300 dias do Especial COVID-19 do Blogs de Ciência da Unicamp no ar, e é claro que nós montamos uma retrospectiva para apresentar a vocês e não deixaríamos de fora nenhum momento de cada dia vivido.
300 dias do lançamento do site que elaboramos para apresentar o que achamos que seria um conteúdo temporário. Aprendemos que seria longo, depois que a doença era muito mais séria e difícil de lidar do que havíamos pensado previamente.
300 dias e NUNCA, JAMAIS, em momento algum, imaginamos que teríamos que chorar em luto por falta de oxigênio, seringas, planejamentos logísticos de vacinas, em excesso de descaso, negligência, negacionismo científico.300 dias e milhões de reais de dinheiro público desperdiçados em tratamentos ineficazes para a COVID-19, enquanto testes diagnósticos apodrecem em galpões empoeirados, verbas para ciência são cortadas e falta ar.
300 dias e nossa retrospectiva teria, sim, dados esmiuçados para apresentar. Mas nenhum é suficiente para expressar o luto, a dor pela falta de empatia e a plena convicção de que se estamos aqui falando dos
300 dias é por estarmos cansados, mas vivos e seguros. O cansaço em segurança segue sendo privilégio reconhecido por toda a nossa equipe. E, tal como afirmamos no início do Especial COVID-19, seguiremos escrevendo, pois
300 dias se passaram e não será no próximo despertar que terminaremos este capítulo de nosso especial. Pois falta ar. E enquanto faltar ar, por negligência ou descaso: nós seguiremos batalhando, mesmo em luto, para que estes
300 dias, e todas as (e cada uma das) mortes sejam lembradas. E enquanto faltar ar, fazendo seres humanos morrerem ou sofrerem mortes e sofrimentos evitáveis em função de políticas negacionistas, mesmo em luto e sem ar: estaremos aqui.
300 dias e a certeza que os divulgadores científicos do Blogs de Ciência da Unicamp e todos os coletivos de Divulgação Científica que tem atuado lado a lado, seguirão em luta pelo conhecimento como ferramenta e por políticas públicas baseadas em ciência.
Em dias como os que temos vivido temos sempre uma enxurrada de informações, decorrentes da imensa expectativa que temos sobre os números de eficácia, segurança, incidência e vários e outros termos que nos chegam sem que consigamos parar para pensar e elaborar os dados com cautela.
Claro que vocês todos – nós todos… – temos cobrado publicação de dados. Também é verdade que, diferente de qualquer outro momento experienciado por quem está vivo hoje, nunca tivemos tanto interesse em uma vacina. Simultaneamente a isso, nunca uma pandemia em um mundo em que as informações nos chegam em tamanha velocidade e quantidade.
Toda essa expectativa, frente a este cenário, é perfeitamente compreensível. Há uma ansiedade imensa em termos os dados em mãos para dizermos:
– temos a solução! – assim vai funcionar! – eis aqui a resposta final!
Todavia, a ciência não funciona com respostas finais. Nem com resultados estanques. Para fazer ciência, para termos respostas, para analisarmos nossos dados: precisamos de tempo.
Penso no que diria Guy Debord, escritor da obra Sociedade do Espetáculo (1967) e Comentários do Espetáculo (1988) ao ver como não apenas a mídia tradicional torna a realidade imagética – mas a partir das redes e mídias sociais, todos nós participamos disso de diferentes modos. Como assim? Ora, como atualmente vemos o tempo inteiro imagens de nós mesmos, dentro de aplicativos em que “produzimos conteúdos” para sermos consumidos, como produtos.
Mas o que isto tem a ver com a pandemia e as vacinas?
O processo de midiatização de nós mesmos já era crescente nas redes sociais. Ao iniciarmos uma vivência de isolamento social, para aqueles que têm acesso a esses recursos digitais, o uso das redes tornou-se muitas vezes não somente um momento de fuga para lazer, compartilhamento de memes e notícias, mas trabalho cotidiano e, também, único meio de comunicação constante.
Neste cenário, temos um aumento de divulgadores científicos e jornalistas cada vez mais aparecendo em todas as mídias e redes, buscando produzir conteúdos diversificados para públicos diferentes. Estas ações em tempos de pandemia funcionam como uma forma de se comunicar com um público cada vez maior, numa tentativa de “furar bolhas” como costumamos falar.
Em alguns momentos desta pandemia, a ideia dos excessos de informação se fez mais presente. A OMS, por exemplo, tem trabalhado com o termo de “infodemia”, que seria essa “pandemia de informações”. No sentido que vem sendo debatida, a infodemia não se vincula apenas a informações falsas. Ou seja, se relaciona a qualquer tipo de informação sobre a COVID-19 e sua enorme quantidade sendo publicada cotidianamente no mundo, sem que consigamos acompanhar, filtrar, ler/ver/ouvir, aprender, pensar…
A questão, portanto, é o excesso. Mas também à dificuldade que temos de peneirar tudo isso, com a calma e acurácia necessária.
Sociedade da Informação
Não é recente também o debate sobre a sociedade da informação – esta que nos impossibilitaria a vivência de experiências. Por quê? Exatamente por estarmos sempre atrasados em relação à última notícia, leitura, livro, vídeo, live, stories, do momento. Larrosa diz que na sociedade da informação estamos sempre muito bem informados – mas não no sentido de termos sabedoria, mas de termos muitas informações sobre tudo. Mais do que isso, ao termos informações, temos também que expressar muitas opiniões o tempo inteiro.
(Que o diga quem tem Twitter e segue os “assuntos do momento”…)
E por ter informação e, consequentemente, opinião, que o sujeito informado não consegue que nada lhe aconteça. Nada acontece ao sujeito informado e opinativo pois não há tempo para viver. É preciso consumir a próxima notificação, com mais informação, para novamente falarmos nossa próxima opinião.
Parece uma grande obviedade, não é mesmo?
Juntemos as ideias da sociedade da informação e da sociedade do espetáculo. Isto é, nossa sociedade precisa não só produzir constantemente informações, mas conteúdos e imagens (que serão consumidos por pessoas).
E é assim que temos lidado diariamente com nossa comunicação – falamos de engajamento, seguidores, alcance de cada palavra, cada tag, cada foto, imagem e vídeo que obtivemos a cada publicação. Acompanhamos métricas, nos aprisionamos nos gráficos e consumimos a nós mesmos nesse processo.
Na pandemia, portanto, não só nossa vida tornou-se isso tudo (ou só isso?). Mas tudo acaba sendo de alguma maneira disponibilizado ao vivo. Enquanto produzimos e reproduzimos em plataformas simultaneamente, escrevendo freneticamente.
Comentamos, escutamos livres, conversamos, baixamos os últimos artigos, tentamos entender os cálculos, os modelos, os protocolos, as métricas, as imagens…
Terça-feira, mais uma vez, a coletiva de imprensa para divulgar os dados da Coronavac, vacina que será produzida pelo Instituto Butantã, em convênio com a Sinovac, virou um grande espetáculo de dispersão e tensão.
Expectativa? Imagine…
Estamos super tranquilos. Sim! Estamos ansiosos e, óbvio, queremos muito ter dados que nos indiquem que a solução está logo ali, na etapa que virá.
De modo algum este texto nega a urgência de minimizar os impactos da pandemia na sociedade.
Todavia, o frenesi que novamente caímos (e nos incluímos nisso), causa também desencontro de informação, confusão e ajuda (SIM) no processo de desinformação.
O conhecimento científico tem seu tempo para ser construído. Temos falado sobre isso desde o início da pandemia. O tempo da divulgação também precisa ser retomado.
Estava no texto manuscrito que “é preciso que respiremos”… Tendo em vista a situação noticiada hoje, sobre Manaus, eu diria que É PRECISO QUE TODOS NÓS CONSIGAMOS NOS UNIR PARA QUE TODOS RESPIREM!
O conhecimento não se faz com furor e pelos excessos. Tampouco se faz de maneira solitária e com um ou outro ato de grande nome que salvará – ou condenará – a todos. Não estamos em uma ficção em que um herói (branco, hétero, pai de família) explode um avião, percorre o mundo, estanca um apocalipse zumbi e consegue retornar para os braços da família que o aguarda.
A sociedade do espetáculo – que transforma nossa vida em uma narrativa ficcional, não se trata do consumo de informações e imagens dos outros, mas de nós mesmos. Nosso tempo de vida, nossa condição de diálogo, nosso tempo com nossos pensamentos e com uma análise mais calma e menos superficial de tudo o que tem acontecido.
A vacina
Sim. Ela foi anunciada. A vacina que temos e teremos em breve é a que, neste momento, é possível. Se a ciência tem seu tempo, fez – até o momento – a que teve condições de produzir.
Nossa, então ela não é boa, nem confiável? Sério?
Vamos lá: as vacinas que estão sendo produzidas e serão aplicadas em nosso país são eficazes, são seguras e diminuirão MUITO os efeitos que temos vivido nesta pandemia.
Isso inclui lotação em UTIs e capitais SEM OXIGÊNIO nas alas hospitalares. Isso inclui diminuir pessoas morrendo em casa por falta de espaços em hospitais. Também se relaciona a uma quantidade menor de pessoas adoecendo. Isso, por fim, significa um tempo para retomar nosso país.
É verdade que nunca se perguntou a eficácia e à segurança de vacinas antes, do modo como temos visto agora. Também é preciso admitir que nunca tínhamos vivido uma pandemia, cujo isolamento tornou a informação em tempo real tão acessível (na quantidade, na qualidade, na linguagem), mas tão inacessível (na quantidade, na qualidade, na linguagem).
Aligeiramentos
Se o jornalismo precisa de novidade, é importante lembrar que não em detrimento da análise embasada e da promoção do burburinho caótico. No entanto, se a divulgação ainda tem dúvidas, antes de dar respostas aos seguidores, precisa atentar-se ao tempo da análise dos dados.
E, acima de tudo, embora humanos e todos erremos (muitas e muitas vezes – e façamos o mea culpa, sincero e fundamental), o diálogo ainda é a nossa ferramenta mais basal para construção coletiva e colaborativa, que vale a pena investir.
Assim, não é atropelando processos que conseguiremos estancar notícias falsas. Não é escrevendo sem fôlego que frearemos as ansiedades exacerbadas.
Furor
Após todo o espetáculo e comentários do espetáculo de terça-feira, as notícias de quarta, e o caos sem fôlego desta quinta – dias, cálculos e notícias nada triviais – precisamos sim de cobranças severas e direcionadas. Bem como precisamos nos atentar à ética das palavras, da divulgação, das notícias. Além disso, seguimos buscando a empatia das ideias, das defesas científicas, em cada cobrança de políticas públicas de nossos governantes.
A espetacularização ocupa as telas e nos impõe estados de urgência. Urgência que já está sendo vivida por todos aqueles que estão expondo-se sem auxílios financeiros, aguardando testes diagnósticos (que apodrecem em estoques empoeirados). Ou, ainda, quando vemos mães que perdem empregos por não ter onde (ou com quem) deixar seus filhos.
A vida inteira aconteceu quando pequenos donos de seus negócios batalham diariamente por decisões que levam ao endividamento ou à demissão de funcionários. Quando não são os dois acontecimentos simultaneamente.
Enquanto isso,
Nas lives com palavras de exaltação, entre flashes, dúvidas e palmas, as covas cotidianas e coletivas seguem sendo abertas, as UTIs sendo lotadas, oxigênio faltando (OXIGÊNIO FALTANDO), metrôs permanecem abarrotados, entre contas bancárias tão vazias.
Dessa forma, tentamos entender os dados, analisá-los, debater com colegas. Neste meio tempo, vemos as fake news sendo propagadas, distorcendo nossos diálogos e análises – por pessoas que ocupam postos em veículos de comunicação tidos como mídia tradicional. E isto não pode deixar de ser mencionado!
No meio de tudo isto, seguimos produzindo o espetáculo. Entretanto, seguimos não conseguindo respeitar o que prometemos defender: o tempo da ciência, do conhecimento, da divulgação científica para apresentar e analisar DADOS. E com estes dados, cobrar posturas políticas que (aí sim) minimizem os efeitos tão vorazes, desta pandemia.
Não por um preciosismo extremo e sisudo. Mas por defendermos que é pelo acesso ao conhecimento científico e pelo diálogo estabelecido entre pessoas, sobre o conhecimento construído, que tomaremos decisões menos submissas, com menos opressão, obscurantismo e autoritarismo.
Um dia de cada vez – mas sem esquecer que muitos dias nos esperam.
Por fim,
Este texto é um desabafo, teoricamente embasado. Mas ainda assim, um desabafo. E um abraço, longo e demorado, em cada colega da Divulgação e Jornalismo Científicos que tem arduamente trabalhado para analisar dados, artigos, documentos, buscando agir da maneira mais ética, empática e socialmente responsável quanto possível.
E segue sendo um desabafo, para que tenhamos tempo, com responsabilidade e consigamos (juntos) ajudar a todos os que vem (literalmente) perdendo o fôlego e a vida no meio deste caos cotidiano.
Para Saber Mais
DEBORD, G (2000) Sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto.
DEBORD, G (1997) A Sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo, Rio de Janeiro: Contraponto.
Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os textos foram produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.
Nunca se debateu tanto vacinas e vacinação: o que é eficácia, segurança, testes, grupos de risco, planos nacional, estadual, etc.
Por muito tempo no Brasil, o Programa Nacional de Imunização ocorria anualmente, com campanhas, grupos prioritários e estratégias de imunização para diminuir a incidência de doenças evitáveis sem que houvesse qualquer polêmica atrelada a isto.
Talvez uma das perguntas que agora fundamentais de responder: existem critérios para a escolha dos grupos prioritários para a vacinação? A ciência possui metodologias e estudos que apontem como isto deveria organizar-se?
Estas perguntas são importantes. Por um lado, já temos indicação de quais grupos podem se vacinar – pelos testes tanto de segurança, quanto de eficácia. Por outro lado, por toda a estrutura de vacinas ser muito recente, não teremos vacinas imediatamente para todo o mundo. Sendo assim, é preciso priorizar, montando listas de acordo com algum critério.
Considerando que estamos vivendo uma pandemia, de uma doença altamente contagiosa, os profissionais de saúde ocupam um dos postos prioritários para a vacinação. Por quê? Ora! É fundamental que estes profissionais mantenham-se saudáveis e bem, para seguir trabalhando na urgência que temos precisado.
A discussão ronda o “segundo lugar” das prioridades – e todos os lugares que se sucedem ao segundo… Montar uma lista de prioridades, neste caso que vivemos, é basear-se em modelos epidemiológicos e matemáticos de como a doença avança e como podemos interromper este avanço, com a vacina.
Nós sabemos que a função prioritária da vacina é fazer com que os indivíduos vacinados consigam gerar uma proteção contra as doenças. Mas também já conversamos aqui no Blogs sobre como isto não é sobre um indivíduo protegido, mas sobre bloquear o avanço da doença na população.
Pois bem: é sobre isto que estes modelos tratam.
Um estudo publicado em preprint em dezembro de 2020 (1), mostra que para a COVID-19, vacinas com acima de 50% de eficácia já reduziriam muito o avanço da doença. Além disso, evitaria-se 50% de mortes com pelo menos 35% da população vacinada (fenômeno conhecido como Cobertura Vacinal) – comparando-se com o cenário de não termos tratamentos para a doença. Vacinas com esta eficácia e ampla cobertura vacinal, já atingiriam a meta (nos Estados Unidos) de ocupação dos leitos de UTI dentro das demandas passíveis de serem atendidas.
Assim, no modelo proposto pelos autores, uma cobertura vacinal de 70% da população, com uma vacina que apresentasse 60% ou mais de eficácia, conteria a pandemia de Covid-19. (Este dado leva em conta uma baixa transmissão na população!). *Atualização: este texto foi elaborado antes do debate sobre as novas variantes. Tal dado tem sido revisto em novas análises e deve ser levado em consideração para um debate mais preciso [nota da autora].
Tudo isto parece bem interessante e já temos visto bastantes notícias sobre a importância da cobertura vacinal… Todavia, como priorizar quem será vacinado primeiro?
Depende…
Ué! Como assim?
Temos dito aqui no Blogs: a vacinação é uma estratégia de governo, uma política do país, para minimizar efeitos de uma doença na população. Por ser estratégica, ela deve possuir metas específicas a serem atingidas – e estas metas são organizadas a partir de estudos técnicos pelas instâncias de gestão de saúde pública. No nosso caso: Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
Como não teremos vacinas para toda a população desde o início, existe a necessidade de estabelecimento destas metas e objetivos. Por exemplo, neste modelo indicado anteriormente, os autores dizem que dependendo da eficácia das vacinas (e outros fatores):
Se a meta consiste em diminuir infecções sintomáticas e hospitalizações fora da UTI, deveria-se priorizar os grupos jovens, pois interrompe-se a transmissão em um dos grupos que mais circula;
Entretanto, se a meta é diminuir infecções em UTIs, com possibilidade de agravamento e morte, idosos devem ser prioridade de vacinação;
Sugere-se estes modelos de modo generalista e os próprios autores propõem que novos parâmetros devem adicionarem-se adicionados, dependendo da realidade do sistema de saúde pública de cada país e, além disso, as questões de desigualdade social.
Em outra pesquisa, também em preprint(2), os cientistas reforçam a ideia dos critérios de vacinação por idade, devido à alta mortalidade vista neste grupo.
Mas então os critérios se restringem à idade?
Também não. Para compreender como controlar a doença, as pesquisas usam esses modelos matemáticos elaborados a partir de modelos anteriores. Por exemplo, usamos modelos de gripe, mas vamos inserindo características da Covid-19 – até que esse novo modelo seja funcional para a nova doença e a represente com mais fidedignidade. Da mesma forma, a Covid-19 servirá de modelo para alguma outra doença respiratória viral que iremos enfrentar no futuro.
As modelagens para controle da doença, via vacinação, levam em conta as taxas de infecção por idade e grupo de risco. Todavia, também buscam compreender e calcular a partir do desenvolvimento da doença em cada país ou região. Além disso, é preciso considerar a eficácia das vacinas, a cobertura vacinal para cada faixa etária e grupo de risco analisado.
Por exemplo, países com populações que vivem abaixo da linha da pobreza ou em situação de vulnerabilidade, precisam ter incluídas na conta como a transmissão e o risco de infecção atingem estas populações. Com isto, elaboramos as estratégias de vacinação a partir de riscos específicos. O mesmo pode ser dito e pensado acerca das prioridades de trabalhos e demandas sociais – escolas, transportes, setores alimentícios, populações urbanizadas ou rurais, etc.
Cada um destes itens pode (e na medida do possível, deve) ser adicionado aos modelos que calculam o avanço da doença – ou sua contenção – junto com instrumentos como a vacina.
A vacinação e as políticas públicas
É sempre bom retomar a ideia de que sendo a vacinação da Covid-19 um acontecimento recente (por motivos óbvios), é imprescindível que ela seja planejada e estruturada para atingir não apenas uma grande cobertura vacinal, mas também grupos prioritários que vão diminuir a pressão em leitos hospitalares.
Isto é, os grupos prioritários também são pensados em função de ocupação de leitos hospitalares e, portanto, diminuição de mortes de Covid-19, de outras doenças que atualmente estão sem leitos hospitalares e custos elevadíssimos para a saúde pública.
Vacinar se torna, assim, uma ferramenta crucial para diminuir contágios e mortes, mas também gastos com a saúde de toda a população. Vou falar novamente, pois acho fundamental lembrar e bater nesta tecla:
Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os produziram-se textos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores. Além disso, os textos passaram por revisão revisado por pares da mesma área técnica-científica na Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.
Quando lemos sobre vacinas, temos visto um acirrado debate acerca de sua obrigatoriedade e as ações do governo para garantir a vacinação a todos. Além disso, há toda uma polêmica sobre o rápido desenvolvimento das vacinas.
Todavia, hoje gostaríamos de falar de outra questão. Pois, talvez seja pouco compreendido (ou falado?) sobre como vacinas se transformaram, no mundo, em grandes ferramentas e estratégias por aliarem um conjunto enorme de áreas científicas: estatística, epidemiologia, virologia, biologia molecular, genética, demografia, geografia, ciências sociais, educação…
Vamos falar sobre Saúde Pública e vacinas?
Situar a importância do advento das vacinas e a sua relação com a saúde pública, coletiva e individual torna-se fundamental.
A saúde é um conceito complexo, que não se resume a ter uma doença ou à ausência de sintomas. Para a Organização Mundial da Saúde, Saúde é uma condição de “bem estar físico e mental”. E esta noção engloba uma série de fatores que falam mais do que termos sintomas específicos de alguma patologia. Este conceito aponta para, além de não termos sintomas, nos sentirmos bem (em aspectos amplos) conosco mesmos.
Esta visão, no entanto, aponta para uma questão que é individual – ela conceitua a partir de um indivíduo consigo mesmo. A ideia de Saúde Pública, no entanto, precisa de outros indicadores. Quando falamos de saúde aqui no blogs, não estamos nos limitando à ideia de “ausência de doenças”, seja no nível individual, seja populacional.
Assim, a saúde representa bem mais do que um ato médico – e não se limita ao saber deste profissional. Temos visto nestes tempos de Covid-19 profissionais biomédicos, farmacêuticos, químicos, biólogos, economistas, cientistas políticos e sociais, educadores, enfermeiros, historiadores falando sobre o tema a partir de diferentes pontos de vista e – cada um dentro de sua área – nos ajudando a entender tudo o que temos vivido sobre esta doença.
Além disso, também temos que compreender que a saúde, não apenas pensando sobre o “bem estar físico e mental”, como preconiza a OMS, mas de como uma população está vivenciando seu cotidiano – e como podemos observar estas vivências a fim de aumentar sua qualidade.
Ah tá, quer dizer agora que eu tenho que pensar em todo o mundo da população…
Calma! Não é que tenhamos que pensar em todo o mundo. Mas ao falar de saúde pública estamos tratando de população – que é o conjunto de indivíduos que vivem em um determinado território (cidade, estado, país, por exemplo…).
Dessa forma, a questão é bem mais abrangente do que pode parecer! A ideia de população é recente em nossa história ocidental. “População” é um conceito que se relaciona, conceitualmente, à noção de estatística.
Como assim?
É isso mesmo que tu leste! População não é uma ideia “natural” e que sempre existiu em nossa civilização. Esse conceito tornou-se presente vinculado a cálculos que mensuram indivíduos a partir de características específicas. Isto é, quando começamos a calcular unidades, a partir de similaridades que buscávamos entender. Por exemplo: quantidades de nascimentos em uma determinada região (uma cidade, por exemplo). Quantidade de mortes, nesta mesma região. Sobre as mortes, além de quantas mortes, do que será que estas pessoas morreram? Adoecimentos por patologias definidas, acidentes, assassinatos?
A partir do século XVII, embora mais presente no século XVIII, a estatística começa a tornar-se uma ferramenta central para governar populações, compreender a vida em sociedade e planejar em curto, médio e longo prazo como a vida dessa população, em um determinado espaço, deve acontecer.
Nós conhecemos a ferramenta do CENSO, por exemplo, pesquisa feita pelo IBGE no Brasil, para levantar dados de como nossa população está naquele momento. Pois bem, como o CENSO é feito de maneira regular, temos ao longo do tempo indicadores que nos permitem avaliar como a nossa população está no momento em que o censo foi feito, mas também como foi se modificando ao longo das décadas e séculos.
Tudo bem. Mas o que isso tem a ver com a vacinação?
Tu podes estar te perguntando “aonde mesmo esse post vai parar”. Pois bem… Quando falamos de saúde, censo, estatística, população estamos falando de aspectos da saúde pública e de conhecimentos técnicos que servem para governar uma população.
Algumas pessoas têm falado sobre a vacinação ser um ato individual e que cabe a cada um decidir por si se vai ou não se vacinar. Também andamos escutando que a vacina não deve ser obrigatória e tudo mais… Falas como:
“eu vou me vacinar e aí está tudo bem no mundo, azar de quem não quer ou não pode” ou “eu já peguei Covid-19 e não preciso mais me preocupar com medidas sanitárias, nem com a vacina no país” ou ainda “eu não quero me vacinar, é um direito individual meu!”
Quando temos uma situação como a que estamos vivendo – de uma pandemia – ou de doenças que acometem uma parcela GRANDE de pessoas, temos alguns debates éticos fundamentais. A vacinação é um destes pontos de embates
Embora os atos individuais sejam importantes e fundamentais para terem seus direitos resguardados, a segurança da população não é algo que pode ser negligenciado por governos. Desta forma, um governo precisa, simultaneamente, respeitar sim as individualidades, mas fundamentalmente ter a maior quantidade de ferramentas possíveis para proporcionar saúde e segurança a todos os indivíduos de uma população.
hm, sei…
Já comentamos anteriormente que a estatística é uma ferramenta para compreender e gerenciar a população. A partir dos cálculos estatísticos, nós conseguimos saber, por exemplo, quantas pessoas precisam ser vacinadas para que determinadas doenças não se espalhem em uma determinada região. Isto quer dizer que existem cálculos que nos permitem avaliar a quantidade de vacinas que aplicaremos, quais grupos mais emergenciais para serem vacinados primeiro para que a menor quantidade de pessoas possível seja contaminada e a doença pare de circular em nossa cidade, estado ou país.
Claro que tomar vacina, como indivíduo, diminui drasticamente as chances deste indivíduo adoecer. E isso é importante para este indivíduo.
Entretanto, a vacinação é um ato de saúde pública. Ela funciona não apenas para que UMA pessoa não adoeça. Vacinas são conhecimento científico, desenvolvido para conter doenças simultaneamente em indivíduos e em populações.
É contenção populacional pois quando muitos indivíduos são vacinados, cada vez menos os vírus têm pessoas para contaminar. Quando alguém se contamina, o vírus fica limitado àquela pessoa e não consegue contaminar mais gente ao redor.
Cobertura vacinal
É isto que temos chamado de cobertura vacinal: a porcentagem de pessoas, em uma população, que estão cobertas pela vacina (tomaram vacina, portanto).
Temos visto uma queda na cobertura vacinal em várias vacinas. Se olharmos o Data SUS, veremos que, por exemplo, Hepatite B em crianças de até 30 dias, tinha uma cobertura vacinal de 90,93% em 2015. Em 2019 tivemos uma cobertura vacinal de 78,57%. No ano de 2020 tivemos uma queda ainda maior, chegando à 59,30%.
A Poliomelite (também conhecida como paralisia infantil) foi uma das grandes conquistas de erradicação via vacinas. No ano 2000, tínhamos uma cobertura vacinal de 101,44%, em 2010 tínhamos a cobertura em 99,35%. Entretanto, o ano de 2020 esta cobertura vacinal caiu para 72,74%!
Dessa forma, doenças que eram consideradas erradicadas podem sim retornar e circular em nossa população! A hesitação em tomar vacina é característica e têm ganhado força no Brasil e no mundo. Sato aponta que:
“As consequências são as frequentes epidemias de doenças imunopreveníveis, como sarampo e coqueluche que ocorrem atualmente em todo o mundo, e a ameaça da reintrodução da poliomielite em regiões nas quais já foi eliminada. Na Europa, nos primeiros oito meses de 2018 ocorreram mais de 41.000 casos de sarampo. Nos Estados Unidos, proporção substancial dos casos de sarampo ocorreu em indivíduos intencionalmente não vacinados. Da mesma forma, a hesitação vacinal também desempenhou um papel importante no ressurgimento da coqueluche, apesar de ser atribuído à perda de imunidade”.
E a Covid-19?
Estamos falando de um protocolo de vacinação que esta recém iniciando. As pesquisas realizadas para o coronavírus, claro, são recentes (uma vez que a doença é nova). Mas as tecnologias desenvolvidas para estas vacinas são antigas conhecidas das ciências. Assim, as etapas de testes de segurança e eficácia foram cumpridas e, reforçamos, a vacina não é um ato para quem toma ficar protegido.
Ao tomarmos a decisão de não nos vacinarmos, não é apenas nós como indivíduos que corremos o risco. Ou seja, é abrirmos corredores dentro da população para o vírus circular e permanecer adoecendo mais e mais pessoas. Não é adoecermos amanhã: é um ato de deixar o vírus sobreviver por anos, circulando e adoecendo a população. Mais do que isso: matando e ocupando leitos hospitalares, trazendo custos sociais elevadíssimos, para algo que é fundamentalmente evitável.
É demasiadamente importante incorporar-se à luta pela vacinação. Cobrar para que ela seja aplicada na população, com campanhas de massa, respeitando os grupos de riscos – no próximo post falaremos mais sobre isto e por que motivo defendemos que ela seja pública, gratuita, via SUS e feita de modo ágil e coordenado pelo governo federal, estadual e municipal, com apoio de todos os setores públicos.
Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os textos foram produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.
Este termo é usado em manchetes e títulos para atrair a atenção (e cliques!) a partir do sensacionalismo. Sensacionalismo este que pode, inclusive, ser aversivo a nós, na primeira leitura.
Pode parecer bobo! Mas na verdade o clickbait é super eficiente – e aí reside o perigo! A divulgação científica e o jornalismo tem debatido este tema, sua necessidade (na verdade a falta de necessidade) e a ética desta prática.
Afinal, mais do que só clicar, a ideia é compartilharem nosso conteúdo!
Nós sabemos, também, que muitas vezes não há leitura do material completo. Assim, um título ou manchete impactante – mas não necessariamente vinculado à verdades ou fatos – pode gerar exatamente o efeito contrário do que gostaríamos!
Além disso, também é importante mantermos manchetes e títulos que angariem mais e mais pessoas possibilitando aprofundamento e argumentação com nosso material – e não engajamento por raiva, choque e por termos ficados estupefatos…
Lidar com divulgação científica e jornalismo científico é lidar com ética e direito às pessoas terem acesso à informação confiável. Ou seja, rebatendo atos de raiva e cliques com compartilhamentos sem leitura e compreensão dos conteúdos. E isto é um pressuposto básico e ético de uma comunicação empática e ética. Dessa forma, mais do que cliques e seguidores, debates sobre fatos, argumentação sobre pressupostos, compreensão social da ciência e seus princípios!
Ser sensacionalista – por exemplo com manchetes de “efeitos colaterais da vacina”, “mutação do nosso DNA com as vacinas” ou (pior) o “uso de fetos abortados e vacinas” – mexe com o imaginário de pessoas. Assim, assustamos, mais do que conversamos. Geramos raiva e desafeto, mais do que informamos. Produzimos pânico, mais do que propomos compreensão.
Assim, seguimos uma pergunta crucial sobre nosso papel na produção de conteúdos diários para todos vocês!
Isso inclui uma postagem sobre o clickbait, em plena pandemia da covid-19 – que já gera medo o suficiente em nossa população! Não precisamos alardear mais e mais receio, sem qualquer fundamento.
Há estudos científicos sobre clickbait e estes estudos indicam perda de credibilidade dos veículos. Lá no twitter vocês podem ver nos “assuntos do momento” o quanto veículos se aproveitam para gerar aversividade e raiva para o engajamento.
Com base na ciência, apontamos que precisamos de mais cautela e ética, especialmente em tempos de crise!
Por fim, vamos inserir uma série de referências sobre isto – exatamente para reforçar que não é “só uma clicada”, não é “só um compartilhamento”, não é “apenas uma piada que gera engajamento”.
Compromisso com notícias, com ciência, com divulgação científica não é apenas falar de fatos – e usar ironia ou buscar engajamento não pode ser feito à revelia de ética e empatia!
Há estudos que indicam, sim, que isso pode ter um impacto social e estimulem produção de fake news.
Em tempos de crise sanitária, qualquer clickbait que gere medo em relação às vacinas é triste, pois em nome do engajamento e compartilhamento do conteúdo, estimulamos raiva, descrença e fake news!
Vamos apoiar boas práticas na ciência e na divulgação científica?
Divulgadora queridíssima do nosso coração que falou sobre o clickbait e fake news do momento (brilhantemente): @mellziland
P.S.: Esse post veio de leituras aterrorizadoras pela manhã? Sim! Mas também veio de uma conversa com o @Dslmoura. obrigada por instigar 🙂
Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os textos foram produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.
Recebemos em vários de nossos canais a notícia de que a vacina contra o coronavírus já está sendo vendida em camelôs na terrabrasilis!
Será que funciona mesmo? Será que é real?
Nós queremos muito dar uma boa notícia a todos vocês. Por exemplo, que o Plano Nacional de Imunização para a vacina contra a Covid-19 já está sendo implementado aqui no nosso país, com uma política EFICIENTE e campanha em massa para todos os brasileiros!
No entanto, ainda não é a realidade!
Dessa forma, a vacina que está sendo vendida nas ruas (e aplicada na hora) NÃO É VERDADEIRA e não sabemos ao certo que tipo de produto está sendo comercializado e TODO CUIDADO É POUCO!
Isto é, temos sim a imensa tentação de se ver livre do coronavírus! Entretanto, com este produto não teremos imunização ainda!
No entanto, sim, há novidades sobre as vacinas no Brasil!
Ontem, dia 21/12/2020, por exemplo, a Anvisa concedeu à Sinovac – empresa que produz a CoronaVac o certificado de “Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos”, publicado no Diário Oficial da União! Esta é uma ótima notícia, tendo em vista que isto adianta os processos para assim que os resultados forem divulgados, o andamento dos planos de vacinação possam ser implementados! Mas ainda há etapas a serem executadas – isso inclui recebermos os resultados da CoronaVac que está prevista para amanhã!
E agora?
Seguimos em casa, organizando materiais a vocês. Entretanto, como está chegando o final do ano e é fundamental lembrarmos que as recomendações ainda seguem as mesmas:
Mantenha distanciamento social e, se possível, NÃO SAIA DE CASA (isso inclui compras natalinas em shoppings lotados ou compras de vacina em camelôs);
Uso correto de máscaras – sim, precisa incluir o nariz dentro da máscara, não coloque a mão sem higienização na máscara para arrumá-la, não tire a máscara para tossir/espirrar, use SEMPRE a máscara em locais públicos
Se estiver em casa, com suspeitas de ter se contaminado, a regra da máscara também vale! Familiares também se contaminam com familiares! Cuide de quem mora com você!
Higienização das mãos e rosto. Água e sabão sempre que possível. Nas mãos use álcool em gel.
Não aglomerar (vale para happy hour, shopping lotado, praias, baladas e a sala de casa recebendo visitas)
Lembrar SEMPRE de conferir a veracidade de notícias que chegam para nós nas redes sociais! Especialmente aquelas soluções milagrosas e mágicas
Relembrando
Só retomando que sobre “políticas públicas baseadas em ciência” nós e a Rede Análise Covid-19 produzimos uma carta e estamos pedindo ajuda e empenho de todos vocês para juntar um número maior e mais significativo para enviar a representantes políticos!
Por fim, se cuidem, planejem este final do ano para ficarem o mais resguardados possível, combatam fake news e voltem sempre, a casa é sua!
Este texto é original e escrito com exclusividade para o Especial Covid-19
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os textos foram produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.
O conceito de normalidade é elástico, abrangente e depende de um determinado período histórico. Pensar sobre normalidade envolve considerar sobre qual contexto estamos falando seus parâmetros e critérios para medir algo.
Nesse sentido, a pandemia de Covid-19 trouxe muitas mudanças ao convívio em sociedade: a adaptação ao sistema de home office, as restrições de circulação, o uso de máscaras faciais, entre outras adequações, que se tornaram conhecidas como o “novo normal”.
Esse termo também vem sendo usado para representar os sistemas socioeconômicos potencialmente transformados, como resultado de problemas decorrentes da doença.
Já no Brasil, o termo é constantemente usado para o retorno das atividades mesmo com elevado número de óbitos e infectados, como em São Paulo, por exemplo, que foi oficialmente o primeiro Estado a iniciar esse processo de reabertura de comércios em geral.
A busca pelo retorno à normalidade ou a um “novo normal” foi, conforme a pandemia avançava, ampliada e aliada a um misto de sentimentos, como medo e ansiedade pelo retorno das atividades e relações cotidianas, que antes eram entendidas como “normais”, além das preocupações com a recuperação econômica e com os impactos em larga escala.
Diante deste cenário e antes mesmo desse processo de reabertura, pesquisadores, profissionais de saúde, jornalistas e divulgadores de ciência se uniram no País, a fim de proporcionar à população as melhores informações disponíveis sobre a doença.
Aproveite e conheça o Especial Covid-19 do Blogs de Ciência da Unicamp
Podcasts, vídeos e lives, tanto no YouTube quanto em outras mídias sociais, passaram a ser mais utilizados como ferramentas de divulgação científica, sendo a Internet uma das ferramentas para o acesso aos mais variados tipos de informação.
Conforme Vicente, Corrêa e Sena (2015) comentam “a informação é uma necessidade social”. Nesse sentido, Brüggemann, Lörcher e Walter (2020) pontuam que a ascensão das mídias digitais engajou uma multidão de vozes na comunicação científica, além de jornalistas e cientistas. Sendo assim, tanto redes sociais quanto mídias sociais podem conter disseminação de informações falsas (LI HO-Y et al, 2020).
Dessa forma a importância de checar as informações coletadas, combatendo a propagação de fake news, especialmente em uma pandemia deve ser reforçada. Principalmente ao considerar que as políticas de saúde são atravessadas pelo discurso do direito à informação e à comunicação como indissociável do direito à saúde, pois:
“(…) o objetivo deve ser, minimamente, estabelecer um debate público sobre temas de interesse e garantir às pessoas informações suficientes para ampliação de sua participação cidadã nas políticas de saúde.(ARAÚJO, CARDOSO, 2007).
No Brasil, os esforços de comunicação ainda estão longe de serem suficientes no sentido de de alertar para as medidas necessárias ao enfrentamento da doença – além do expressivo aumento dos discursos negacionistas e de fake news – em um País de dimensões continentais, com regiões e estados de perfis socioeconômicos distintos e dificuldades diversas em conter a disseminação do vírus.
Recentemente, em 15 de dezembro de 2020, o País acumulava mais de 182 mil mortos pela doença (BRASIL.IO.). Poucos dias antes, o Governo Federal entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o “Plano Nacional de Operacionalização Contra a Covid-19”, ao qual mais de trinta pesquisadores que integravam o grupo técnico não tiveram acesso antes da publicação, apesar de seus nomes constarem no documento.
Diante do cenário catastrófico e da propagação de informações falsas partindo do próprio governo federal, nos resta o questionamento: “O que ainda podemos fazer?”
ARAÚJO, I. S. de; CARDOSO, J. M. Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007. Edição Kindle.
BRÜGGEMANN, M.; LÖRCHER, I.; WALTER, S. Post-normal science communication: exploring the blurring boundaries of science and journalism. Journal of Science Communication, v. 19, n. 03, 1 jun. 2020.Disponível em:<https://jcom.sissa.it/archive/19/03/JCOM_1903_2020_A02>. Acesso em 15 de julho de 2020.
DOYLE, Iracy. Estudo da normalidade psicológica. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo , v. 8, n. 2, p. 155-170, junho 1950 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1950000200004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 17 de julho de 2020.
LI, H. O.-Y. et al. YouTube as a source of information on COVID-19: a pandemic of misinformation? BMJ Global Health, v. 5, n. 5, p.1-6, maio 2020. Disponível em: <https://gh.bmj.com/content/bmjgh/5/5/e002604.full.pdf>. Acesso em 15 de julho de 2020.
ORNELL, F. et al. EDITORIAL EDITORIAL. [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/arquivos/pandemia-de-medo-e-covid-19-impacto-na-saude-mental-e-possiveis-estrategias>. Acesso em 15 de julho de 2020.
RECUERO, R. O que é Mídia Social?. 2008. Disponível em: <http://www.raquelrecuero.com/arquivos/o_que_e_midia_social.html>. Acesso em 18 de julho de 2020.
RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.
SAMUEL, Jim et al. Feeling Like it is Time to Reopen Now? COVID-19 New Normal Scenarios Based on Reopening Sentiment Analytics. Preprint submitted to Journal XYZ, 2020. Disponível em:<https://arxiv.org/abs/2005.10961>. Acesso em 17 de julho de 2020.
VICENTE, N. I.; CORREA, E. C. D.; SENA, T. A. divulgação científica em redes sociais na Internet: proposta de metodologia de análise netnográfica. (Comunicação Oral). XVI Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (XVI ENANCIB). GT 7 – Produção e Comunicação da Informação em Ciência, Tecnologia & Inovação. João Pessoa, PB, 2015. Disponível em:<http://www.ufpb.br/evento/index.php/enancib2015/enancib2015/paper/viewFile/2853/1160>. Acesso em 15 de julho de 2020.
Este texto foi publicado originalmente no Blog MindFlow
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os textos foram produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.
Há uma história da matemática bem curiosa e contraintuitiva. Ela envolve uma equipe de estatísticos, que durante a Segunda Guerra Mundial eram responsáveis por analisar os aviões que voltavam das batalhas, para decidir onde valeria a pena aumentar a blindagem do avião (dado que isso envolve colocar mais peso para voar, que exige mais combustível, o que deveria ser evitado a menos das regiões tidas como essenciais de se proteger).
Facilmente analisando os aviões que retornaram das batalhas, podiam identificar os locais mais atingidos por balas. A princípio podemos pensar em aumentar o revestimento dessas regiões, afinal, de todos os aviões que retornaram, essas foram as regiões mais atingidas.
Sugestão de blindagem reforçada (Imagem adaptada de talha khalil por Pixabay)
Porém, o mais coerente a se pensar seria aumentar o revestimento das regiões que não tem marcas de balas no conjunto de aviões que retornaram da batalha. Mas por que? Se não temos nenhuma marca de bala nessas regiões, elas então não seriam as menos prováveis de serem atingidas?
Melhor sugestão de blindagem reforçada (Imagem adaptada de talha khalil por Pixabay)
O contraponto que justifica esse argumento está no nosso conjunto de amostras, dado que todos os aviões que analisamos tem como característica comum “conseguirem voltar da batalha”.
E os aviões que não analisamos são aqueles que “sucumbiram na batalha”. Logo, se pensarmos assim, dos aviões que analisamos, nenhum deles tinha marcas de bala atingindo diretamente o piloto, ou o motor, pois se isso ocorresse, o avião simplesmente não conseguiria retornar.
Assim como o cenário dos aviões da Segunda Guerra Mundial, em diversas situações temos no nosso conjunto de informações a analisar, apenas aqueles que “conseguiram retornar da batalha”, enquanto que o mais coerente seria pensar no que aconteceu com aqueles que “não conseguiram retornar da batalha”?
Sugestão de blindagem reforçada com base na hipótese de regiões críticas (Imagem adaptada de talha khalil por Pixabay)
De maneira ingênua, acabamos assumindo que isso represente um padrão, como a história de um rapaz que começou a vender panelas de porta em porta, e 20 anos depois controla a principal empresa do ramo de utensílios de cozinha. Essas histórias são como os aviões que retornaram da batalha, analisamos o que aconteceu com essas pessoas, vemos as “regiões em que elas foram atingidas” como por exemplo “pobreza”, “falta de estudo”, “família pouco estruturada”. Porém nesse contexto, esquecemos de nos preocupar com as regiões que essas pessoas “não foram atingidas”, como por exemplo “saúde debilitada”, “redução do poder de consumo da população”, “concorrentes de negócio”, dados estes que podem representar justamente a razão de outros “aviões” não conseguirem retornar destas batalhas.
De forma semelhante, vejo com certa frequência histórias de pessoas que encontravam-se doentes, enfrentando uma grande adversidade em questões de saúde, e que relatam terem sido curadas a partir da sua fé em uma entidade sobrenatural.
Não duvido que isso tenha de fato ocorrido, porém levanto o questionamento, será que ao focarmos nesses relatos não acabamos nos concentrando apenas nas “marcas nos aviões que retornaram da batalha”, nos esquecendo das regiões nas quais eles “não foram atingidos” e que podem ter influenciado diretamente o seu retorno? Como por exemplo:
se houve a extinção de um hábito não declarado aos médicos (como fumar, beber ou usar drogas) que afetava os exames ou o tratamento;
se o tratamento após meses/anos finalmente surtia efeito;
se algum diagnóstico inicial estava errado, levando o paciente a um tratamento para outra doença, o qual agravava mais sua saúde;
se havia algum fator psicológico que interferia nos sintomas e foi sanado com a convicção de cura pela fé;
se algum fator genético incomum nesse paciente possibilitou que seu organismo conseguisse se curar;
se parte da sua rotina, alimentação ou trabalho era responsável por alguns dos sintomas.
Essas possibilidades levantadas, são equivalentes às regiões não atingidas nos aviões que retornaram da batalha. Elas representam assim aspectos que permitiram ao piloto conduzir seu avião até o retorno seguro à base. Ou no caso dos pacientes, aqueles que conseguiram se curar a partir da fé. Mas se consideramos apenas esse lado da história, estamos ignorando as hipóteses que levaram os aviões a “não retornarem da batalha”, ou sendo mais direto nesse contexto, as “histórias das pessoas que não se curaram a partir da fé”.
Este texto foi publicado originalmente no Blog Zero
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os textos foram produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.
É pouco provável que nos conheçamos pessoalmente (nesse caso teríamos grau de conexão 1);
Porém é um pouco mais provável que alguma das pessoas que eu conheço você também conheça (nesse caso teríamos grau de conexão 2);
Contudo, é bem mais provável que das pessoas que eu conheço, alguma delas conheça alguma das pessoas que você conhece (nesse caso teríamos grau de conexão 3).
Podemos seguir nessa lógica até afirmarmos com quase 100% de certeza de que estamos a no máximo 6 graus de conexão. Surpreendente não acha?
Mas isso também significa muito em questão de proliferar uma doença. Pois se eu estiver infectado, há no máximo 6 pessoas que me separam de você. Por exemplo:
1. Posso apertar a mão de João no ônibus; 2. João compartilha o computador com Pedro no trabalho; 3. Pedro dá um abraço em Luiza na faculdade; 4. Luiza vende trufas para sua vizinha Mariana; 5. Mariana janta com sua mãe Cristina; 6. Cristina visita você.
[uma nota sobre contatos…]
Esse é apenas um exemplo bem específico, mas se considerarmos todas as pessoas que conhecemos, todas as pessoas que cada pessoa conhecida nossa conhece, e assim vai. Percebemos que estamos separados de todas as outras a no máximo 6 graus.
Em tempos de festividades de final de ano, é importante termos esta ideia presente em nossos pensamentos, pois cada “furada” de isolamento, estes 6 graus de conexão trazem possibilidades de infecção que vão se multiplicando.
E esta “furada” nem está sendo julgada – nós, aqui do Blogs de Ciência da Unicamp – sabemos que está muito difícil manter o isolamento, muitos estão sendo obrigados a trabalhar, pegar transporte público e se expor de maneiras que não são passíveis de controle.
Mas é fundamental pensarmos se, ao multiplicarmos as chances de contaminação, a cada contato, vale a pena nos reunirmos nestas festas de final de ano, em nome de tradições que inclusive cultuam empatia.
[vamos pensar se abrir mão dos encontros este ano, não seria uma possibilidade de termos encontros nos próximos anos?]
Se ficou interessado neste tema, no repositório do M³ temos um material muito legal em áudio explicando/justificando/contextualizando essa temática e também um guia do professor, para que você não se surpreenda como uma pessoa do outro lado do mundo pode estar próxima o suficiente de você a ponto de infectá-lo. Estes e muitos outros materiais podem ser encontrados no repositório do M³, mas para facilitar sua busca, abaixo está o link para estes materiais em específico.
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os textos foram produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.
O novo coronavírus foi identificado pela primeira vez em meados de novembro de 2019 na cidade de Wuhan, China, e desde então tem se alastrado por todo o mundo, levando a coronavirus disease 19 (COVID-19) a ser considerada uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), já em Fevereiro de 2020. O vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, já infectou milhões de pessoas no mundo e matou milhares de pessoas.
Na época da escrita desse texto (dezembro de 2020), houve 67 210 778 casos confirmados de COVID-19, incluindo 1 540 777 mortes, relatados à OMS. Números estes que não param de crescer tendo em vista a fácil transmissão do vírus por vias aéreas, através de gotículas de saliva presentes na tosse, espirro e fala, portanto, apenas o contato próximo com uma pessoa infectada já seria suficiente para ocorrer a transmissão entre humanos. Tal facilidade de transmissão levou bilhões de pessoas, ao redor do mundo, a permanecer sob quarentena em suas casas, mantendo um rígido distanciamento social [1–4]. É reportado que por volta de 80% dos pacientes infectados com o vírus desenvolvem sintomas leves a moderados, enquanto que, 20% destes podem desenvolver sintomas graves, como pneumonia, síndrome respiratória aguda grave, sepse pulmonar, inclusive desfecho de óbito. Já se têm relatos de que a doença também acomete outros órgãos, além dos pulmões, como o coração, cérebro e rins [5,6].
O Sars-Cov-2 pertence à família Coronaviridae tendo em vista que, sob análise (microscopia eletrônica) de sua superfície e morfologia, identificam-se espículas formadas por trímeros da proteína S as ‘spike proteins’ que dão aparência de coroa, daí o nome ‘coronavírus’. Observa-se assim, que o novo vírus é da mesma família que o SARS-CoV, que infectou 8000 pessoas e matou 800 em 2002, e do MERS-CoV, que em 2012 infectou 2294 pessoas e matou 35% delas. Até o momento, já foram identificados mais de 14 diferentes eventos de mutação no vírus, com alterações estruturais em sua coroa, dificultando o processo de desenvolvimento de vacinas, devido a transitoriedade de pontos alvo no tratamento contra o vírus, ou seja, sua maior resistência às estratégias propostas pelos pesquisadores envolvidos. Entretanto, sua semelhança com os outros vírus da família Coronaviridae auxilia o processo estratégico de desenvolvimento, além da maior rapidez nas pesquisas sobre a SARS-CoV-2 [2,4,7,8]. O que levou a vacina contra a Covid-19 ser o mais rápido na história [você pode ver, por exemplo, como a vacina da Pfizer funciona nesse link].
Diante dessa crise sem precedentes na história da humanidade, diversos grupos de pesquisas, empresas e governos estão empenhados no desenvolvimento de vacinas e medicamentos. Isso incluí virologistas, imunologistas, epidemiologistas, oncologistas, biotecnólogos, químicos, bioquímicos , bioinformáticos etc. E não só profissionais dessas áreas estão se empenhando para combater o COVID19. Pessoas das mais diversas áreas do conhecimento estão fazendo a sua parte para que todos nós possamos superar essa crise. Engenheiros químicos também estão tentando contribuir para que possamos conter o vírus SARS-CoV-2. Entretanto, muitos não sabem como utilizar os conhecimentos que possuem em Engenharia Química e colaborar no combate ao COVID19.
Foi pensando nisso que eu e meus colegas publicamos recentemente o artigo “How Chemical Engineers can contribute to fight the COVID-19” no periódico Journal of the Taiwan Institute of Chemical Engineers. Nesse trabalho nós discutimos algumas áreas do conhecimento que o engenheiro químico e profissionais afins podem utilizar o amplo espectro de conhecimentos que possuem.
O papel do engenheiro sempre foi buscar soluções criativas para problemas da sociedade. Desde o início do século XX, os engenheiros químicos vem se especializando no design e operação de processos que sintetizam uma ampla gama de produtos com valor agregado, que vão desde energia, polímeros a chips de computador. Esses engenheiros trabalham em industrias químicas, empresas ambientais, agências administrativas, escritórios, empresas bancárias etc. O engenheiro químico é ensinado a trabalhar no limiar com outras ciências e tecnologias, sem abdicar de conhecimentos bases de Termodinâmica, Fenômenos de Transporte e Engenharia das Reações Química, além de bases científicas da Matemática, Física, Química e Biologia [9,10]. Nesse trabalho nós mostramos como os engenheiros químicos podem utilizar os seus conhecimentos e colaborar no combate ao COVID19.
Nosso trabalho foi organizado a partir do desenvolvimento de vacinas, uma vez que é uma das estratégias eficazes mais comuns para obtenção de imunização populacional. Também foram explicados os protocolos médicos, incluindo os fármacos ativos testados no combate ao COVID-19. Em seguida, foram elucidados os aspectos mais importantes da dinâmica dos fluidos, uma vez que estão diretamente ligados à propagação da doença pelas vias de transmissão por via aérea e à dinâmica das gotas.
Em seguida, para atender à demanda material gerada a partir da pandemia, por exemplo, equipamentos de proteção individual, foi detalhado o uso da engenharia reversa e da manufatura aditiva (impressão 3D) para contornar tal problema. Finalmente, algumas tecnologias de ponta no diagnóstico de doenças e no monitoramento de pandemia foram exploradas, incluindo diagnósticos baseados em Microfluídica e o uso de Inteligência Artificial.
Nesse sentido, esta revisão foi dividida nas seguintes seções: vacinas e medicamentos, dinâmica de fluidos, impressão 3D, microfluídica e inteligência artificial. As metas de forma geral de cada seção do artigo são familiarizar o leitor com os trabalhos mais importantes sobre o COVID19 e o tópico em questão e fornecer ao leitor um guia para direcionar suas pesquisas fornecendo pesquisas atuais nessas áreas. Nosso objetivo é que o artigo sirva como uma fonte de informação para pesquisadores, professores, profissionais e estudantes na área de Engenharia Química e áreas correlatas.
Para ler o artigo de revisão completo intitulado “How Chemical Engineers can contribute to fight the COVID-19”, visite o site do periódico Journal of the Taiwan Institute of Chemical Engineers [link aqui].
Referências
[1] T. Mohamed, A. El-aziz, J.D. Stockand, Infection , Genetics and Evolution Recent progress and challenges in drug development against COVID-19 coronavirus ( SARS-CoV-2 ) – an update on the status, Infect. Genet. Evol. 83 (2020) 104327. doi:10.1016/j.meegid.2020.104327. [2] M. Cascella, M. Rajnik, A. Cuomo, S.C. Dulebohn, R. Di Napoli, Features , Evaluation and Treatment Coronavirus (COVID-19), StatPearls. (2020). https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK554776/. [3] Corona Time Map, (2020). https://coronatimemap.com/ (accessed May 25, 2020). [4] M. A. Sherren, S. Khan, A. Kazmi, N. B., R. Siddique, COVID-19 infection: Origin, transmission, and characteristics of human coronaviruses. Journal of Advances Research. 24 (2020) 91-98. https://doi.org/10.1016/j.jare.2020.03.005 [5] Q. Gao, L. Bao, H. Mao, L. Wang, K. Xu, M. Yang, Y. Li, L. Zhu, N. Wang, Z. Lv, H. Gao, X. Ge, B. Kan, Y. Hu, J. Liu, F. Cai, D. Jiang, Y. Yin, C. Qin, J. Li, X. Gong, X. Lou, W. Shi, D. Wu, H. Zhang, C.Q. Lan, Development of an inactivated vaccine candidate for SARS-CoV-2, Science (80-. ). 1932 (2020) 1–10. doi:10.1126/science.abc1932. [6] S. Zaim, J.H. Chong, V. Sankaranarayanan, A. Harky, COVID-19 and Multi-Organ Response, Curr. Probl. Cardiol. 45 (2020) 1–21. doi:https://doi.org/10.1016/j.cpcardiol.2020.100618. [7] B. Korber, W.M. Fischer, S. Gnanakaran, H. Yoon, J. Theiler, W. Abfalterer, B. Foley, E.E. Giorgi, T. Bhattacharya, M.D. Parker, D.G. Partridge, C.M. Evans, T.I. de Silva, C.C. LaBranche, D.C. Montefiori, Spike mutation pipeline reveals the emergence of a more transmissible form of SARS-CoV-2, BioRxiv. (2020) 2020.04.29.069054. doi:10.1101/2020.04.29.069054. [8] R. De Alwis, S. Chen, E.S. Gan, E. Eong, Impact of immune enhancement on Covid-19 polyclonal hyperimmune globulin therapy and vaccine development, EBioMedicine. 55 (2020). doi:10.1016/j.ebiom.2020.102768 [9] Himmelblau, D. M.; Riggs, J. B. Basic Principles and Calculation in Chemical Engineering. 8°. Ed. FT Press, 2012. [10] PORTAL LABORATÓRIOS VIRTUAIS DE PROCESSOS QUÍMICOS, O que é a Engenharia Química. http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?option=com_content&task=view&id=113&Itemid=426, (accessed 06 August 2020)
Este texto foi publicado originalmente no Blog Microfluídica
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os textos foram produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.