Categoria: Vacinas

  • Reações Adversas e Vacinas: o que são e onde habitam?

    Texto escrito por Mellanie Fontes-Dutra

    Há muita informação e desinformação rolando por aí acerca do que é uma Reação Adversa ou eventos adversos e vacinas. Hoje resolvemos abrir a Caixa de Pandora com as informações confusas e falar sobre isto!

    O nome que usamos, técnico, é Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV) e significa qualquer ocorrência médica indesejada após a vacinação. Todavia, não necessariamente a EAPV possui uma relação causal com o uso de uma vacina ou outro imunobiológico (imunoglobulinas e soros heterólogos). Isto quer dizer que eventos que acontecem em nosso corpo não necessariamente são consequência da vacina.

    Vamos entender melhor?

    Existem reações mais frequentes, como a dor no local da injeção, febre e dores no corpo. Esses eventos frequentes são chamados assim porque são experienciados por muitas pessoas, com certa frequência. Mas temos os eventos raros e muito raros, que vamos defini-los abaixo:

    • Eventos adversos raros podem ser registrados de uma vez a cada 1.000-10.000 doses aplicadas.
    • Eventos muito raros podem ser registrados menos de uma vez a cada 10.000 doses aplicadas. Portanto, a ocorrência deles é muito, muito rara, e muitas vezes de difícil relação com a vacina.

    Existem razões para EAPVs acontecerem, por isso analisa-se tudo!

    A principal delas é em decorrência da falha na aplicação da vacina. Por ser a principal causa, em investigações, este deve tornar-se primeiramente descartado – portanto o primeiro analisado. É considerado um evento evitável, por isso a instrução é importante.

    Outro motivo de termos EAPVs são falhas no controle de qualidade/produção e até mesmo práticas inadequadas para a imunização. Por isso a Anvisa (aqui no Brasil) faz um controle imenso e super detalhado desses processos ao avaliar um imunizante. Quem quiser entender melhor sobre isso, pode assistir a Live que fizemos pelo Todos Pelas Vacinas e a Rede Análise, com Gustavo Mendes, que é gerente geral de medicamentos e produtos vivos da Anvisa.

    Aliás, também é por isso que todo o processo, desde as fases de segurança até a de efetividade, é examinado pela comunidade científica internacional. Além disso, todo evento torna-se alvo de analises minuciosas por órgãos fiscalizadores de cada país. Sempre que necessário – seja por que motivo for! – interrompe-se a produção e analisa-se a causa.

    Como reportar um EAPV?

    Há duas formas principais aqui no Brasil:

    Uma vez notificado, investiga-se o evento para saber se a vacina teve relação com o evento. Após a notificação, há uma sequência na avaliação. Inclusive, há uma troca internacional diária entre as farmacovigilâncias dos países. Isto tudo para alertar sobre o eventual aparecimento de um evento adverso mais grave ou inesperado.

    Todos os eventos esperados são computados e não precisam de investigação (pois são esperados). Os eventos esperados, como o próprio nome já diz, são esperados. Isto quer dizer que são comuns e não apresentam gravidade. Febre é um exemplo deles.

    Mas aqueles eventos inesperados são separados para uma maior e detalhada investigação. Assim, é super importante ressaltar a seriedade com que são estudados e analisados eventos adversos pós-vacinação. Não é uma análise banal ou trivial. Tampouco é algo que passa batido por instituições internacionais. Todo e qualquer evento reportado inicia uma análise e toma-se muito a sério cada uma das análises!

    O que é feito para os dados e análises?

    As equipes responsáveis por analisar EAPVs vão atrás de prontuários médicos, histórico de saúde das pessoas, dos familiares, novos exames e outras informações. O objetivo é entender se houve relação entre a aplicação da vacina e o aparecimento desse evento adverso de saúde.

    Por isso é de suma importância que só se estabeleça a relação se for comprovada. E aqui ressaltamos isso várias vezes exatamente para deixar clara a necessidade de tomarmos muito cuidado com desinformações propositais que nos causam receio (ou como temos chamado hesitação vacinal) ou qualquer veiculação de eventos, sem que tenham sido cumpridos os protocolos internacionais de análise. Infelizmente, vemos muitas situações até mesmo trágicas acontecerem. Mas podemos não ter evidências de que as vacinas foram as desencadeadoras. Além disso, podemos causar receio e hesitação acerca da vacinação, sem que faça sentido a relação entre eventos adversos e a vacina em si. 

    Com isso, sempre alertamos: antes de espalhar algum material que tu recebas, veja se existe algum dado científico atrelado a isto!

    Existe um fenômeno chamado associação temporal, que é quando dois eventos acontecem em tempos muito próximos. Mas podem não ter relação de causa e consequência estabelecida entre eles

    Querendo saber mais sobre isso, já escrevi um fio no Twitter sobre o tema! Olha aqui

    Caso identifiquem-se reações inesperadas graves, que se mostrem um risco à população em geral, a Anvisa pode interromper a autorização da vacina. Para isso, também se leva em conta se o eventual risco de um EAPV pode superar o benefício da vacina.

    E aqui já deixamos bem claro:

    NÃO HOUVE ISSO EM NENHUM MOMENTO NO BRASIL

    Até o dia 06 de Dezembro de 2021, nós tivemos 131.685 EAPVs. Neste mesmo período, tivemos 194 milhões de aplicações da vacina. Isto é, 0,07% das aplicações tiveram alguma notificação. Vamos lembrar que eventos raros acontecem uma vez entre 1.000 e 10.000 aplicações. Já Eventos muito raros acontecem uma vez entre 10.000 aplicações. Isto considerando um evento específico (e não qualquer evento aleatório).

    Estes dados indicam que tivemos 0,7 eventos a cada 1.000 aplicações.

    Além disso, e mais importante, não significa que a vacina é a causa. Significa que observamos os eventos observados depois da aplicação. Além disso, este dado é público e pode ser visto no Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde.

    Contudo, parece-nos fundamental apontar ainda que a grande maioria (92%) dos eventos adversos são reações sem gravidade. Por exemplo: dores de cabeça, dores no local de aplicação, febre e tosse.

    Calma, ainda tem mais sobre EAPVs

    No Brasil tivemos 9.896 reações consideradas graves. Isto significa cerca de 5 eventos a cada 100 mil doses aplicadas. Dessa forma, é algo menor que 0,005%. E tudo isto, destrinchando apenas os eventos em si, sem analisar especificamente se a reação grave teve como causa a vacina! Em suma, ao fim das análises, na verdade, a maioria das reações nada tem a ver com a vacina (ver o link do Boletim Epidemiológico).

    Ainda não está convencido? 

    Existem mais dados a respeito da vacina, os EAPVs e o coronavírus. Todos eles têm apontado que os riscos da infecção viral mostram-se MUITO mais elevados do que os riscos causados pela vacina. Por exemplo, o risco de alguém que tenha sido internado por COVID-19 desenvolver trombose é 41.000x maior que o da vacina.

    Se estiver difícil de entender estes números, podemos explicar com fatores do dia-a-dia. Assim, é muitíssimo mais fácil ter trombose por tomar anticoncepcional (0,05%) ou fumar (0,18%) do que por tomar a vacina contra a COVID-19 (0,0001% – Janssen a 0,0004% – AstraZeneca). Colocando assim, fica claro que quaisquer riscos de EAPVs mais sérios não são nem próximos de serem superiores aos riscos que corremos no nosso cotidiano, e principalmente pensando na infecção pelo coronavírus (COVID-19).

    Segundo o boletim do Ministério da Saúde, o risco de pegar a COVID-19 e morrer é 56,6 vezes maior que o de ter algum efeito adverso após tomar a vacina (seja leve ou grave). Se olharmos estes números, parece bem estranho ter qualquer hesitação vacinal. Mais ainda causar algum debate enfatizando o cuidado tão exacerbado sobre tomar vacina – incentivando que não se tome a vacina como têm sido feito em nosso país!

    Mas e as crianças? E a Miocardite???

    Ah, sim. O tema do momento: e a miocardite em crianças? O risco de uma criança de 5-11 anos ter miocardite ao pegar COVID-19 é 40 vezes maior do que o risco de essa criança ter miocardite ao ser vacinada. Em suma: os riscos são muito maiores para quem não toma a vacina. 

    Portanto, tome sua vacina! Aliás, se estiver sentindo algum efeito, notifique nos links citados. Mas, ressaltando ainda, se tiver dúvidas, não deixe de enviar para nós! Tanto eu, Mellanie Fontes-Dutra, quanto os parceiros Todos Pelas Vacinas, Rede Análise, Observatório COVID-19 e nós, do Blogs Unicamp); estamos sempre disponíveis para ajudar. Vacine-se e se (nos) proteja! 

    Saiba Mais

    Documentos Oficiais:

    Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-Vacinação

    Boletim Epidemiológico Nº 90 – Boletim COE Coronavírus

    Reportagens

    Mali, Thiago (2021) Poder Explica: reações adversas às vacinas contra a covid

    A autora

    Mellanie Fontes-Dutra é biomédica, doutora em neurociência e pesquisadora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Divulgadora Científica na Rede Análise COVID-19. Autora convidada no Especial COVID-19 e parte do projeto Todos Pelas Vacinas.

    Este texto compõe uma série para a campanha Vou Vacinar, do Todos Pelas Vacinas, Mellanie é autora convidada do Especial COVID-19. 

    Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • Campanha #VouVacinar

    A campanha #VouVacinar, do Movimento Todos Pelas Vacinas, tem como proposta o combate à desinformação sobre a COVID-19 e os efeitos e riscos da vacina infantil, a partir da divulgação científica, articulada com a cultura, a arte e a sociedade! Contamos com seu apoio, colaboração e participação na campanha #VouVacinar, que acontecerá ao longo de Janeiro de 2022.

    O movimento #TodosPelasVacinas é organizado pela ABRASCO, Blogs de Ciência da Unicamp, COSEMS/SP, Equipe Halo/Nações Unidas (ONU), Núcleo de Pesquisas em Vacinas da USP (NPV-USP), Observatório COVID-19 BR, Rede Análise COVID-19, Núcleo de Pesquisas em Vacinas da USP, ScienceVlogs Brasil e a União Pró-Vacina.

    E lá vamos nós falar de vacinas!

    Sim! Cá estamos novamente para falar de vacinas contra Covid-19, dessa vez para crianças de 5 a 11 anos!

    No Brasil e em vários países do mundo tivemos uma diminuição drástica de óbitos desde que o esquema vacinal completo foi sendo alcançado por uma grande parcela da população. Sabemos que ainda são necessários cuidados, mesmo vacinados, mas nossa vida definitivamente tem o mesmo pesar do primeiro semestre de 2021.

    Agora é chegado o momento de as crianças adquirirem a imunização, através da vacina! Sabemos que a vacinação sempre foi, historicamente, exemplar em nosso país, com a erradicação da Poliomielite (desde 1989) e da Varíola (desde 1977!!!). Sabemos também que a vacinação é um projeto coletivo de proteção.

    As vacinas destinadas às crianças não são experimentais, elas já passaram pela etapa de análise e são seguras e eficazes para esta faixa etária indicada. Além disso, são fundamentais para o enfrentamento da COVID-19, para o retorno mais seguro das aulas e do convívio social, tão esperado por todas as crianças, que sofreram tanto com os distanciamentos impostos ao longo de 2020 e 2021.

    O tempo de vacinar, agora, é com a leveza que só a infância é capaz de nos proporcionar. A esperança renovada para as crianças, com ciência, conhecimento e políticas públicas de saúde que, historicamente, nosso país tem tradição mundial, tem sua vez na luta contra a COVID-19.

    Nossos materiais estão disponíveis (e serão atualizados com a nova campanha) no Portal: www.todospelasvacinas.info, também vamos lançar textos aqui e vocês podem nesse link aqui

    Mais informações podem ser obtidas nos contatos:

    Ana Arnt (Blogs Unicamp): blogs@unicamp.br; (19) 98364-0054

    Flávia Ferrari (Observatório COVID-19 BR): obscovid19br@gmail.com; (11) 99111-6455

    Todos Pelas Vacinas: todospelasvacinas@gmail.com

  • Passaporte Nacional de Imunização e Segurança Sanitária – Faz sentido isso? – Updated

    Texto escrito por Marina Fontolan e Ana de Medeiros Arnt

    Há alguns meses, fizemos um texto comentando o Projeto de Lei 1674/2021 que trata do Passaporte Nacional de Imunização e Segurança Sanitária (PSS). No entanto, com o avanço da vacinação no Brasil e no mundo, precisamos revisitar essa questão. Aqui, argumentamos ser indispensável a exigência do passaporte vacinal, não apenas nas fronteiras do país, mas mesmo internamente.

    Antes de argumentarmos sobre isso, vamos retomar alguns dos principais pontos que discutimos no texto passado:

    A vacinação não é compulsória;

     Sim! É verdade. A vacinação não é compulsória e defendemos isto! A vacinação, mesmo sendo obrigatória, não é compreendida como sendo uma ação que o Estado brasileiro pode efetuar de forma coercitiva. Existe diferença substancial entre estas duas noções. A vacinação, por ser obrigatória, pode se vincular a atos restritivos a serviços públicos quando não tomarmos. Por exemplo, pode-se restringir nosso acesso a concursos ou serviços públicos específicos, por meio de lei, impossibilidade de matrícula em escolas e universidades, entre outros serviços.

    Podemos seguir sem tomar as vacinas que decidimos não tomar. Todavia, aquelas que são consideradas obrigatórias, podem ter medidas de restrição para acesso de serviços fornecidos pelo nosso país. Essa lógica vale para qualquer outro tipo de decisão que tomamos. Por exemplo: não podemos dirigir sem nossa CNH, mas há pessoas que o fazem e que podem ser punidas por isso se forem pegas. Por exemplo: o voto é obrigatório. Se não votarmos e não justificamos, temos uma pendência com o governo, alguns serviços também ficam suspensos até que paguemos a multa. Não somos PRESOS por isso, mas temos uma restrição legal para acessar espaços e serviços.

    Não deveria ter discriminação de espaços por ações individuais e opções relacionadas ao nosso corpo;

    Este é um ponto interessante e repleto de vieses. Não existe discriminação no sentido de preconceitos contra a pessoa que não quer se vacinar. Mas existe, no pressuposto da lei, a intenção de que pessoas vacinadas ou imunizadas estão seguras e, portanto, podem circular sem prejudicar outras ao seu redor.

    Nestes casos, a idealização da lei poderia ser entendida pelo bem coletivo, mais do que pela criminalização do que se faz com o corpo individual e as decisões acerca disso… O que nos leva para o próximo item. 

    O estado não deveria controlar nossos corpos;

    A princípio não. Mas esta fala é perniciosa em tantos sentidos, não é mesmo? A liberdade sobre os nossos próprios corpos é um debate absolutamente profundo e necessário. Que não se restringe à vacinação. Ela diz respeito a termos o direito de assumirmos quem nós somos – diz respeito à nossa identidade como cidadão de uma sociedade, de uma nação. Assim, o direito ao nosso próprio corpo é parte da minha condição humana e de minha vivência neste país.

    Eventualmente esta liberdade é cerceada quando eu coloco em risco a vida e a segurança dos outros. De qualquer modo, a noção de risco à sociedade é mais vago e difícil de delimitar do que pode parecer.

    Existem várias pessoas que vêm lutando pelo direito de ser quem são, juridicamente, em nosso país há décadas. Direito de ir e vir, casar com quem quiserem, beijar, transar, ter filhos com quem quiserem, quando (e se) quiserem.

    O Estado, ao tornar a vacina obrigatória, não controla o teu corpo – ele te dá a opção de usar diversos serviços públicos ou te restringir acesso a eles.

    Ninguém tem qualquer direito de agir coercitivamente em relação ao teu corpo, vacinando-te. Tens razão, o estado não deveria controlar nossos corpos. Mas não é em processos de vacinação que isto acontece, mesmo quando isto é obrigatório.

    A segurança sanitária coletiva está acima da individual;

    Sim! A segurança sanitária diz respeito à coletividade. A vacina, individualmente, não faz sentido. Se você está vacinado sozinho, não existe qualquer vantagem em relação ao controle da doença e sua circulação. A vacina é um projeto público de controle de doenças em nossa sociedade. E é por isso que, idealmente, ela é obrigatória. Pois visa à saúde da humanidade, acima de indivíduos isolados.

    É fundamental um indivíduo se vacinar, junto com os milhões que vivem próximo a ele. A vacinação, mais do que nos proteger isoladamente, faz com que os vírus não circulem. Neste sentido, quem não pode vacinar por alguma questão de saúde particular, também está protegida! E a vacinação de algumas doenças – talvez a COVID-19 se encaixe aí (ainda precisamos de alguns dados sobre isso) – precisam ser periódicas. Como a gripe, por exemplo.

    • Existe controle de doenças altamente infecciosas com documentos “teste de detecção negativo” com teste de validade

    Por que um passaporte vacinal faz sentido então?

    Há vários pontos que temos que considerar sobre o assunto. O primeiro deles é que a vacinação está avançando muito em muitos países do mundo, ainda que de forma muito desigual. O acesso à vacinação, pelo menos dentro do Brasil, está muito mais facilitado na atualidade e não tomar vacina – na maioria dos casos – está mais ligada à falta de vontade da população de tomá-las do que à falta de acesso. 

    Também é importante notar que o pouco acesso às vacinas fez com que uma nova variante surgisse, a Ômicron. Assim, se quisermos realmente voltar às nossas atividades normais, precisamos exigir a vacinação para que possamos nos proteger contra a Covid e controlar melhor o surgimento de novas variantes.

    Por fim, temos que lembrar sempre que o Brasil continua não fazendo testagem em massa da população. Seguimos ocupando um lugar irrisório no hanking mundial em relação à testagem por milhão de habitantes. Ainda que os números de internações estejam diminuindo no país, não temos como saber com exatidão como a pandemia está no país e, por isso, não temos como ter certeza quando poderemos ter um abrandamento de medidas restritivas. Exigir o passaporte vacinal, assim, vai ajudar o país no controle da pandemia já que sabemos que as vacinas dificultam que o vírus se espalhe com a mesma facilidade de antes. No entanto, é importante notar que o passaporte vacinal não deve substituir testagem em massa, essa sim a forma mais correta de levantar dados para estudar abrandamento das medidas restritivas.

    Lembrem-se: já existe passaporte para outras doenças, quando viajamos para o exterior!

    Outro ponto importante desta questão está relacionado à entrada em outros países. Não é de hoje que alguns países exigem que as pessoas estejam vacinadas para determinadas enfermidades. Um exemplo disso é o México, um país que exige que as pessoas que entrem em seu território estejam vacinadas contra febre-amarela. No entanto, é importante notar que, mesmo estando vacinados, há países que continuam não aceitando a entrada de pessoas de determinadas nacionalidades ou que tenham certos países de origem. Este é o caso dos brasileiros já totalmente vacinados contra a Covid-19. Afinal, os países temem a circulação de variantes e a morosa vacinação no Brasil está sendo fator decisivo nisso. Assim, mesmo que o governo brasileiro crie seu próprio ‘passaporte vacinal’, ele pode não ser aceito em outros países.

    Por outro lado, o passaporte entre países com as doenças sob controle – ou no caso de inexistência da doença há muitos anos (mas ainda existência de hospedeiros intermediários, como no caso da febre amarela) o passaporte adquire outro sentido: a da tentativa de manter a doença erradicada naquela localidade. Um passaporte contra a febre amarela entre fronteiras de países (como Brasil e México) faz mais sentido do que um passaporte interno entre localidades de uma cidade, no caso da COVID-19. Estamos habitando os mesmos espaços e circulamos em espaços conjuntos, antes de adentrar um território cujo acesso seja restrito. Enquanto não controlarmos a circulação do vírus com medidas não farmacológicas, além da vacina em conjunto, e mantivermos a transmissão alta na população, este passaporte tem pouca efetividade na prática.

    Finalizando

    Considerando o avanço da vacinação no país e no mundo, consideramos que o uso do passaporte vacinal é essencial. É ele que garante que a pessoa realmente tomou a vacina e, por isso, não transmite o coronavírus com a mesma facilidade que uma pessoa não vacinada. Além disso, é esse documento que vai proteger nossa população na circulação de novas variantes, como o caso da Ômicron. Por fim, é esse documento que vai proteger a população contra o negacionismo científico e contra os antivax.

    Este texto foi escrito originalmente para o Especial COVID-19, em 21/06/2021 e atualizado nesta versão em Dezembro de 2021.

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, produziu-se textos produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, a revisão por pares aconteceu por pesquisadores da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • [CARTA ABERTA] CONSULTA PÚBLICA SECOVID/MS Nº 1, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2021

    CONSULTA PÚBLICA SECOVID/MS Nº 1, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2021

    Ref.: 25000.184618/2021-87, 0024471968

    Exmo. Sr. Ministro da Saúde,

    Viemos, respeitosamente, por meio deste documento ressaltar não apenas a importância, mas a necessidade crítica de iniciar com urgência, no Brasil, a vacinação de crianças entre 05 e 11 anos de idade, com a vacina Comirnaty, produzida pela Pfizer e BioNTech o mais rápido possível. 

    Neste documento, apresentamos não só evidências apontando a segurança e eficácia da vacina Comirnaty para este público, mas também dados epidemiológicos que embasam a necessidade de iniciar essa campanha de vacinação o mais rápido possível. Afirmamos que não há controvérsias/dissenso na comunidade científica sobre a segurança e a eficácia desta vacina para a faixa etária estipulada. Tampouco existem divergências sobre a importância de iniciar imediatamente a oferta de imunizantes às crianças de 5 a 11 anos.

    Expressamos também nossa contrariedade em conduzir a avaliação desta iniciativa por meio de consulta pública, uma vez que tanto a agência regulatória ANVISA quanto a câmara técnica de assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI-COVID), além de diversos outros órgãos científicos, já emitiram parecer amplamente favorável. Reiteramos nosso apoio e confiança nessas instituições, que são constituídas para avaliação técnico-científica do tema a partir de profissionais técnicos competentes que exercem a função. Em contexto de crise sanitária mundial, temas como este devem ser avaliados pelo Ministério da Saúde mediante consulta restrita às autoridades e sociedades técnico-científicas que possuem capacidade para tal, critério já garantido nas instâncias citadas.

        Entendemos ainda que a escolha por encaminhar uma consulta pública, após aval da ANVISA e do CTAI-COVID, (ação sem precedentes na história do Programa Nacional de Imunizações (PNI/MS)), abre caminho para o aumento da hesitação vacinal na população e para o fortalecimento do movimento antivacina no país. Inclusive o próprio PNI, recentemente, externou preocupação com essa situação quando  realizou ação neste sentido, um encontro com diversos especialistas em imunização e hesitação vacinal. A Organização Mundial de Saúde (OMS) listou, em 2020, a hesitação vacinal como uma das dez ameaças globais à saúde pública. Sendo assim, o questionamento das decisões cientificamente embasadas das agências competentes, externado através da consulta pública instaurada pelo Ministério da Saúde brasileiro, boicota o árduo trabalho de construção da cultura vacinal em nosso país, realizado pelo PNI/MS, que é historicamente exemplar no mundo inteiro. Tais ações colocam em risco o calendário vacinal, tão relevante para a saúde preventiva no país.

    Ressaltamos que estamos vivendo  um tempo de incertezas e medo, em uma pandemia ainda em curso. Medo da própria doença, suas complicações e sequelas. Medo de perder quem se ama. Medo de variantes vindouras e de novas restrições que mudem ainda mais  nossa realidade diária. Nossa maior preocupação é saber que o sentimento de medo é um solo fértil para que cresçam a insegurança e a desinformação. Em uma era de amplo acesso a informações, muitas vezes sem filtro de qualidade ou veracidade das mesmas, conteúdos de todas as partes do mundo podem chegar a milhões de pessoas em poucos minutos. Notícias sem embasamento científico, sem crivo de especialistas ou sociedades científicas, vindas de todas as partes do mundo, contribuem para o aumento  da hesitação.

    SOBRE OS DADOS EPIDEMIOLÓGICOS

        Segundo estudos realizados pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), quase metade das crianças e adolescentes brasileiros mortos por Covid-19 em 2020 tinham até 2 anos de idade; um terço dos óbitos até 18 anos ocorreu entre os menores de 1 ano e 9% entre bebês com menos de 28 dias de vida. Os dados analisados foram obtidos da plataforma Sistema de Informação sobre Mortalidade Infantil (SIM), do Ministério da Saúde (MS). As taxas de mortalidade por COVID-19 em crianças e adolescentes no Brasil (2.453/58 milhões entre 2020 e 2021) são substancialmente mais altas do que em países como os Estados Unidos da América (800/79 milhões) e Reino Unido (68/15 milhões), conforme apresentado recentemente.

        Observando os dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), no ano de 2020, 10.356 crianças entre 0 e 11 anos foram notificadas com diagnóstico de  Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19, das quais 722 evoluíram  para  óbito. Em 2021, as notificações se elevaram para 12.921 ocorrências na mesma população, com 727 mortes, totalizando 23.277 casos de SRAG por Covid-19 e 1.449 mortes desde o início da pandemia. Ainda, dentre  esses casos, 2.978 ocorreram em  crianças de 5 a 11 anos, com 156 mortes, em 2020. E em 2021, já foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145  mortes, totalizando 6.163 casos e 301 mortes desde o início da epidemia. Os dados são da plataforma SIVEP-Gripe.

    O CONASS destaca que, no Brasil, a experiência com os casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), que pode ser desencadeada pela infecção por SARS-CoV-2, mostrou que 64% das crianças/adolescentes acometidos tinham entre 1 e 9 anos de idade (mediana: 5 anos). Entre as crianças hospitalizadas, a necessidade de internação em UTI ocorreu em 44,5% dos casos e a letalidade foi de 6% (cerca de 5 vezes superior à relatada nos Estados Unidos) (RELVAS-BRANDT  et  al.,  2021). O número de mortes por Covid-19 em crianças supera o total de mortes por doenças para as quais temos vacinas disponíveis, que somaram 955 vítimas entre 2006 e 2020 no país, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. 

        Em recente manifestação, as Sociedades Brasileiras de Imunizações (SBIm), Pediatria (SBP), Imunologia (SBI) e Infectologia (SBI), além de instituições como a Academia Nacional de Medicina (ANM), Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) tornaram público o apoio à  vacinação de crianças de 05 a 11 anos no Brasil, destacando a relevância da carga da doença nesta população, as milhares de hospitalizações e centenas de mortes pela Covid-19, além de outras consequências da infecção nesta faixa etária, como a Covid longa.

        Dados publicados demonstram que crianças têm risco de desenvolver  quadro clínico grave de Covid-19, mesmo as que não apresentam  comorbidade, imunocomprometimento ou que fazem uso de imunossupressores por longo prazo. Até julho de 2021, 16.000 crianças nos Estados Unidos da América foram hospitalizadas e mais de 300 morreram. Ainda, as crianças infectadas pelo SARS-CoV-2 também correm o risco de desenvolver uma doença rara, chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica, que envolve a inflamação de várias partes do corpo. Cerca de 4.100 casos de SIM-P foram registrados apenas nos EUA. Considerando os dados disponíveis na literatura sobre Covid longa, estima-se que mais da metade das pessoas diagnosticadas para Covid-19 possam experienciar algum sintoma da Covid longa, a curto e  longo prazo.

    Na emergência de variantes com maior transmissibilidade, como a Ômicron (B.1.1.529), os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul indicam um aumento de hospitalizações em menores de 19 anos. O pico de crescimento é mais acentuado na faixa etária de crianças menores de um ano, conforme o gráfico abaixo, apontando uma tendência de crescimento para as próximas semanas: 

    Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention – CDC) dos EUA também mostram um aumento considerável de hospitalizações por Covid-19 em crianças após julho de 2021, consistente com um aumento de mobilidade populacional, em um cenário no qual as crianças, por não estarem vacinadas, estão mais expostas aos riscos atrelados a doença:

    O CDC também indica que há uma sobreposição entre a SIM-P e os casos de Covid-19, trazendo preocupação para um potencial aumento após as festividades de fim de ano no Brasil, período conhecido pelo aumento de mobilidade e diminuição de adesão ao distanciamento social.

    SOBRE A VACINAÇÃO EM CRIANÇAS

        Segundo dados analisados e apresentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no dia 16 de dezembro de 2021, a vacina ComirnatyⓇ, desenvolvida pelas farmacêuticas Pfizer Inc. e BioNTech SE, tem uma apresentação diferenciada em relação à vacina aplicada nos indivíduos acima de 16 anos: a vacina apresenta uma concentração reduzida de ácido ribonucleico (RNA) mensageiro, além do volume de aplicação também ser reduzido e o veículo ser diferente. Esta vacina indicada ao público alvo de 05 a 11 anos não se mostrou inferior, quanto a sua imunogenicidade (isto é, a indução de anticorpos neutralizantes após a vacinação), quando comparada com a vacina utilizada no público de 16 a 25 anos. Esta imunogenicidade se manteve elevada, mesmo considerando variantes de preocupação, como a variante Delta. 

    Os dados também estão disponíveis na publicação online na revista New England Journal of Medicine (NEJM), que apresenta dados de elevada eficácia (90,7%) em casos de Covid-19 com início de sete dias ou mais após a segunda dose, relatada em três crianças vacinadas e em 16 crianças do grupo placebo. Quanto ao perfil de segurança da vacina, nenhum caso grave foi relatado no público entre 05 e 11 anos, sendo a dor no local da injeção (leve a moderada) o efeito adverso mais frequentemente relatado, com resolução completa em poucos dias.  

    Segundo os dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, até o dia 16 de dezembro de 2021, foram reportados oito casos de miocardite  num total de mais de 7 milhões de crianças de 05 a 11 anos que receberam o imunizante acima referido (cerca de 0,00011%). Segundo o CDC, todos os anos, registram-se um a três casos de miocardite por cada 100.000 crianças e adolescentes sem relação com a Covid-19 (cerca de 0,003%). No entanto, a Covid-19 aumenta em cerca de 36 vezes o risco de miocardite para indivíduos menores de 16 anos. Um estudo recente aponta que entre 255 pacientes que desenvolveram SIM-P após a infecção pelo vírus da Covid-19, 75% tiveram miocardite. Mesmo considerando os relatos após a vacinação, segundo os dados apresentados pela ANVISA em reunião, o maior risco observado para miocardite após a vacinação não excedeu 0,07% (em meninos na faixa dos 16 a 17 anos). Portanto, este consenso em um número majoritário de estudos permite concluir que, quaisquer riscos de eventos adversos graves, com possibilidade de relação com a vacinação a ser confirmada, são significativamente inferiores aos benefícios promovidos pela própria vacinação. Isto é, a vacinação é segura, com baixíssimos riscos de eventos adversos e a melhor medida de combate à doença que temos neste momento.

    Segundo dados públicos das investigações conduzidas em Israel, os casos de miocardite relatados após a vacinação (cerca de 2,3 a cada 100.000 indivíduos – 0,0023%) em indivíduos maiores de 16 anos tiveram evolução benigna, sendo a grande maioria de intensidade leve a moderada. Não houve mortes relacionadas aos eventos de miocardite. 

    Em epidemias, as medidas de controle incluem a vacinação e o alcance da cobertura vacinal adequada, de acordo com o curso das doenças. Ainda, quando doenças podem ser prevenidas pela vacinação, esta é a principal medida de saúde coletiva para a proteção da população. Historicamente, a vacinação de populações tem sido um fator fundamental para o controle das epidemias. No caso da Covid-19, a vacinação é uma estratégia importante para a faixa etária de 05 a 11 anos, conforme os dados aqui mencionados apontam, visto que apesar de vacinas não serem produtos farmacológicos isentos de efeitos adversos, os riscos da infecção por SARS-CoV-2 superam amplamente os riscos de efeitos adversos. Dessa forma, pelos benefícios da vacinação das crianças de 05 a 11 anos serem evidentemente superiores aos riscos de efeitos adversos, conforme os dados demonstram, é necessário e urgente o início da vacinação também deste grupo etário.

    Por fim, considerando que a vacinação em massa diminui o número de internações hospitalares, incluindo ocupação de leitos em UTI, e diminui significativamente a transmissão do vírus, a campanha infantil vem de encontro à consolidação da tão esperada cobertura vacinal. A campanha de vacinação infantil terá impacto direto na diminuição de óbitos de crianças, sequelas advindas da doença e, além disso, impactos econômico e social positivos/relevantes ao diminuir o uso de leitos hospitalares e a transmissão do vírus no retorno às atividades escolares e encontros sociais.   

    CONCLUSÕES

        Considerando os dados acima citados, bem como as análises realizadas por agências reguladoras internacionais e do Brasil, as quais já emitiram a aprovação para o uso do imunizante desenvolvido pela Pfizer Inc. e BioNTech SE para o público de 05 a 11 anos;

        Considerando a alta carga viral que a Covid-19 pode oferecer a crianças de 05 a 11 anos, as consequências da infecção como a SIM-P, o risco de hospitalização e óbito, além do risco de manifestações pós-infecção aguda na Covid Longa;

        Considerando as análises e cartas em prol da vacinação da faixa etária de 05 a 11 anos, de sociedades brasileiras, como a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), entre outras sociedades de grande relevância;

        Considerando a emergência de uma variante com potencial de maior transmissibilidade, somado aos dados epidemiológicos da África do Sul e de outros países, os quais estão enfrentando a aceleração de casos decorrentes da variante Ômicron (B.1.1.529);

               Considerando a tendência de aumento de carga da doença nessa população não-vacinada com a nova variante Ômicron  (B.1.1.529), aumentando ainda mais as hospitalizações e os óbitos entre crianças;

        Considerando o retorno completo das aulas presenciais em 2022, fato que pode ampliar a transmissão da doença entre esse grupo de 05 a 11 anos;

        Considerando as hospitalizações analisadas e apresentadas nas semanas epidemiológicas apontadas e o fato de os números de óbitos já superarem valores observados para outras doenças preveníveis por vacinas, no período de 2006 a 2020;

        Considerando que os benefícios da vacinação superam os riscos de quaisquer eventos adversos graves raros que possam ser observados após a vacinação;

        Considerando o extenso monitoramento que será realizado durante a campanha de vacinação para crianças de 05 a 11 anos, como já afirmado pela ANVISA e como parte da farmacovigilância do país;

        Ressaltamos a necessidade crítica e a importância de iniciar, com urgência, a campanha de vacinação para crianças de 05 a 11 anos no Brasil com o imunizante ComirnatyⓇ, conforme estabelecido pelo parecer e análise da agência reguladora brasileira – a ANVISA – com toda a exigência de monitoramento e compartilhamento de dados colocada pela agência à farmacêutica.

    ASSINATURAS

    As assinaturas estão sendo atualizadas no site:

    https://www.todospelasvacinas.info/posicionamentos

    O Documento foi originalmente publicado e elaborado por pessoas do movimento Todos Pelas Vacinas, com assinatura de colegas que apoiam a carta aberta. A publicação foi feita com anuência do movimento.

    Se você quer colaborar com esta carta, você pode compartilhar este documento – ou o site original do Todos – e, também, na rede social Twitter do Todos Pelas Vacinas

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, produziu-se textos produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, a revisão por pares aconteceu por pesquisadores da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • #VacinaNoGrau: Pfizer, tá passada?

    Texto escrito por Mellanie Fontes-Dutra e Ana Arnt

    A Pfizer é a vacina que está sendo utilizada para eles: os jovens, aqui no Brasil, na campanha de vacinação neste momento. Tá passada?

    O anúncio dos resultados sobre a eficácia da Pfizer em adolescentes aconteceu no dia 31 de Março de 2021. E hoje, já que estamos lançando a campanha #VacinaNoGrau, resolvemos retomar este estudo! Aliás, já de cara, a notícia foi animadora. A eficácia foi muito alta e não foram observados casos de COVID-19 na amostra analisada de participantes adolescentes nesse estudo!

    Vamos entender como foi a pesquisa?

    O ensaio envolveu 2.260 adolescentes de 12 a 15 anos de idade nos Estados Unidos. Foram observados 18 casos de COVID-19 no grupo de placebo (que teve um N amostral de 1.129 adolescentes). Já no grupo vacinado (que teve um N amostral de 1.131 adolescentes), não houve nenhum caso.

    Em função de nenhum caso ter sido observado no grupo vacinado, a eficácia estimada chega a 100%. Todavia, é sempre bom lembrar que, esse dado é para uma amostra de 18 eventos. Isto é, quando extrapolamos este dado para milhares de vacinados – como ocorre na população geral – a possibilidade sempre é de que a gente observe um ou outro caso de COVID-19 em vacinados sim!

    E o que isto quer dizer? Que as medidas não farmacológicas de uso de máscaras, distanciamento físico e cuidados redobrados em espaços fechados e não ventilados seguem valendo E MUITO.

    Voltando aos dados do estudo, a vacina demonstrou ter uma proteção considerável contra agravamentos também! A regra do anterior segue valendo: a vacina é segura e têm proteção considerável, mas medidas não farmacológicas seguem sendo fundamentais. A gente não cansa de repetir isso, só para ter em mente isso. Isto é, para daqui a pouco ninguém vir dizer, se em milhares de vacinados aparecer algum caso: “AAAAH MAS NÃO ERA 100% EFICAZ?”. 

    Siacalme rapaz, isso não invalida TODA a proteção da vacina não

    Vamos falar de Imunogenicidade agora…

    A vacina desencadeou uma boa quantidade de anticorpos neutralizantes de SARS-CoV-2. Assim, esta vacina demonstra forte resposta imunológica um mês após a 2ª dose. Aliás, na análise anterior com participantes de 16 e 25 anos, essas quantidades também foram bem significativas. 

    E a tal da segurança?

    A vacina foi bem tolerada, com efeitos colaterais geralmente consistentes com aqueles observados em participantes de 16 a 25 anos de idade. Isto é: te joga guri, que vai dar bom.

    Mas não para por aí não… O estudo está sendo atualizado

    Como assim? Claro, ainda há mais grupos e faixas etárias para sabermos sobre a vacina, né? Dessa forma, está em andamento a atualização do estudo com crianças de 11 anos. Neste estudo, de fase 1/2/3 está sendo conduzido com crianças de 6 meses a 11 anos. Assim, avaliando segurança, tolerabilidade e imunogenicidade da vacina em um esquema de duas doses (aproximadamente 21 dias de intervalo)

    Os grupos:

    – Crianças de 5 a 11 anos

    – 2 a 5 anos

    – 6 meses a 2 anos.

    A coorte de 5 a 11 anos começou a receber as doses ainda em março. E nos planos estava iniciar a coorte de 2 a 5 anos em abril de 2021.

    Aprovadíssima

    No Brasil, a Nota Técnica Nº 36/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS inclui crianças e adolescentes de 12 à 17 anos na campanha de Vacinação.

    Nesta nota técnica (NT), o Ministério da Saúde (MS) considera primordial que 85% da população brasileira seja vacinada contra COVID-19. Isto, a fim de reduzir drasticamente a transmissão da doença em nosso país. Dessa maneira, considerando o registro na Anvisa, em 10/06/2021, a Pfizer foi autorizada para a vacinação de jovens nesta faixa etária. Aliás, é a única, até o presente momento.

    A NT ressalta que a vacinação de adultos acima de 18 não foi concluída. Também aponta que esta faixa etária corre, significativamente, mais riscos de contrair e ter agravamentos no caso de COVID. Todavia, a vacinação dos jovens – que retornaram à escola, bom lembrar – é uma das ferramentas para isto para diminuir a transmissão de forma geral.

    Sobre os riscos em jovens

    Além disso, jovens com algum fator de risco relacionado a comorbidades, como traz a nota técnica, também aumentam a chance de agravamento. Dessa forma, este é outro fator que justifica a vacinação desta faixa etária, mesmo não tendo sido finalizada a vacinação de adultos.

    Figura retirada da Nota Técnica

    Tendo em vista estas análises, o MS através incluiu jovens de 12 a 17 anos no Plano Nacional de Operacionalização de Vacinação contra a COVID-19.

    Dia 15 de setembro, segundo a NT, teremos concluída a remessa de doses suficientes para vacinar 100% da população ADULTA com pelo menos uma dose! Aliás, hoje também inicia oficialmente o calendário de oferta de vacinas se dá a partir de 15 de setembro. Embora em alguns estados e municípios tenham começado antes. Todas as vacinações nesta faixa etária acontecerão, exclusivamente, com a vacina da Pfizer. 

    A ordem de prioridade para vacinação desta faixa etária é população de 12 a 17 anos:

    1. Com deficiências permanentes.;
    2. Com presença de comorbidades;
    3. Gestantes e puérperas;
    4. Privados de liberdade;
    5. Sem comorbidades.

    O que mais acontece dia 15 de setembro?

    Isto mesmo, a nossa campanha #VacinaNoGrau, destinada a todos aqueles jovens que estão iniciando esta etapa fundamental no combate à COVID-19!

    Acompanhe as datas no seu município para ver quando chegar o teu dia!!

    Por fim, lembre-se: vacinou? Se exibe por aí MESMO! Afinal, a vacinação é um direito de todos nós e uma alegria por fazer parte de mais uma etapa para vencermos a COVID-19!

    Aliás, inclusive marca o Todos Pelas Vacinas, marca os grupos parceiros, marca nossas tags #TodosPelasVacinas e #VacinaNoGrau, comemora mesmo! Mas, claro, comemora de máscara, com distanciamento, respeitando as regrinhas básicas não farmacológicas ahahahaha.

    Para Saber Mais

    MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA EXTRAORDINÁRIA DE ENFRENTAMENTO À COVID-19, NOTA TÉCNICA Nº 36/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS

    BRASIL Lei nº 14.190, de 29 de julho de 2021

    BRASIL Lei nº 14.124, de 10 de março de 2021

    PFIZER-BIONTECH (2021) Pfizer-BioNTech Announce Positive Topline Results of Pivotal COVID-19 Vaccine Study in Adolescents 

    As autoras

    Ana Arnt é Bióloga, Doutora em Educação, Coordenadora do Blogs de Ciência da Unicamp e do Especial COVID-19

    Mellanie Fontes-Dutra é biomédica, doutora em neurociência e pesquisadora na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Divulgadora Científica na Rede Análise COVID-19

    Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.


    editorial

  • A vacinação chegou – finalmente – a nós, os jovens.

    9 meses de pesquisas e testes, 4 meses para o início da vacinação no país, 5 meses vacinando os mais velhos. Um total (até o momento) de 18 meses de pandemia e, para muitos, 18 meses em casa: home office, chamadas de vídeo, pedidos de delivery. E agora, com os nossos pais, tios e avós protegidos, é a nossa vez: temos vacinas!

    Uma promessa. Uma esperança. Um sonho. Um desejo de voltar à “normalidade”. 

    Com o pensamento de “Enfim, tomei a primeira dose!”, outras ideias surgem:

    Vou poder rever meus avós, parentes e amigos. 
    – E agora, vou poder ir àquele bar com meus colegas.
    – E sobre as aulas, eu deveria voltar às aulas presenciais.

    Mas então, uma pergunta ainda ressoa no fundo da nossa mente:

    “Vou poder… mas devo?”

    Com o anúncio da vacinação da população mais jovem (abaixo dos 25-30 anos), muitas pessoas começaram a pensar que a pandemia estava chegando ao seu fim. Que magicamente, a partir de um dia, as pessoas poderiam sair de suas casas livremente, sem precisar usar máscara, sem precisar manter a distância uma das outras, sem precisar se preocupar mais com o vírus da Covid-19. Muitas pessoas pensaram que um simples anúncio ou decreto faria a pandemia acabar. 

    Mas uma pandemia não funciona e nem termina, assim. A fala, a promessa e o decreto de um político não faz com que o vírus deixe de ser transmitido entre as pessoas. São as políticas de saúde pública somadas às ações individuais (que estão ao alcance de cada um de nós) que têm esse poder.

    Com o anúncio da vacinação, o que se viu foi um grande número de pessoas mais jovens indo receber sua primeira dose. Para fins de comparação, aqui no estado de São Paulo, o início das vacinações para 25 anos ou mais foi em 6 de agosto e para maiores de 18 anos foi em 16 de agosto. Hoje (4 de setembro), temos cerca de 80% da população nessa faixa de idade (18-30) com a primeira dose, mas somente 30% (25-29 anos) e 11% (20-24) com a segunda.

    É claro, podemos argumentar que grande parte dessas pessoas está entre o período da primeira e segunda dose. E que quando chegar a data para a segunda dose, todos esses 80% que receberam a primeira irão até o posto mais próximo tomar a segunda. 

    (Observação: os dados abaixo foram todos coletados até dia 04 de setembro, podendo ter alguma defasagem)
    Fonte (também está nas referencias): https://ods-minas.shinyapps.io/covid-19/

    Mas podemos realmente argumentar e esperar tal fenômeno? 

    Vamos olhar para as outras faixas de idades.

    Quando observamos os idosos (+60 anos), vemos que a maioria recebeu a primeira (99%) e a segunda dose (95%). E isso já era o esperado, vide que eles estavam entre os primeiros grupos a serem imunizados lá em março e, mesmo com período maior entre as duas doses (como no caso da vacina da Astrazeneca/Fiocruz), estes já teriam tido tempo de receber a segunda.

    Agora, vamos olhar para o grupo entre os mais jovens e idosos, a população entre 31 e 59 anos. A primeira coisa que notamos ao ver os números de vacinados com a primeira dose é uma redução destes: aqueles entre 55-59 anos com uma porcentagem parecida com os idosos e, quanto mais diminuímos a idade, mais há uma redução dessa porcentagem, até ficar parecida com os mais jovens (por volta de 80%). 

    Contudo, o que mais chama a atenção é o número de pessoas com a segunda dose. Assim como aconteceu com os mais velhos, uma parte considerável desse grupo (por exemplo, aqueles entre 50-59 anos) já teriam tido tempo de receber a sua segunda dose, mas o que se vê é que menos de 50% destes voltaram para tomá-la. Esse problema seria menor se fosse visto somente para essa faixa de idade, mas vemos que é um problema generalizado:

    nenhuma faixa de idade abaixo dos 60 anos, até dia 4 de setembro, chegou a ter 50% da sua população com duas doses

    É importante lembrar que aqui estamos tomando como exemplo somente o estado de São Paulo, que é o estado onde a vacinação está indo mais rápido. Se olhamos o Brasil como um todo, isso se torna até mais aparente.

    Fonte (também está nas referencias): https://ods-minas.shinyapps.io/covid-19/

    Algumas falas ouvidas por aí dão uma ideia do que porquê estamos vendo isso:

    “Tomei a primeira dose e já estou protegido”

    “Não preciso tomar a segunda dose, com a primeira já ‘tá’ tudo bem”

    “Sou mais novo, só a primeira dose já vai me proteger”

    E estamos falando somente dos “argumentos” que parte da população que chegou a tomar a primeira dose usa. 

    “E qual o problema nisso tudo”?

    Não devemos falar em problema, no singular, mas sim em problemaS, que por serem tantos, tentarei resumi-los. 

    A começar pela variante Delta, que já chegou no Brasil e vem tomando conta do país, já sendo a variante mais prevalente aqui. 

    Fonte (também nas referências): Fiocruz 

    Fonte: Our World in data

    E as vacinas? E a vacinação?

    Como discutido em um texto recente aqui do Especial, cada vez mais estudos vêm mostrando que, apesar da proteção causada pela vacinação completa (duas doses ou dose única da Janssen) ser um pouco menor para a variante Delta, essa proteção ainda é muito boa, sendo capaz de reduzir o número de óbitos e casos de Covid grave (aqueles que precisam de UTI). Já para casos mais leves e moderados, essa proteção é reduzida. 

    Contudo, essa manutenção da proteção gerada pelas vacinas foi vista somente naquelas pessoas que tinham recebido ambas as doses. Nos casos em que o indivíduo tinha sido vacinado com somente uma dose de Pfizer ou Astrazeneca, os cientistas descobriram que a proteção gerada pela vacina contra a variante Delta era muito baixa, quase inexistente. O mesmo foi visto para pessoas que tinham tido Covid-19 de forma natural, principalmente aquelas pessoas que se infectaram com a variante Gama, a nossa variante, que por alguns meses foi a mais transmitida no Brasil.

    Só essas informações já nos dão um indicativo de que uma única dose não é mais o suficiente para nos proteger. E isso se reflete no processo de vacinação. Há alguns meses houve discussões de se aumentar o período entre doses da Pfizer e Astrazeneca, a fim de se vacinar o maior número de pessoas possível, pensando que quanto mais pessoas com a primeira, maior seria o número de indivíduos protegidos. Entretanto, com a variante Delta se espalhando, essa estratégia já não faz muito mais sentido. E, por isso, agora se fala em reduzir esse período entre doses para 21 dias, no caso da Pfizer, e 8 semanas, no caso da Astrazeneca, tudo com o intuito de se vacinar o maior número possível de pessoas com a segunda dose.

    Mas como temos dito desde sempre: não é só com a vacinação que vamos acabar com a pandemia. 

    Precisamos sim que as pessoas se vacinem e voltem para tomar a segunda dose. Mas também, tão importante quanto, precisamos parar a transmissão do vírus. E é aí que vemos o segundo grande problema: o aumento da mobilidade urbana.

    Em termos mais claros, as pessoas não ficam mais em casa. O distanciamento social tem diminuído. Com um número maior de indivíduos se deslocando na cidade, indo a parques, mercados, farmácias, shoppings, lojas, cinemas e mesmo trabalhando (por exemplo, de volta em escritórios), temos visto um aumento da mobilidade urbana. Olhando para os números de casos, podemos até pensar que essa reabertura da sociedade, com as pessoas voltando a se deslocar, não influenciou a pandemia. Entretanto, olhando para outros países, podemos ver qual será o nosso possível futuro, se não fizermos nada para mudar isso.

    Vamos pegar como exemplo Israel, país que foi modelo no processo de vacinação e que vacinou rapidamente uma grande porcentagem da sua população (mas lembrando que não atingiram uma cobertura vacinal suficiente para proteger toda a população). 

    Seu processo de vacinação começou em dezembro, quando eles já estavam sofrendo com a terceira onda, decorrente de casos da variante Alfa (do Reino Unido).
    vacinação em Israel
    Fonte: https://ourworldindata.org/coronavirus

    Seu processo de vacinação foi rápido e, aliado a isso, o país fez um fechamento fortíssimo das cidades.
    vacinação em Israel e novos casos diários
    A marcação é o dia em que começaram as vacinações. Fonte: Rede Análise COVID-19
    O que se observou nesse período foi uma grande redução do número de casos e mortes.
    vacinação em Israel e novos casos e óbitos
    Fonte: Rede Análise Covid-19

    Com um alto número de pessoas vacinadas e um fechamento coordenado, logo o país começou a ensaiar uma reabertura da sociedade, com as pessoas podendo voltar a se aglomerar e não precisar mais usar máscaras.
    situação de mobilidade de Israel
    Fonte: Rede Análise COVID-19

    O resultado disso começou a ser visto em julho, após a introdução da variante delta no país: um aumento do número de casos, mortes e hospitalizações, mesmo com a vacinação de 60% da sua população.
    Novos Casos por dia

    Óbitos por dia

    Pacientes em UTI

    Essa situação não foi exclusiva de Israel, podendo ser vista em outros países: Reino Unido, Estados Unidos, Holanda, França, e vários outros. Em todos os casos, no início da vacinação se viu uma grande redução do número de casos e mortes por Covid e, em seguida, após suas sociedades reabrirem e as pessoas voltarem a circular de forma descontrolada (como estamos vendo no Brasil), surgiu uma quarta onda de casos, mortes e hospitalizações. 

    Chegando ao fim desse texto, respondo a pergunta com a qual comecei ele:

    “O dia da vacinação chegou, vou poder sair agora que tomei a primeira dose… mas devo?”

    Não. Não deveríamos. 

    Pelo menos enquanto não tivermos tomado a segunda dose. 

    Em termos de população, a lógica deveria ser “não, pelo menos enquanto não tivermos vacinado completamente ¾ de nossa população”. 

    E em termos de mundo, nossa noção deveria ser: “não estamos plenamente seguros, nem venceremos a pandemia enquanto o mundo não tiver, pelo menos, ¾ de sua população protegida com o esquema vacinal completo”.

    Até lá, o que devemos fazer é continuar nos protegendo, usando máscara, distanciamento social e diminuindo a circulação de pessoas nas ruas. 

    Muitas vezes, o simples ato de repensar em sair de casa para ir ao bar, ou fazer compras, ou ver alguém (mesmo que essa pessoa tenha tomado a vacina) ajudará a atingirmos esse futuro – que tanto sonhamos – mais rápido.

    Referências para os dados:

    Artigos citados sobre a Delta:

    Reportagens sobre o anúncio da vacinação

    São Paulo começa vacinação para pessoas com 25 anos

    SP antecipa vacinação de adultos e imuniza adolescentes a partir de 18 de agosto

    Cidade de SP vacina contra Covid pessoas com 18 anos ou mais nesta segunda-feira

    Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.


    editorial

  • Vacinômetros: quais dados estão sendo informados?

    Texto de Ana de Medeiros Arnt e Leonardo Augusto Medeiros

    Vocês já perceberam como as informações sobre o andamento da vacinação estão confusos e podem atrapalhar nossa compreensão sobre os dados? Hoje nós resolvemos olhar os famosos “vacinômetros”!

    Quando vamos analisar, há vários dados que parecem conflitantes e, até para tomarmos decisões baseados na sensação de estarmos mais ou menos seguros – individual ou populacionalmente. Verdade seja dita, não sei vocês, mas do lado de cá, cada um de nós vibra com as postagens de fotos de vacinas e com os números de vacinados crescentes!

    Mas como deveríamos olhar estes dados e que tipos de cuidados precisamos ter?

    Temos usado um termo de forma recorrente para falar de vacinação em massa que é cobertura vacinal. A cobertura vacinal nada mais é do que a quantidade de pessoas, dentro de uma população, que está com o esquema vacinal completo. Já o esquema vacinal completo, para COVID-19 seriam as duas doses e o tempo de imunização, ou a dose única e o tempo de imunização.

    Ao longo de toda a comunicação sobre vacinação também falamos sobre como seria importante ter uma alta cobertura vacinal para termos segurança no que tange à diminuição de casos e de circulação de vírus. Claro que tudo isso atrelado à manutenção de medidas não-farmacológicas tanto quanto fosse possível. Isto é: uso de máscaras (preferência para as filtrantes tipo PFF2), distanciamento físico / social, evitar ao máximo espaços fechados e não ventilados.

    Mas e quanto é uma boa cobertura vacinal? No início de 2021 apontamos que seria importante termos acima de 70% de vacinados na população para começarmos uma abertura segura. Neste meio tempo, tivemos o início da vacinação em nosso país e, também, a chegada da variante Gamma (p.1) e todo o caos de saúde pública vivenciado em Março e Abril deste ano – como se fosse pouco tudo o que tínhamos vivenciado até então.

    Em suma, temos apontado mais recentemente que seria fundamental termos 75% de cobertura vacinal – ou mais do que isto, perto de 90% frente à variante Delta. 

    Cobertura vacinal de 75% representa o quê exatamente?

    Em nosso país, considerando a totalidade da população 75% representa todos os adultos acima de 18 anos estarem vacinados com duas doses ou dose única. Todavia, antes, alguns lembretes:

    1. Se tomarmos as vacinas que têm regime de duas doses precisamos de duas doses para nos protegermos

    2. Nos protegermos significa também proteger quem está em nossa volta.

    3. Estarmos vacinados significa seguir usando medidas não farmacológicas tanto quanto for possível.

    Dados públicos de vacinação nas redes sociais e sites oficiais

    Como buscamos informações

    Sobre os dados de vacinação nos estados e municípios brasileiros, nós pedimos ajuda de quem segue nosso trabalho na rede social Twitter para ver como algumas prefeituras e estados estão divulgando os dados! Vimos vários modos de divulgação e vamos apresentar aqui alguns deles.

    Para explicar como vamos apresentar estes dados

    É importante dizer que tentamos agrupar por “como os dados estão organizados”: há quem só diga quantas doses foram aplicadas, há quem apresente porcentagens de populações ou parcelas de população vacinadas; há quem coloque vacinação junto com outros dados da COVID. Tudo isso modifica bastante a informação que está nos sendo fornecida e, também a facilidade ou não de lermos estes dados.

    De modo algum nosso intuito é desmerecer o trabalho das prefeituras que têm feito um esforço grande em deixar as populações de seus municípios informadas, já ressaltamos aqui! No entanto, conforme vamos recebendo perguntas, também percebemos que existe dificuldade de compreensão das informações que existem não só nas comunicações em si, mas em um montante de informações que a população procura em outros espaços para conseguir tomar decisões para melhor se prevenir. E, muitas vezes, é nessa quantidade de informações e dificuldade de entender números específicos, que também vamos nos confundindo… 

    Assim, organizamos tudo a partir de como consideramos que alguns dados poderiam ser apresentados os dados de vacinômetros, a partir da ideia de cobertura vacinal, já que este é um dado que nos dá uma ideia geral de como a nossa população está neste momento.

    Por fim, também ressaltamos que usamos as informações que nos foram fornecidas, isto é: não fomos atrás para ver “como mesmo” estes dados estão nas plataformas das prefeituras. Dessa maneira, compreendemos que essa decisão se faz necessária deixar clara, em função de termos apresentado nossas ideias aqui a partir de como o público coleta informações sobre a vacinação – e muitas vezes como este público vem até nós perguntar. É a partir destes dados divulgados em redes sociais e sites oficiais de seus municípios.

    Nós dividimos as informações que recebemos em três categorias para apresentar a vocês:

    1) Vacinômetros com aplicações de doses: Cidades que apresentam números totais de vacinados;

    2) Vacinômetros com porcentagens de vacinados: Cidades ou estados que apresentam porcentagem de “público vacinado”, esta categoria apresentou variações que dividimos em

    • População com primeira dose completa: considera apenas a porcentagem que tomou a primeira dose, para apresentar os dados ao público;
    • Público vacinável vacinado: Isto é, quantas pessoas entre aquelas que podem ser vacinadas foram vacinadas;
    • População Vacinada: faltando dados sobre informações de doses, população vacinável e população geral.
    • População Adulta Vacinada e População Geral Vacinada: detalhando as informações em categorias

    3) Vacinômetros com porcentagens de vacinação: porcentagens aleatórias e sem informações detalhadas: porcentagens que não informam exatamente sobre o que se trata o dado apresentado.

    Ressaltamos que recebemos uma quantidade enorme de exemplos e não foi possível usar todos, infelizmente. Foram mais de 70 mensagens recebidas, as quais agradecemos imensamente. Dessa forma, buscamos agrupar e utilizar o máximo de exemplos para diversificar a informação e mostrar informações palpáveis para compreender melhor como ler estes vacinômetros.

    Vamos aos exemplos de vocês?

    Vacinômetros com aplicações de doses

    1/3 Vacinômetros de municípios que colocam aplicações de doses como informação
    2/3 Vacinômetros de municípios que colocam aplicações de doses como informação
    3/3 Vacinômetros de municípios que colocam aplicações de doses como informação

    Vacinômetros com porcentagens de vacinados

    1/5 Vacinômetros de municípios que colocam porcentagem da população como informação
    2/5 Vacinômetros de municípios que colocam porcentagem da população como informação
    3/5 Vacinômetros de municípios que colocam porcentagem da população como informação
    4/5 Vacinômetros de municípios que colocam porcentagem da população como informação
    5/5 Vacinômetros de municípios que colocam porcentagem da população como informação

    Vacinômetros com porcentagens de vacinação

    Vacinômetros com porcentagens de vacinação

    O que podemos falar sobre estes exemplos que trouxemos aqui?

    É de suma importância que as prefeituras apresentem os dados de maneira clara e objetiva, dando ênfase sempre às informações com maior impacto sobre o combate à pandemia. Dessa forma, é bom lembrar que, em casos como os que estamos vivendo, as comunicações oficiais também têm um papel de informar as populações para melhor conduzir suas ações e decisões acerca das proteções individuais.

    Assim, nós consideramos que a porcentagem da população total que já foi vacinada, com uma dose é importante sim. Mas especialmente a parcela que já está com seu esquema vacinal completo é fundamental como dado técnico para compreendermos em que etapa estamos neste momento, de cobertura vacinal e, portanto, proteção coletiva.
    Ao fazer recortes específicos, como, por exemplo, considerar apenas o percentual de adultos vacinados, ou até mesmo divulgar apenas o percentual entre as vacinas recebidas e aplicadas, pode-se gerar confusão na população, que vê números mais altos e pode ser levada à compreensão de que a cidade já está em um patamar mais alto de imunização, portanto, em um nível maior de segurança. 

    Não priorizar esses dados, divulgando outros com menor relevância prática no combate ao vírus pode ser mais um ruído – dentre tantos que temos.

    Por outro lado, não é nosso intuito (novamente) desmerecer o trabalho que todos têm feito para informar a população. Mas também apresentar a quem tem acompanhado nosso trabalho, um pouco sobre como estes dados podem ser lidos e quais limites de informações podemos extrair dali, neste momento.

    Por fim

    Este texto, feito de forma colaborativa, só tem a agradecer a todos que ajudaram enviando imagens para que conseguíssemos ver a diversidade de formas de comunicar sobre as vacinas. É importante, dentro do nosso trabalho, afim de que nós tenhamos mais condições de entender quais são as dúvidas comuns que surgem. Além disso, compreender como as informações têm sido percebidas por todos. Por fim, novamente ressaltamos que de forma alguma este levantamento teve intenção de ser “completo”, nem uma crítica direta às prefeituras, que tem feito um esforço enorme para deixar sua população informada sobre o andamento da vacinação.

    Para Saber Mais

    Cobertura vacinal, retomadas, indivíduos e população

    Sobre aberturas, cautelas e políticas públicas

    Estratégias de vacinação: o que se leva em conta?

    Coronavírus Brasil: Site oficial | Twitter 

    Vacinômetros, via Rede Análise COVID-19

    Langdon Data Monitor da Covid: Vacinação

    Os autores

    Ana de Medeiros Arnt é bióloga, Doutora em Educação, Professora do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenadora do Blogs de Ciência da Unicamp e do Especial COVID-19

    Leonardo Augusto Medeiros é graduado em cinema e audiovisual, é um dos administradores no grupo Coronavírus Brasil e realiza o levantamento dos dados sobre a pandemia, e divulgação dos dados da vacinação.

    Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.


    editorial

  • [PRESS RELEASE] Todos pelas Vacinas reúne organizações de divulgação científica e entidades científicas em ações pró vacinação contra a Covid-19 para adolescentes

    Com o avanço do Programa Nacional de Imunização  contra a Covid-19, uma campanha liderada pelo Observatório COVID-19 BR reúne organizações ligadas à divulgação científica, entidades científicas, artistas e personalidades públicas para lançar a campanha de vacinação dos jovens maiores de 12 anos – marcado para 15 de setembro (quarta-feira). A campanha contará com diversas ações nas redes sociais com as hashtags #VacinanoGrau e #TodosPelasVacinas terá por objetivo estimular a vacinação em jovens na faixa-etária entre 12 e 17 anos e conscientização da necessidade de manter os protocolos de segurança. 

    A campanha #VacinanoGrau e #TodosPelasVacinas é organizada por ABRASCO, Blogs Unicamp, COSEMS/SP, Equipe Halo,  Instituto Questão de Ciência, Observatório COVID-19 BR, Rede Análise COVID-19, Sociedade Brasileira de Imunologia, União Pró-Vacina, Projeto Divulgar e Grupo InfoVid tem como objetivo criar um espaço para diálogo com a população por meio de conteúdo preparado por especialistas, assim como um ambiente virtual para envio de dúvidas sobre a imunização contra a COVID-19. Um portal (www.todospelasvacinas.info) agrega um conteúdo em vários formatos, textos, áudio, imagens e vídeos para serem compartilhados em todas as redes sociais.

    Rafael Lopes, físico, membro do Observatório Covid-19 BR, lembra que “A história das vacinas no Brasil é centenária, fomos um dos primeiros países a adotar a vacinação como uma política extensiva de saúde pública. Nos conscientizar que vacinar é essencial para salvar vidas é nos reencontrarmos com nossa linda história na saúde pública, efetivar a segunda dose é a oportunidade de fazer parte desta história” 

    No Portal estão disponíveis podcasts criados pelas organizações parceiras, além de outros materiais, como o e-book “Guia Prático sobre as Vacinas” e uma coletânea de artes no espaço VacinArte. A campanha visa convidar a participação do público por envio de dúvidas e engajamento nas redes sociais, como uso de filtros criados para Facebook e Instagram disponibilizados no site. O internauta consegue baixar, também, logo e artes da campanha para espalhar a mensagem e participar da grande mobilização do dia 15 com as hashtags #VacinanoGrau e #TodosPelasVacinas nas redes sociais.

    Flávia Ferrari do Observatório Covid-19 BR ressalta a importância da iniciativa com a união entre cientistas e sociedade civil em prol da vacinação contra a COVID-19, “uma atitude capaz de salvar vidas”. 

    A lista com todas as atividades da campanha podem ser encontradas no site do evento www.todospelasvacinas.info

    Contato:

    Flávia Ferrari – Observatório Covid-19 BR (11) 991116455 obscovid19br@gmail.com

    Beatriz Ramos – Projeto Divulgar (21) 998879227 proj.divulgar@gmail.com

    Ana de Medeiros Arnt – Blogs de Ciência da Unicamp (19) 98364-0054 blogs@unicamp.br

    Texto produzido pelo coletivo Todos Pelas Vacinas

  • Pra vacina funcionar tem que postar foto?

    Quer dizer que pra vacina funcionar temos que postar foto?

    Não, não temos.

    Mas quando há motivos pra comemorar a ciência por ter nos dado tantas opções de vacinas seguras e eficazes para reduzir casos graves e mortes – temos, sim!

    Quando vemos que mais de 84% da população adulta quer se vacinar – temos, sim!

    E quando a gente sobreviveu à pandemia mesmo sem uma política nacional de combate à covid – temos, sim!

    Quando a pressão popular força o governo federal e o ministério da saúde investirem em vacina – temos, sim!

    Além disso, quando, apesar de um presidente negacionista, temos uma cambada de gente boa combatendo (dia e noite e sem receber nada por isso) a desinformação – temos, sim! (E muito obrigado, pessoal!)

    Quando temos um sistema único de saúde que apesar de todos os problemas funciona – temos, sim!

    Sendo assim, posta foto, gente! Posta sim! Temos que comemorar!

    Se chegou a sua vez? Vacine-se!

    Você já pegou COVID? Vacine-se!

    Já tomou a primeira dose? Não deixe de tomar a segunda! (Pega seu cartãozinho, olha a data e coloca um lembrete no celular e fique de olho nas datas fornecidas pela prefeitura – vai que adianta, né?!)!

    E viva o Sus!

    Este texto foi escrito e publicado originalmente no blog Meio de Cultura

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • Manual de Comunicação das Vacinas Contra a Covid-19

    Postagem por Dayane Machado (@DayftMachado) e Minéya Fantim (@mifantim)

    Há mais de um ano, as vacinas deixaram de ser uma simples rotina na vida da população. Elas se tornaram alvo de ataques, influenciaram o desenvolvimento de redes de colaboração, atraíram o engajamento de dezenas de milhares de voluntários, viraram meme, inspiraram loterias e se tornaram um dos assuntos mais frequentes no cotidiano dos brasileiros. Apesar disso, falar sobre as vacinas de forma eficaz pode ser uma tarefa desafiadora diante do volume de desinformação circulando todos os dias.

    Numa tentativa de contribuir para o enfrentamento desse problema, a equipe brasileira de tradutores do Skeptical Science acaba de lançar a versão em português para o Manual de Comunicação das Vacinas Contra a Covid-19 – Um guia prático para melhorar a comunicação sobre as vacinas e combater a desinformação.

    Para baixar o Manual:

    Ele foi produzido por uma rede multidisciplinar de cientistas e de voluntários e tem como público todas as pessoas que desejam saber mais:

    • 1) sobre as vacinas contra a Covid-19
    • 2) sobre como elas podem se comunicar melhor em relação a esse assunto
    • 3) sobre como reagir adequadamente à desinformação sobre as vacinas.
    O acrônimo FFEST, que representa as cinco principais técnicas de negação da ciência
    F – Falsos Especialistas / F – Falácias Lógicas / E – Expectativas Impossíveis / S – Supressão de Evidências / T – teorias da Conspiração

    Nele, você vai encontrar dicas práticas de comunicação; conhecer os fatores que podem influenciar na adesão e na hesitação a vacinas; aprender a identificar as táticas de manipulação mais comuns quando o assunto é vacinação e conhecer estratégias para desmistificar os boatos e se proteger em relação à desinformação.

    E embora o manual seja autossuficiente, ele fornece o acesso a uma página colaborativa que contém exemplos de afirmações enganosas no formato FFEST, assim como oferece contra-argumentos e informações aprofundadas que serão atualizadas sempre que novos conhecimentos sobre o tema estiverem disponíveis.

    Além de materiais mais detalhados como o Manual da Desmistificação e o Manual das Teorias da Conspiração, o Skeptical Science oferece recursos rápidos como folhetos e listas que resumem, por exemplo, os mitos mais usados para negar a ciência. Em breve, também teremos a versão em português para o Cranky Uncle, um jogo que permite a “inoculação” do usuário, ou seja, expõe o jogador a doses seguras de desinformação para que ele aprenda a identificar os boatos e as técnicas de manipulação com maior facilidade — e se divertindo. 

    Saiba mais:

    Para baixar:

    Este texto foi escrito e publicado originalmente no blog Mindflow

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.

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