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  • Pelos olhos delas: relatos e reflexões durante a quarentena – parte 1

    Startup Stock Photos via Pexels. Creative Commons.

    A pandemia da COVID-19 afetou profundamente a forma como a sociedade se organiza e teve reflexos agudos no universo do trabalho. No meio acadêmico, já há dados iniciais que mostram que as mulheres estão sendo desproporcionalmente afetadas: as cientistas e pesquisadoras estão submetendo menos artigos durante a quarentena; em contrapartida, os periódicos observaram um aumento do número de envios de trabalhos realizados por homens.

    Nós, do Ciência Pelos Olhos Delas, temos conversado muito sobre esse contexto de isolamento social e como ele impacta a produtividade de todas as pessoas que atuam na área acadêmica – desde discentes de graduação até professores universitários. Por isso, elaboramos um questionário em português e em inglês para mensurar esse impacto e comparar as respostas de quem faz pesquisa no Brasil e em outras partes do mundo.

    Os resultados parciais de nossa pesquisa podem ser conferidos na reportagem escrita por Nayara Fernandes e publicada no Portal R7 em 25 de agosto de 2020. Além dessa iniciativa, também temos pensado a respeito das repercussões da quarentena em nosso dia a dia, o que nos fez chegar à proposta deste post: relatar nossas vivências ao longo dos últimos meses e também refletir sobre o momento atual e sobre o que vem depois dessa experiência coletiva. Confira abaixo a primeira parte.

    Relatos e reflexões da equipe do Ciência Pelos Olhos Delas durante a quarentena

    Bruna Bertol

    A Bruna é mestre em Ciências com ênfase em Imunologia Básica e Aplicada e está terminando seu doutorado na mesma área pela USP de Ribeirão Preto (SP). Em 2019, fez estágio na Universidade do Colorado, em Denver (EUA), onde conheceu a Marina e a Giovana, integrantes do blog.

    Ela trabalha com câncer de tireoide e sua relação com fatores genéticos e imunológicos, buscando avanços no seu diagnóstico/prognóstico e tratamento, e também tem interesse nas discussões relacionadas às áreas de política, história e ciências sociais.

    Bruna apresentando seu trabalho de doutorado em um congresso científico internacional em Amsterdam (2018). Arquivo pessoal.

    Natural de Joinville (SC), Bruna voltou dos EUA em janeiro de 2020 para iniciar o último ano do doutorado. Tinha planos de fazer viagens internacionais e de passar mais tempo com sua família em Santa Catarina este ano. Com a chegada da pandemia no Brasil, todo o seu planejamento foi afetado. Ela conta mais abaixo:

    “Eu optei por ficar em Ribeirão Preto pois eu sempre lidei bem com a minha própria companhia, mas a verdade é que a combinação de 1) me adaptar ao Brasil novamente, 2) morar sozinha a mais 800 km de distância da minha família, 3) escrever uma tese de doutorado, 4) medo da pandemia e 5) isolamento social absoluto em casa, tem sido um grande desafio emocional para mim.

    No início, queria muito ler e entender sobre o novo coronavírus para me manter informada, e acabei deixando minha tese em segundo plano, mas, com o avanço da pandemia, chegou o ponto em que sinto que o esgotamento mental tem afetado minha produtividade científica. No início, acreditei que até o mês de agosto as coisas estariam melhores, mas a verdade é que não sabemos como serão os próximos meses no país. 

    Ribeirão Preto tomou medidas de isolamento social que foram cumpridas no início, porém, como a maioria das cidades brasileiras, passou a afrouxá-las, principalmente em virtude da pressão econômica, antes de haver uma redução significativa dos casos diários.”

    Para a Bru, a pandemia expõe de forma escancarada no Brasil a desigualdade social, a precarização do trabalho e a violação constante de direitos fundamentais (como o acesso a um serviço de saúde público e de qualidade). 

    Ela destaca ainda que as mulheres são particularmente afetadas durante a quarentena: ficam mais expostas à violência doméstica e mais sobrecarregadas com os cuidados com a casa e com as atividades de reprodução social¹, além de serem a grande maioria dos profissionais na linha de frente nos hospitais e nos serviços de saúde. 

    A verdade é que é difícil prever nossa vida pós-pandemia, mas certamente o momento em que vivemos nos exige repensar nossa vida individual e em sociedade, bem como ressignificar nossas prioridades, nossos direitos e nosso trabalho.”

    Carolina Francelin

    A Carolina é mestre e doutora pela UNICAMP em Genética e Biologia Molecular com ênfase em Imunologia. Logo após sua defesa de doutorado, no final de 2014, engravidou de sua filha Anna, hoje com 5 anos. 

    Em 2018, mudou-se com sua família para Birmingham (EUA), onde trabalha atualmente como pesquisadora na Universidade do Alabama. Além da pesquisa científica, ela tem interesse em acompanhar a produção intelectual sobre maternidade, criação e desenvolvimento infantil, e também adora fazer experimentos culinários acompanhada pela Anna.

    Carolina no laboratório onde trabalha na Universidade do Alabama em Birmingham (EUA). Arquivo pessoal.

    A Carol, que já conhecia a Marina e o blog antes de se juntar à nossa equipe no começo de 2019, nos conta como foi o início das medidas de quarentena na Universidade do Alabama e na cidade onde vive:

    Foi em uma reunião do laboratório, numa segunda-feira de manhã, que recebi o aviso sobre o fechamento da Universidade. Eu passei esse dia ‘fechando’ experimentos, congelando as células e me certificando que tudo ficaria seguro durante a quarentena – período esse que ninguém sabia dizer a duração. 

    Na quarta-feira da mesma semana as escolas fecharam. Meu esposo também foi enviado de quarentena para casa, sem previsão de volta ao trabalho. No fim daquela semana éramos eu em home office e eles (meu esposo e filha) de férias num apartamento fora da nossa terra natal. 

    Passei pelo desespero de produzir nesse período, o de manter o homeschooling, o de estudar, o de organizar a vida e por aí vai. Foi um processo de resiliência e auto-conhecimento diário, tentando manter os lemas ‘um dia de cada vez’ e ‘antes feito que perfeito’. 

    Voltamos para a rotina (quase) normal no meio de maio. Minha filha só tem aula porque frequenta escola particular, os colégios públicos continuaram fechados e reabriram agora em setembro. 

    Para o retorno ao laboratório, preparamos documentos de conduta de segurança, mantemos distância social, usamos máscaras e somos orientados a fazer de casa tudo o que for possível. As cafeterias estão fechadas, os restaurantes do campus foram abertos somente para a retirada de refeições e as aulas presenciais retornaram cheias de protocolo de segurança.”

    Para a Carol, a pandemia trouxe à tona importantes discussões, como as diferenças de classe, raça e gênero, o quanto grupos específicos são afetados de formas diferentes e o que pode ser feito para melhorar a sociedade como um todo:

    “As pessoas postam nas redes sociais que esperam pelo retorno à vida após a pandemia, e eu realmente espero que não seja um retorno. Eu espero que os processos tenham sido reavaliados e que, de alguma forma, a humanidade tenha mudado a forma de como tem construído o mundo.”

    Gabriela Mendes

    A Gabriela é biomédica e mestre em Biologia Celular pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atualmente, ela realiza seu doutorado no Programa Interdisciplinar de Genética na Texas A&M University, em College Station, no Texas, onde trabalha desde 2016 com biomateriais.

    O objetivo principal do projeto da Gabi é utilizar esses biomateriais para promover a formação de novos vasos sanguíneos para acelerar a cicatrização local, visando o tratamento de doenças como diabetes e doenças cardiovasculares.

    Interessada em contribuir e aprender mais sobre a divulgação científica e o papel das mulheres nas diferentes áreas da ciência, ela integra o blog desde o início de 2019.

    Gabriela em 2019 no laboratório onde exerce sua pesquisa de doutorado, na Universidade Texas A&M em College Station (EUA). Arquivo pessoal.

    No final de fevereiro deste ano, durante uma reunião de laboratório, a Gabi foi alertada por sua orientadora sobre a possibilidade de passarem a trabalhar remotamente se o número de casos de COVID-19 aumentasse nos EUA e, mais especificamente, no Texas. No mês seguinte, essa possibilidade se concretizou, como ela nos conta a seguir:

    “Dia 13 de março foi o último dia que fui trabalhar no laboratório, antes que a universidade paralisasse todas as atividades de pesquisa que não fossem relacionadas ao novo coronavírus. A partir desse dia comecei a trabalhar em casa pelo computador e só saía para fazer compras de itens básicos. 

    Por mais de 2 meses somente pessoas consideradas essenciais tinham acesso aos laboratórios – aquelas pessoas que estavam trabalhando com o novo coronavírus e/ou que tivessem que cuidar de células e animais de laboratório. A universidade reabriu para as outras pesquisas no dia 1o de junho e foi quando pude retomar meus experimentos no laboratório seguindo as novas regras de segurança: uso obrigatório de máscaras dentro do prédio, somente 2 pessoas por laboratório no mesmo horário, distanciamento social, higiene das mãos com maior frequência, entre outras medidas. 

    Atualmente, o uso de máscaras continua sendo obrigatório em qualquer local público e no campus. As aulas presenciais na universidade recomeçaram em agosto, mas parte da carga horária de aulas continua sendo online. Os casos de COVID-19 continuam aumentando na cidade e no estado, ao mesmo tempo em que as pessoas tentam voltar às suas rotinas de atividades. Já são seis meses trabalhando de casa sempre que possível e convivendo somente com colegas do lab, além do meu marido. Nessa nova rotina, continuamos saindo de casa somente para fazer compras de mercado e algumas vezes vamos caminhar num parque.”

    A Gabi defenderia sua tese de doutorado em agosto, mas, devido à pandemia, a  defesa foi adiada para dezembro. Em meio ao estresse da finalização do doutorado e o fato de estar longe da família durante a quarentena imposta pela pandemia, ela ressalta a importância de continuar seguindo as recomendações de cientistas e de especialistas e continua:

    “Cada vez mais defendo a ciência e confio nela, e espero que com o nosso trabalho no blog a gente consiga conscientizar mais pessoas sobre a importância da pesquisa e do método científico. Além disso, acho que as desigualdades sociais e de gênero foram escancaradas no mundo todo com a pandemia, quando vemos que pessoas em situação de maior vulnerabilidade morrem mais de COVID-19, e que as mulheres têm acumulado afazeres domésticos e produzido menos no trabalho. Ao mesmo tempo, estes são problemas que tem sido bastante discutidos durante a pandemia e espero que essas reflexões tragam melhorias daqui pra frente.” 

    A parte 2, com os relatos das demais integrantes do Ciência Pelos Olhos Delas, será publicada no blog em 25 de setembro.

    Os relatos acima, escritos pelas integrantes do Ciência Pelos Olhos Delas, foram condensados e editados por Gabriela Mendes e Juliana Lobo. Este post passou pela revisão de toda a equipe do blog antes de ser publicado.

    Nota

    ¹ Para saber mais sobre reprodução social, recomendamos a videoaula “Divisão Sexual do Trabalho”, ministrada pela cientista política Flávia Biroli (UnB).

    Este texto publicado no Especial Covid-19 foi escrito originalmente no Blog Ciência Pelos Olhos Dela

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Assim, os autores produzem os textos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional. Além disso, os textos são revisados por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Dessa forma, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.


    editorial

  • Conheça algumas divulgadoras científicas brasileiras que estão produzindo conteúdo de qualidade durante a pandemia do novo coronavírus

    Camila Laranjeira, Virgínia Mota, Laura de Freitas, Ana Bonassa e Tabata Bohlen. Arquivos pessoais.

    Para dar início ao nosso ciclo temático sobre Epidemias, decidi escrever sobre a importância da divulgação científica especificamente durante a pandemia do novo  coronavírus (SARS-CoV-2, do inglês Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2).

    A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia de COVID-19 (do inglês Coronavirus Disease 2019), doença infecciosa causada pelo novo coronavírus, em 11 de março deste ano e, desde então, a colaboração entre a comunidade científica mundial para a compreensão, diagnóstico e tratamento do novo coronavírus tem sido essencial.

    Além disso, tem-se visto também uma maior colaboração entre os comunicadores de ciência no Brasil, visando  mostrar como a ciência é feita e os seus  benefícios à sociedade. A análise de dados e artigos científicos em época de pandemia da COVID-19 por divulgadores de ciência e pesquisadores de diferentes áreas popularizaram terminologias como “achatar a curva” e “distanciamento social”. Isso só foi possível a partir do uso de metodologia científica sólida e a tradução desses conceitos de forma clara e precisa para a população.

    Entretanto, algumas páginas de divulgação científica chegaram a sofrer ataques nas redes sociais por seguirem as recomendações da OMS ao falarem sobre o novo coronavírus (como mostra a  reportagem da Folha de São Paulo publicada em 7 de abril).

    Por sermos uma página de divulgação científica que celebra e difunde a contribuição das mulheres nas diversas áreas da ciência, eu trago neste texto o trabalho de algumas mulheres que, além de pesquisadoras, são divulgadoras científicas e estão desempenhando um papel importante, especialmente durante a atual pandemia, esclarecendo dúvidas e nos ajudando a interpretar dados e informações disponíveis sobre o novo coronavírus e a COVID-19.

    Canal Peixe Babel

    Camila Laranjeira e Virgínia Mota, criadoras do Canal Peixe Babel. Arquivo pessoal.

    O Canal Peixe Babel foi criado em 2014 no YouTube por Camila Laranjeira, como uma forma de divulgar e falar mais sobre seu próprio projeto de pesquisa e seu interesse em robótica e inteligência artificial, além de ser uma maneira de conhecer mais pessoas interessadas pelo tema. Graduada em Sistemas de Informação pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e mestre em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), atualmente Mila Laranjeira é professora no Departamento de Ciências da Computação da UFMG.

    Na época da criação do Peixe Babel, Mila ainda não conhecia o significado de “divulgação científica”. O Canal cresceu e, em 2016, se tornou membro do Science Vlogs Brasil, o selo de qualidade que reúne os canais de divulgação científica no YouTube. Segundo Mila, o potencial do Peixe Babel ficou muito mais claro e ela então passou a investir mais em “formatos e assuntos que enriqueciam a divulgação científica”. No ano seguinte, em 2017, o canal trouxe uma convidada para falar sobre seu trabalho como professora no Colégio Técnico da UFMG sobre o tema de Saúde Mental entre adolescentes e jovens adultos.

    A convidada era Virgínia Mota que, um ano depois, passaria a integrar o Peixe Babel junto com a Mila. Vivi Mota é formada em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), tem mestrado pela França (2010) e pelo Brasil (2011), e doutorado (2018) também em Ciências da Computação (UFMG). Atualmente, Vivi é professora no Departamento de Informática da UFMG e atua como pesquisadora nos grupos Núcleo de Processamento Digital de Imagens (NPDI) e Pattern Recognition and Earth Observation (PATREO).

    Como as duas divulgadoras científicas têm interesse na área de tecnologia e são duas mulheres LGBTQ+, Mila e Vivi usam o espaço do canal “para lembrar que tecnologia deve ser feita por todos e para todos”. O alcance do Canal Peixe Babel também rendeu um importante reconhecimento para o trabalho das duas, que passaram a receber financiamento do Serrapilheira, instituto privado que apoia a pesquisa e a divulgação científica no Brasil.

    No contexto da atual pandemia de COVID-19, Mila Laranjeira e Vivi Mota utilizaram sua curiosidade científica sobre os dados que eram liberados a respeito da doença no Brasil e no mundo para implementar algoritmos e gerar gráficos. Ao divulgarem o conteúdo que produziam e interpretarem os dados para os seguidores, outros divulgadores e cientistas também passaram a se interessar pela forma como as duas estavam divulgando as suas análises.

    Dentre eles, vale citar o biólogo e doutor em Microbiologia Átila Iamarino, que utilizou alguns dos gráficos gerados por elas em duas de suas lives no YouTube, de grande repercussão  na internet, para facilitar a explicação e visualização dos dados. De forma mais específica, os dados analisados por Vivi e Mila se referem principalmente ao Brasil e incluem número de casos, óbitos, leitos de UTI, e letalidade.

    Ainda, de acordo com as pesquisadoras e divulgadoras, “o principal objetivo nesse momento é conscientizar o brasileiro de que é um momento delicado, precisamos pensar com muita calma e muito carinho sobre cada uma de nossas atitudes. O acompanhamento dos dados acaba ajudando no diálogo.”

    O Canal Peixe Babel está em várias plataformas incluindo YouTube, Instagram, Facebook, Twitter, Medium, GitHub, e, ainda, o Podcast “Bit de Prosa”, com um alcance de 23 mil seguidores no Instagram e mais de 74 mil inscritos no YouTube. No momento, Mila e Vivi têm utilizado principalmente suas contas no Twitter e no Instagram para atualizações diárias dos dados liberados oficialmente pelo Brasil. Para conhecer mais e acompanhar o trabalho da Mila Laranjeira e Vivi Mota siga o Canal Peixe Babel no Instagram, no Twitter e no YouTube.

    Nunca vi 1 cientista

    Laura de Freitas e Ana Bonassi, idealizadoras do Nunca vi 1 cientista. Arquivo pessoal.

    “A gente está aqui para te aproximar da ciência e dos cientistas! Mostrar como a ciência funciona e como você pode aplicar no seu dia-a-dia!” – é assim que o Nunca vi 1 cientista se apresenta no seu canal do YouTube. O projeto surgiu em 2018 durante o FameLab Brasil, uma das maiores competições de divulgação científica do mundo, quando a Laura de Freitas decidiu recrutar alguns dos colegas participantes e a Ana Bonassa topou se juntar à equipe, dando a ideia do nome.

    A Ana é bióloga, mestre e doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), e a Laura é farmacêutica-bioquímica, mestre e doutora em Biociências e Biotecnologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Atualmente, as duas são pós-doutorandas na USP.

    Ana e Laura já utilizavam as redes sociais para desmentir informações falsas espalhadas pela internet e dar explicações baseadas em evidências científicas sobre temas variados. Entretanto, desde o começo da pandemia de COVID-19 no Brasil, elas têm focado em desmistificar notícias falsas como a “prevenção” da doença por erva doce, receitas caseiras de álcool gel, cloroquina na água tônica como “tratamento”, entre outras.

    Além disso, no canal do YouTube elas têm trazido conteúdo sobre estudos envolvendo tratamentos e vacinas para a COVID-19 com embasamento científico, além de esclarecer reportagens que citam cloroquina e hidroxicloroquina como um tratamento definitivo para a doença, ou que falam de vacina contra o coronavírus para cachorros. Por isso, elas afirmam que “é fundamental sempre preferir os jornais que consultam especialistas ou até mesmo os canais de cientistas especialistas”.

    Quando começaram o projeto, Laura e Ana tinham a intenção de levar informação científica de qualidade de forma divertida e acessível para quem não é cientista, utilizando as redes sociais. Hoje em dia, a equipe conta com 13 colaboradores na produção de conteúdo e 1 editor de vídeo voluntário.

    Nas redes sociais, o Nunca vi 1 cientista tem mais de 70 mil seguidores no Instagram e mais de 42 mil inscritos no canal no YouTube que, assim como o Canal Peixe Babel, também entrou para o selo do Science Vlogs Brasil depois de passar por um processo de seleção em 2019. O Nunca vi 1 cientista também tem contas no Facebook e no Twitter. Para conhecer mais sobre o projeto idealizado por Laura de Freitas e Ana Bonessa, siga o Nunca vi 1 cientista no YouTube, no Twitter ou no Instagram.

    Dragões de garagem

    Luiz Bento, Tabata Bohlen e Lucas Camargos fazem parte do Dragões de Garagem. Arquivo pessoal.

    O Dragões de Garagem surgiu em 2012 como um podcast de divulgação científica, com o objetivo de falar sobre ciência de forma mais acessível e descontraída. Atualmente a equipe conta com 14 integrantes produzindo conteúdo para o podcast e também para o canal deles no YouTube. O Dragões é formado majoritariamente por mulheres – a equipe conta com 8 colaboradoras no momento – e eu decidi falar mais sobre o trabalho da Tabata Bohlen, que entrou para o Dragões há aproximadamente 3 anos, depois de várias conversas sobre o projeto com o Luciano Queiroz, um dos criadores do Dragões de Garagem.

    A Tabata é bióloga formada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mestre e doutora em Ciências pela USP, e há 2 anos é coordenadora e responsável pelo canal do Dragões no YouTube. Além disso, ela participa do programa semanal “Notícias da Garagem”, que fala sobre descobertas científicas no canal. Entre os temas abordados no programa, está a questão do financiamento de Ciência e Pesquisa no país, para que as pessoas entendam a sua importância.

    Por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus, a programação do podcast e do conteúdo do canal no YouTube teve de ser alterada. Por ser um grupo formado por pessoas de várias áreas, o Dragões tem tentado abordar aspectos diferentes sobre a COVID-19 e as consequências do isolamento. Por isso, eles criaram as “Pílulas da Garagem” para o podcast, em que falam sobre assuntos relacionados à COVID-19 em programas de até 30 minutos. Já para o canal no YouTube, a Tabata tem feito as “Pílulas de Corona” com pequenos trechos sobre as lives semanais que ela faz com convidados, a fim de que mais pessoas assistam e recebam informação de qualidade.

    Um aspecto muito importante sobre a atuação dos cientistas durante a pandemia, que mencionei no início do texto, é a colaboração entre eles para que as informações corretas sobre o  momento atual cheguem até mais pessoas. E um ótimo exemplo disso é a colaboração que a Tabata do Dragões tem feito em lives no YouTube com a Laura do Nunca vi 1 cientista para responder algumas perguntas frequentes em relação ao novo coronavírus e à COVID-19, e com a Mila e a Vivi do Canal Peixe Babel sobre gráficos, estatísticas e o novo coronavírus.

    Tabata destaca os benefícios da colaboração entre mulheres na divulgação científica: “A Mila, a Vivi, a Laura e tantas outras, além de serem inspirações, nós nos tornamos suportes umas para as outras nesse mundo difícil de mulher fazendo ciência e divulgação.”

    Se quiser conhecer mais sobre o trabalho da Tabata Bohlen e do Dragões de Garagem, no website deles você encontra diversos conteúdos sobre ciência, além de ter acesso ao podcast. Eles também estão no Instagram, no Twitter, e no YouTube, com o selo Science Vlogs Brasil, onde a Tabata participa do corpo diretor.

    Ao acompanhar o trabalho que essas cientistas e divulgadoras têm feito na internet, percebemos que o objetivo em comum entre todas elas é a vontade de falar sobre ciência de forma acessível, didática e descontraída, a fim de levar a ciência onde as pessoas estão – nas diversas redes sociais – e de aproximar a população do que fazemos nos laboratórios das universidades públicas e de outras instituições de pesquisa.

    Assim, aproveito a chance de novamente parabenizar a Mila Laranjeira, a Vivi Mota, a Laura de Freitas, a Ana Bonassa, e a Tabata Bohlen pelo excelente trabalho de divulgar e comunicar ciência de forma tão didática e trazer informação de qualidade de maneira acessível à população. Agradeço imensamente a atenção e contribuição de vocês para a construção deste texto!

    Referências:

    Para escrever este texto eu utilizei informações fornecidas pelas próprias divulgadoras científicas, além das fontes abaixo:

    https://medium.com/@canalpeixebabel

    https://noticias.r7.com/educacao/nunca-vi-um-cientista-esta-com-inscricoes-abertas-15102019

    http://dragoesdegaragem.com/video/coronavirus-noticias-da-garagem/

    Lives do Atila Iamarino utilizando dados do Canal Peixe Babel: https://www.youtube.com/watch?v=9GT9zqme9Mo e https://www.youtube.com/watch?v=vEwDdXim8bQ

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.

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