Autor: dteach-home

  • Sobre fungos, corrupções e clichês

    Texto por Vilmar Debona

    Em uma crônica de 1 de setembro de 2016, o escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo afirmava:

    “Dilma recorreu à metáfora de uma frondosa árvore, representando a democracia, para comparar golpe parlamentar e golpe militar. No militar, a árvore é destruída a machadadas. No parlamentar, é atacada por fungos, parasitas e erva de passarinho e também morre, mas lentamente. A metáfora parece simples (só faltando definir, no cenário nacional, quem é fungo, parasitae erva de passarinho)”i.

    Gostaria de propor como uma das possíveis respostas para a definição que Veríssimo observa estar faltando a distinção elaborada por Jessé Souza entre o que chama de corrupção dos tolos e de corrupção real, uma oportunidade para “darmos nome aos fungos”.

    A microbiologia nos permite saber da diversidade de fungos, um reino de organismos à parte na natureza. Todos são heterótrofos, não produzem seus próprios alimentos. Sua nutrição se dá por absorção e, em quase todos os casos, não possuem raízes. É certo que há os fungos que fazem o pão crescer e o vinho fermentar, bem como os fungos dos bons cogumelos champignons. Mas certamente não foi a estes tipos que Dilma se referiu. Pois há aqueles fungos que se formam em matérias já mortas e, em conjunto com uma variedade de bactérias, possibilitam a decomposição dessas matérias. E, principalmente, há os fungos parasitas, que atacam seres vivos, provocam micoses, frieiras, excrescência carnosa, infecções e, nos vegetais, fitomicoses como a ferrugem, os esporões e o apodrecimento.

    Se formos ao Gênesis bíblico notaremos uma personagem bastante esquiva: a serpente, que instiga o rompimento da perfeição divina e que, logo que sai de cena, é culturalmente demonizada… mas, se notarmos bem, perceberemos que ela não é filha de nenhuma força das trevas ou demoníaca, senão do próprio Deus. O ímpeto em direção ao rompimento da proibição em comer da “árvore do conhecimento” não é provocado por algo externo à Criação. Ao considerarmos esse ímpeto ou impulso em corromper a ordem, em ceder à tentação, poderíamos ficar à vontade com a etimologia de Agostinho de Hipona (o mesmo filósofo que, aliás, cunhou o termo pecado): corrupção, de corruptioneii, de corromper, composto por cor (coração) e por ruptus (quebra, rompimento), literalmente, coração rompido, deteriorado, pervertido. Se todos temos coração, então apenas uma boa dose de hipocrisia seria capaz de manter alguém convicto de que existem “cidadãos de bem” capazes de atravessar toda uma vida sem nunca e de nenhuma forma transgredirem ou corromperem.

    Seres incorruptíveis, no entanto, são personagens férteis no imaginário seletivo dos inveterados apoiadores da Lava Jato. A percepção falsa não é falsa em relação a Agostinho, mas em relação à ideia de que, ao menos no Brasil, corrupção é somente da política e nunca do mercado, sempre do Estado e nunca das elites econômicas e do capital financeiro – ou, como formulou Max Horkheimer no contexto de suas teses sobre a razão instrumental, nunca das “forças econômicas cegas ou demasiadamente conscientes”iii.

    Em seu A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato, Jessé Souza chama de corrupção real aquela do Brasil escravocrata, “semente de toda a sociabilidade brasileira”iv, que cria singularidades necessariamente excludentes e perversas. Seria a corrupção do que ele denomina elite da rapina e do dinheiro, uma elite (do atraso), que se perpetua principalmente sob o comando financeiro e midiático, com ações predadoras que fazem o jogo do capital financeiro internacional e que, com o termo “privatizar”, atribui um nome polido para o que, na realidade, é uma patranha e atende por corromper e saquear.

    Típicos dessa corrupção real – que, principalmente no caso da mídia oligopolista, oculta-se de forma magistral a fim de ter mais poder real – são a manipulação e o convencimento que aplicam com pílulas diárias sobre a opinião pública. O Estado e a política são, nessa sórdida manipulação, as únicas esferas corruptas, caminho que facilita o repasse de empresas estatais e de riquezas nacionais para nacionais e estrangeiros, que transformam em posse privada os colossos que deveriam ser de todos.

    Os complexos mecanismos mobilizados por grupos econômicos para levar multidões às ruas do país, reuniões-espetáculos manipuladas e transmitidas ao vivo pela mídia corporativa, para, assim, “justificar” as manobras jurídicas das “pedaladas” do Golpe contra Dilma Rousseff, foi um dos mais evidentes atestados da tese de Souza. E se alguém perguntasse em que termos é isso corrupção, a resposta viria fácil: em um dos sentidos mais convencionais do termo, o de enganar para obter vantagens ilícitas.

    Já a corrupção dos tolos seria a da crença originada ante a miragem provocada pelo espantalho da ideia segundo a qual o Estado é o único corrupto. É o que corruptos e corruptores reais ventilam diariamente para nenhum brasileiro duvidar de que os políticos e o Estado são os causadores de todas as tramoias, e não o contrário. O imbecil perfeito, diz Jessé, é forjado quando o cidadão espoliado passa a apoiar a venda subfaturada de recursos públicos a agentes privados, imaginando que assim ajuda a evitar a corrupção estatal.

    “Como se a maior corrupção […] não fosse precisamente permitir que uma meia dúzia de super-ricos ponha no bolso a riqueza de todos, deixando o resto na miséria. Essa foi a história da Vale, que paga royalties ridículos para se apropriar da riqueza que deveria ser de todos, e essa será provavelmente a história da Petrobras”v.

    Ao final do livro, o sociólogo voltará à questão, tomando-a, desta vez, metaforicamente:

    “A política e os políticos são os aviõezinhos que sujam as mãos, se expõem à polícia seletiva e ficam com as sobras da expropriação da população. A boca de fumo são os oligopólios e os atravessadores financeiros, que compram a política, a justiça e a imprensa de tal modo a assaltar legalmente a população”vi.

    Eis, então, o pano de fundo, tomado genérica e confusamente como a única explicação da corrupção no Brasil: a corrupção como prática generalizada e creditada ao “jeitinho brasileiro”, interpretação de Roberto DaMatta para o “homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda. A tese tornou-se um depósito de culpas, admissão de que todo um povo é ou tende a ser nacionalmente corrupto, um pseudo fundamento antropológico-moral criado e metodicamente orquestrado para maquiar a corrupção real das elites oligárquicas. Aí está o engodo, o chamariz de fungos, de sanguessugas e de parasitas de toda espécie.

    No mais, se existe um “homem cordial”, quem seria o seu contrário? Suspeito que posso encontrar boa parte da resposta toda vez que leio uma notícia de que um juiz brasileiro recebeu prêmio nos EUA ou na Europa pela “limpeza” feita em terras emporcalhadas. Mas fiquemos com Jessé.

    Em sua outra obra, A radiografia do golpe, o autor dirigirá uma áspera crítica a Sérgio Buarque de Holanda (que se estende a seus epígonos Raymundo Faoro, Fernando Henrique Cardoso e Roberto DaMatta) sem hesitar na afirmação de que, na ausência do mito do “homem cordial” – portanto, sem Buarque e seu clássico Raízes do Brasil – a Lava Jato não se sustentaria. Em outras palavras, Gilberto Freyre, mas, principalmente, Sérgio Buarque, teriam autorizado de forma proposital a confusão entre os adjetivos “cordial” e “corrupto”, interpretando um vício pretensamente brasileiro como tendência inata à corrupção:

    “Ao definir o homem cordial, literalmente o ‘homem do coração’, como o protótipo do brasileiro de todas as classes […], prisioneiro das próprias emoções, ele supõe que exista um outro tipo de gente que teria se libertado dessa prisão. É aqui que mora todo o racismo, toda a ingenuidade e toda a admiração basbaque do brasileiro com o complexo de vira-lata em relação ao estrangeiro visto como superior”vii.

    E é muito curioso notar, então, como o mito do “homem cordial” estaria significativamente próximo da etimologia agostiniana de corruptione.

    Mas Jessé não atentou suficientemente para um elemento flagrante do uso e do abuso do mito do “homem cordial”, o do seu uso como clichê. Este elemento é particularmente significativo se considerarmos que, para além de intelectuais da direita e da esquerda de todos os tempos, “intelectuais” da Lava Jato também lançam mão do tal “homem cordial”.

    Minha hipótese é a de que se notarmos enquanto clichê o uso recorrente dessa desculpa para tudo, então poderemos alcançar uma melhor compreensão sobre por que qualquer combate daquela corrupção real é facilmente evitado ou comprometido. Indicar um inimigo oculto sob as sombras da cordialidade pode ser a melhor estratégia retórica – que soa simpática, mas é preguiçosa em termos de reflexão e crítica – para facilitar a perpetuação das mais perversas práticas.

    Tomemos, aqui, o uso de clichês como sinônimo de ausência de pensamento, de menoridade intelectual ou de comportamento condicionado, e veremos que não é difícil assumi-lo como causa indireta – e de difícil identificação – da prática de males que podem ser praticados de forma velada e em larga escala. No mais, recorrendo-se a clichês para jogar a culpa num sujeito oculto, todos e ninguém são culpados, podendo-se eleger eventual ou constantemente bodes expiatórios da corrupção dos tolos para, assim, transmitir à população explorada e vítima da desinformação proposital uma indignação teatral e cínica, como se o melhor senso de justiça reinasse nos gabinetes de corporações e nos estúdios de televisão.

    Se considerarmos esses três elementos complementares – o uso de clichês, a ausência de pensamento e a manipulação midiática – poderíamos lançar um olhar para uma das mais ilustrativas figuras do Golpe de 2016 e da Lava Jato: em uma postagem de rede social transcrita por Jessé em A elite do atraso, o jovem procurador Deltan Dallagnol afirma o seguinte, ao buscar justificar as Operações por ele comandadas:

    “O estamento aristocrático, na clássica avaliação de Raymundo Faoro, desenvolveu-se em um ‘estamento burocrático’, formado por autoridades públicas que são espécies de ‘seres superiores’ que não se subordinam à lei […]. Some-se, dentro desse contexto, que, analisando as características do brasileiro, o célebre Sérgio Buarque de Holanda, em seu consagrado ‘Raízes do Brasil’, definiu-o o ‘homem cordial’ […], criando o jeitinho brasileiro”viii.

    Fungos, lembremos, não apenas não possuem raízes, como também não são de fácil localização, podem estar por toda parte. E clichês podem eximir qualquer um de qualquer responsabilidade, bem como possibilitar a acusação e a condenação de pessoas e de grupos que se tornem politicamente indesejados. Podem jogar para “o todo” o que, na ausência dessa perigosa facilitação, seria delimitado e identificável. A estratégia do clichê também torna impossível a realização daquele ditado popular, comum no Brasil, de “cortar o mal pela raiz”. Em todo caso, ao menos o nome da maior Operação anticorrupção – dos tolos – estaria coerente com o que se propõe: “lavar”, mas não necessariamente “cortar” ou “extirpar”!

    Lava-se mal e porcamente a corrupção dos tolos, enquanto a corrupção real não é sequer atingida em seus profundos tentáculos – e, muito menos, “cortada”.

    A variedade de fungos não é exclusividade da microbiologia. Os dias transcorridos pós-Golpe de parasitas de 2016 tornam cristalina a certeza de que os fungos que atacaram a árvore da democracia foram e são os da corrupção real, suficientemente camuflada por seus promotores para não ser percebida pelos tolos espectadores de clichês. Ademais, o consumo cada vez mais voraz de clichês haverá de exibir seus resultados fecais nas eleições de 2018, pois é o maior cabo eleitoral de projetos protofascistas que dispensam a razoabilidade de pensamento e a ponderação.

    Poderiam estes elementos nos proporcionar alguma resposta para a definição que Veríssimo disse estar faltando? As feridas abertas em torno das quais a variedade de fungos se aloja e se reproduz são feridas antigas, jamais cicatrizadas, e que se renovam sob novos e criativos ataques diários.


    i VERÍSSIMO, L. F. Das metáforas. O Globo, 1. Set. 2016, grifos meus.

    ii Cf. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975, p. 486.

    iii HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. Trad. Carlos Henrique Pissardo. São Paulo: Unesp, 2015, p. 37.

    iv SOUZA, J. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: LeYa, 2017, p. 9.

    v Idem, p. 12-13.

    vi Idem, p. 226.

    vii SOUZA, J. A radiografia do golpe. São Paulo: LeYa, 2016, p. 36.

    viii DALLAGNOL, D. apud SOUZA, J. A elite do atraso, cit., p. 184.


    Publicado originalmente em Open Phylosophy.

  • “Nada sobre nós sem nós” ou pelo direito de representar nós mesmas

    Escrito por Maria Fernanda com Maurício Oliveira

    Desde o final do século XX se inscreveram na memória social outros sentidos possíveis para prostituição. Ressignificações trabalhistas, feministas e de luta coletiva dos trabalhadores organizados abalaram antigas certezas vitimistas e resgatistas por meio da enunciação das próprias pessoas que se prostituem, realizadas no singular ou no plural.

    Com uma longa trajetória de alianças que inclusive tutelavam suas ações políticas de mobilização coletiva a autonomia foi uma conquista trabalhosa e cativa. Passaram com bastante custo, embate e jeitinho a protagonizar sua própria história; a não mais figurar em uma narrativa construída e contada por outros grupos de pessoas, sem suas intervenções diretas e fundamentais.

    É um pouco isso que o lema “nada sobre nós sem nós” traz consigo. Referenciando os acúmulos do texto “Da integração à inclusão”, texto alusivo à luta coletiva de deficientes por direitos, publicado em site em Novembro de 2011, retomo:

    NADA quer dizer “Nenhum resultado”: lei, política pública, programa, serviço, projeto, campanha, financiamento, edificação, aparelho, equipamento, utensílio, sistema, estratégia, benefício etc. […]

    SOBRE NÓS,ou seja, “a respeito das pessoas com deficiência”. Estas pessoas são de qualquer etnia, raça, gênero, idade, nacionalidade, naturalidade etc., e a deficiência pode ser física, intelectual, visual, auditiva, psicossocial ou múltipla. Segue-se uma vírgula (com função de elipse, uma figura de linguagem que substitui uma locução verbal) que, neste caso, substitui a expressão “haverá de ser gerado”.

    SEM NÓS, ou seja, “sem a plena participação das próprias pessoas com deficiência”. Esta participação, individual ou coletiva, mediante qualquer meio de comunicação, deverá ocorrer em todas as etapas do processo de geração dos resultados acima referidos. As principais etapas são: a elaboração, o refinamento, o acabamento, a implementação, o monitoramento, a avaliação e o contínuo aperfeiçoamento (SASSAKI, 2011, grifos meus).

    Nesse recorte interseccionamos com outro movimento (o de deficientes intelectuais, físicos e sensoriais) que também luta contra a discriminação. Essa empreitada, como podemos notar com o trecho acima, não é específico da luta dos trabalhadores sexuais. Mas é nesse ensejo do movimento afirmativo de protagonismo que temos resumidamente uma síntese: nenhum resultado a respeito da luta das pessoas que são o foco do movimento organizado, sobre as quais efetivamente incidirão as políticas traçadas, haverá de ser gerado sem a plena participação dessas próprias pessoas. Não só gerado, acrescentamos, mas – parafraseando o último recorte – sem PARTICIPAÇÃO PLENA, que é elaborar, refinar, acabar, implementar, monitorar, avaliar continuamente aperfeiçoar.

    Nesse viés não me deixo levar pelo neoliberalismo parco que afirmaria, contra-argumentando então que qualquer pessoa que possa a vir assumir publicamente a condição de trabalhador sexual (seja qual for suas propostas e possíveis atuações governamentais) que não se comprometam publicamente com as demandas centrais do movimento internacional de trabalhadores dessa categoria. Ou seja, que não se opõem à criminalização e não se posicionam em prol da revogação de todas as leis e regulamentações punitivas relativas e relacionadas ao trabalho a fim de garantir que os governos defendam os direitos humanos dos profissionais do sexo.

    Afinal, com o acúmulo gerado nesses anos de construção e do qual aos poucos me filio, partimos do pressuposto de que enquanto o trabalho sexual for criminalizado – direta ou indiretamente através de leis e práticas de coerção seja dos profissionais do sexo, dos clientes ou ainda de terceiros haverá sempre um risco maior de violência (incluindo a policial), de detenções, de chantagens, de deportações e outras violações de direitos que precisam ser combatidas.
    Isto tem um peso significativo enorme quando retomamos toda a criminalização e marginalização empreendida por diversos setores da sociedade contra os sujeitos e suas práticas e, por extensão, ao trabalho sexual como um todo.

    Por isso, na véspera da eleição de 2018, destacaremos nessa blogagem coletiva da edição especial do Blogs de Ciência da Unicamp de Ciência e Política as candidaturas políticas de prostitutas no Brasil. Destacando as atuais e retomando algumas das anteriores, convidamos a todos conhecer um pouco mais de perto as propostas de cada representante.

    1. Cida Vieira , em 2004, 14 anos atrás, já disputava o cargo de vereadora de Belo Horizonte. Com uma trajetória de campanha mais longa que de suas companheiras, concorreu mais quatro vezes também para deputada estadual e deputada federal, todas por Minas Gerais: 2006, 2008, 2014 e 2018. Se filiou inicialmente ao Partido Trabalhista Nacional e hoje faz parte do Partido Comunista do Brasil. Esse ano novamente se empenha em gritar por você
    2. Célia Gomes, por sua vez, marinheira de primeira viagem, concorre neste ano a deputada estadual pelo Partido de Trabalhista Cristão e representa o estado do Piauí.

    3. Se lançando neste mar bravo, nem sempre piedoso, Ana Santos pelo Partido de Mobilização Nacional concorre também a deputada estadual mas por Amazonas.

    Essas integrantes e protagonistas do movimento, no entanto não foram as primeiras a se lançarem na carreira política se juntando a outras companheiras que também ousaram traçar esse caminho espinhoso que nem sempre nos admite sequer na arquibancada.

    E foi assim que, como sempre vanguarda, uma das personalidades mais consolidadas na defesa do direito dos profissionais do sexo:

    • há 16 anos Lourdes Barreto já se lançava como candidata a deputada estadual concorrendo em 2002 pelo Partido dos Trabalhadores.
    • Posteriormente Gabriela Leite, também fundadora do movimento, concorreu a deputada federal pelo Partido Verde nas eleições de 2010, há oito anos.

    2016, ineditamente, foi o ano de representações travestis e transgêneras:

    • Indianara Siqueira em 2016 concorreu ao cargo de vereadora do Rio de Janeiro em 2016 pelo Partido Socialismo e Liberdade e
    • Amara Moira que concorre para o mesmo cargo, mas na cidade de Campinas.

    Para finalizar, destaco ainda o inestimável valor dessas parcerias na estrutura do movimento sólido que temos hoje. Jovem, robusto e sólido. E, ao mesmo tempo, realçar que por mais aderência que os apoiadores aliados possam ter ao discurso dos grupos de trabalhadores sexuais organizados, ainda não estarão na mesma posição que uma prostituta, um michê, uma travesti profissional do sexo. Até porque, mesmo que a nível verbal haja semelhanças, pontos de convergência e sintonia, o lugar não só social como também de fala é outro. A posição social é outra. Inclusive, a relação de forças entre essas duas posições são de sustentação, apoio, e não de equivalência.

    Neste outro momento, bastante diferente dos fundadores, do final dos anos 1980 e das décadas que se seguiram (1990, 2000 e 2010) corro o risco de dizer (parafraseando a noção de porta-voz de Pêcheux (1990)) que conseguimos a duras penas constituir um nós discursivo que passe a sustentar enunciações e demandas políticas em nome próprio, sem a necessidade de um técnico apoiador no papel de mediador discursivo.

    Digo isto porque costurando a chamada “função social” da ciência atualmente, que sofre tantos ataques via cortes orçamentários e desqualificação enquanto produtor de conhecimentos, viemos tecer conexões levando ao nosso público leitor mais informações sobre nosso papel na sociedade encadeando com reflexões teóricas que fundamentam essa parceria de extensão universitária com as três redes de articulação do movimento nacional de profissionais do sexo.

    E é por isso que reforço que essa posição de porta-voz, conceituada por Pêcheux em 1990, noção de caráter contraditório e paradoxal, é extremamente privilegiada para ser ocupada apenas por colegas que simpatizam com nossas pautas. Essa posição, a de representação política no governo, é tão valiosa que, nas palavras deste autor com o qual eu tanto me identifico, permite não só a narração do presente que vivemos como também delineia os contornos do futuro que estamos hoje construindo.

    Quando aqui falo desse movimento duplo que representantes legítimos podem ocupar falo da possibilidade de narrar acontecimentos quanto de propor ações. Em outras palavras, retomo as duas posições visíveis na qual se desdobra o porta-voz: uma de ator, “aquele que se expõe ao olhar do poder que ele afronta”; outra a de agente que resiste e fala “em nome daqueles que ele representa, sob o seu olhar” (p.17).

    Esse porta-voz se trata de uma figura discursiva que, em termos de como funciona na prática, em suas palavras, circula entre as posições de profeta, de dirigente e de homem de Estado. Se constitui como o agente de contradições e deslocamentos, porque atua entre o mundo existente e a possibilidade de um outro mundo. É o corpo (tão desejado) talvez impulsionado pela semente da resistência que perturba o campo do político, que pode vir a promover mudanças, rupturas – ou, em tempos sombrios e temerosos, estagnações, retrocessos.

    Além disso, em acúmulos consolidados no grupo de pesquisa que faço parte (o Mulheres em Discurso) consideramos que iniciativas como essas na qual sujeitos que não pertencem ao grupo do qual falam em nome de, recusando-se a ceder o protagonismo a quem efetivamente o detém, funcionam mais de modo a interceder por do que lutar com. Em outras palavras, operam o silenciamento condicional quando há a elaboração e enunciação de demandas coletivas através de mecanismos nos quais se é falado por (INDURSKY, 2000) a partir do discurso sobre (ORLANDI, 1990). Ou seja, algo que, por mais que estejam “na melhor das intenções” pode vir a ser extremamente nocivo para os acúmulos gerados pelo movimento nacional de prostitutas.

    Como pudemos acompanhar, segurando o boi pelo chifre e batendo o pé no chão, as protagonistas desde a virada do século mais do que nunca na história deste país tiveram condições de não depender de mediadores facilitadores. Mas de representantes, de sujeitos legitimados pelo movimento que falam por e em nome de uma coletividade da qual pertencem.

    Rumo à Câmara dos Vereadores e ao Congresso Nacional:
    TODO PODER ÀS PUTAS

    ***

    Agradeço ainda a todas as lideranças das três redes do movimento brasileiro de prostitutas na revisão e escrita conjunta desse texto: Rede Brasileira de Prostitutas, Central Única de Trabalhadoras Sexuais e Articulação Nacional de Profissionais do Sexo. Meus agradecimentos mais carinhosos se estendem a Vânia Rezende (Pernambuco), Cida Vieira (Minas Gerais), Célia Gomes (Piauí), Indianara Siqueira (Rio de Janeiro), Ana Santos (Amazonas) e Diana Soares (Rio Grande do Norte).

    Referências Bibliográficas

    • BEIJO DA RUA. Rio de Janeiro: Coletivo Davida. Ano 28, número 2, Dezembro de 2017.
    • DIVULGACANDCONTAS – Detalhes de Candidaturas brasileiras atuais e anteriores. Disponível em <http://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#>. Acessado em 17 de Setembro de 2018.
    • DZIUBAN, Agata; STEVENSON Luca et all. Nothing About Us Without Us!: Ten Years of Sex Workers’ Rights Activism and Advocacy in Europe. Amsterdam: International Comittee on the Rights of Sex Workers in Europe. Dezembro de 2015.
    • INDURSKY, Freda. A função enunciativa do porta-voz do discurso sobre o MST. Rio de Janeiro, Alea, v.2, p.17-26, Do Programa de Pós Graduação em Letras Neolatinas, UFRJ, set. 2000.
    • ORLANDI, Eni. Terra à vista. Discurso do confronto: Velho e Novo Mundo. Campinas: Ed, Unicamp, 2a ed., (1990), 2008.
    • ORLANDI, Eni. Silêncio e Implícito (produzindo a monofonia). In: GUIMARÃES, E (org). História e sentido na linguagem, incluindo o texto de Michel Bréal. Campinas, 2ª edição aumentada, Editora RG, 2008. p.39-46
    • PÊCHEUX, M. Delimitações, inversões e deslocamentos. Tradução de José Horta Nunes. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, v.19, p.7-24, 1990.
    • SASSAKI, Romeu Kazumi. Nada sobre nós, sem nós: da integração à inclusão. Disponível em <https://www.researchgate.net/publication/289245278/download>, publicado em 22 de Junho de 2018 e acessado em 17 de Setembro de 2018.
    • SKACKAUSKAS, Andreia. Prostituição, gênero e direitos: noções e tensões nas relações entre prostitutas e Pastoral da Mulher Marginalizada. 2014. 313 p.

    Publicado originalmente em: #Linguística.

  • Editorial 2018 – Open Philosophy

    “No século IV a.C., a República de Platão oferecia a primeira utopia sócio-política – uma especulação sobre o melhor modo de organizar a vida (particular e) pública que haveria de se tornar objeto de interpretação e crítica constante no resto da história ocidental.

    Entre as teses mais controversas, há uma de especial interesse: grande conhecedor da psicologia humana, Platão sugere no Livro V de República uma estratégia para evitar os desvios produzidos pela ambição, à qual se inclina naturalmente todo sujeito (e em especial os detentores do poder), pode ser encontrado na abolição da propriedade privada, em especial para a classe governante, tornando comuns não apenas os bens materiais mas também os filhos e todos os laços sanguíneos, de modo que todos concebam o mesmo como “próprio” e o interesse particular não danificasse o comunitário, o bem comum à maioria.

    Anos depois o discípulo de Platão, Aristóteles, reagia à especulação do mestre e à ideia da comunidade de bens e família. Na Política, Aristóteles defende que a pretensão platônica é não apenas impossível mas, ainda que realizável, absolutamente indesejável. A propriedade privada – anota Aristóteles, outro grande conhecedor da vida subjetiva – constitui uma das maiores fontes de motivação e prazer humano, e a sua abolição resultaria justamente no efeito contrário do pretendido: ser de todos não equivale, diz Aristóteles, a ser de cada um mas, paradoxalmente, a ser de ninguém. Com o qual o que é comum seria igualmente negligenciado por todos.

    Há aqui uma clara polarização das perspectivas e um exemplo clássico de bom debate político. Tanto a polarização quanto o debate tiveram início há mais de dois milênios, e são ainda arena de agitada disputa na época contemporânea”

    Há aqui uma clara polarização das perspectivas e um exemplo clássico de bom debate político. Tanto a polarização quanto o debate tiveram início há mais de dois milênios, e são ainda arena de agitada disputa na época contemporânea.

    “Hoje, aliás, o debate político é especialmente imprescindível.

    Que significa hoje ser de esquerda? que de direita?

    É ainda pertinente esta nomenclatura? Se sim: qual a sua utilidade?

    Qual a ideia de “progresso” defendida por cada uma das vertentes?

    Qual é o discurso hegemônico de cada uma no que toca à justiça, e à justiça social principalmente?

    Existe uma dogmática própria da esquerda e da direita no que toca à educação e à ciência?

    Quais as propostas dos presidenciáveis no contexto eleitoral do Brasil atual?

     

    Open Philosophy – https://www.blogs.unicamp.br/openphilosophy/

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  • Ciência também é política e economia

    Texto por Victor Augusto Ferraz Young

    Nestes dias que antecedem às eleições presidenciais de 2018, nos deparamos com os recentes cortes orçamentários por parte do governo federal no que se refere à promoção e ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia no Brasil.

    A redução neste e em outros gastos tem como base o fato de que o Estado deve garantir que parte daquilo que arrecada seja direcionado para o pagamento de suas dívidas depois de abatidas as despesas – grosso modo. Que o Estado deva cumprir com seus compromissos, isso não é objeto de discussão, ele deve pagá-los. Os termos da dívida contratada e sua rolagem, a qualidade do gasto realizado e a forma como se obtém a receita são, porém, objeto de acalorado debate, principalmente entre economistas. Ou seja, há espaço para várias formas de se abordar essa questão. Mencionamos o pleito presidencial, pois a forma de se gerir o gasto, a arrecadação e o endividamento é, em grande medida, uma opção política. Não fosse assim, este tema não estaria em todos os programas de governo de cada candidato e não seria um assunto tão debatido como o é nesse momento de escolha do futuro governante.

    Não pretendemos agora abordar toda a discussão sobre a gestão de recursos do Estado, faremos isso ao longo dos próximos meses, assim que o futuro blog de economia estiver pronto. Pretendemos, todavia, salientar nosso ponto de vista quanto à questão do suporte governamental para o desenvolvimento e para a produção de ciência e de tecnologia.

    Os recentes cortes orçamentários nestes itens do governo obedecem, em grande medida, a uma agenda que estabelece que um governo deve gastar não muito mais do que arrecada, realizando e rolando dívidas em meio a reiterados cortes sobre aquilo que não faria parte de suas funções. O mantra desta ideologia é o de que o Estado não deve auxiliar o desenvolvimento da economia local. Ou seja, a melhor ajuda é deixá-la sem auxílio para enfrentar corporações gigantescas em um mercado aberto e globalizado. Caberia ao empresário brasileiro arcar com o custo, o risco e o prazo para a maturação de um investimento em inovação. Isso sem considerarmos aqui um conjunto prévio de produtos avançados e conhecimentos técnicos necessários para a produção de algo novo e rentável. Dada esta ordem de coisas, não é difícil escutar entre candidatos que, neste cenário, do nada, o investidor estrangeiro viria ao Brasil trazer e desenvolver tecnologias de ponta. Ele virá, se houver um mercado aberto e com moeda estável para a retirada de seus lucros, mas a questão da transferência de tecnologias de fronteira me parece remota, quando não improvável.

    Por último, é muito importante enfatizar que historicamente não houve país que se tornasse altamente desenvolvido sem a interferência do Estado. Este apoiou o capital nacional, o progresso da ciência e, como resultado, promoveu a criação de empregos de alto nível para seus habitantes. Também não há nação nessa estatura que tenha seguido, nos momentos cruciais de seu desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, uma agenda como esta que descrevemos acima e que está sendo proposta nestas eleições. A chamada proposta “liberal”, eufemismo que substitui o termo neoliberal, não tem como conduzir o país para o mundo dos países desenvolvidos, pois sem o apoio do Estado, não há como desenvolver um dos elementos imprescindíveis e fundamentais para se chegar lá: a criação de tecnologias e inovações com base no conhecimento científico.

    Texto por Victor Augusto Ferraz Young – Doutorando em Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP e Colaborador do Blogs de Ciência da Unicamp.

  • A importância da ciência para o estudo da energia

    Texto por Rafael Henrique

    Vocês já devem estar familiarizados com a notícia do corte de bolsas da CAPES previsto para agosto de 2019, correto?

    Certamente quando eu li isto foi como se fosse um soco no estômago. Por causa disto, eu decidi fazer um texto sobre o porque a ciência é importante para o estudo da energia, da mesma forma de o porque de conscientizar as pessoas sobre o prejuízo que os ataques a ciência podem causar para quem estuda nesta área. Como o caso de Engenheiros de Energia ou áreas relacionadas.

     

    O que é ciência?

    A definição de ciência em si já explica a sua importância no estudo da energia. Ciência é o conhecimento obtido através da prática ou estudos. Basicamente, através da pesquisa. Logo, a ciência é necessária para o aprofundamento das mais variáveis áreas, inclusive a que o Blog é focada(8;9).

    Energia Eólica

    É incerto o tempo exato da criação da energia eólica. Existem evidências que o modelo de eixo vertical tenha surgido em volta de 200 antes de cristo no Irã. Outras demonstram que teria sido originada na Persia. Mas uma coisa é certa. A metodologia para o desenvolvimento do uso dos ventos, foi baseado em conhecimento científico. Considerando também que antigamente era estudado o uso do vento para outros usos, como irrigação. O estudo dos moinhos de vento também é um antecessor para as atuais torres eólicas. Da mesma forma que sua evolução feita por vários países, em especial a Holanda e na Dinamarca (na qual os modelos para geração de eletricidade foram criados)(2).

    Turbina eólica Charles Blush (1888)

    No Brasil, também há estudos para aplicação da energia eólica. Através de metodologias em diferentes estados (envolvendo instituições diferentes), foram feitos diferentes atlas eólicos, com o intuito de avaliar o potencial eólico nestes estados. Inclusive, o estudo destes projetos pode auxiliar inclusive na geração de empregos e aumentar a segurança energética do país(6).

    Energia Solar

    Muitos métodos foram desenvolvidos para captar energia dos raios de sol. Um experimento feito por Georges Louis Leclerc (Comte de Buffon), focalizava os raios de sol em um único ponto, com este intuito. Assim como a eólica, o descobrimento desta fonte renovável foi baseado em viés científico. Da mesma forma que o estudo foi evoluindo, como William Grylls Adams e seu estudante Richard Evans Day fizeram em 1876, na qual introduziram a relação da energia solar com a geração de eletricidade(3).

    Fonte: Gardner (2010)

    No Brasil o governo procura investir no uso da energia solar. Estudos são feitos, por exemplo, sobre o Payback que regiões tem após aderirem a um sistema de aquecimento solar, feito pela SWERA. Inclusive, há estudos para a aplicação da energia solar em regiões, cujos painéis não estão localizados. Em outras palavras, utilizar a energia solar para abastecer uma região distante de seu local de instalação. Todos estes estudos são possíveis graças a magica da ciência(6).

    Biodiesel

    Não apenas para o diesel, mas também para o biodiesel, foi utilizado de métodos científicos. Os motores a diesel, por exemplo, estão relacionados com os motores a vapor. Isto tendo como base um modelo conhecido como “Hero of Alexandria”. O ciclo a Diesel foi sendo desenvolvido com o tempo, a partir de pesquisas com queima de combustíveis, idem parâmetros necessários, como o volume e o tipo de combustível. Da mesma forma que foram necessárias adaptações, como reduzir os ruídos do motor e até mesmo as emissões. E o avanço também permitiu o uso de combustíveis alternativos ao motor a diesel, como é o caso do biodiesel atualmente(7).

    No Brasil o uso do biodiesel encontra-se bastante incentivado. Inclusive, busca aumentar a porcentagem de biodiesel em conjunto com o diesel ano após ano. Mas antes, busca-se testar a mistura, na qual utiliza-se de métodos científicos. E o Brasil possui uma quantidade grande de insumos para o biodiesel, o que faz a área de estudos de biodiesel ter inúmeras possibilidades. Como por exemplo, os estudos feitos para o aumento na mistura do biodiesel, considerando a redução de emissões, idem o não esgotamento de tais recursos(5).

    Conclusão

    O avanço da ciência foi crucial para a criação e avanço, não só das fontes citadas, mas também de outras não citadas neste texto (tanto renováveis quanto não renováveis). Se o Brasil investir em ciência, certamente poderá fazer mais estudos de aplicações das fontes de energia, inclusive resolver soluções de seus problemas. Por isto qualquer ataque a ciência é também uma afronta ao desenvolvimento de novos estudos de energia. Desta forma, peço que divulguem esta mensagem final a todos aqueles que visam estudar sobre a energia. E para os mesmos não deixarem isto acontecer, pois isto afeta a todos desta área(1,4).

    E nestas eleições (ou nas próximas) cobrar dos seus candidatos uma posição sobre a ciência no Brasil. Sugiro votar em candidatos que estimulam a pesquisa cientifica no Brasil, e não votar em quem pensa o oposto. Caso o seu candidato não tenha nenhum interesse na pesquisa científica (e que deveria ter), mas você discorda deste posicionamento e ainda assim irá votar nele (o que eu desaconselho), COBRE uma satisfação sobre o ocorrido para evitar tal acontecimento.

    E este foi mais um texto. Os links para este texto estão na descrição, e vou pedir para verem e compartilhar especialmente o item 1, porque ele fala do assunto de uma forma mais ampla até mesmo para quem não é da área em que o blog é focado. E aproveitem e curtam o Blog em suas redes sociais (Facebook e Twitter).

    Referências:

    (1) FERNANDES, S. Os cortes na CAPES e a pesquisa no Brasil | 030. Brasil, Youtube, 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yaA2bIqNUww>

    (2) FLEMING, P. D.; PROBEN, S. D. The Evolution of Wind-Turbines : An Historical Review. Applied Energy, v. 18, p. 163–177, 1984.

    (3) GARDNER, L. The sun’s power went into battle for the Greeks and now heats homes. Professional Engineering, n. 31 March 2010, p. 21, 2010.

    (4) MORI, L. Corte de bolsas da Capes afetará vacinas, energia, agricultura e até economia, diz presidente da SBPC. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45063428>. Acesso em: 4 ago. 2018.

    (5) OLIVEIRA, F. C. DE; COELHO, S. T. History , evolution , and environmental impact of biodiesel in Brazil : A review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 75, n. July 2015, p. 168–179, 2017.

    (6) RAMOS, F.; PEREIRA, E. B. Enhancing information for solar and wind energy technology deployment in Brazil. Energy Policy, v. 39, n. 7, p. 4378–4390, 2011.

    (7) SHRINIVASA, U. The Evolution of Diesel Engines. Resonance, n. April, p. 365–377, 2012.

    (8) Significado de Ciência. Disponível em: <https://www.significados.com.br/ciencia/>. Acesso em: 4 ago. 2018.

    (9) Significado de Ciência. Disponível em: <https://www.significadosbr.com.br/ciencia>. Acesso em: 4 ago. 2018.

  • Giovana Veronezi

    Giovana Veronezi
    Blog Ciência Pelos Olhos Delas

    Um elemento não exclusivo, mas muito presente na ciência – a famosa distinção entre o mundo ideal da teoria e a imperfeição da prática, também se aplica à vida como cientista. E como mulher, essa dualidade é ainda mais acentuada, pois não estamos imune à todos os desafios inerentes a ser mulher no mercado de trabalho. Se na teoria a base da ciência, que são as ideias, não tem gênero, na prática as mulheres precisam levantar a voz para fazerem as suas serem ouvidas e nem sempre são. Se na teoria, as relações entre pesquisadores, alunos e demais profissionais devem ser pautadas pelo respeito, na prática ainda temos os assédios e insultos ao intelecto feminino. Se na minha experiência pessoal não passei por todos estes percalços, ter colegas de profissão que já os enfrentaram e ainda passam por isso não me deixa comemorar. Por outro lado, ver mulheres cientistas chegando cada vez mais longe e poder divulgar essas conquistas em um blog de mulheres na ciência é muito gratificante, para celebrar aquelas que movem a ciência e trazem novas descobertas, e inspirar as que queiram seguir esse caminho.

  • Mulher: um ato político

    Neste mês em que a mulher torna-se pauta, em função do dia 8 de Março ser considerado Dia Internacional da Mulher, de uma ou outra forma nos dedicamos com um pouco mais de afinco a pensar sobre como nossa vivência no mundo afeta diversos setores da sociedade e cultura e como estes setores (ou instâncias) nos afetam de volta. Falando especificamente da ciência e do papel da mulher na produção científica, há tanto para se falar que nos perdemos frente às multiplicidade de pautas possíveis. Quem são as cientistas do país? Trabalham em que instâncias e produzindo que conhecimento? Quando pensamos em alguém das áreas próximas às nossas, é delas que lembramos primeiro? Nossa produção de conhecimento se dá de que forma e com que tipo de atravessamentos?

  • #Inktober – Mulheres Ilustradas 

    #Inktober – Mulheres Ilustradas

    Unindo tecnologia, redes sociais e arte, o Projeto Inktober foi idealizado pelo ilustrador Jake Parker em 2009 e consiste em desafiar artistas e ilustradores a cumprir 30 ilustrações, ao longo do mês de outubro, postando em suas redes sociais uma ao dia.

    Carolina Frandsen aceitou o desafio e realizou em sua conta no Instagram, 30 ilustrações sobre escritoras mulheres e suas obras.

    Essas peças estarão expostas gratuitamente a partir de hoje na Biblioteca Pública Municipal Prof. Ernesto Manuel Zink.

    A Artista:
    Carolina Frandsen foi criada em Birigui mas adotou a cidade de Campinas como seu lar, buscando mostrar que arte e ciência podem caminhar juntas. Com ilustrações científicas e naturalistas, Carol utiliza-se de sua singular visão do mundo, meio bióloga, meio desenhista – ou melhor, inteiramente artista – para mostrar ao público como uma peça pode ser ao mesmo tempo artística e científica.

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    Serviço:
    Local: Biblioteca Pública Municipal Prof. Ernesto Manoel Zink
    Endereço: Av. Benjamin Constant, 1633 – Centro, Campinas – SP, 13010-142
    Data: 08/03/2018 a 31/03/2018
    Gratuito
    Informações sobre a Exposição:
    Informações sobre a Autora:
    Email: clorofreela@gmail.com
    Site: www.clorofreela.com
    Redes sociais: https://www.instagram.com/clorofreela

  • Cláudia Alves

    Cláudia T. Alves
    Blog Marca Páginas

    Quando penso em como é ser mulher, pesquisadora e blogueira de ciência atualmente, de imediato me vem à mente a insegurança pela qual nós mulheres passamos todos os dias, tendo nossas capacidades questionadas por grande parte da sociedade ao mesmo tempo em que carregamos uma sensação de não merecimento pelo espaço que ocupamos. Porém, logo em seguida me lembro da nossa força em superar essa insegurança. Da cumplicidade entre colegas pesquisadoras, professoras e cientistas ao criarem uma rede de acolhimento e de fortalecimento entre mulheres. Do olhar de admiração das meninas que estão crescendo nos vendo nessas posições. De repente, lembro que estou cercada por mulheres maravilhosas, competentes e dedicadas aos seus trabalhos, e que eu mesma também faço parte dessas mulheres. Sobretudo quando nos percebemos menos sozinhas, somos muito mais fortes.

  • Marina Felisbino

    Marina Felisbino
    Blog Ciência Pelos Olhos Delas

    Ser mulher é acordar todo dia sabendo que é de luta, que não se destrói conceitos enraizados em um dia, ou se cria representatividade sem se expor. Ser mulher cientista é ter uma carreia cheia de possibilidades e, mais do que tudo, desafios. É olhar para cima e não ver muitos espelhos, e isso ser extintor e combustível. Ser mulher cientista e blogueira, e falar sobre e com mulheres, é alento ao coração inquieto. Finalmente, ser mulher, cientista e blogueira de ciência morando fora de seu país é adicionar um pouquinho mais de emoção a esse caldo que a gente está achando é pouco.

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