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  • Cenários Pós-Pandemia

    O novo Coronavírus (SARS-CoV-2) relacionado à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) está causando uma pandemia que já ultrapassou 3 milhões de infectados e 200 mil mortos. Durante essa primeira onda de pandemia, muitos países estão enfrentando problemas relacionados à falha da capacidade dos seus sistemas de saúde. Por causa disso, vários países adotaram medidas de distanciamento social, quarentena e rastreio de infectados, enquanto tentam desenvolver vacinas e medicamentos.

    Alguns países como a China, Coreia do Sul e Dinamarca, tem aliviado aos poucos tais medidas após conseguir níveis adequados do controle da transmissão e o número de mortes ter começado a diminuir. Contudo, para acabar com a possibilidade de ressurgir infecções, períodos prolongados ou esporádicos de distanciamento social ainda são necessários.

    Após a primeira onda de pandemia, o SARS-CoV-2 pode apresentar dois panoramas.

    O primeiro, o vírus ser erradicado assim como sua parente, a SARS-CoV-1 (o vírus do surto de 2003), com medidas de saúde pública intensivas. Ou pode – assim como a vírus Influenza e outros coronavírus (os chamados HCoV – Coronavírus de Humanos) – recircular pela população de forma sazonal, causando surtos durante o outono e inverno nas zonas temperadas. Se conseguirmos saber em qual desses cenários se encaixa esse novo vírus, será possível propor medidas públicas de saúde para combater futuras crises referentes a ele.

    Como é o cenário atual de outros coronavírus?

    O SARS-CoV-2 faz parte da família Coronaviridae e do gênero betacoronavírus, que inclui outros parentes dele como: o SARS-CoV-1, o MERS-CoV (responsável pelo surto no oriente médio em 2012), e dois outros coronavírus de humanos, o HCoV-OC43 e HCoV-HKU1.

    O SARS-CoV-1 e MERS-CoV são vírus mais perigosos, causando doenças severas com uma taxa de mortalidade de 9 e 36% respectivamente. Contudo, sua transmissão é bem mais difícil de acontecer do que a do vírus causando a atual pandemia.

    Quanto aos HCoVs, as infecções causadas por eles são um tanto quanto mais leves, sendo que tais vírus são os segundos mais comuns em causar o resfriado. Os surtos de HCoVs acontecem geralmente no inverno nas zonas temperadas, o que pode sugerir que o clima frio e nosso comportamento de nos aglomerar nessas situações para nos aquecer pode facilitar sua transmissão, assim como acontece com o vírus influenza.

    Apesar da imunidade causada pela infecção dos HCoV durar pouco (aproximadamente 1 ano), a imunidade contra os vírus mais sérios, como o SARS-CoV-1, é de longa duração, o que nos permite combatê-lo mais rápido em um segundo contato. Uma boa notícia é que o contato com um desses vírus gera anticorpos que ajudam a combater os outros, em um processo chamado Imunidade Cruzada

    Resumidamente: entre 10 e 12 dias após entrarmos em contato com um desses vírus, começamos a produzir anticorpos. Isso nos ajuda a combater aquela infecção inicial e gera a tão falada memória imunológica, que em um segundo contato com o vírus, causará uma resposta mais rápida e eficiente no seu combate.

    A Imunidade Cruzada acontece quando um anticorpo produzido contra uma parte X de um desses vírus do gênero betacoronavírus (que são parecidos em sua estrutura), acaba se ligando a essa mesma parte X de outro vírus do mesmo gênero, ajudando a combatê-lo de forma mais rápida e eficiente.

    Quais são os fatores que podem influenciar novas ondas epidêmicas ou pandêmicas do SARS-CoV-2?

    A partir de todas essas informações, um grupo de pesquisadores de Harvard publicou na Revista Science um modelo matemático da transmissão considerando os seguintes fatores que poderiam influenciá-la:

    • O grau de transmissão durante variações sazonais, isto é, como seria a contaminação das pessoas dependendo das variações climáticas;
    • A duração da imunidade, gerada pelo SARS-CoV-2
    • O grau de imunidade cruzada entre o SARS-CoV-2 e outros coronavírus já em circulação na população

    A partir destes fatores, os cientistas chegaram às seguintes possibilidades:

    1. O SARS-CoV-2 pode voltar a proliferar a qualquer momento do ano. Infecções no outono/inverno favorecerem surtos mais agudos com um maior número de infectados, enquanto infecções no inverno/primavera, apesar de ainda ocorrer, vão levar a surtos menores; 
    2. Se a imunidade do SARS-CoV-2 não for permanente ou de longa duração, ele pode  voltar a entrar em circulação assim como acontece com o Influenza e os HCoV. Uma imunidade de curto período levaria a surtos anuais de SARS-CoV-2, enquanto uma imunidade um pouco mais duradoura, 2 anos por exemplo, levaria a surtos bienais;
    3. Em lugares onde há uma alta variação sazonal (como as zonas temperadas, no Sul do Brasil) a transmissão teria uma incidência menor durante o verão, mas também haveria surtos mais recorrentes e maiores durante o inverno. Isso aconteceria porque durante os meses de verão, quando a transmissão seria menor, há um acúmulo de indivíduos suscetíveis (ou que não foram infectados na última onda ou que “perderam” a imunidade com o passar dos meses);
    4. Se a imunidade do SARS-CoV-2 for permanente, o vírus pode desaparecer por 5 anos ou até mesmo antes de causar um surto maior. Além disso, se ele gerar imunidade cruzada contra outros HCoV, estes podem virtualmente desaparecer também;
    5. Já se a imunidade cruzada de outros betacoronavirus contra SARS-CoV-2 for baixa, isso pode ajudar que o  SARS-CoV-2   desapareça por poucos anos, podendo ressurgir depois. Por exemplo, se considerarmos que a imunidade contra SARS-CoV-2 pode durar apenas dois anos, os baixos níveis de imunidade cruzada dos HCoV poderia nos ajudar a  prolongar o tempo de ressurgimento do SARS-CoV-2, voltando a aparecer depois de 3 anos, ao invés de 2.

    Quais são os possíveis futuros cenários? 

    Vamos considerar o pior cenário possível: não há imunidade cruzada entre outros HCoV contra o SARS-CoV-2, não há como aumentar a capacidade dos sistemas de saúde, remédios e vacinas vão requerer meses ou até alguns anos para o desenvolvimento e teste, restando somente intervenções não farmacológicas para conter a transmissão do vírus. Nesse cenário, a pandemia de COVID-19 poderia durar até 2022, com possíveis duas ondas de contaminações que teriam seu pico durante o inverno no hemisfério norte, e com a necessidade de  novos períodos de isolamento social de 25 até 75% do tempo. Durante esses dois anos, possivelmente o vírus contaminaria todo o mundo. Neste caso, as contaminações aconteceriam como aconteceu com o influenza entraria em um ciclo sazonal de infecções (ocorrendo principalmente no inverno).

    Caso a capacidade dos sistemas de saúde seja aumentada (e isto já está ocorrendo, mesmo que mais lentamente do que gostaríamos neste momento), facilitaria à população a ganhar imunidade contra o vírus, levando a redução do tempo da pandemia, dos isolamentos e distanciamentos sociais. Essa imunidade não ocorre por termos mais hospitais, mas por termos mais capacidade de suporte para atender pacientes, assim, estes têm mais chances de sobreviver, ficando imunizados (ao menos, ao que tudo indica) por um tempo. Junto a esse fato, com a descoberta de algum potencial medicamento eficaz, a pandemia e as medidas de isolamento poderiam ser totalmente relaxadas por volta do primeiro semestre de 2021.

    Mas, como dito, esse seria o pior dos cenários. A maioria dessas alegações feitas pelos pesquisadores foram baseadas em modelos matemáticos, então muitas pesquisas ainda precisam ser feitas para se comprovar algumas dessas modelagens como o grau de imunidade cruzada causada pelos vírus e o tempo da imunidade das pessoas contra o SARS-CoV-2.




    Referências:

    https://time.com/5822470/countries-lifting-coronavirus-restrictions-europe/

    https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/situation-reports/

    https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2020/04/15/interna-brasil,844824/brasil-anuncia-droga-com-94-de-eficacia-contra-coronavirus-em-laborat.shtml

    Kissler, S. M., Tedijanto, C., Goldstein, E., Grad, Y. H., & Lipsitch, M. (2020). Projecting the transmission dynamics of SARS-CoV-2 through the postpandemic period. Science.

    Neher, R. A., Dyrdak, R., Druelle, V., Hodcroft, E. B., & Albert, J. (2020). Potential impact of seasonal forcing on a SARS-CoV-2 pandemic. Swiss Medical Weekly, 150(1112).

    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • Desigualdade social e tecnologia: o ensino remoto serve para quem?

    O ensino remoto emergencial foi uma das opções encontradas para contornar a falta de aulas em escolas e universidades durante a pandemia. Ainda que seja uma solução interessante para aproximar alunos e professores, o uso de plataformas virtuais e atividades escolares a distância coloca luz sobre a desigualdade de acesso a tecnologias de comunicação e informação – e pode aprofundar o abismo social da educação no Brasil. E hoje neste post, nos propusemos a apresentar um breve panorama sobre a Educação à Distância, as políticas públicas e o acesso à internet no Brasil.

     

    A educação à distância e as políticas públicas no Brasil.

    Muito embora a educação informatizada não seja um debate novo no Brasil e no mundo – tendo sua história marcada no período após a Segunda Guerra Mundial (década de 1950) e com as possibilidades sendo maiores após o advento dos computadores pessoais (na década de 1980), o acesso aos equipamentos de informática e computação e o acesso às tecnologias de internet só recentemente tornaram-se viáveis para uma parcela grande da população. As Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação (TDCI) aparecem neste cenário como ferramentas que são grandes promessas para a educação, no Brasil e no mundo. 

    A educação de um país, de modo geral, deveria seguir preceitos constitucionais e legais, pautados em políticas públicas que proporcionassem ao máximo uma igualdade de oportunidades, independente de condições socioeconômicas. Neste sentido, a educação à distância, regulamentada e estruturada a partir de políticas públicas, serviria para criar condições não apenas de trabalhar o que entendemos como conteúdo escolar (ou os conteúdos das disciplinas clássicas, digamos assim), mas também o desenvolvimento intelectual e a habilidade com diferentes estratégias e ferramentas de ensino e aprendizado.

    O uso de equipamentos como celular e computador seriam, deste modo, mais do que apenas uma porta de acesso ao conteúdo, mas um modo de aprendizado vinculado ao manuseio do próprio equipamento de múltiplas maneiras. Tudo isto, inicia-se não apenas com a pesquisa relacionada à educação à distância, mas também (e a partir destas pesquisas) com o estudo e a implementação de políticas públicas específicas.

    De modo geral, as políticas públicas de inclusão digital na educação se pautam não apenas na existência de conteúdos acessíveis, mas também na alfabetização da população sobre as TDCIs e na infraestrutura que garanta a disponibilidade de acesso a este conteúdo.

    As políticas públicas com este fim específico, no Brasil, vinham sendo discutidas e estavam previstas no Plano Nacional de Educação, e seria implementado via Programa de Inovação Educação Conectada, instituído em 2017, cujo objetivo principal era “apoiar a universalização do acesso à internet em alta velocidade e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica”. Nesta lei, argumentava-se sobre a importância de implementar políticas de acesso à internet, especialmente em populações com vulnerabilidade socioeconômicas e baixo desempenho em indicadores educacionais. O Programa previa, ainda, apoio técnico e financeiro para as escolas.

    Em pesquisa recente, constatou-se que em nosso país cerca de 82% das escolas privadas e 73% das escolas públicas do meio urbano possuem acesso à internet. No meio rural, este percentual cai para 42% para escolas privadas e 13% para escolas públicas. Só por este panorama breve das escolas, poderíamos questionar se existe condições e se os professores das escolas tiveram acesso às ferramentas antes deste momento que vivemos hoje. 

    Mas… Não estamos falando de escolas e suas condições de conexão. A Educação à Distância é diferente do que temos neste momento, pois preveria um planejamento anterior, com treinamento adequado e estrutura escolar e dos estudantes. O que temos neste momento poderia ser chamado de ensino remoto emergencial. E aí uma das questões é qual a condição desta educação mediada por tecnologias para que todos fiquem em casa enquanto durar a pandemia aconteça no Brasil?

    O acesso à internet no Brasil

    O primeiro dado que precisamos lembrar é que nem todo mundo tem equipamentos que possibilitam o acesso à internet. Em 2017, segundo dados do IBGE, 43,4% dos domicílios brasileiros possuíam computadores pessoais e 13,7% tablets. O percentual de telefones móveis, neste mesmo ano, estava presente em 93,2% dos domicílios (ao menos um por residência).

    Os dispositivos mais disponíveis para os brasileiros são, portanto, os telefones celulares. Em 2019, tínhamos 420 milhões de dispositivos digitais (computadores e smartphones) circulando no Brasil, o que dá 2 dispositivos por habitante. A distribuição desses dispositivos, no entanto, nem sempre é igualitária. Destrinchando estes números, a partir da pesquisa do CEDIC de 2018, percebemos que apesar de 83% dos brasileiros terem telefone celular, 16% ainda estão fora dessa realidade. Temos computadores portáteis em apenas 27% das residências, computadores de mesa em 19% e tablets em 14%. 

    Voltando ao IBGE, esta mesma pesquisa (que é por amostragem de domicílios) aponta que em 2017, 74,9% das residências brasileiras utilizavam internet. Este número chega a 80,1% em residências urbanas e 41% em residências rurais. Cabe ressaltar que a pesquisa do IBGE também buscou levantar os motivos pelos quais 25,1% dos domicílios brasileiros não tem (ou não tinham naquele momento) acesso à internet… As respostas variam entre: falta de interesse no serviço, valor do serviço de acesso, ninguém da residência sabe usar internet e o equipamento para acessar é muito caro, conforme gráfico abaixo (retirado na íntegra da publicação de IBGE, 2017).

    Além destes pontos levantados anteriormente, outra questão se refere à qualidade da conexão, que também pode ser um entrave para que estudantes acompanhem vídeo-aulas e conversas com a turma e professores nas plataformas virtuais.

    Neste primeiro texto da série sobre Educação e ensino remoto emergencial, buscamos apresentar um pouco sobre algumas problemáticas quanto ao acesso às Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação – enfatizando equipamentos e serviços de internet em domicílios brasileiros. 

    Mais do que dizer que estas estratégias não deveriam ser usadas pelas escolas, a ideia era brevemente apresentar um pouco as dificuldades de se implementar isto em tempos anteriores à pandemia (trazendo alguns dados históricos de políticas públicas brasileiras) e que são acentuados no atual cenário que vivemos.

    Agora é necessário, mesmo que de forma urgente, buscar formas de não acentuar desigualdades sociais que já são históricas e profundas na sociedade, em função de políticas de acesso à informação no país.

     

    Para saber mais:

    BRASIL. IBGE. (2018) PNAD – Acesso à Internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2017. Brasília: IBGE.

    HAYASHI, C.; SOEIRA, F.S.; CUSTÓDIO, F.R.; (2020) Análise sobre as políticas na Educação à Distância no Brasil. Research, Society and Development, v.9, n.1.

    MOREIRA, E. S.; LIMA, E.O.; BRITO, R.O. (2019). Estudo comparado das políticas públicas educacionais de inclusão digital: Brasil e Uruguai. Revista da Faculdade de Educação.

     

    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • Da pandemia à solidão: a distância física entre nós

    A pandemia causada pelo COVID-19 impôs estado de calamidade pública. A medida comprovadamente mais eficaz para frear o espalhamento do vírus é o isolamento físico. Confinados nos lares, nos sentimos sós. Nesta reportagem conversamos com Paulo Sérgio Boggio, professor e pesquisador em neuropsicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie, sobre a diferença entre estar só e sentir-se só, os efeitos negativos do isolamento e como transpor a solidão caso ela bata à porta.

    A pandemia de COVID-19 começou em Wuhan, China, em 12 de dezembro de 2019. A partir daí o espalhamento do vírus foi rápido. Em abril de 2020, a doença já é realidade para 179 países. A infecção de quase um milhão de pessoas ao redor do mundo vem lotando hospitais que sofrem com a falta de insumos, equipamentos e pessoal, mesmo nas nações mais ricas e desenvolvidas. Na falta de alternativas tecno-científicas para combater a doença, resta a população se resguardar, lavando as mãos com água e sabão frequentemente e evitando o contato físico através do isolamento.

    Estabelecimentos antes lotados, agora fechados; ruas dominadas por carros e transeuntes, esvaziadas; escolas e universidades presenciais, agora em modo digital para os mais privilegiados; conhecidos tratados como desconhecidos, sem as cortesias do contato físico; e o silêncio dominical invadindo os dias da semana representam grandes mudanças no cotidiano. Confinados dentro dos lares e ilhados por informação (de qualidade ou não), as emoções negativas podem dominar, entre elas confusão, ansiedade e, principalmente, solidão.

    Diante de um inimigo invisível, muitas pessoas buscam por explicações que julgam estar à altura da calamidade pública. Muitas vezes, o refúgio para o medo está nas desinformações, notícias falsas (fake news) e teorias conspiratórias. Ficamos vulneráveis ao espalhamento das notícias negativas, tão contagiosas quanto o próprio vírus, e os temores se amplificam. Nessa hora, o distanciamento social pode exacerbar a alienação, desumanização, discriminação e violência subjacentes à vida contemporânea na era da informação (ou digital).  

    Felizmente, fatos e realidade se impõem e o combate à pandemia com medidas drásticas, como os full lockdowns (bloqueios ou fechamento total de regiões), deletérias economicamente, se mostram eficazes para salvar vidas. O contato social remoto nessa hora é estratégico para promover a coesão e a cooperação entre pessoas e estimular proatividade e resiliência exigidas de cada um de nós. 

    Crédito imagem: Sofia Garza no Pexels

    Como espécie, humanos são seres sociais e, em boa medida, sociáveis. Recorremos aos afetos para aliviar as tensões e dividir angústias. Definidos pela nossa rede de relacionamentos, afastados ficamos fracos e opacos. A imposição do afastamento físico é, por isso, um martírio frente à tantas incertezas. A grande pergunta agora é como lidar com uma situação física e mentalmente extenuante?

    “O isolamento social ou a quarentena podem ter efeitos psicológicos importantes, caso esse isolamento signifique solidão. Apesar de parecerem a mesma coisa, estar só não necessariamente significa sentir-se só. Em vez de usarmos o termo isolamento social, deveríamos usar isolamento físico ou distanciamento físico”, explica Paulo Sérgio Boggio, professor e pesquisador em neuropsicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em entrevista concedida para esta reportagem.

    Estar só não é sentir-se só

    A frase pode parecer um contra-senso. No entanto, na psicologia a regulação emocional da solidão é complexa e subjetiva, atrelada a forma individual como percebemos e julgamos nossas interações com os outros.

    “Recentemente, publicamos um estudo mostrando que o toque humano afetivo (tocar as mãos dos outros) tem um efeito positivo na percepção de cenários negativos. Ser tocado por outras pessoas ajuda a diminuir a percepção negativa de situações negativas. Veja então o tamanho do problema: temos um isolamento das pessoas e uma recomendação para diminuirmos o toque físico”, alerta Boggio.

    Apesar do toque físico ser uma balsamo para a alma, a conexão em rede usando a tecnologia garante que as relações se mantenham com certa normalidade e regularidade, sejam elas pessoais ou profissionais. Conversar cara a cara e partilhar atividades e interesses mútuos, mesmo quando distante fisicamente, ajuda a manter o bem-estar do corpo e da mente.

    “Outros estudos têm mostrado que o simples fato de você saber que alguém está simultaneamente assistindo ou acompanhando algum evento faz com que as pessoas percebam os estímulos como mais positivos. Temos visto nesse momento várias ações coordenadas com características semelhantes à desses estudos: desde pessoas nas janelas em um mesmo horário para cantar, bater panelas, aplaudir equipes médicas até ações como a da Netflix de promover sessões conjuntas entre assinantes. Essas atividades aumentam o nosso senso de conexão com os outros, nos ajudando a cruzar esse momento de crise”, comenta o pesquisador.

    Crédito imagem: Matthias Zomer no Pexels

    A solidão durante a quarentena parece ser mais uma opção do que uma imposição. Infelizmente, não para todos, como explica Boggio. “Vários grupos são mais vulneráveis nesse momento e merecem maior acompanhamento como, por exemplo, pacientes com quadros depressivos. Daí a importância do uso da tecnologia para atendimentos psicológicos e médicos a distância. Os efeitos da solidão também podem agravar outros aspectos além da saúde mental, como o sistema imunológico e cardiovascular. Estar isolado e não receber contato de outros (algo semelhante ao ostracismo ou exclusão) impacta as chamadas necessidades básicas: autoestima, significado de existência, noção de pertencimento e de controle. Fizemos no laboratório um experimento sobre isso anos atrás e mostramos que uma simples sala de bate-papo na qual alguém é excluído da conversa seguidas vezes abala essas necessidades básicas.”

    Como evitar a solidão?

    “Para lidar com a solidão é importante usar as várias tecnologias de conexão de duas vias, que permitam encontros simultâneos entre as pessoas. A forma como interagimos tem origem na sincronização de movimentos, de sons, etc. Nesse momento, muito disso está restrito pelo isolamento. Mas o velho e bom telefone assim como as salas de conversa, como Zoom e Google Hangouts, podem ajudar bastante”, enfatiza Boggio e acrescenta, “A solidão também pode ser combatida com atividades em que as pessoas se sintam coletivamente engajadas tanto em ambientes virtuais (por exemplo, aulas de meditação online, clubes de leitura e conversa, apresentações musicais), quanto por atividades reais (por exemplo, rodízio de pessoas entregando medicamentos e alimentos àquelas que fazem parte dos principais grupos de risco).”

    Belos exemplos de solidariedade, cooperação, altruísmo, empatia e compaixão também transbordam mundo afora seja entre familiares, vizinhos ou desconhecidos. Simples atitudes como ajudar com compras, entregar correspondências e falar ao telefone ganham novos contornos e significados em uma sociedade antes magnetizada e hibernada pelos smartphones, mesmo em meio ao convívio social intenso.

    Crédito imagem: Andrea Piacquadio no Pexels

    No entanto, o uso da tecnologia digital pode ser um desafio para os idosos, mais suscetíveis aos sentimentos de solidão e desconexão com o mundo. O isolamento, físico e/ou social, pode ser ainda mais danoso em tempos de pandemia, por elevar os níveis de estresse e afetar negativamente o sistema imune e cardiovascular.

    “A situação dos idosos é preocupante. Muitos já estavam isolados socialmente por diferentes motivos. Para eles, as alternativas tecnológicas não necessariamente serão fáceis de implementação. Nesses casos, os familiares terão um papel fundamental para auxiliá-los a usar esses recursos. Mas esse papel deve se estender inclusive para além dos contatos sociais; a preocupação deve estar em garantir alimentação, cuidados com a casa e com a saúde, dando condições para que os mais idosos de fato fiquem protegidos em casa”, finaliza o pesquisador.

    Hoje é imperativo a manutenção dos afetos e da sensação de pertencimento à um grupo para o enfrentamento do COVID-19. A distância física entre nós pode ser uma barreira, mas pontes são facilmente erguidas com auxílio da tecnologia da comunicação disponível. Cuidar dos mais vulneráveis nesse momento é um ato de amor imensurável.

    Referências

    Dong, E.; Du, H.; Gardner, L. An interactive web-based dashboard to track COVID-19 in real time. The Lancet Infectious Disease, 2020. doi: 10.1016/S1473-3099(20)30120-1

    Van Bavel, J. J. et al. Using social and behavioural science to support COVID-19 pandemic response. PsyArXiv Preprints, 2020. Disponível em: https://psyarxiv.com/y38m9 Acesso em 31 mar. 2020. doi: 10.31234/osf.io/y38m9

    Wingenbach, T. S. H. et al. Evaluations of affective stimuli modulated by another person’s presence and affiliative touch. Emotion, 2019. doi: 10.1037/emo0000700

    Donate, A. P. G. et al. Ostracism via virtual chat room – effects on basic needs, anger and pain. PLoS ONE, v. 12, n. 9, p. E0184215, 2017. doi: 10.1371/journal.pone.0184215

    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • Semanas cruciais para o sistema de saúde brasileiro: o risco do colapso em gráficos

    Por Profa. Paula Dornhofer Paro Costa e Júlia Perassolli De Lázari (FEEC)
    Imagem COVID-19: Carol Frandsen

    Pouco a pouco, um vocabulário que antes só fazia parte de filmes de ficção, foi se tornando realidade, invadindo nossas vidas sem pedir licença: coronavirus, COVID-19, pandemia, quarentena e, infelizmente, COLAPSO, palavra que nos trará dias dolorosos. Dias que não sairão de nossas memórias e que imprimirão cicatrizes profundas em muitas famílias.

    A narrativa mais simples para se chegar ao colapso tem uma sequência clara:

    • É um fato que parte dos portadores de COVID-19 precisarão de tratamento intensivo, ou seja, leitos de UTI.
    • Também é um fato que existe um número finito de UTIs.
    • Se o número de casos confirmados se tornar tal que a porcentagem de casos que tipicamente necessitam de UTI se tornar maior que o número de leitos de UTI disponível, o colapso acontece.

    Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada de forma contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia. Fonte: Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, RESOLUÇÃO Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010

    Em poucas palavras, profissionais da saúde terão que decidir quem ocupará o leito e quem será fadado à falta de tratamento. Obviamente, os profissionais da saúde farão de tudo para minimizar essas escolhas à custa de horas extras e condições de trabalho não-ideiais e, infelizmente, muitos deles começarão a adoecer, agravando o colapso por falta de recursos humanos capacitados e em suas melhores condição de trabalho. Mais ou menos nesse ponto, as pessoas começarão a conhecer pelo menos uma pessoa que morreu de COVID-19 e os números deixarão de ser números para se tornarem “gente que você conhece”, com nome, sobrenome, esposa, marido, pai, mãe, filhos, netos.

    Mas muitos talvez ainda se perguntem: já estamos no caminho do colapso? Quando ele acontecerá?


    O colapso pode ser mais doloroso para alguns estados

    O Brasil também é um país com grande desigualdades em sua infraestrutura de saúde. São Paulo, o epicentro da pandemia no Brasil, só não entrou em evidente colapso devido à sua avantajada proporção de leitos de UTI/habitante, comparável a países de primeiro mundo. Essa situação é similar para outros estados do Sudeste e Sul (Tabela 1).

    No entanto, o mesmo não acontece para outros estados brasileiros, em particular da região Norte. Um número inferior de casos confirmados pode levar a região rapidamente para o colapso (Tabela 2).

    Estado Leitos de UTI Adulto
    SUS
    Leitos de UTI Adulto
    Privados
    São Paulo 4071 5349
    Rio de Janeiro 1379 3084
    Minas Gerais 2309 1218
    Paraná 1471 876
    Rio Grande do Sul 1267 673
    Tabela 1 – Estados Brasileiros que têm maior disponibilidade de leitos de UTI (Fonte: DATASUS-02/2020, foram considerados leitos adultos (UTI1,UTI2, UTI3), coronarianos (2 e 3) e de isolamento.

    Estado Leitos de UTI Adulto
    SUS
    Leitos de UTI Adulto
    Privados
    Rondônia 182 82
    Tocantins 90 62
    Acre 64 15
    Amapá 33 35
    Roraima 43 8
    Tabela 2 – Estados Brasileiros com menor disponibilidade de leitos de UTI (Fonte: DATASUS-02/2020, foram considerados leitos adultos (UTI1,UTI2, UTI3), coronarianos (2 e 3) e de isolamento.


    Estamos longe do colapso?

    A resposta é: infelizmente NÃO.

    Justifica-se então as notícias da construção de hospitais de campanha por todo o país.

    Os gráficos abaixo mostram que estados brasileiros do Norte e Nordeste serão os primeiros a entrarem em colapso, possivelmente já nas próximas semanas. Para estes estados, as ações de isolamento social parecem ser essenciais para “ganhar tempo”.

    Para realizar essas projeções, foram considerados os seguintes aspectos:

    • Foram considerados as capacidades de leitos de UTI para adultos reportados pelo DATASUS incluindo UTI-a Tipo II, Tipo III, UCO Tipo II e Tipo III e Unidade de Isolamento conforme definições no anexo da Portaria N° 895 do Ministério da Saúde de 31 de março de 2017. Neste caso, assumindo uma posição otimista, partindo do pressuposto que determinados leitos de UTI adultos voltados, por exemplo, para doenças coronarianas, podem ser revertidos em leitos para pacientes da COVID-19.
    • Partiu-se da hipótese razoável de que muitos dos leitos de UTI disponíveis nos estados já estavam ocupados antes da crise global da COVID-19. Baseamo-nos na cobertura da imprensa, considerando o pior caso, no qual apenas 22% da infraestrutura disponível está vaga. “Coronavírus: leitos de UTI têm mais de 70% de ocupação em 17 estados”, O Globo, Março, 2020, último acesso 04/04/2020
    • Finalmente, consideramos a distribuição das faixas etárias brasileiras para estimar a porcentagem de internações de UTI no Brasil em aproximadamente 1,44%.  Veja como chegamos nesse valor AQUI.

    Esperar pelo melhor, preparar-se para o pior

    Neste momento, inúmeros pesquisadores trabalham em modelos matemáticos para tentar prever a evolução da pandemia no Brasil e no mundo. Tais modelos são ferramentas essenciais para que tomadores de decisão possam decidir quando, onde e como agirem para diminuírem os impactos de uma doença que se alastra rapidamente.

    Nossas projeções assumem cenários pessimistas: uma evolução exponencial da doença e uma baixa disponibilidade de leitos de UTI. Esperamos que estes cenários não se concretizem, mas parece ser prudente olhar com atenção para estes estados brasileiros.


    Uma descrição detalhada da análise de dados que gerou os gráficos deste artigo pode ser encontrada aqui. Este trabalho é o resultado de uma força tarefa de alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), do Instituto de Computação (IC) e Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) e Faculdade de Ciências Médicas (FCM). A força tarefa também conta com a parceria do Prof. Dalton Martins, da Faculdade de Ciência da Informação (FCI) da Universidade de Brasília (UnB).

    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • Fake News e Auxílios em tempos de Pandemia

    Em tempos como os que temos vivenciado agora, é comum montarmos redes de apoio às instituições como hospitais, centros de saúde e de pesquisa, instâncias de distribuição de alimentos e roupas à comunidades desabastecidas e em fragilidade social. Tudo isto não só é válido, mas é fundamental, pois mesmo quando o poder público é organizado e tem ações efetivas, as emergências nos tempos de calamidade são demasiadas.

    No entanto, também é tempo de termos cuidado redobrado com golpes que se apresentam cotidianamente nas redes sociais, em especial em compartilhamentos em mensagens instantâneas, como grupos de WhatsApp, por exemplo. 

    Assim, alguns cuidados específicos em relação às doações para a unicamp são fundamentais:

    1. Desconfie de pedidos de depósitos em que a pessoa jurídica não seja diretamente a UNICAMP ou o Hospital de Clínicas da Unicamp;
    2. Confira todas as informações da mensagem: a quanto tempo as associações e fundações que estão pedindo ajuda existem? O CNPJ delas confere? É relacionado ao que está dizendo ser, na carta ou mensagem recebida? Existe rede social desta instituição? Existe informações precisas, nomes dos envolvidos? No site da Unicamp e do Hospital de Clínicas estas informações também estão presentes nos canais de ajuda?
    3. Confira sempre e toda a vez o site da Unicamp e do Hospital de Clínicas para ter certeza absoluta que esta parceria existe;
    4. A Unicamp tem um link específico para doações, se realmente quiseres ajudar, estes canais são diretamente relacionado à instituição:
      https://www.unicamp.br/unicamp/coronavirus/doacoes
      https://www.unicamp.br/unicamp/orientacoes-sobre-como-proceder-para-realizar-doacoes
      Vocês também podem se informar melhor pelos e-mails:
      amigosdohcunicamp@hc.unicamp.br
      combatecorona@unicamp.br
      Ou ainda pelo telefone (19) 3521-2020 (fixo e WhatsApp)
    5. Todos os sites têm especificações que nos ajudam a rastrear falsidades. Todas as informações da unicamp estão em endereços dentro do domínio “unicamp.br”, sempre verifique esse detalhe no seu navegador. O Hospital, por exemplo tem como endereço na internet:
      https://www.hc.unicamp.br
      o Blogs de Ciência da Unicamp, que é outro portal que tem apresentado notícias e informações sobre o covid, também apresenta o mesmo domínio:
      https://www.blogs.unicamp.br e https://www.blogs.unicamp.br/covid-19

    Em outras universidades e hospitais públicos também você deve ter o mesmo cuidado! Especialmente em um período como este, os golpes estão proliferando nas redes sociais e nem todo golpe é simples de identificar! Sempre procure os canais oficiais de comunicação das instituições que você gostaria de auxiliar, é mais seguro e eficiente.

    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.

  • Para que precisamos de estudos sobre controle de doenças?

    A partir de hoje, vamos publicar um conjunto de textos abordando as ocorrências atuais sobre a quarentena e a pandemia. Serão textos explicando da doença em si. Também abordaremos contextos gerais para entendermos as estratégias para combater o avanço do Coronavírus. Além disso, claro, buscar obter informações, agregá-las aqui no blogs e melhorar (no que for possível) as condições cotidianas nas próximas semanas.

    Sobre doenças e populações e estratégias de governo…

    Se formos olhar para a história moderna, as preocupações com a saúde pública começam a se configurar com a consolidação dos Estados Nação, ou Estados Nacionais Modernos e do Mercantilismo. Como assim? É a partir da ideia de que existe um estado centralizado, cuja população precisa não somente ser governada, mas ser vista como produtora de riquezas que precisa ser mantida viva, é que os Estados vão buscar gerenciar as pessoas de seu país – ou a população – de modo a compreender como vivem e morrem as pessoas. Dessa forma, em vários países, instrumentos e ferramentas vão sendo criados para o estudo dessa população. Isto é, uma busca para intervir cada vez mais no sentido de diminuir a incidência de doenças e males que afetam essa população. Assim, como exemplos podemos citar a estruturação da Estatística e da Polícia Médica, na Alemanha nos séculos XVII e XVIII. Também podemos citar a institucionalização da Higiene, no século XIX, na França, com suas práticas de manutenção da saúde a partir de normas e prescrições para a população. Atualmente, chamamos a área que compreende este conjunto de estudos, estratégias e modelos de ação em cada país, para controlar doenças e compreender suas dinâmicas, de Saúde Pública. Dessa forma, isso inclui diferentes estratégias de governamental de qualquer país do mundo*. Por quê? Para analisar uma série de dados em um determinado tempo. Por exemplo: quantas pessoas nascem e morrem; de que forma nascem e do quê morrem; quais principais doenças atingem essas pessoas; que regiões adoecem mais e do quê; etc. Este tipo de estudo é essencial para organizar um país. Uma vez que de posse deste conjunto de dados, conseguimos organizar de modo eficiente – tanto em cada local (bairro ou município, por exemplo), quanto em regiões ou país – não somente como controlar as doenças, mas melhorar efetivamente a vida da população.

    Em suma…

    Por fim, em termos de população mundial temos, também, o levantamento de dados constante para rastreamento de novas doenças e/ou problemas de saúde. Isto ocorre a fim de combater doenças que possam se alastrar pelo mundo. A Organização Mundial de Saúde é uma das principais instâncias que, em casos como o do Novo Coronavírus, atua intensamente para coletar e agrupar dados, para que as políticas públicas de cada país possam agir de forma rápida e eficiente. * Poderíamos nos estender mais, aqui, e abordar o termo de biopolítica, de Michel Foucault. Em breve, faremos isso… Neste momento, apenas apresentaremos brevemente ideias para chegar no cerne da questão atual. 😉

    Para saber mais

    CYNAMON, Szachna Eliasz (1990) Saúde Pública, qualidade de vida. Cadernos de Saúde Pública, 6(3), 243-246 https://doi.org/10.1590/S0102-311X1990000300001. FOUCAULT, Michel (2002) Em defesa da Sociedade São Paulo: Martins Fontes. ___ (2008) Segurança, Território e População São Paulo: Martins Fontes. GENSINI, Gian Franco; YACOUB, Magdi H; CONTI, Andrea A (2004) The concept of quarantine in history: from plague to SARS Journal of Infection, 49(4), 257-261. https://doi.org/10.1016/j.jinf.2004.03.002 SOUZA, Luis Eugenio Portela Fernandes (2014) Saúde Pública ou Saúde Coletiva? Revista Espaço para a Saúde, 15(4), 07-21.

    Documentos e instâncias oficiais

    BRASIL Ministério da Saúde (2020a) O que é Corona Vírus  BRASIL Ministério da Saúde (2020b) Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus (COVID-19)

    Aqui neste blog

    Série: Coronavírus

    Os argumentos expressos nos posts deste especial são dos pesquisadores, produzidos a partir de seus campos de pesquisa científica e atuação profissional e foi revisado por pares da mesma área técnica-científica da Unicamp. Não, necessariamente, representam a visão da Unicamp. Essas opiniões não substituem conselhos médicos.

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