Tag: editorial

  • Revista Blogs Unicamp se inspira na relação entre Educação, Ciência e Arte, tema do III EBDC | editorial n. 10 v.1

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    Autoria

    Jaqueline Nichi

    Querides leitores, 

    É com grande entusiasmo que apresentamos a mais recente edição da Revista Blogs Unicamp e a primeira de 2024, que surge em meio aos preparativos para o aguardado III Encontro Brasileiro de Divulgadores de Ciência (EBDC). Marcado para acontecer de 15 a 17 de novembro no Instituto Principia, em São Paulo, este evento representa um marco fundamental para a comunicação científica em nosso país, reunindo uma diversidade de profissionais, pesquisadores, estudantes e interessados nesse campo.

    Com o tema central “Educação, Ciência e Arte”, o III EBDC promete proporcionar um espaço rico em debates, trocas de experiências e reflexões fundamentais para o avanço da divulgação científica no Brasil. Convidamos a todos a participarem. As inscrições para a submissão de trabalhos estão abertas até 26 de maio no site do evento.

    Mas nem só de evento vive esse editorial…

    Nesta edição da revista, preparamos uma cuidadosa seleção de conteúdos que refletem a diversidade e a qualidade da ciência brasileira. Destacamos o artigo da nossa autora convidada, a biomédica Mariene Amorim, que nos alerta sobre a febre do Oropouche e sua repercussão na saúde pública, especialmente na região Norte do Brasil. A disseminação desse vírus demanda uma resposta coordenada das autoridades e pesquisadores, visando prevenir e controlar futuros surtos.

    Em nosso artigo de capa, abordamos o atual cenário político brasileiro em ano de eleições municipais, com uma análise desta autora sobre a importância da adaptação climática nas propostas dos candidatos e o crescente protagonismo das questões ambientais nas agendas eleitorais.

    A conservação dos oceanos também recebe destaque com reflexões provocativas de Juliana Di Beo sobre a interligação entre o bem-estar da população brasileira, o sucesso econômico e a preservação dos nossos mares, além da abordagem de Ana de Medeiros Arnt sobre a relevância da Lei “Não é Não” na proteção dos direitos individuais das mulheres brasileiras.

    Outros temas relevantes são explorados em artigos que incluem a contaminação por microplásticos em morcegos, a inclusão da PrEP nas ações de 2024 e os desafios do estágio supervisionado.

    As duas resenhas desta edição também oferecem reflexões instigantes. Leonardo Dias Nunes analisa a obra “A fratura brasileira do mundo: visões do laboratório brasileiro da mundialização, de Paulo Arantes” e discute a “brasilianização do mundo” e sua relação com a precarização do trabalho. Já Juliana Di Beo narra a coragem da nadadora Nyad em sua histórica travessia pelo Atlântico Norte aos 60 anos, em filme homônimo estrelado por Annette Benning. 

    Por fim

    Esperamos que esta edição seja uma fonte inspiradora de conhecimento para nossos leitores, contribuindo para um debate informado e consciente sobre os temas que moldam nosso mundo. Agradecemos a todos os autores, colaboradores e leitores por fazerem parte desta jornada para valorizar e ampliar a divulgação científica no Brasil.

    Boa Leitura!!

    Sobre o editorial

    O texto editorial foi escrito por Jaqueline Nichi, jornalista e editora da Revista Blogs Unicamp, doutora em Ambiente e Sociedade pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM/UNICAMP) e blogueira da rede no Blog Natureza Crítica.

    Como citar:  

    Nichi, Jaqueline (2024). Revista Blogs Unicamp se inspira na relação entre Educação, Ciência e Arte, tema do III EBDC. Revista Blogs Unicamp, V.10, N. 01. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/revista/2024/05/02/editorial-v10-n1-2024/.  Acesso em DD/MM/AAAA

    Bem-vindo ao Blogs Científicos – UNICAMP sites. Esse é o seu primeiro post. Edite-o ou exclua-o, e então comece a publicar!

  • Revista Blogs Unicamp chega aos seus oito anos de trabalho | editorial n. 9 v.2

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    Autora

    Ana de Medeiros Arnt

    Chegamos ao nosso segundo número do ano e, junto a isto, nosso oitavo aniversário! O Projeto Blogs de Ciência da Unicamp e a Revista Blogs Unicamp chegam aos seus oito anos de trabalho, buscando divulgar uma ciência cada vez mais inclusiva e diversa!

    Nosso projeto começou pequeno — como uma rede de 15 blogs, todos de pesquisadores da Unicamp. Atualmente somos mais de 100 blogs, em todas as áreas de conhecimento! A Revista foi lançada logo depois do projeto e, como já falamos, tinha uma dinâmica um pouco diferente de hoje. Uma vez que o projeto era bem menor, todos os textos da rede eram publicados na revista. Conforme anunciado no relançamento deste ano, reestruturamos a Revista e montamos um comitê editorial que seleciona e organiza os textos, convida cientistas que atuam fora da Unicamp, pensa de maneira mais estruturada em temáticas a fim de equilibrar a quantidade de informação por áreas de conhecimento, design, e divulgação nas redes sociais. Mas, aproveitando ser nosso aniversário, resolvemos fazer novas alterações na revista recém relançada! Sim! Nós não paramos de ter ideias novas e o comitê editorial que lute… (autocrítica! hehehe)

    A partir deste número, teremos sempre o texto de uma cientista convidada, externa ao projeto, para falar de sua área de atuação. A convidada da vez é Julia Marcolan, que faz doutorado em física computacional e produziu um belíssimo texto sobre os desafios da ciência para mulheres hoje e ao longo da história. Mesmo com uma representatividade cada vez maior no campo científico, ainda existe um grande abismo de oportunidades e de condições de seguir a carreira acadêmica — dentro e fora do Brasil — e, sim, é preciso falar sobre isso!

    Achamos interessante também, como estrutura de revista, inaugurar uma seção de Resenhas, destinada a explanarmos sobre livros, filmes, documentários, podcasts, aproximando debates teóricos, dicas e sugestões para nossos leitores. Este número traz a resenha do livro O Cérebro no Mundo Digital, lançado em 2019 pela Editora Contexto, de Maryanne Wolf. A centralidade da resenha versa sobre a questão “as pessoas leem menos em um mundo digitalizado?” com Maryanne Wolf defendendo a ideia de que o debate não é sobre quantidade, mas fragmentação da leitura, a partir de um mundo que passa, cada vez mais, por uma tela. A alteração no modo de leitura modifica aprendizados, imersão — ou leitura profunda, como a autora define — e, também, atenção na leitura em si.

    Por fim, neste número, também optamos por ter textos mais longos e robustos, detalhando mais algumas temáticas. A ideia é dosar textos mais rápidos e leves, com outros que se aprofundem e tratem de assuntos com mais minúcias. Espero que gostem deste número que preparamos com carinho para vocês! Nós, por aqui, já lemos e relemos todos os textos e achamos que estão incríveis!!!

    Boa Leitura

    Sobre o editorial

    O texto editorial é escrito por Ana de Medeiros Arnt, Editora da Revista Blogs Unicamp e Coordenadora da Rede Blogs de Ciência da Unicamp.

    Ana de Medeiros Arnt é bióloga, Livre Docente em Ensino e Divulgação Científica, professora do Departamento de Genética, Evolução, Microbiologia e Imunologia do Instituto de Biologia da Unicamp. Pesquisa e da aula sobre História, Filosofia e Educação em Ciências, e é uma voraz interessada em cultura, poesia, fotografia, música, ficção científica e… ciência! 😉 

    Como citar: 

    Arnt, Ana de Medeiros (2023) Revista Blogs Unicamp chega aos seus oito anos de trabalho. Revista Blogs Unicamp, V09, N02. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/revista/editorial-v9-n1-2023. Acesso em dd/mm/aaaa

  • Vidas negras importam – Black lives matter

    Texto por José Felipe Teixeira da Silva Santos

    Após o homicídio de George Floyd, asfixiado em público pelo policial Derek Chauvin, no dia 25 de maio em Minneapolis nos Estados Unidos, uma onda de protestos violentos se desencadeou em todo o País. Os manifestantes protestam pedindo a condenação do policial por homicídio em 1° (quando o autor do crime tem a intenção de matar) e, mais do que isso, esses manifestantes clamam pelas vidas de pessoas negras que, constantemente, são alvo de uma política de extermínio racista.

    Já no Brasil, o recente homicídio do menino João Pedro, alvejado pela Polícia do Rio de Janeiro dentro de seu próprio lar, mostra novamente que em nosso país, o Estado segue uma política de extermínio da população negra, semelhante aos Estados Unidos. Isto quer dizer que não foi um caso isolado. Apontar que existe uma política de extermínio é afirmar que não foi o primeiro caso, não será o último e, mais do que isso, é prática rotineira e em muitas medidas legitimadas publicamente.

    Os números têm nome e cor

    Casos de pessoas negras que tiveram suas vidas interrompidas, como o de João Pedro, de Ágatha Félix, de Marielle Franco, mortos pelas mãos do Estado, permanecem sem resolução até hoje, compondo uma dolorosa e cruel estatística. A maior parte das justificativas compreende a Guerra às drogas e ao Tráfico, mas ao que fica evidente, esta guerra na verdade é declarada a somente uma parcela da população, a que possui cor e endereço bem determinados. Estas guerras acabam com balas perdidas que coincidentemente são sempre encontradas em corpos de comunidades de favelas ou de bairros de periferia, negros.

    Essas situações não são novidade, mas têm inflamado ainda mais o descontentamento dos cidadãos brasileiros com o panorama atual do país. Similar aos protestos em Minneapolis, aqui também houve protestos e chamados para sairmos às ruas, exigindo justiça pelas mortes e igualdade racial nas políticas públicas e na vida em sociedade. Desse modo, as ameaças pelo contágio da doença COVID-19 causada pelo novo coronavírus, parece não serem suficientes para conter uma população que morre por tantos outros motivos, incluindo um período de isolamento social. Tais atos apresentam, assim, o lado cruel de políticas, de vivências, de rotina em que a morte é um enfrentamento cotidiano – dentro ou fora de casa. 

    Nas redes sociais não é diferente, pessoas das mais diferentes posições e crenças criaram filtros para destacar o seu compromisso com uma luta antifascista, têm postado questionamentos assertivos, cobrando posicionamentos de celebridades, intelectuais e veículos de comunicação.

    Todos estes momentos e movimentos são fundamentais, pois tornam visíveis os problemas da sociedade. Exaltar a ideia de que “vidas negras importam”, tanto quanto o nome e as vidas que estão sofrendo, tornando-os símbolos não é apontar isoladamente um problema que aconteceu, nem deve ser tomado desta forma. É, sim, buscar empatia de quem não vivencia isto como cotidiano (a população branca, por exemplo), tornar evidente a questão como parte da vida de muitos brasileiros. A luta contra o racismo não deve, portanto, estar restrita aos momentos de solidariedade às vítimas. A luta e o engajamento devem ser diários, pois para as famílias de sangue retinto, muitas vezes esse momento já é tarde.

    A famosa a frase da escritora Angela Davis segue apontando para o quanto é preciso protestar contra a desigualdade racial: não basta não ser racista, é preciso ser anti racista. 

    Você não acredita ou ainda tem dúvida que pessoas negras e suas vidas são as principais vítimas de violência no Brasil? Abaixo seguem estatísticas que retratam parte desta realidade.

    Genocídio da juventude Negra no Brasil

    Homicídio de pessoas negras no Brasil

    O informativo de Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil mostra que a população negra tem 2,7 mais chance de ser morta do que a população branca.

    Segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade do SUS, de 2012 a 2017, foram registrados 255 mil mortes de pessoas negras por assassinato

    Segundo a analista de indicadores sociais do IBGE – na série de 2012 a 2017, houve aumento da taxa de homicídios por 100 mil habitantes da população preta e parda (categorias adotadas pelo IBGE), passando de 37,2 para 43,4. Enquanto para a população branca esse indicador se manteve constante no tempo, em torno de 16.

    Em 2017, para jovens brancos, de 15 a 29 anos, a taxa de mortalidade era de 34 em cada 100 mil habitantes. Para pessoas pretas, 98,5 mortes por assassinato a cada 100 mil habitantes; o recorte apenas para homens negros nessa mesma faixa etária, alcança a taxa de 185. No recorte para mulheres, a taxa é de 5,2 para brancas e 10,1 para pretas.

    Crianças negras mortas nos anos de 2019 e 2020 vítimas de bala perdida

    No Brasil, crianças negras são vítimas de balas perdidas, dentro ou fora de suas casas, no trajeto para escola ou onde quer que estejam. A seguir, lista de nomes de crianças negras que tiveram suas vidas interrompidas por esta causa nos anos de 2019 a 2020:

    João Pedro Matos Pinto, 14 anos. Preto. 19/05/2020.

    Luiz Antônio de Souza Ferreira da Silva, 14 anos. Preto. 06/02/2020.

    Anna Carolina de Souza Neves, 8 anos. Preta. 29/01/2020.

    João Vitor Moreira dos Santos, 14 anos. Preto. 09/01/2020.

    Ketellen Umbelino de Oliveira Gomes, 5 anos. Preta. 13/11/2019.

    Ágatha Vitória Sales Félix, 8 anos. Preta. 20/09/2019.

    Kauê Ribeiro dos Santos, 12 anos. Preto. 08/09/2019.

    Kauã Rosário, 11 anos. Preto. 16/05/2019.

    Kauan Peixoto, 12 anos. Preto. 17/03/2019.

    Jenifer Cilene Gomes, 12 anos. Preta. 14/02/2019.

    PM’s negros lideram as estatísticas de mortes em serviço

    Mesmo estando em menor número dentro da corporação (37% do efetivo policial), entre os anos de 2017 e 2018, 51,7% dos policiais mortos em serviço eram negros.

    #vidasnegrasimportam

    Vidas negras importam, seja aqui, seja nos Estados Unidos, seja em qualquer outro lugar do mundo. José Felipe Teixeira da Silva Santos (autor deste texto), em conjunto com toda a equipe do Blogs de Ciência da Unicamp, manifestamos com este documento nossa posição anti racista e antifascista, mais do que não apoiar, nos contrapomos à conivência a qualquer tipo de ação, ato ou política que se articule ao racismo e a antidemocracia, hoje e sempre.

    Para saber mais

    ARAUJO, Taís.. Como criar crianças doces num país ácido | Taís Araújo – TedxSaoPaulo, TEDx Talks. 14 de nov. de 2017. Acesso em 01 de jun. de 2020.

    CERQUEIRA, Daniel RC; MOURA, Rodrigo Leandro de. Vidas perdidas e racismo no Brasil. 2013. Acesso em: 01 de jun. de 2020.

    COELHO, Leonardo. João Pedro, 14 anos, morre durante ação policial no Rio, e família fica horas sem saber seu paradeiro. El País, 19 de mai. de 2020.. Acesso em: 01 de jun. de 2020.

    DIEB, Daniel. Anonymous volta à ativa contra Bolsonaro e Trump; conheça o grupo hacker. Tilt, 02 de jun. de 2020. Acesso em 02 de jun. de 2020.

    DUAS novas autópsias afirmam que George Floyd foi morto por asfixia. Portal G1, 01 de jul. de 2020. Acesso em: 01 de jul. de 2020.

    IBGE: População negra é principal vítima de homicídio no Brasil. Exame, 13 de nov. de 2019. Acesso em: 01 de jun. de 2020.

    IBGE. Tábua completa de mortalidade para o Brasil. Acesso em: 01 de jul. de 2020.

    MARREIRO, Flávia. Marielle Franco, vereadora do PSOL, é assassinada no centro do Rio após evento com ativistas negras. El País, São Paulo, 15 de mar. de 2018. Acesso em: 01 de jun. de 2020.

    MENINO de 14 anos morre atingido por bala perdida na Baixada Fluminense. O Globo, Rio de Janeiro, 08 de fev. de 2020. Acesso em: 01 de jun. de 2020.

    MORRE adolescente de 14 anos baleado em Vila Kosmos. Portal G1, 02 de fev. de 2020. Acesso em: 01 de jun. de 2020.

    NITAHARA, Akemi. Negros têm 2,7 mais chances de serem mortos do que brancos. Agência Brasil, Rio de Janeiro 13 de nov. de 2019. Acesso em: 01 de jul. de 2020.

    OLIVEIRA, Leonardo. Da fatalidade epidemiológica à ferramenta de extermínio: a gestão necropolítica da pandemia. Blogs de Ciência da Unicamp – Especial Covid-19. 2020.

    SANTOS, Guilherme; SOARES, Paulo Renato. Em 10 meses, Rio tem 6 crianças mortas por bala perdida e poucas respostas para as famílias. Portal G1, Rio de Janeiro, 13 de nov. de 2019. Acesso em: 01 de jun. de 2020.

    TABU, Quebrando o. O dia que Brooklyn Nine-Nine explicou em um minuto o privilégio branco, Quebrando o Tabu, 01 de jun. de 2020. Acesso em: 01 de jun. de 2020.

    José Felipe Teixeira da Silva Santos é estudante de Biologia da Unicamp, membro da equipe técnica, administrativa e científica do Blogs de Ciência da Unicamp.
    O texto tem apoio total e incondicional de toda a equipe técnica, administrativa e científica do Blogs de Ciência da Unicamp.

  • Não é um número

    trezentos e sessenta e quatro. 

    duas mil trezentas e quarenta e nove.

    duzentos e setenta mil seiscentos e cinquenta e seis.

    nove milhões oitocentos e noventa e seis mil setecentas e vinte e sete.

    dois milhões, trezentos e quatorze mil e cinquenta e nove.

    #nãoéumnumero [hashtag do Memorial Inumeráveis]

    Estes são os dados relacionados à COVID-19 de ontem. 10 de março. Um dia antes do anúncio oficial da OMS de que vivíamos uma pandemia. Neste dia, vivenciamos 2349 óbitos oficiais de Covid-19 no Brasil – o pior número desde o início da crise sanitária. 270.656 óbitos “acumulados”. Aplicamos apenas 9.896.727 doses de vacinas, CoronaVac ou Astrazeneca.

    Vidas protegidas, vidas salvas, vidas perdidas. 270.656 pessoas.

    Vocês ainda se chocam? Se solidarizam? Se importam?

    270.656 brasileiros, em 213 milhões. Cerca de 0,13% da população. Parece tão pouco quando mudamos o jeito de apresentar os dados, não?

    Quem tomou as duas doses das vacinas respira mais aliviado junto a 2.314.059 pessoas. Elas representam 1,01% das pessoas protegidas contra Covid-19, ou seja, apresentam uma chance muito ínfima de se contaminar e, se contaminadas, chances próximas de zero de apresentarem quadros severos de Covid-19.

    Sim, Ciência salva vidas. Mas a ciência que salva vidas é a mesma  que precisa receber investimentos que serão usados tanto na formação de pessoas em graduação, pós-graduação e pesquisadores, quanto em laboratórios, insumos, recursos para a realização de pesquisa e formulação de produtos em tempos de crise (como o que vivemos agora).

    A ciência não se fecha em si mesma.

    Salva-se vida disponibilizando-se estes conhecimentos, produtos e informação, à população. E nesse processo, políticas públicas voltadas à ciência  e sua gestão efetiva são primordiais. Isso significa que, especialmente em tempos de crise, a negociação deve ser rápida, eficiente e de forma a priorizar  vidas.

    Não há pausa para respirar – temos brasileiros sem oxigênio em hospitais. Não deveria existir  pausa para debater o país de origem da vacina. Importa a validação científica, segurança dos dados, a compra de insumos, a estruturação de transferências de tecnologias e fabricação das vacinas. Não há tempo para ofertar tratamentos ineficazes e/ou perigosos, ludibriando pessoas vulneráveis a um discurso de medo.

    A cada 37 segundos uma pessoa morre.

    A cada pausa para conjecturar se deve-se ou não comprar e fabricar vacinas, pessoas morrem. A cada pausa para conjecturar se deve-se fechar ou não as ruas com severidade, pessoas morrem. A cada pausa entre slides de coletivas, anunciando novas cores no painel dos estados, pessoas morrem.  A cada hesitação ao que a Ciência já avaliou, testou e validou, pessoas morrem. 

    Ao final deste dia, no nosso país, após um ano do anúncio oficial decretando uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde, provavelmente perderemos  mais do que 2 mil pessoas, amigos, parentes, pessoas que são queridas por outras,e brasileiros. 

    Ainda que vacinando, seguimos morrendo – não por que as vacinas não funcionam. Mas por vacinarmos lentamente demais.

    Por agirmos demasiadamente caóticos…

    A ciência em parceria com a divulgação científica tem o potencial de salvar vidas e vêm lutando para que todos compreendam vários aspectos relacionados à pandemia. Como isto acontece em sua relevância mais mundana. Mas só conhecer não basta. São necessárias ações amplas que incluem o Estado com políticas públicas eficazes e a nós mesmos. Saber é ferramenta para usarmos na sociedade, em nossa vida cotidiana. É base para pensarmos e agirmos frente às problemáticas do mundo. 

    A ciência nos dá respostas, a divulgação científica tornar o conhecimento acessível a todos. Juntas, tem o potencial de salvar vidas. No entanto,  só a prática rotineira e aplicada, de políticas coerentes, assertivas e cientificamente embasadas, em todos os setores da sociedade, especialmente na gestão de políticas públicas, torna o conhecimento em vidas não perdidas, todos os dias.

    E nós, do Blogs de Ciência da Unicamp, estudamos todos os dias, analisamos dados, todos os dias, contamos vidas e mortes todos os dias, sentimos cada uma delas todos os dias, e em luto e em luta, seguimos e seguiremos -tal como o prometido desde o início de tudo isto- com e por todos que seguem aqui e todos os que partiram deixando familiares, amigos, colegas, companheiros: juntos.

    as artes deste editorial são de Carolina Frandsen, Clorofreela

    Este texto foi escrito com exclusividade para o Especial Covid-19

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    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores. Dessa forma, os textos foram produzidos a partir de campos de pesquisa científica e atuação profissional dos pesquisadores e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Assim, não, necessariamente, representam a visão da Unicamp e essas opiniões não substituem conselhos médicos.

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