Tag: Corona
-
Para que precisamos de estudos sobre controle de doenças?
A partir de hoje, vamos publicar um conjunto de textos abordando as ocorrências atuais sobre a quarentena e a pandemia. Serão textos explicando da doença em si. Também abordaremos contextos gerais para entendermos as estratégias para combater o avanço do Coronavírus. Além disso, claro, buscar obter informações, agregá-las aqui no blogs e melhorar (no que for possível) as condições cotidianas nas próximas semanas.Sobre doenças e populações e estratégias de governo…
Se formos olhar para a história moderna, as preocupações com a saúde pública começam a se configurar com a consolidação dos Estados Nação, ou Estados Nacionais Modernos e do Mercantilismo. Como assim? É a partir da ideia de que existe um estado centralizado, cuja população precisa não somente ser governada, mas ser vista como produtora de riquezas que precisa ser mantida viva, é que os Estados vão buscar gerenciar as pessoas de seu país – ou a população – de modo a compreender como vivem e morrem as pessoas. Dessa forma, em vários países, instrumentos e ferramentas vão sendo criados para o estudo dessa população. Isto é, uma busca para intervir cada vez mais no sentido de diminuir a incidência de doenças e males que afetam essa população. Assim, como exemplos podemos citar a estruturação da Estatística e da Polícia Médica, na Alemanha nos séculos XVII e XVIII. Também podemos citar a institucionalização da Higiene, no século XIX, na França, com suas práticas de manutenção da saúde a partir de normas e prescrições para a população. Atualmente, chamamos a área que compreende este conjunto de estudos, estratégias e modelos de ação em cada país, para controlar doenças e compreender suas dinâmicas, de Saúde Pública. Dessa forma, isso inclui diferentes estratégias de governamental de qualquer país do mundo*. Por quê? Para analisar uma série de dados em um determinado tempo. Por exemplo: quantas pessoas nascem e morrem; de que forma nascem e do quê morrem; quais principais doenças atingem essas pessoas; que regiões adoecem mais e do quê; etc. Este tipo de estudo é essencial para organizar um país. Uma vez que de posse deste conjunto de dados, conseguimos organizar de modo eficiente – tanto em cada local (bairro ou município, por exemplo), quanto em regiões ou país – não somente como controlar as doenças, mas melhorar efetivamente a vida da população.Em suma…
Por fim, em termos de população mundial temos, também, o levantamento de dados constante para rastreamento de novas doenças e/ou problemas de saúde. Isto ocorre a fim de combater doenças que possam se alastrar pelo mundo. A Organização Mundial de Saúde é uma das principais instâncias que, em casos como o do Novo Coronavírus, atua intensamente para coletar e agrupar dados, para que as políticas públicas de cada país possam agir de forma rápida e eficiente. * Poderíamos nos estender mais, aqui, e abordar o termo de biopolítica, de Michel Foucault. Em breve, faremos isso… Neste momento, apenas apresentaremos brevemente ideias para chegar no cerne da questão atual. 😉Para saber mais
CYNAMON, Szachna Eliasz (1990) Saúde Pública, qualidade de vida. Cadernos de Saúde Pública, 6(3), 243-246 https://doi.org/10.1590/S0102-311X1990000300001. FOUCAULT, Michel (2002) Em defesa da Sociedade São Paulo: Martins Fontes. ___ (2008) Segurança, Território e População São Paulo: Martins Fontes. GENSINI, Gian Franco; YACOUB, Magdi H; CONTI, Andrea A (2004) The concept of quarantine in history: from plague to SARS Journal of Infection, 49(4), 257-261. https://doi.org/10.1016/j.jinf.2004.03.002 SOUZA, Luis Eugenio Portela Fernandes (2014) Saúde Pública ou Saúde Coletiva? Revista Espaço para a Saúde, 15(4), 07-21.Documentos e instâncias oficiais
BRASIL Ministério da Saúde (2020a) O que é Corona Vírus BRASIL Ministério da Saúde (2020b) Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus (COVID-19)Aqui neste blog
Série: CoronavírusOs argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.
-
Álcool é gel, álcool é pop, álcool é tudo?
Em meio à pandemia vivenciada e às inúmeras ações que foram estabelecidas para a proteção contra o corona vírus, um item relativamente comum, e outrora pouco utilizado em nosso dia-a-dia, ganhou grande atenção de todos: o álcool em gel.
Do dia para a noite, a procura e o preço deste produto tiveram seus índices absurdamente elevados. O preço em alguns estabelecimentos chegou a custar mais do que o grama do ouro!
De modo súbito, vimos também emergir inúmeras alternativas, receitas milagrosas e adaptações, que tiveram sua divulgação potencializada por nossa incrível rede de disseminação de notícias por meio dos aplicativos de comunicação, redes sociais, programas televisivos, entre outros. Desde o uso de produtos não adequados à aplicação na pele (como álcool de churrasqueira, de limpeza ou o combustível) passando por receitas de produção caseira e por estratégias adotadas por indústrias, como a cervejaria que decidiu usar o álcool retirado de suas bebidas para a fabricação do formato em gel, pudemos presenciar, nesses últimos dias, iniciativas adequadas, oportunismos e práticas pouco recomendadas as quais podem não apenas deixar de proteger o usuário como também gerar lesões na pele. Entre mortos e feridos, boas e más condutas, oportunismos e ingenuidades, o que disso tudo se mostra coerente? O que de fato pode ser recomendado?
Vamos às questões!
Dois pontos parecem ser importantes de serem esclarecidos e englobam de modo geral esse sem número de informações disseminadas a respeito do álcool gel.
O primeiro, que aparece como uma questão frequente se refere ao porque do álcool 99% (99 partes de álcool e 1 parte de água – alguns álcoois de limpeza e álcool combustível) ser MENOS eficiente na assepsia do que o álcool 70% (70 partes de álcool e 30 parte de água – o álcool em gel).
Afinal, se o primeiro tem mais álcool, deveria funcionar melhor, certo? A resposta é NÃO! Para explicar podemos começar com um exemplo bastante simples e que você mesmo pode testar em casa (sem precisar ser químico autodidata).
Experimente tentar lavar uma louça suja com gordura apenas com o detergente. Isso, não utilize água. APENAS DETERGENTE (99% DE DETERGENTE). Faz ideia do que acontece? Pois bem, sua louça irá ficar mais suja do que antes uma vez que para a limpeza é necessário uma ação do componente do detergente e da água. Mas e o que isso tem a ver com o álcool?
A ação do produto é resultado da interação não apenas do álcool mas da mistura álcool e água numa proporção que foi testada por diversas pesquisas. Desta forma, para que o produto consiga de fato agir sobre as moléculas que compõem o vírus é necessário uma ação conjunta do álcool e da água. O álcool atua na membrana celular bacteriana, tornando-a permeável. Neste processo a eficácia é aumentada na presença de água. A ausência de água gera menor penetração da substância no organismo e portanto, menor eficiência. Outro efeito, talvez menos importante mas que vale ressaltar é que há estudos que apontam um tempo mínimo de contato necessário. O álcool 99% pode evaporar num tempo menor do que o adequado para a atuação. Assim, ao utilizarmos álcool praticamente puro, minimizamos esta ação o que gera menor desinfecção1,2.
O segundo ponto que abrange grande parte das principais divulgações feitas está relacionado à produção caseira de álcool gel a partir de outros produtos como álcool de limpeza ou mesmo álcool combustível. Além do fato de que talvez ninguém comumente tenha em casa produtos e materiais de medição precisa, nem ao menos tenha formação técnica para a produção de um produto em casa, podemos perguntar inicialmente se o álcool de limpeza ou o combustível são feitos para passar na pele? Será que a qualidade e/ou pureza dos produtos utilizados na fabricação destes componentes são as mesmas daquela usada na fabricação do álcool em gel para uso na pele?
Pensemos então em outro exemplo simples e novamente utilizando o detergente. Você usaria detergente de pia para lavar seu cabelo (em substituição ao xampu?) Acredito que sua resposta tenha sido não. Mas porque, uma vez que o componente ativo é o mesmo na maior parte dos detergentes e xampus? Dê uma olhadinha nos rótulos e procure por lauriléter sulfato de sódio (ou sodium laureth sulfate – em inglês). Há ainda alguns derivados de mesma função como o linear alquil benzeno sulfato de sódio. Aproveite e veja também a quantidade de outras substâncias existentes
Pois bem, usar qualquer outro tipo de produto para fabricar álcool em gel seria o mesmo que usar detergente como xampu. No entanto, os cuidados no preparo de um e outro produto são bastante distintos, bem como a pureza dos reagentes utilizados e as substâncias adicionadas com o intuito minimizar quaisquer efeitos sobre a pele. Portanto, o seu produto caseiro pode não apenas ser ineficiente (por medidas inadequadas nas quantidades) como causar problemas na pele. Por essa e outras razões não é recomendado que se faça álcool em gel a partir de nenhum outro produto que contenha álcool e que não tenha a finalidade de uso para a pele.
Mas o que fazer?
E então? Ficaremos reféns da indústria do álcool gel? Seremos contaminados pelo não uso do produto? A resposta também é não. Embora não tenha como substituir este produto, o hábito de lavar as mãos com água e sabão ou com água e o bom e velho detergente se mostra bastante eficiente no combate ao vírus. Portanto, quem não tem cão, caça com gato, e quem não tem álcool usa sabão. Uma atitude mais simples do que virar um alquimista autodidata com base nos “conselhos” de pessoas que nem ao menos se conhece.
Algumas ressalvas
O álcool em gel deve ser utilizado em situações em que não temos a possibilidade de lavar as mãos com água e sabão! Lavar com água e sabão é o melhor método. Mais ainda: é fundamental utilizar o álcool em gel em toda a superfície das mãos, em quantidade suficiente para senti-las molhadas inicialmente, até que esse efeito seja diminuído. Nunca se deve utilizar o álcool em gel em mãos sujas. Pois, se as mãos estão sujas, o álcool atua sobre a sujeira e pode não eliminar totalmente os vírus. (Ressalvas feitas pela professora Silvia Gatti, do Instituto de Biologia da Unicamp)
Para Saber Mais
1. Kawagoe, JY, Graziano, KU, Valle Martino, MD, Siqueira, I, & Correa, L (2011) Bacterial reduction of alcohol-based liquid and gel products on hands soiled with blood. American Journal of Infection Control, 39(9), 785–787. doi:10.1016/j.ajic.2010.12.018
2. Tim Sandle Pharmaceutical Facility Sanitization: Best Practices Considered https://www.americanpharmaceuticalreview.com/Featured-Articles/184449-Pharmaceutical-Facility-Sanitization-Best-Practices-Considered/
Neste Blog
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.
-
libertar-se (já é tempo, amor)
Q.U.A.R.E.N.T.E.N.A.M.O.S.Ao final do dia, sorrisos, suaves e subordinados, de quem sabe despertar em um mundo com fronteiras.Ao final do dia, sobressaltos invisíveis e (des)controles escorrem nossas vidas, como se nada fossem.Ao final do dia, contamos o tempo, mais um suspiro, no olhar, (in)serenidades de quem sabe ser mais (do mesmo).Ao final do dia esperamos, apenas, a hora de dormir, para esperar a hora de acordar para esperar mais um final de dia..R.E.S.I.T.I.R.E.M.O.S.Se o cotidiano te atropela, cinza e sedento por rotina e(m) desespero, chegue ao final de cada dia com o escárnio das impossibilidades.Escárnio ao cultivar, mesmo encarcerado, alegrias miúdas em segundos vívidos e suor.O tempo, meu bem, não te aguarda, por vezes entedia e tudo (como sempre soubemos) vai piorar…Todavia, na vida, não há escárnio maior que o gozo, nem rebeldia melhor que o sorriso sem submissão..Vai e escarra teu deleite.Vai e escancara teu prazer.Pois o resto, todo, já nos foi aviltado..Já é hora, amor, de libertar-se (imerso dentro de casa)Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.
-
Samba da Quarentena
Cantaram:
Anita Galvão Bueno
André Bordinhon
Bruna Alimonda
Bruna Lucchesi
Bruna Nunes
Damião Mamede Florêncio
Daniel Minchoni
Henrique Cartaxo
Felipe Bemol
Fernanda Guimarães
Luísa Toller
Mara Braga
Marcos Mesquita
Mariana Furquim
Marina Santana
Mônica Fogaça
Murilo Gil
Paola Gibram
Raíça Augusto
Ritamaria
Rodrigo Travitzki
Rogério Santos
Thais Sanchez
Valéria Kimachi
Vanessa Longoni
Victor Kinjo
Violões:
André Bordinhon
Gustavo de Medeiros
Viola:
Catarina Schmitt
Clariente:
Sergio Wontroba
Flauta:
Marina Bastos
Pandeiro:
Jaír Junior
Tamborim:
Daniel Carezzato
Panela Cínica:
Thiago Melo
Intérprete Libras:
Leonardo Castilho
Composição:
Luísa Toller
Gustavo de Medeiros
Henrique Cartaxo
Produção Musical e Mix:
João Antunes
Edição do Vídeo:
Henrique Cartaxo
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.
-
Não um domingo qualquer
I. DIÁRIO
Respirando na janela
o ar da tarde.
Algum vizinho escutando
música da Elza Soares.
Chega-me, intermitente,
uma ou outra frase,
latido,
resmungo,
grito.
Pego a caneta
e rascunho versos
no pequeno papel
termossensível.
II. PATRULHAMENTO (A)
Ao sujeito que caminhava,
gritaram do 5º andar:
–VAI PRA CASA!
–Sinto. Não tenho lar.
III. PATRULHAMENTO (B)
Casemira fica o tempo todo
nos monitores,
anotando
a entrada e saída
dos moradores:
–Um absurdo! Só hoje,
já saiu três vezes
a menina do Doze!
IV. CONSTATAÇÃO
Na vida, tudo passa;
na vida, tudo muda.
Ontem, na rua,
tomando sol e chuva;
hoje, em casa,
de máscara e luva!
V. PACOTE
–Caramba, Feitosa!
Isso lá é hora pra
desilusão amorosa!
–Você sabe, Virgílio,
o mal, quando vem,
não vem sozinho…
JM (“o recolhimento, a insanidade, a bisbilhotice, o lamento e a fossa ociosa da razAo”)
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.
-
Humanização
No momento em que o mundo
bruscamente se encolhe,
contando vítimas
e buscando soluções
de combate à pandemia,
há que valorizar
o que o curso desse
difícil desafio edifica.
(J.M.).
Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.