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  • Química do Coronavírus – Parte I

    À luz do atual surto de um novo coronavírus (COVID-19), o Blog Quimikinha gostaria de compartilhar um breve histórico sobre a família coronavírus e sua estrutura macroscópica (parte I), destacando uma importante proteína que está envolvida no processo de infecção viral (parte II). Por último, vamos falar sobre pesquisa e desenvolvimento de agentes terapêuticos e vacinas para COVID-19 e doenças relacionadas ao coronavírus humano (parte III). Esta postagem tem como objetivo fornecer uma breve visão geral das importantes contribuições da química no desenvolvimento de fármacos para o tratamento do COVID-2019. Como sabemos, a química tem um papel fundamental a desempenhar na compreensão de tudo, desde a estrutura viral à patogênese, isolamento de vacinas e terapias, bem como no desenvolvimento de materiais e técnicas utilizadas por pesquisadores, virologistas e médicos. (1)

    Família coronavírus

    O coronavírus (CoV) é uma grande família de vírus que causam doenças que variam do resfriado comum a doenças mais graves. Em 11 de fevereiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde nomeou a doença viral que se espalhou pelo mundo de novo coronavírus 2019 (COVID-19). (2) Isso porque já existiram outras espécies da mesma família viral que infectaram humanos. Por exemplo, Em 2003, estava em circulação a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV). Atualmente, ainda temos em circulação a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV). No entanto, esse último vírus não se espalhou pelo mundo tal como o que causa a doença COVID-19 (SARS-CoV-2). Para saber um pouco mais sobre temas relacionados à biologia molecular e curiosidade do coronavírus recomendo o conteúdo divulgado pela bióloga Rafaela da Rosa Ribeiro que trabalha com o COVID-2019 na Itália.

    Estrutura básica do coronavírus

    Na sua superfície, o vírus contém importantes proteínas tal como é mostrado no Video produzido pelo grupo Biosolution.  Estas macromoléculas se encontram incorporadas na bicapa lipídica da superfície do vírus. Dentre as macromoléculas, se destaca a proteína spike pelo sua forma de coroa que dá o nome ao vírus e, sobretudo, pelo seu papel fundamental na infecção viral. O material genético do vírus encontra-se no interior do nucleocapsídeo, um invólucro de natureza proteica.

    No vídeo, encontra-se uma visão tridimensional do coronavírus destacando sua constituição. Além disso, ele contém uma imagem do microscópio eletrônico de transmissão que mostra o SARS-CoV-2, o vírus que causa o COVID-19, isolado de um paciente infectado.

    Na próxima postagem, vamos falar um pouco mais sobre como a estrutura da proteína spike do coronavírus tem papel fundamental no processo de contaminação celular.

    Informem-se, cuidem-se e até logo!

    Prevenir é sempre o melhor remédio!

    Referências biliográficas

     1.     Chemistry in Coronavirus Research: A Free to Read Collection from the American Chemical Society. Available from: https://pubs.acs.org/page/vi/chemistry_coronavirus_research#

    2.           Liu W, Zhu H-L, Duan Y. Effective Chemicals against Novel Coronavirus (COVID-19) in China. Curr Top Med Chem. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32133962

    3.           Structural view of coronavirus cell entry and neutralisation  Available from: http://www.esrf.eu/UsersAndScience/Publications/Highlights/2012/sb/sb7  

    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • Valentões dentro da célula, sensíveis fora dela: os vírus

    Vírus são partículas infecciosas, invisíveis a olho nu. Eles são formados por um material genético protegido por estrutura formada basicamente por proteínas, o capsídeo. Alguns vírus também apresentam uma membrana (ou envelope) formado por proteínas e lípidos, uma biomolécula com nome de origem grega, lipos, gordura. 

    Existem vários tipos de vírus. Eles  variam em tamanho, morfologia (formato e composição), mecanismos de replicação e conteúdo de material genético. Isso faz com que um vírus que atinge humanos possa não atingir outras espécies animais, como o cachorro. O contrário também é válido. 

    A organização Mundial de Saúde (em inglês, World Health Organization, WHO), declarou que, até o momento, não há evidências de que cachorros e gatos de estimação possam transmitir o COVID-19. 

    Comparado ao genoma humano, o material genético do vírus é pequeno. Por exemplo, enquanto o genoma humano tem cerca de 3 bilhões de pares de bases e cerca de 100 000 genes (National Human Genome Research Institute), os menores genomas virais variam de menos de 2 000 bases, contendo dois genes, a 2,5 milhões de pares de bases, contendo mais de 2 500 genes (Simmonds e Aiewsakun, 2018). 

    Apesar de terem no material genético as informaçõe necessárias para a produção de novos vírus, eles não são capazes de fazer isso sozinhos e por esse motivo são parasitas intracelulares obrigatórios. 

    Nos seres vivos, como nós seres humanos, acontece incessantemente inúmeras reações bio(quimicas), o metabolismo. Uma vez dentro da célula, o vírus usam o metabolismo do hospedeiro para se replicar.  Dessa forma, as células infectadas produzem mais vírus que poderão infectar novas células e hospedeiros. 

     

    O COVID-19 faz parte dos Coronavírus, uma família de vírus que causam infecções respiratórias.

    Valentões dentro da célula, fora eles são bem sensíveis. Os vírus duram pouco tempo sozinhos fora da célula/hospedeiro. Aí está a nossa vantagem em relação aos vírus: podemos quebrar a transmissão de hospedeiro a hospedeiro e dessa forma quebrar a propagação da contaminação.  A quarentena é uma forma de ajudar nesse processo. Sobre isolamento sociala e quarentena, fica a sugestão de leitura do post Os isolamentos são importantes sim senhor! E não é de hoje essa prática…

    A membrana ou envelope do vírus não é como uma armadura medieval, superresistente. Aí entra o nosso contra-ataque: o hábito de higiene que aprendemos desde pequenos: lavar as mãos com sabão. 

    Quando lavamos as mãos, o sabão interage com os lipídeos presentes na membrana (ou envelope) do vírus, desestabilizando e quebrando as interações físico-químicas que ocorrem no envelope, destruindo o vírus O sabão “dissolve” a gordura do vírus. 

    Para que o sabão possa agir de forma efetiva sobre o vírus é necessário lavar as mão de forma adequada, como mostra o Dr. Drauzio Varella no vídeo. 

    Referências

    Ministério da Saúde. Coronavírus e novo coronavírus: o que é, causas, sintomas, tratamento e prevenção.

    Peter Simmonds e Pakorn Aiewsakun. Virus classifcation – where do you draw the line? Archives of Virology. 2018

    Rios, Alessandra Câmdida et al. Alternatives to overcoming bacterial resistances: State-of-the-art. Microbiol Res. 2016.

    Voet, Donald e Judith Voet. Biochemistry. Third Edition. John Wiley & Sons, INC. 2004. 

    World Health Organization. Coronavirus disease (COVID-19) outbreak.

    (mais…)
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