fortes. Vamos considerar este ponto para análise.

    As proteínas são formadas pela união de um conjunto de moléculas que podem se repetir diversas vezes. É como se pegássemos 22 peças diferentes, disponíveis quase que infinitamente no ambiente, e as combinássemos de modo a montar uma grande cadeia. Essas peças são as moléculas de aminoácidos. Por diferentes razões, deste fatores como a temperatura, acidez e ainda fatores que não são muito bem elucidados, essas combinações podem variar. O que reconhecemos nos estudos é a possibilidade de eliminação de moléculas ou substituição de alguns aminoácidos por outros. Essas mudanças geram proteínas diferentes, sendo uma das razões para termos as variantes virais.

    Assim, como a proteína S é atraída por e atrai nosso receptor ACE2, para uma determinada composição a interação pode aumentar (pela própria natureza das moléculas) e também devido às posições e estruturas dos novos aminoácidos, que podem se ajustar mais adequadamente estabelecendo um contato mais intenso com o receptor. Então, quanto maior essa interação, maior a quantidade de vírus que consegue efetivamente depositar seu RNA e, como apontam alguns estudos [5][6], o maior número de vírus que efetivamente entram em nossas células pode ser responsável pelo agravamento da doença, pois mais células serão comprometidas e mais órgãos poderão ser afetados.

    A música está mudando

    Em janeiro de 2021, pesquisadores da faculdade de medicina de Ribeirão Preto (FMRP), por meio de um conjunto de análises e simulações computacionais, pesquisaram especificamente como a mudança de um dos aminoácidos da proteína S poderia explicar a maior taxa de contágio da mutação viral identificada em setembro de 2020 e conhecida como variante alfa [7]. O que se sabia por meio de estudos anteriores é que entre o vírus original de referência, identificado em 2019, e essa mutação havia uma troca de um aminoácido identificada por N501Y. Mas o que isso significa?

    Essas letras e números se referem a qual aminoácido estamos falando e a posição em que ele se encontra na estrutura da proteína. Assim, o N se refere a um aminoácido chamado asparagina, o número 501, indica sua posição e o Y se refere a um aminoácido chamado tirosina que substituirá o primeiro. Isto é, ao trocar uma asparagina por uma tirosina na posição 501 temos o que chamamos de N501Y [8]. Por fim, essa troca de moléculas gera uma interação mais forte junto ao receptor de nossas células.

    Vamos entender melhor com a Figura 1, que representar as interações antes e depois da mudança dos aminoácidos?
    Figura 1: Alteração na estrutura química de aminoácidos do Sars-Cov-2
    Gian Carlo Guadagnin/Sala Cinco
    Fonte: Universidade de São Paulo [7]

     Outras variantes também já tiveram as interações entre a proteína e o receptor identificadas. Por exemplo, a variante Delta tem mudanças nos nos aminoácidos L452R e T478K. Já sabemos o que esses códigos significam: na L452R a primeira letra determina o aminoácido Leucina (L), que será substituído na posição 452 pelo aminoácido Arginina (R); no caso da T478K temos, de forma semelhante, a substituição de uma Treonina (T), na posição 478 por uma Lisina (K), o que faz com que o vírus consiga interagir melhor com as células e uma das consequências é a maior transmissibilidade comparada com outras variantes. 

    Sem errar o passo 

    Um fator que é apontado pela ocorrência de mutações é a alta taxa de transmissão do vírus, uma vez que, quanto mais vírus circula, maior a quantidade de replicações e maiores são as chances de alteração [5][6]. Dessa maneira, a dificuldade de controle dos casos de contaminação podem levar a novas adaptações do vírus tornando-o mais transmissível. 

    Considerando que ainda existem muitas pessoas que não estão imunizadas, o vírus tem maiores possibilidades de se reproduzir, aumentando as chances de ocorrerem alterações no material genético. Assim, com a taxa de vacinação ainda baixa, temos dois problemas. Em primeiro lugar, ainda que as vacinas tenham se mostrado eficientes frente às variantes [9], muitas pessoas não estão imunizadas e as variantes podem gerar casos mais graves da doença. Além disso, em segundo lugar, mesmo vacinados ainda podemos transmitir a doença. Dessa forma, algumas medidas, como manter o distanciamento e o uso de máscaras, devem continuar por algum tempo.

    Por fim, ter consciência disso e manter essas medidas nos levará ao enfrentamento mais rápido desse cenário de pandemia diminuindo as possibilidades de novos surtos da doença. 

    Trabalharam nesta edição:

    Revisão: Mariana Bercht Ruy.

    Arte e diagramação: Gian Carlo Guadagnin.

    Capa: Stephanny dos Santos Nobre.

    Colaborações: Gian Carlo Guadagnin e Stephanny dos Santos Nobre.

    Para saber mais:

    [1] The Virus: How do mutations cause viral evolution? YALE School of medicine

    [2] O que são mutações, linhagens e cepas, Fiocruz.

    [3] FLEISCHMANN, WR Viral genetics, In Baron (Ed), Medical microbiology (4 ed, cap. 43), Galveston, TX: University of Texas Medical Branch at Galveston.

    [4]  NISHIOKA, S Seleção de um anticorpo de domínio único e seu potencial para o tratamento e prevenção da COVID-19, Una SUS

    [5] MOHAMMAD, A et al (2021) Higher binding affinity of furin for SARS-CoV-2 spike (S) protein D614G mutant could be associated with higher SARS-CoV-2 infectivity. International Journal of Infectious Diseases, v103, p 611-616

    [6] Variante Delta: as 5 mutações que tornam coronavírus mais contagioso e preocupante BBC (2021)

    [7] Estudo indica um dos fatores que tornam nova variante do coronavírus mais contagiosa. USP.

    [8] SANTOS, JC; PASSOS, GA (2020) The high infectivity of SARS-CoV-2 B.1.1.7 is associated with increased interaction force between Spike-ACE2 caused by the viral N501Y mutation bioRxiv preprint

    [9] BERNAL, JL et al (2021) Effectiveness of Covid-19 Vaccines against the B.1.617.2 (Delta) Variant The New England Journal of Medicine.

    Este texto foi escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os textos foram produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, houve revisão por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.

    Editorial

  • Pra vacina funcionar tem que postar foto?

    Quer dizer que pra vacina funcionar temos que postar foto?

    Não, não temos.

    Mas quando há motivos pra comemorar a ciência por ter nos dado tantas opções de vacinas seguras e eficazes para reduzir casos graves e mortes – temos, sim!

    Quando vemos que mais de 84% da população adulta quer se vacinar – temos, sim!

    E quando a gente sobreviveu à pandemia mesmo sem uma política nacional de combate à covid – temos, sim!

    Quando a pressão popular força o governo federal e o ministério da saúde investirem em vacina – temos, sim!

    Além disso, quando, apesar de um presidente negacionista, temos uma cambada de gente boa combatendo (dia e noite e sem receber nada por isso) a desinformação – temos, sim! (E muito obrigado, pessoal!)

    Quando temos um sistema único de saúde que apesar de todos os problemas funciona – temos, sim!

    Sendo assim, posta foto, gente! Posta sim! Temos que comemorar!

    Se chegou a sua vez? Vacine-se!

    Você já pegou COVID? Vacine-se!

    Já tomou a primeira dose? Não deixe de tomar a segunda! (Pega seu cartãozinho, olha a data e coloca um lembrete no celular e fique de olho nas datas fornecidas pela prefeitura – vai que adianta, né?!)!

    E viva o Sus!

    Este texto foi escrito e publicado originalmente no blog Meio de Cultura

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • Manual de Comunicação das Vacinas Contra a Covid-19

    Postagem por Dayane Machado (@DayftMachado) e Minéya Fantim (@mifantim)

    Há mais de um ano, as vacinas deixaram de ser uma simples rotina na vida da população. Elas se tornaram alvo de ataques, influenciaram o desenvolvimento de redes de colaboração, atraíram o engajamento de dezenas de milhares de voluntários, viraram meme, inspiraram loterias e se tornaram um dos assuntos mais frequentes no cotidiano dos brasileiros. Apesar disso, falar sobre as vacinas de forma eficaz pode ser uma tarefa desafiadora diante do volume de desinformação circulando todos os dias.

    Numa tentativa de contribuir para o enfrentamento desse problema, a equipe brasileira de tradutores do Skeptical Science acaba de lançar a versão em português para o Manual de Comunicação das Vacinas Contra a Covid-19 – Um guia prático para melhorar a comunicação sobre as vacinas e combater a desinformação.

    Para baixar o Manual:

    Ele foi produzido por uma rede multidisciplinar de cientistas e de voluntários e tem como público todas as pessoas que desejam saber mais:

    • 1) sobre as vacinas contra a Covid-19
    • 2) sobre como elas podem se comunicar melhor em relação a esse assunto
    • 3) sobre como reagir adequadamente à desinformação sobre as vacinas.
    O acrônimo FFEST, que representa as cinco principais técnicas de negação da ciência
    F – Falsos Especialistas / F – Falácias Lógicas / E – Expectativas Impossíveis / S – Supressão de Evidências / T – teorias da Conspiração

    Nele, você vai encontrar dicas práticas de comunicação; conhecer os fatores que podem influenciar na adesão e na hesitação a vacinas; aprender a identificar as táticas de manipulação mais comuns quando o assunto é vacinação e conhecer estratégias para desmistificar os boatos e se proteger em relação à desinformação.

    E embora o manual seja autossuficiente, ele fornece o acesso a uma página colaborativa que contém exemplos de afirmações enganosas no formato FFEST, assim como oferece contra-argumentos e informações aprofundadas que serão atualizadas sempre que novos conhecimentos sobre o tema estiverem disponíveis.

    Além de materiais mais detalhados como o Manual da Desmistificação e o Manual das Teorias da Conspiração, o Skeptical Science oferece recursos rápidos como folhetos e listas que resumem, por exemplo, os mitos mais usados para negar a ciência. Em breve, também teremos a versão em português para o Cranky Uncle, um jogo que permite a “inoculação” do usuário, ou seja, expõe o jogador a doses seguras de desinformação para que ele aprenda a identificar os boatos e as técnicas de manipulação com maior facilidade — e se divertindo. 

    Saiba mais:

    Para baixar:

    Este texto foi escrito e publicado originalmente no blog Mindflow

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